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Conheça a Amsterdã que "Páginas da Vida" vai esconder


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  • Usuário Growroom

SÉRGIO RIPARDO

Editor de Ilustrada da Folha Online

Já imaginou o Rio sem o Cristo e sem o bondinho do Pão de Açúcar? É natural o turista associar a imagem da cidade a essas referências. No caso de Amsterdã, nada mais comum do que lembrar dos canais por onde navegam barcos --outros atracados servem de casa para descolados, artistas e hippies endinheirados. "Páginas da Vida", nova novela das 21h da Globo, vai tentar retratar a capital holandesa, mas deixará de fora traços culturais relevantes (e polêmicos) da cidade, como o consumo de maconha nos "coffee shops", lugares com aparência de um bar, com a diferença de que o cardápio traz vários tipos de maconha e haxixe, vendidos livremente, dentro da lei.

Por 10 euros (quase R$ 30), qualquer adulto compra uma porção de erva suficiente para enrolar dois cigarros (ou "baseados", como se diz na gíria). O cardápio traz maconha cultivada em várias partes do planeta, como Jamaica e Tailândia. O cliente escolhe o tipo, e o atendente abre uma gaveta de alumínio onde está o produto, já separado e guardado em plásticos transparentes.

Em vez de catchup, mostarda ou canudinhos, nas mesas do "coffee shop", há papel (seda) disponível para o cliente, com pedaços de cartão branco, a ser usado para espalhar a erva em fileira. Para acender, existem também caixas de fósforos, item de colecionador. Em grupo ou sozinho, os freqüentadores preparam seu cigarro e fumam ainda no "coffee shop". Outros levam para casa.

Praticamente em cada quadra da área turística de Amsterdã há um "coffee shop". Em algumas ruas, há mais de um. Alguns são franquias, como o Betty Boo. Na Reguliersdwarsstraat, uma das ruas bastante freqüentada pelo público "fashion" e GLS, próxima da praça Rembrandt, há mais de quatro "coffee shops". Um deles mostra que esses lugares buscam se diferenciar no visual e atrair determinados públicos: o "Otherside" tem paredes em cor rosa, lustres de cristal e sempre tocando música eletrônica (DJ Tiësto é um rei), além de freqüentadores descolados, com cabelos de todo tipo e cor (carecas, moicanos, punks, emos e outros).

Ao caminhar pelas principais ruas da cidade, o cheiro de canabis é bastante comum, o que torna ainda mais chocante a novela "Páginas da Vida" fechar os olhos para essa realidade. Evita-se fumar em lugares públicos, mas é possível encontrar gente preparando seu cigarro de maconha em praças. Os "coffee shops" são invadidos por turistas --alguns nativos dizem que preferem comprar maconha por vias mais baratas. Citam, por exemplo, que há um comércio ilegal em áreas das estações de trem.

Diversas lojas especializadas também vendem todo tipo de produtos relacionados à maconha, como papel, cachimbos, máquinas para triturar a erva, e também souvenirs, como camisetas e pirulitos. É impossível visitar a cidade sem ver uma referência à canabis. Turistas de todas as idades, de crianças a idosos, olham com curiosidade e entram nessas lojas. Até no aeroporto de Amsterdã (Schiphol), são comercializados souvenirs com a temática da erva.

Há ainda os "smart shops", que vendem os chamados "cogumelos mágicos", alucinógenos, que ainda são minoria em relação aos "coffee shops". Esse negócio --ilegal em países como o Brasil-- está integrado a outras atividades comerciais da cidade. É comum ter uma pizzaria ou restaurante ao lado de cada "coffee shop". Na vitrine, um pedaço de pizza convive natualmente com uma barra de chocolate com a imagem de uma folhinha de maconha na embalagem. Tudo para matar a "larica" (fome intensa após o fumo).

Conversando com nativos, se descobre que os cidadãos holandeses não querem saber se o governo deveria ou não acabar com os "coffee shops". São direitos adquiridos, da esfera privada, da liberdade de cada indivíduo, em que o poder público não deve se intrometer, dizem. A preocupação atual deles é com os imigrantes. O debate é se um estrangeiro tem o direito de pagar o mesmo aluguel que um holandês nativo ao ocupar o centro de Amsterdã. Políticos de direita e de esquerda perdem mais tempo discutindo questões pragmáticas como essa, do que regulando comportamento individual.

Além de visitar jardins de cultivo de maconha e o museu dedicado à canabis, o visitante pode acompanhar a história da sexualidade humana no museu do sexo em Amsterdã. Seria um ótimo cenário para a estudante de história da arte Nanda (Fernanda Vasconcellos) visitar em "Páginas da Vida".

Há imagens, ilustrações, esculturas, peças e bonecos reproduzindo a riqueza da sexualidade, em todas as suas versões (heterossexuais e homossexuais). As salas que mais impressionam os visitantes --a julgar pelos comentários e olhares de choque dos visitantes-- mostram imagens de exageros sexuais, como um homem com um pênis de mais de 30 centímetros, além de fotografias de zoofilia.

No "bairro da luz vermelha", mulheres e travestis se requebram atrás do vidro das portas, enquanto clientes trafegam nas calçadas, alguns se aproximam para negociar preços, outros entram para consumar o ato. Câmeras fotográficas não são bem-vindas. Quando avistam um abelhudo, as garotas fecham as cortinas.

Mas claro que "Páginas da Vida" não vai entrar nessa seara, de difícil abordagem para o público noveleiro. A terra do pintor Rembrandt (1606-1669), que comemora 400 anos de nascimento do artista, só será retratada por seus aspectos mais inofensivos: o charme arquitetônico à beira dos canais, suas bicicletas estacionadas nas pontes, seus campos de tulipas e moinhos no interior.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustra...t90u62282.shtml

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  • Usuário Growroom

ta ai um lugar onde eu tenho muuuuiita vontade de ir...nao só pela maconha mas também pela mentalidade das pessoas que la vivem...

Conversando com nativos, se descobre que os cidadãos holandeses não querem saber se o governo deveria ou não acabar com os "coffee shops". São direitos adquiridos, da esfera privada, da liberdade de cada indivíduo, em que o poder público não deve se intrometer, dizem. A preocupação atual deles é com os imigrantes. O debate é se um estrangeiro tem o direito de pagar o mesmo aluguel que um holandês nativo ao ocupar o centro de Amsterdã. Políticos de direita e de esquerda perdem mais tempo discutindo questões pragmáticas como essa, do que regulando comportamento individual.

pois é...é como foi dito em algum tópico aqui uma vez...''cada país merece o problema com drogas que tem''

e vê se a onu,direitos humanos ou todas essas porras vão la no pais deles alastrar porcausa desses negócios de coffes e smart shops...

mas faze u que...brasil é brasil...e o pior é ouvir minha vizinha dizendo que a holanda é foda que a holanda é maravilhosa bla bla bla,quando a 2 meses atrás houve uma discussão(maconha) na qual ela se referiu à holanda como um pais onde todos são nóias e ainda por cima fez uma comparação totalmente sem cabimento de que lá era uma ''cracolandia'' em maiores dimensoes..... :oo que a globo não faz....

é foda....

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  • Usuário Growroom

de qualquer forma, eu acho que acaba trazendo alguma coisa positiva o fato de parte da novela se passar em Amsterdã, como por exemplo notícias como essa da Folha, que mostram a mentalidade dos holandeses, a política de drogas deles, etc... Acaba chegando ao conhecimento das pessoas que lugares desenvolvidos como Holanda, em vez de terem uma repressão ainda maior às drogas, pelo contrário, surgiram com uma política de drogas alternativa, mais flexível e são bem sucedidos... tomara que a gente continue vendo mais notícias como essa daí....

se a globo não mostra uma face importante de Amsterdã (óbvio q não iria mesmo, por ser a globo), há quem vá tocar no assunto por causa do foco em cima do lugar...

:)

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  • Usuário Growroom

holandeses não querem saber se o governo deveria ou não acabar com os "coffee shops". São direitos adquiridos, da esfera privada, da liberdade de cada indivíduo, em que o poder público não deve se intrometer

Gente fina é outra coisa :rolleyes:;)B)

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  • Usuário Growroom

Eu acho que a novela em si não necessita explorar o assunto "drogas" só porque se passa na Holanda. Seria bom se a Globo abordasse esse tema que é um tabu em nossa sociedade, mas não vejo essa necessidade, só porque faz parte da "cultura" deles.

Mas quem está interessado na novela das 8!? Vamos assistir coisa melhor... abraços! B)

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  • Usuário Growroom

Concordo com o Semente Nativa. Mesmo que a Rede Bobo não toque no assunto - e, Weedy, não precisava nem fazer parte do tema da novela, apenas aparecer alguma fachada com folhas, por ex. - "há quem vá tocar no assunto por causa do foco em cima do lugar", e há muitos que lerão, e isso nos basta por ora.

Aliás, talvez até a visão light global sirva para mostrar que lá não é nenhuma cracolândia.

Agora, que R$15 por um baseado é caro, lá isso é! Por melhor qualidade que seja.

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