Ir para conteúdo

Leaderboard

Popular Content

Showing content with the highest reputation on 07/12/12 in Posts

  1. VALEU GALERA DO GROWROOM!!! TODA A TORCIDA, INDIGNAÇÃO, REVOLTA... SEM PALAVRAS PRA ESSA FAMÍLIA!! O bonde é pesado mermão!!! Corrente canábica espetacular! Sem palavras! Verdadeiros irmãos, irmãos na erva! Gostaria de agradecer à todos que me apoiaram nesse momento tão triste, infeliz! Graças à Jah e ao Growroom eu serei enquadrado no artigo 28 ao invés do 33. Os policiais chegaram em casa por uma denúncia anônima. Chegaram e averiguaram o lugar confiscaram todas as minhas plantas!! Acionei o Growroom! Muito rapidamente uma corrente de advogados estava mobilizada no meu caso e apoiando o tempo todo. Um dos advogados compareceu na delegacia e desenrolou com o delegado. Inicialmente queriam me enquadrar por tráfico, pela quantidade de plantas (39), mas o advogado conseguiu argumentar com o delegado e provou que sou usuário, ativista, trabalhador, cultivador e em hipótese nenhuma traficava. Conclusão: vou assinar um 28 e não posso mais plantar maconha. É um absurdo uma política que proíba uma planta de crescer. Eu tive sorte! Outros com muito menos rodam sem sequer direito de se explicar. Isso tem que acabar! LIBERDADE PARA O CULTIVO CASEIRO!! Precisamos de uma lei que realmente atenda as nossas necessidades. A sociedade precisa aprender que existem os cervejeiros, existem os tequileiros, os maconheiros, os cheiradores... que ninguém é menor por usar alguma substância, e que temos o direito de fazer o que bem entendermos com o nosso corpo. E mais... se eu sou maconheiro, gosto de fumar e ESSA POLÍTICA ME OBRIGA A RECORRER À UM MERCADO ILEGAL, e adquirir uma ERVA SEM QUALIDADE NEM PROCEDÊNCIA... eu tenho todo o direito de plantar o meu fumo. Tenho o direito de plantar pro meu consumo, plantar o que consumo. Verdadeira palhaçada o que aconteceu hoje!! Precisamos nos unir, precisamos lutar todos os dias, com todas as forças contra essa realidade. Precisamos pressionar, brigar por nosso direito. Muitos estão rodando. Muitos estão morrendo!!! A luta é diária, é na nossa escola, na nossa faculdade, em casa, no trabalho, na rua ou com os amigos, é interna e é externa. Babilônia tem que queimar, e nós vamos ascender essa chama!!! Muito obrigado Growroom que me deu toda assistência necessária e me salvou de uma encrenca maior, muito maior!! Obrigado especial à DRULLYS, NEOFITO, BRAVEHEART, SANO, PEDRO ABRAMOVAY e BAS!! Time, vocês foram foda demais!! Sem vocês eu estaria enjaulado como um criminoso, sendo condenado por um crime inventado, resultante de uma política vagabunda! Grower não é traficante! LUGAR DE GROWER É NO JARDIM!!! Liberdade pra erva já!! Legalizem a Maconha!!!
    24 points
  2. Respeito seu ponto de vista, mas sugiro que pense que não podemos deixar de apoiar a iniciativa apesar de tímida... Estamos nos aproximando e tentaremos unir esforços e passar o nosso ponto de vista... Eles estão abertos e nos convidaram a trabalhar e apoiar o projeto, isso é um grande avanço e devemos unir forças e não boicotar uma iniciativa, por ser tímida, é um pequeno passo, mas é um passo... Talvez ela não seja melhor porque não estávamos juntos... Hoje a galera do Viva Rio se mobilizou para ajudar nosso amigo!!! Todos em uma direção, somos mais fortes...VqV Vamos nessse bonde irmão e somar forças...VqV
    14 points
  3. inventa a desculpa que quiser, mas tem dedo da ONU nessa historia com certeza... o negocio é a gente legalizar entre nós mesmo, mantermos o bico fechado, casa de grower nao entra pela saco, e eu ainda digo mais, casa de grower nao entra ninguem... se é isso que o sistema quer, entao FODA-SE O SISTEMA. eles sempre focam no lado errado, logico que a maioria da população nao quer legalizar a maconha, vcs esqueceram da campanha de 80 anos contra a cannabis que o sistema criou??? vai chegar assim e legalizar sem ao menos informar a populaçao sobre oq é a maconha, quais beneficios, quais riscos?? é foda... como diria meu tio, ser burro é uma arte...
    6 points
  4. Isso ai! Vamos ao STF! Criminalizar o cultivo é inconstitucional, viola o direito primitivo do homem cultivar seus alimentos e remédios!
    5 points
  5. Do Blog do Growroom Campanha da ONG Viva Rio começa a mexer com a opinião pública no Brasil. Mas é preciso mais! 12 de July de 2012 Que cultivador não é traficante, isso é fato. Mas ainda existe grande resistência da maioria em aceitar isso. A hora de mudar é agora! RIO DE JANEIRO – Parece até que foi combinado para levantar a discussão seriamente. Mas o fato é que cultivador de canábis não pode ser enquadrado como traficante, e é preciso urgente que os responsáveis pela feitura das leis no Brasil pensem nisso. O que aconteceu nesta quarta-feira (11/7) em São Paulo com o grower ‘Ico Mofyah’ pode ser o estopim de uma importante discussão sobre o texto de alteração da Lei 11.343/2006 proposto pela ONG Viva Rio no início da semana. Em nenhum momento o texto se refere ao cultivo caseiro de canábis medicinal, por exemplo. E esse é um dos principais pontos que deve ser discutido sobre a Política de Drogas no Brasil. Caso o departamento jurídico do Growroom não tivesse agido imediatamente, mais um jovem trabalhador estaria na cadeia, a exemplo do irmão Sativa Lover e de tantos outros que já sentiram o gostinho amargo de ter sua liberdade privada por um absurdo motivo: plantar sua canábis para não alimentar o tráfico. Não é estranho? Se um marciano viesse à Terra hoje não iria entender nada do que se passa. E muito provável ficaria indignado. São coisas que só acontecem em países cuja cultura é subjugada por grandes potências como os Estados Unidos, os líderes na imbecil, hipócrita e inútil Guerra Contra as Drogas. Mas o jogo, aos poucos vai virando. E colocando os pés no chão, vemos que o problema é que a Lei não consegue (ainda) deixar clara as diferenças entre usuários e traficantes. E é justamente nesse ponto que temos de bater, em princípio. Não existe uma linha que deixe claro exatamente qual a quantidade de drogas que um usuário pode portar sem se preocupar com a polícia. Quando fala sobre quantidade, o texto deixa no ar que o usuário poderá portar “a quantidade necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias, cuja dosagem será definida pelo Poder Executivo da União (…)” A campanha feita pela ONG Viva Rio é muito boa, conta com nomes de peso do ‘meinstrim’ brasileiro, com Luana Piovani, Isabel Fillardis, Luís Melo, entre outros. E isso todo mundo sabe que é importantíssimo para mexer com a opinião pública no Brasil. A campanha tem um apelo forte, com o título ‘Lei de Drogas: é preciso mudar‘. Mas não toca no assunto do cultivo caseiro, que seria a saída para muitos dos problemas relatados nos casos narrados na campanha. É ai que a coisa pega. Temos de pensar em incluir essa possibilidade. Senão, no papel vai ficar bonitinho, mas na prática não mudará nada e pessoas inocentes continuarão sendo massacradas por uma lei intolerante e quadrada. Grower não é traficante! E você, concorda com isso? Os cultivadores necessitam de união e, sobretudo, de voz ativa. A hora é agora!
    5 points
  6. Tudo resolvido !!!!! Obrigado Neófito por me avisar a tempo de poder exercer a atividade do convencimento. Big que me mandou MP sobre o caso e a urgência dele. Brave pelo suporte. Bass, com o qual eu nunca havia me comunicado, prazer em conhecê-lo. Sano pelo convite para a seleta consultoria. A todo coletivo do GR, agradeço a mobilização e tenham certeza que vocês estão bem protegidos. Somos nós a justiça e essa foi a defesa.
    5 points
  7. MAXIMO RESPEITO AOS CONSULTORES JURIDICOS DO GR, ME SINTO COMO SE EU TIVESSE A AMIZADE DE SUPER HERÒIS de fato São, pq 39 plantas , nao sao 3,9...hahahahahahahaha REGULAMENTE O CULTIVO CASEIRO JÁ! USUARIOS PLANTAM PARA CONSUMO PROPRIO, as vezes 5 plantas, az vezes 10 plantas as vezes 20plantas as vezes 50plantas depende, de quanto de erva ele consuma, para nao financiar o trafico temos que plantar conforme o nosso uso,,, e nao o que acham juristas que nao fumam maconha abraço forte, hj o dia tá que tá , viu, Batalha de Maré! Ogun iÊ
    4 points
  8. Salve salve rapaziada ... Tó orgulhoso desse time... Sei de sofrer na propria pele o q é ter a puliça invadindo seu lar, revirando seus pertences e te acusando de trafico... Mas graças a Deus os tempos são outros e a união q se vê por aqui faz a diferença... Parabéns ao staff de consultores e continuemos unidos na luta... Não vamos mais deixar de nos manifestar nem deixar q injustiças sejam feitas Força e mta paz aos de boa vontade... Abs dkd
    4 points
  9. GALERA! UMA GRANDE SALVA DE PALMAS PARA: DRULLYS, NEOFITO, BRAVEHEART, SANO E PEDRO ABRAMOVAY, que ofereceram todo o suporte nesse caso. Sem eles, um salve especial para o Drullys que conversou com o advogado, não teriamos esse sucesso. 39 plantas é um bom número de plantas. Uma boa jurisprudência para gente. Sinto um orgulho fudido de fazer parte desse time!
    4 points
  10. Problemas graves como amarelamento digital cronico, pança inchada laricativa galopante e cauterização labial aguda já foram descritos em alguns compendios medicos....
    3 points
  11. Parabéns corpo jurídico do growroom!!! Nos sentimos bem mais seguros com vocês ao nosso lado!!!! Impressionante o que a organizaçao acompanhada de ações rápidas podem fazer!!! Afinal, foram 39 plantas e teve muita gente aí que caiu por menos que isso!! Não sei se já existe, mas, poderia haver um tópico que tivesse a quem pedir auxílio em caso de problemas similares a esse, dividido por cidade ou regiões, saber agir rapidamente em uma situação dessa é fundamental, quebrar na delegacia com o Delegado é muito mais fácil e melhor do que quando vai para a mão do juíz tachado de traficante!!! Agora que era bom aparecer a imprensa e divulgar o caso, afinal, se vários delegados e agentes da polícia lerem a matéria e chegarem a conclusão que não vale a pena correr atrás disso também iria ser uma boa forma de ir mudando a mentalidade das "autoridades"!!!!
    3 points
  12. Vídeo do hempadao com a cobertura do lançamento da campanha... Fonte. http://www.hempadao....-drogas-em.html
    3 points
  13. 3 points
  14. É uma honra estar ao seu lado e dos demais consultores! Esse time é forte! Parabéns a todos por mais essa vitoria!
    3 points
  15. Vão colocar sim, sob nossa pressão, mas vão colocar!
    3 points
  16. Nao tenho muita paciencia pra ler esses textos... Mas é de conhecimento geral da nação que o meio com maiores indices de xibungagem e homosexualismo hardcore é o militar. Só alcançando paralelos com o meio futebolistico. Tambem é um fato amplamente conhecido que uma parcela dos homosexuais, mais notadamente entre os fetichistas passivos adeptos do "roughsex" com hiperdotados e objetos volumosos, expressam comportamentos e opinioes desconectadas de suas praticas em forum privado, se mostrando extremamente intolerantes e conservadores como forma de tentar mascarar sua mal resolvida condição sexual de gay enrrustido. Mas sempre é possivel com terapia e apoio aceitar a propria opção sexual e abandonar esse estereotipo, entao torço sinceramente que um dia o sr. Alex Galante se aceite como é e saia do armario, para que possa abandonar de vez esse discurso anacronico que nao convence (nem engana!!!) ninguem...rsrsrrsrsr....
    2 points
  17. Se alguém tiver o contato do cara me coloco a disposição para elaborar o apelo. Isso aí tem que ser trocado por pena restritiva de direito em quase que 99% dos casos. Sem falar que com um apelo bem elaborado, se não houve qualquer prova de circulabilidade e o cara for primário, é um me-dá para conseguir a desclassificação para o 28. Que jah ilumine o injustiçado.
    2 points
  18. O mal do consumo exagerado de cannabis é o aumento da velocidade de esvaziamento dos potes de cura. 90% da galera do growroom sofre desse mal, que é conhecido como SIPOV (Síndrome dos Potes Vazios).
    2 points
  19. 7 plantas pequenas dessas, e o cidadão vai preso, só por ser de origem humilde né, com certeza, esse país hipócrita maldito, ninguém grita pelos pobres, é hora de nós nos colocarmos no lugar desse cidadão honesto cultivador caseiro de maconha como nós e fazer de tudo pro IRMÃO ERISVALDO ser libertado. Alguém de Porto Velho, Rondônia? edit: link da notícia: http://www.rondonoticias.com.br/ler.php?id=111110
    2 points
  20. tá vendo!!!....Ó os caras errados aí!!!.....JUIZINHO DE MERDA....FILHO DE UMA PUTA!!!!!!!!!!!!!
    2 points
  21. ABSURDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ERA CULTIVADOR CASEIRO E FOI CONDENADO POR TRÁFICO! VAMOS DIVULGAR ESSA NOTÍCIA PESSOAL! INJUSTIÇA ABSURDA!!!!!!!!!! TRÁFICO É A AÇÃO DE COMERCIALIZAR A DROGA! É NECESSÁRIA PROVA DE MERCANCIA!
    2 points
  22. Do jeito que o juíz disse, a gente poderia colocar um programa para interpretar o código penal e fazer o trabalho dele, teria sido idêntico!
    2 points
  23. "Para o magistrado, a alegação de usuário não é suficiente para a desclassificação. Segundo ele, a necessidade de destinação onerosa não é elemento subjetivo do tipo penal, bastando apenas, para a incidência do crime o cultivo de plantas que se constituam em matéria prima para a preparação de drogas." Como assim?????....q merda é essa??.... mas tbm, quais as circunstâncias?....tipo, quantidade de pés...equipamentos como balança, se o cara tem trabalho fixo...e tal... td bem q tbm sou leigo no assunto direito, mas já chega um consultor aí pra dar uns pitacos... Se tiver mais informações da situação, tbm ajuda... Paz...
    2 points
  24. Fiquei bastante feliz por vc hoje irmão!!! Que bom que correu tudo bem por ai... Força e paz pra vc e pros seus!!
    2 points
  25. Esse time é casca grossa! Parabéns a todos os Consultores do Growroom!
    2 points
  26. cabei de dar uma lida agora pouco sobre o pessoal do projeto lá estar abrindo as portas para que o growroom possa conversar sobre o assunto, e realmente, me animou. Espero mesmo que alterem algumas coisas, mesmo que minimas para que fiquem viaveis, e que possamos caminhar pra frente. Custa nada torcer né? Vou acompanhar essa história direitinho e ver no que vai dar, torcendo sempre para o melhor para nossa comunidade, e claro, para a sociedade que se beneficiará tanto quanto a gente.
    2 points
  27. O negocio é questionar a permanência deles na politica. Movimento contra representantes de confissão religiosa na politica.
    2 points
  28. 2 points
  29. Mano até chorei agora na boa, não tenho vergonha de falar, Parabéns novamente a todos pelo empenho Drullys, Neófito, Big, Brave, Bass, Sano, todos mesmo.... Tenho orgulho de estar podendo fazer parte dessa Família!!! Salve Growroom!!!!
    2 points
  30. Parabéns a todos Consultores Jurídicos GR!!! :emoticon-0137-clapping: :emoticon-0137-clapping: :emoticon-0137-clapping:
    2 points
  31. Ara Uru é o Juridico do Growroom! Ara Uru é o Juridico do Growroom! Vcs são foda sem palavras! Se continuarmos com pessoas empenhadas como vocês, o futuro será diferente!
    2 points
  32. semSemente tem que transformar isso em matéria!
    2 points
  33. NOTICIA BOA!!!! O advogado do Growroom acabou de ligar da DP. Teve um bom papo com o advogado e convenceu ele que aquilo ali era um cultivo para uso pessoal! Uma grande felicidade o nosso amigo não ser acusado por tráfico quando na verdade ele cultiva, justamente para não ter que comprar do mercado ilegal! PARABENS A TODOS QUE MANDARAM TODAS AS ENERGIAS POSITIVAS E QUE ESTAVAM DISPOSTOS A IR NA FRENTE DA DP SE MANIFESTAR! LEGALIZE O CULTIVO CASEIRO JÁ!!! ASSINE A PETIção do AVAAZ! http://www.avaaz.org/po/petition/Descriminalizacao_do_Cultivo_Caseiro_de_Cannabis/
    2 points
  34. Já deu dessa palhaçada, o cidadão honesto trabalhador sendo preso dessa maneira, ainda se apresenta para a polícia, olha a índole do cara, coisa que eu nem sei se faria viu, negócio doido esse, como disse o brave, hoje é o Ícaro, amanhã pode ser o dankai, ou pode ser você lendo isso aqui...não haverá descriminalização do consumo de maconha enquanto não houver descriminalização do cultivo de maconha, é isso, força para os irmãos, essa é a hora de se mexer, pois estamos ganhando cada vez mais espaço, nossa causa está ganhando cada vez mais legitimidade a cada caso injusto desses que é divulgado, liberdade pro irmão Ícaro!
    2 points
  35. Patifaria do caralho. Estou a 300km da Capital então não dá pra chegar junto na delega, mas quem tiver condições de ir, vão lá marcar presença e pressionar as autoridades. Chega de injustiça. Caralho, uma noticia dessas acaba com o dia de qualquer um, tá loco. Enquanto um cultivador está sendo preso hoje, Demostenes é somente caçado, podendo andar por ai desfilando com os milhões desviados. Genocidas filhos da puta. Tudo errado nessa porra de país mesmo.
    2 points
  36. Texto longo, mas vale a pena... É da mulher que deu a entrevista na globonews A construção social do “problema” das drogas – Gilberta Acselrad* Gilberta Acselrad* Entre a glamourização e a demonização do uso de drogas, e em que pese a produção de conhecimento que procura dar conta da complexidade da experiência, a população consumidora continua sendo vista como a grande culpada. De um lado, a população consumidora que carrega algum estigma social – racial, ocupacional, habitacional, nacional, entre outros –, que consome drogas de baixa qualidade e, principalmente, que encontra no comércio da droga sua fonte de sobrevivência e de inserção social, ainda que na ilegalidade. De outro, aquela que, por sua posição social e econômica, não é estigmatizada e que se ampara na ideologia liberal que justifica que se limite para alguns – cidadão ou cidadã de “primeira classe” – o poder do Estado de interferir na vida privada. Reiteram-se as afirmações “o uso de drogas desagrega as famílias”, “o uso de drogas leva à violência”, “enquanto houver usuários, haverá tráfico”, “quem usa drogas participa da violência que cerca sua produção”, “vamos seguir os usuários e chegaremos aos traficantes”. Afirma-se que “enquanto houver demanda, haverá oferta”. Mas não há razões suficientes para crermos que o “problema” da droga esteja apenas no consumo, como insistem alguns governos, instituições e parte da mídia. O consumo parece ser a ponta de um iceberg, expressão do mal-estar do sujeito no mundo moderno. Pois a demanda não brota espontaneamente, ela é produzida social e historicamente. Contexto obscuro Culpabiliza-se a população como forma de justificar a manutenção da lei que proíbe o uso de certas drogas, mesmo quando não há danos a terceiros, justificando igualmente toda a repressão que dela decorre. A violência que hoje envolve consumo e, principalmente, o tráfico parece ser única, não sendo relacionada como uma entre outras formas de violência, a caracterizar as relações humanas. Obscurece-se o contexto de uso. Não vem à tona o fato de que, em se tratando de drogas como maconha e cocaína, nos países subdesenvolvidos, grupos sociais que estão fora do controle da economia institucionalizada dominam o cultivo, a produção e parte do transporte de drogas. Minimiza-se a responsabilidade dos setores financeiros dos países desenvolvidos, no comércio de insumos necessários à produção, sua responsabilidade na lavagem e apropriação dos fundos provenientes do comércio ilegal. Dissimulam-se tanto a dificuldade dos poderes públicos em elaborar políticas públicas de integração social plena que garantam a redução dos eventuais danos decorrentes do uso, como as ambigüidades ideológicas, filosóficas e das políticas proibicionistas¹. A incapacidade de controlar os hábitos de consumo se manifesta não só nas políticas que tentam erradicar o consumo de drogas ilícitas, como também nos espaços educacionais, familiares e de trabalho. Há, na realidade, um grande confronto entre uma lógica econômica que, ao mesmo tempo em que combate uma mercadoria de consumo ilegal, estimula sua necessidade pela produção de uma vida social competitiva, permeada pela iminência de exclusão. Predomina a tendência a buscar um culpado: o inimigo externo, o “vírus” que ataca o corpo social sadio, provocando a doença que é preciso erradicar. As políticas de drogas, mesmo quando têm um discurso que se aproxima do politicamente correto – combate limitado ao uso indevido, abusivo, ações que levem em conta o contexto local, noção de que no “problema” interferem o produto, a personalidade do usuário e o contexto de uso, na prática –, como foi o discurso oficial do governo FHC, de alguma forma ainda contribuem para fortalecer a noção de que a população consumidora é a responsável pelo descontrole, confirmando a necessidade indiscutível da erradicação do uso. Na prática da política de drogas, no Brasil tem predominado a preocupação essencial com os produtos ilícitos – quando, de fato, no país, as pesquisas indicam o uso preponderante de substâncias (uso na vidA² e uso dependente) de venda legal – álcool, tabaco, solventes, tranqüilizantes, remédios para emagrecer, só depois seguidos pela maconha e cocaína – nos levantamentos realizados com estudantes³. No que se refere a sondagens domiciliares recentes, em São Paulo, o álcool e o tabaco são as drogas de uso na vida mais citadas (seguidas pela maconha, solventes, cocaína, estimulantes, tranqüilizantes, remédios para emagrecer e xaropes), mantida, portanto, a importância do consumo de substâncias de uso legalizado4. Ainda que as pesquisas realizadas sobre consumo de bebidas alcoólicas evidenciem a associação do uso indevido e comportamentos de risco e ainda que seja clara a associação entre o hábito de fumar (tabaco) e doenças respiratórias, as políticas oficiais são perigosamente condescendentes com esses hábitos, na medida, talvez, da legalidade dessas drogas. Os produtos são referidos como se eles todos tivessem a mesma ação no organismo e como se fossem determinantes dos danos, estes considerados sempre como inevitáveis e fatais. Muito timidamente são citados os diferentes tipos de uso – a primeira experiência, os usos circunstanciais e habituais que se mostram serem passíveis de controles. De maneira recorrente, confundem-se usos controlados com a dependência. Por outro lado, não é considerado o uso involuntário de drogas, aquele que resulta do contato com substâncias psicoativas, altamente tóxicas, presentes no processo de trabalho agrícola5 e industria6. Desqualifica-se a pessoa como sujeito de sua história, de suas escolhas. Afinal, a droga é apresentada quase como um vírus contra o qual a “vacina” da proibição e da repressão surge como a única solução. Resgatar a memória sobre o consumo de drogas, ontem e hoje, aqui e em outros países, ajuda a pensar formas democráticas de lidar com o que hoje se tornou um “problema”. Cada sociedade, em cada momento de sua história, encontrou uma forma de lidar com as drogas, seja sua produção ou seu consumo. Em alguns momentos, controles individuais e coletivos foram suficientes para reduzir danos. O hábito de beber vinho puro já foi considerado um ato pouco cidadão – cada dose de vinho era misturada a duas de água –, evitava-se beber vinho durante as refeições ou mesmo durante o dia, bebia-se apenas depois do jantar, o consumo era proibido entre as crianças, que, no entanto, tinham acesso a algumas gotas de ópio para melhor dormir7. O absinto, bebida popular na França de 1830 até o início do século XX, teve sua toxicidade comprovada oficialmente como se a substância tivesse em si mesma a explicação da violência manifestada pelos usuários, contra todas as evidências, quando a sua popularidade ameaçou os interesses econômicos dos tradicionais produtores franceses de vinho8. Usos restritos a alguns grupos, usos diferenciados de acordo com a idade, usos restritos a determinados momentos, cercados por rituais coletivamente elaborados e aceitos por toda a sociedade, essas são práticas registradas pela história, na intenção de minimizar danos eventuais. Hoje, o ritual coletivo perde-se no projeto de satisfação individualista. Sugere-se que o sonho do consumo “cria identidade”. E, se as decepções de um mundo que escapa aos nossos desejos, as angústias próprias da vida nos afligem, o caminho de busca solitária de compensações está aberto, e, nessa busca, as drogas são uma opção de fácil acesso e resultado imediato. O uso de drogas generalizou-se, tornou-se prática banalizada. Qualquer um – em quase qualquer espaço, jovens, adultos, idosos, ricos e pobres – pode experimentar, habituar-se, correndo o risco de tornar-se dependente. O usuário dependente realiza, inconscientemente, o ideal de “homo economicus”, que, no modelo liberal, coloca como valor máximo a satisfação dos desejos individuais, sem nenhuma imposição de valores críticos. “O prazer autônomo tanto quanto possível, independentemente de todas as relações, é reduzido à ativação de uma substância com outra. Do prazer percebido como subproduto de alguma combinação de atividades que estavam em harmonia com o bem-estar do indivíduo e da espécie, hoje, passamos a seu acesso direto pela via elétrica ou química que nos exime de lidar com decepções. Mas o enfoque autônomo do prazer individual subjetivo é literalmente mortal.9” Melhor educar Diante do “problema” das drogas, é necessário agir, fazer alguma coisa. Mas o que fazer? Prevenir significa evitar que alguma coisa aconteça. Buscamos prevenir doenças, obesidade, acidentes, velhice. É melhor prevenir do que remediar, diz o ditado popular. A prevenção das drogas é fundamental já que, segundo estimativas, 30% apenas dos dependentes de drogas conseguem superar o uso indevido, abusivo, e isso significa dizer não retomar o uso nos cinco anos seguintes ao fim do tratamento. O consumo de drogas entre jovens do ensino fundamental e do ensino médio, no Brasil, ainda é inferior ao registrado nos EUA e em países da Europa. Mas os índices de consumo crescem se comparados a levantamentos anteriores10. Cresce o envolvimento de jovens com o tráfico de drogas, segundo esclarecem pesquisas recentes11 que falam da exposição de crianças ao tráfico desde muito cedo, começando a andar com traficantes a partir dos 10 anos de idade. Fala-se de um verdadeiro extermínio da população pobre, entre 15 e 17 anos, de índices assustadores de morte, por arma de fogo, no caso do Rio de Janeiro, de crianças envolvidas com violência armada organizada, índices superiores aos registrados em países onde há uma situação de guerra declarada. Prevenir a violência do tráfico, vivida de forma generalizada pela população do Rio de Janeiro, em episódios como os de setembro de 2002 e fevereiro de 2003, coloca a urgência de uma ação por parte do governo e das instituições democráticas. Ao “problema” do uso indevido se soma o grave quadro de envolvimento de crianças no tráfico, com sua expressão de violência crescente. Mas a prevenção, até agora realizada, seja amedrontando os usuários quanto aos danos, dados como certos e inexoráveis, seja na sua forma repressiva, não tem conseguido resultados positivos. No que se refere ao uso indevido, predomina a prevenção – forma de evitar a própria experiência da droga –, mas na sua expressão autoritária. Como na história da Bela Adormecida, o rei e a rainha não quiseram receber no palácio as “bruxas” consideradas feias, desagradáveis – referindo-se a conflitos que, de fato, fazem parte da realidade. Estas, irritadas, rogam uma praga: a princesinha, mais tarde, irá ferir-se com um fuso. Em vez de ensinar a princesinha a lidar com o fuso, seus pais preferem bani-los do reino. Com a razão entorpecida pelo medo, a descuidada princesa acaba encontrando um fuso esquecido no sótão e se fere, caindo num torpor, após cometer a transgressão de mexer no que era proibido. Não teria sido melhor prepará-la para lidar com o fuso, de forma clara, sem mitificações e mistificações12? Não teria sido mais pedagógico educar, em vez de tentar evitar o problema erradicando os fusos do reino? Educar para a autonomia – “ajudar o outro, esse feixe de pulsões e imaginação, a tornar-se um ser humano, capaz de governar e ser governado”?13 A educação para a autonomia é um processo que começa na idade zero e que ninguém sabe quando termina. É um projeto pedagógico que procura desenvolver a capacidade de aprender do sujeito – aprender a aprender, aprender a descobrir, aprender a inventar. Nele, sem dúvida, as matérias ensinadas – a geografia, por exemplo, pode tratar da importância cultural do plantio de coca nos países andinos, do uso medicinal da maconha no interior do Brasil14 – serão degraus que permitirão desenvolver a capacidade de aprender, descobrir, inventar. No projeto de educação para a autonomia, dois princípios são firmemente defendidos: todo processo de educação que não visa desenvolver ao máximo a atividade própria dos alunos é ruim; todo sistema educativo incapaz de fornecer uma resposta razoável à questão eventual dos alunos – “Por que deveremos aprender isto?” – não terá sucesso.15 No que se refere à prevenção do ingresso no tráfico, é grave a indigência das ações correntes. A política de drogas tem se limitado a reprimir a transgressão, com uma inovação recente: o Programa de Justiça Terapêutica, proposta de tratamento compulsório – mais uma vez identificando uso e dependência – como alternativa à perda da liberdade. As instituições que acolhem crianças em conflito com a lei estão muito longe de proporcionar alternativas reais de inserção social digna e cidadã. Por isso, a falência dessa prevenção, que é esvaziada de sentido real. Tentar erradicar algo que faz parte da nossa história, de maneira meramente repressiva, exagerar riscos, dar informações genéricas, confusas ou mesmo errôneas como se fossem “verdades” desde sempre comprovadas, propor “alternativas” de uma falsa profissionalização, para quem teria de ter sua infância resgatada, são algumas das tentativas da prevenção que tendem a se frustrar. Mais do que nunca, a possibilidade de conhecer e dispor de informações sempre atualizadas e amplas é o melhor caminho para educar para a possibilidade de refletir e agir no interesse próprio e da coletividade. Até que ponto o consumidor de drogas ilícitas, na sua transgressão individual, não está correspondendo ao ideal liberal de consumidor acrítico? Até que ponto as crianças em situação de violência armada organizada, com o seu envolvimento crescente no “trabalho” do tráfico, não estão reforçando o fracasso do poder público, que não conseguiu honrar o contrato social a que os cidadãos têm direito? O papel da mídia Na mídia, podemos identificar o predomínio de divulgação sensacionalista de ações espetaculares de repressão ao tráfico de drogas ilícitas. A riqueza de detalhes no que se refere à violência das ações, os níveis de modernização dos tipos de armas que circulam em ambos os lados, a conexão com a corrupção policial e as imagens cinematográficas dos embates e de policiais do Bope que escondem o rosto revezam-se com o tratamento aparentemente piedoso, ao mesmo tempo, considerando quase uma fatalidade o que ocorre com as pessoas inocentes feridas ou mortas nos violentos conflitos armados. Em segundo plano, com bem menos destaque, vem a divulgação de resultados de pesquisas, estudos sobre consumo, tráfico de drogas, violência. Apresenta-se uma discussão que, mesmo não sendo unânime, sem suas conclusões, caracteriza-se pela seriedade do enfoque. Embora com reduzido ou raro destaque, essas pesquisas, quando veiculadas, contribuem, sem dúvida, para uma reflexão diferenciada em relação ao sensacionalismo habitual, ainda que sempre focalizada nas pessoas jovens, como se estas fossem as únicas consumidoras de drogas, sempre ilícitas, sendo a reflexão completada com conselhos aos familiares, via de regra perplexos diante dos fatos. Paralelamente, tornam-se cada vez mais freqüentes os artigos de opinião, editoriais, entrevistas com personalidades, imediatamente após um momento em que o “problema” droga irrompe com maior violência e/ou gravidade. Episodicamente, temos as campanhas da chamada “prevenção”. É curioso observar aqui, de novo, a tendência de provocar impacto no público-leitor, por meio de imagens e linguagem sensacionalistas, sugerindo um estado de guerra individual e coletiva. Em algumas campanhas veiculadas pela mídia, a imagem do dependente, na deterioração física apresentada com um fato indiscutível, pode ser confundida com o aspecto de uma pessoa com dengue hemorrágico. Em outdoors, frases aparentemente ingênuas reforçam a irracionalidade, a discriminação. Dizer “Drogas, tô fora” motivou, pela sua inconsistência, o complemento jocoso, pichado num muro de Porto Alegre: “Claro, saí para comprar”. Afirmar “Drogas, nem morto” também não tem sentido algum: uma vez morto, o sujeito não tem escolhas. Dizer que “Quem se droga é triiiiiste” é generalizar a experiência negativa, ainda que os riscos sejam reais. É fazer de conta que uma festa não perde a graça quando a bebida acaba, é nunca ter observado o prazer que dá tragar um cigarro, ou ainda ignorar a tranqüilidade experimentada logo após a ingestão de um medicamento contra a dor ou para dormir. Dizer que “Droga é brega” expressa, sem que se perceba, um preconceito em relação às pessoas chamadas de “bregas”, que o são apenas aos olhos de quem assim as consideram – afinal, cada pessoa tem seu estilo e dele se orgulha. E o que significa dizer que “Droga é uma merda”? O que informa essa frase para quem já experimentou e sentiu prazer, calma, alívio? Campanhas dessa natureza não educam, são desconsideradas pelos usuários ou, o que é tanto mais grave, confundem. Algumas dessas frases são, de alguma maneira, perversas porque informam pela metade, não atingem quem não inclui sua experiência na forma estereotipada co-mo a reação é apresentada, mas que, nem por isso, estão imunes aos riscos e precisam estar alertas. São frases que não preparam, de fato, o sujeito para refletir e agir de forma consciente, diante dos riscos que sem dúvida existem. São palavras de ordem que continuam sendo difundidas, carregadas de uma intenção de prescrever vacinas que ilusoriamente nos protegeriam. Mas nessas campanhas, recentemente, surgem também novos enfoques em que a relação pais/mães e filhos(as) é valorizada. Novos motes apontam a necessidade da autonomia: “Quem escolhe meu caminho sou eu, não a droga”, frase mais identificada com a noção de que somos sujeitos de nossa história. A mídia tem reiteradamente divulgado entrevistas com artistas e intelectuais sobre suas experiências de uso de drogas. Se, no texto interno, o debate se amplia, assim como a busca de encaminhamentos democráticos da questão, o sensacionalismo das chamadas de capa mais uma vez evidencia a manipulação das experiências, o que tem até redundado em prejuízos posteriores às declarações dadas.16 Pedra no caminho A criminalização do usuário é um absurdo jurídico: o Estado exacerba no seu direito de legislar quando legisla no espaço privado, quando não há prejuízo de terceiros.17 Por mais contraditório que possa parecer, descriminalizar o uso de drogas, quaisquer que elas sejam, com definição no texto da lei sobre quantidade que evidencie uso pessoal, abre caminho para uma educação democrática que reduza os danos decorrentes do consumo. Essa possibilidade já é real em alguns países da Europa, como na Holanda – e, mais recentemente, Espanha e Portugal. Na Bélgica, descriminalizou-se o uso de maconha. Sob outra perspectiva, no Canadá, o uso terapêutico da maconha é autorizado no caso de doenças terminais. Argumenta-se que a criminalização é, de alguma forma, um freio ao uso. Entretanto, nos países que optaram pela descriminalização, os índices de consumo não trário, a descriminalização permitiu a opção por novas diretrizes: prioridade dada à educação sobre os danos decorrentes de usos indevidos, não cidadãos – aqui considerados como aqueles que estão em desacordo com os hábitos culturais reconhecidos e aceitos coletivamente –, prioridade para as pesquisas e tratamento do uso dependente e repressão direcionada, limitada ao controle do tráfico.18 Argumenta-se que, em sociedades onde predomina uma forte desigualdade social, os privilégios de alguns grupos sociais já garantem a descriminalização, de fato, do uso para esses mesmos grupos. Sem alteração desse contexto, a descriminalização legal não garantiria, automaticamente, tratamento democrático para grupos já marginalizados. Para estes, o “problema” droga continuaria existindo, com a manutenção da desigualdade estrutural. Cada sociedade, em cada momento de sua história, teve e tem drogas permitidas e outras proibidas. Dá para imaginar que o fumo de tabaco já foi motivo de prisão na Europa? E que o álcool é ainda hoje proibido em países muçulmanos? E que a cocaína, por volta de 1920, era vendida nos EUA pelo reembolso postal como tônico fortificante? E que a maconha já foi vendida em feiras livres no Brasil? No nosso país, a lei que regulamenta o consumo de drogas data de 1976, Lei 6.368, elaborada durante a ditadura militar, que vigorou no Brasil a partir de 1964, o que significa dizer que carrega as características da política de exceção e controle social daquela época. No texto dessa lei, embora se reconheça a dependência de drogas como uma doença, o tratamento previsto é a perda da liberdade. Incentiva-se a delação como método, diretores de escola estão sujeitos à perda de eventuais subvenções, caso não denunciem e afastem alunos usuários de drogas ilícitas. Mais recentemente, o usuário que é flagrado com uma pequena quantidade de uma droga ilícita se beneficia da Lei 9.099/95, que, tratando dos juizados especiais criminais, permite penas alternativas à prisão, em casos comprovados de pequeno potencial ofensivo, seguindo o exemplo da experiência norte-americana de cortes especiais para tratar o “problema” da droga em si, descontextualizado. A lei interdita o uso, criminaliza o usuário. A prevenção, na sua busca de erradicar o uso, reforça a responsabilidade restrita ao sujeito da experiência. Ao consumo indevido se somam a violência e a criminalidade, decorrentes da ilegalidade da prática e não específicas ao efeito da droga no sujeito. A orientação sobre os eventuais danos decorrentes do uso não acontece, e a demanda por tratamento se esquiva. O empenho na “prevenção” não resultou em diminuição do consumo, que aumenta e se diversifica; afinal, são tantas e novas as substâncias psicoativas que surgem no mercado… Em muitos países, o consumo de drogas vendidas legalmente é maior que o consumo das drogas ilícitas – a França é um país com forte consumo de tranqüilizantes; na Bélgica, predomina o consumo de produtos de uso doméstico, em cuja composição estão presentes substâncias psicoativas. O “problema” da droga está, assim, organizado conforme a especificidade dos contextos. A frustração dos educadores é real, e o objetivo proposto de erradicar o consumo jamais é alcançado, o que parece sugerir que o esforço em evitar o consumo não seja necessário já que a grande questão parece ser a relação que estabelecemos com as drogas. A reflexão que permita um agir consciente, organizado em torno a controles individuais e coletivos de uso, poderia limitar os eventuais danos? Experiências passadas indicam que sim; afinal, o uso indevido de forma generalizada é uma característica da nossa época. A experiência recente do controle do uso do tabaco também indica que sim. Seria impensável, há dez anos, imaginar a realidade atual de controle desse consumo em espaços públicos. Percebe-se a construção de uma cultura de resistência. Iniciativas locais, comandadas por mulheres/mães, organizam redes alternativas de educação para jovens das comunidades, tentando romper a “atração” pelo tráfico. Outros projetos reúnem homens que questionam o modelo masculino do beberrão agressivo e investem na construção de uma consciência masculina solidária. Associações reúnem usuários de drogas na luta pela defesa dos seus direitos, em âmbito continental, nacional, com algumas representações estaduais. Profissionais de saúde e da área social se associam preocupados em garantir uma prática comprometida com a ética, com os direitos de cidadania. Política democrática Em 2000, a Rede de Direitos Humanos Drogas e Aids, com sede de referência na Uerj, divulgou uma Declaração de Direitos dos Usuários de Drogas, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). Essa declaração foi assinada por instituições e organizações não-governamentais e parlamentares. Com base nesse texto, foi elaborado, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, o Projeto de Lei 2.251/2001, que dispõe sobre a prevenção, o tratamento e os direitos fundamentais dos usuários de drogas19 e que passou por discussões entre os deputados estaduais, no período de 2001–2002. O projeto apresentado foi aprovado na íntegra pela Comissão de Justiça, numa explicitação de que não seriam necessárias novas leis para sua aprovação, todos os itens propostos já sendo garantidos pela Constituição Federal de 1988. O projeto também foi aprovado pela Comissão de Saúde e pela Comissão de Direitos Humanos. Durante sua tramitação, em 2001–2002, foram realizadas audiências públicas do Fórum Permanente por uma Política Democrática de Drogas. Nesse espaço democrático, discutiram-se alguns temas: a lei proibicionista que regulamenta consumo de drogas e que causa mais danos que proteção; a necessidade de se ampliarem os esclarecimentos veiculados pela mídia; a importância vital da educação como forma de reduzir eventuais danos; a violência do Programa de Justiça Terapêutica – proposta de tratamento compulsório em situação de constrangimento –, viabilizado pelos juizados da infância e adolescência; as possibilidades e limites da repressão, sua organização e marcos éticos. Em 2002, o Projeto de Lei 2.251/2001 foi aprovado no plenário da Alerj, suprimindo-se itens significativos, como o que declarava o usuário de drogas como um cidadão de direitos e deveres. Foi retirada também a proposta de redução de danos, que, em vários estados do Brasil (Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo e Minas Gerais), já é lei regulamentada e que se justificava, tendo em vista o sucesso de muitos programas já reconhecidos e mesmo financiados pelo Ministério da Saúde que têm obtido redução dos danos decorrentes de um uso indevido de drogas, reduzindo também os índices de infecção pelo HIV/Aids. *Gilberta Acselrad Mestra em Educação, coordenadora do curso de extensão universitária “Drogas e Aids: questões de direitos humanos”, no Programa Cidadania e Direitos Humanos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Notas: 1 GUIZADO, A. C. Cinco tesis sobre narcotráfico y violencia en Colombia. Revista Foro, Bogotá, n. 15, p. 65-73, 1991. 2 O termo uso na vida diz respeito a quem já experimentou pelo menos uma vez. 3 GALDUROZ, J.C.F. et al. IV levantamento sobre uso de drogas entre estudantes de 1o e 2o graus em dez capitais brasileiras, 1997. São Paulo: UFSP/EPM/Dep. de Psicobiologia, Cebrid, 1997. 4 GALDUROZ, J.C.F. et al. I levantamento domiciliar nacional sobre o uso de drogas psicotrópicas, Parte A: envolvendo 24 maiores cidades do estado de São Paulo. São Paulo: Faperp, 1999. 5 Casos constatados de suicídio, precedidos de episódios de depressão nervosa, entre agricultores em Venâncio Ayres (RS), associados ao consumo involuntário de substâncias psicoativas presentes na composição de agrotóxicos. 6 PACHECO-FERREIRA, H. Os trabalhadores e o uso do mercúrio. In: ACSELRAD, G. (Org.). Avessos do prazer: drogas, Aids e direitos humanos. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2000. 7 VILLARD, P. Ivresses dans l´antiquité classique. Revue Histoire, Economie et Société, Paris, p.453-459, 1989. 8 DELAHAYE, M.C. Grandeur et décadence de la fée verte. Revue Histoire, Economie et Société, Paris, p. 475-489, 1989. 9 DALY, H. E.; COBB Jr., J.B. Para el bien común, reorientando la economia hacia la comunidad, el ambiente y un futro sotenible. México: Ed. Fondo de Cultura Económica, 1993, p. 93. 10 Vide nota 4. O uso na vida do álcool: 53,2%; uso dependente de álcool: 6% (valores próximos aos observados em estudos de outros países); uso na vida do tabaco: 39,0%; uso dependente: 9,3%; índice de 11,6% de uso na vida de outras drogas, porcentagem próxima do Chile, superior à Colômbia e muito inferior aos EUA (34,8%). A maconha foi, dentre as drogas ilícitas, a que teve maior uso na vida – 5,6%, índice muito inferior ao observado no Chile, EUA, Dinamarca, Espanha e Reino Unido. 11 DOWDNEY, L. Crianças do tráfico: um estudo de caso de crianças em violência armada organizada no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Sette Letras, 2003. 12 ARANTEGUY, L. Doces venenos. São Paulo: Olho d´Água, 1990. 13 CASTORIADIS, C. Psychanalyse et politique. Revue Lettres Internationales, Paris, n. 21, p. 54-57, 1989. 14 HENNAN, A.; PESSOA Jr., O. Diamba, sarabamba: coletânea de estudos sobre a maconha. São Paulo: Ground, 1986. 15 CASTORIADIS, C. op. cit., p. 54-57. 16 A apresentadora de programas para jovens – Soninha –, após entrevista publicada na revista Época, em 2002, em que reconhecia já ter fumado maconha, foi demitida pela TV Cultura/SP, onde trabalhava. 17 KARAM, M. L. Legislação brasileira sobre drogas: história recente – a criminalização da diferença. In: ACSELRAD, G. (Org.). Avessos do prazer: drogas, Aids e direitos humanos. Rio de Janeiro: Imago, 2000, p. 151-160. 18 CATTACIN, S. et al. Modeles de politique em matière de drogue: une comparaison de six réalités européennes. Paris: L´Harmattan, 1996. 19 De autoria do deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ). fonte: http://asaudequetemososusquequeremos.wordpress.com/2011/04/21/a-construcao-social-do-%E2%80%9Cproblema%E2%80%9D-das-drogas-gilberta-acselrad/
    1 point
  37. Para quem quiser prestar seu descontentamento ao Tribunal: Quais as formas de acesso à Ouvidoria? Pessoalmente, comparecendo na sede do TJRO (Rua José Camacho, nº 585 - Olaria - Porto Velho/RO, CEP 76801-330; E-mail (ouvidoria@tjro.jus.br); Ouvidor Virtual, clicando aqui; Urnas (clique aqui para saber os locais das urnas disponíveis); Correspondência endereçada à Ouvidoria Geral ( Rua José Camacho, nº 585 - Olaria - Porto Velho/RO, CEP 76801-330); Alô Justiça - 0800- 647-7077 e Telefone convencional (069) 3217-1019/1389; Fax (069) 3217-1389. http://www.tjro.jus.br/2007/ouvidoria/index.html Não esqueçam de colocar o número do processo: Processo n. 0003428-95.2010. 8. 22.0601
    1 point
  38. coitado do cara mano.....lamentavel msm....
    1 point
  39. Mujica teve culhão de falar algo enquanto presidente, o FHC só fala alguma coisa agora porque não tem mais como mudar nada. Ele apenas 'influencia' mas não decide. Quando poderia decidir jogou o jogo dos porcos. FHC é falastrão.
    1 point
  40. Tomei esse cuidado irmão, perguntei ao sano por mp antes de postar justamente por conta disso e ele inclusive jah viu o vídeo postado... Edit. Eu nao pude estar presente e nao tinha visto, pra mim era novidade sim pq nunca tinha visto o Jorge da Silva falando ou a Julita Lemgruber e postei aqui somente pra ilustrar oq falei om o Kanious... Abracos
    1 point
  41. o gosto ruim vem da clorofila, menos presentes nos buds.. mas da pra deixar a erva de molho na agua por uns dias pra tirar a clorofila. um rum 70% com um Top bud dentro seria venenoso ein!
    1 point
  42. E o dia "mais uma vez" foi salvo pelo meninos do jurídico do GR!!! É isso ae manolada... Parabéns!!! clap
    1 point
  43. Pessoas com um cérebro funcionando dentro da cabeça são diferentes mesmo, parabéns para a professora, ainda nem li o texto mas só de lembrar dessa bela atuação dela no globo news já sei qual será o tom do discurso, ela não é boba não, pegou a jornalistinha ramelenta da Globo no contra-pé, nunca mais chamam ela pra falar lá isso é certeza ahahaha
    1 point
  44. Informaremos assim que soubermos WASP! Ainda não sabemos nada. O advogado do Growroom ta chegando lá agora. FIque ligado nas noticias aqui! Galera, preparem cartazes, preparem faixas, camisas, avisem a imprensa, amigos, compartilhe a noticia no Facebook tb, twitter! A mobilização de todos é muito importante agora! 22987275bca66e2d4cd54b0d4c92d722
    1 point
  45. Ligaram pra avisar isso? Mas que educação da parte dos policiais, é, sempre me disseram que p/ visitar alguém é educado ligar antes. Eu teria jogado tudo fora antes de chegarem os megas.
    1 point
  46. Pílulas para dormir, para emagrecer, para reverter o desânimo, a hiperatividade, a depressão, a ansiedade e o estresse. Diferentemente das drogas ilícitas, esses medicamentos são socialmente aceitos e sua ingestão é, muitas vezes, prescrita pelos médicos. O ideal de uma vida sem desconfortos e de plena alegria são os motivos difundidos pela propaganda da indústria farmacêutica para incentivar o uso desses remédios. Mas será que algum grau de sofrimento não deveria ser encarado como inerente à vida? Em artigos inéditos, a psicóloga Cristiane Costa Cruz e o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg analisam o fenômeno. As drogas e o conceito de saúde-felicidade no século XXI Por Cristiane Costa Crux Há um século, um hábito que remonta há 8 mil anos virou uma sina para a humanidade. O abuso de drogas psicotrópicas tornou-se um dos maiores problemas de saúde pública na atualidade. Nem sempre as drogas foram proibidas. No decorrer da história, as drogas passaram bem mais tempo liberadas do que proibidas. Algumas substâncias, que hoje são ilegais, já foram utilizadas para tratar dor e problemas mentais. Tanto o ópio como a maconha foram remédios tradicionais, usados por muitos séculos. A cocaína, descoberta em 1860, era produzida em laboratório farmacêutico e usada como anestésico cirúrgico. Os problemas com as drogas começaram quando aumentaram os casos de abuso e dependência. No final do século 19, grande parte dos pacientes para quem eram prescritas drogas eram pessoas de meia-idade, que acabavam se viciando no remédio. Também havia os trabalhadores que procuravam nas drogas algum alívio para sua vida diária. Logo surgiram as primeiras regulamentações, e as proibições miravam os trabalhadores, pois, como as drogas minavam sua capacidade de produzir, passaram a ser consideradas um obstáculo à sociedade industrial. No início do século 20, os Estados Unidos criaram um acordo internacional para combater a venda de drogas e passaram a criminalizar os usuários. Entretanto, a distinção entre as drogas ilegais e as que eram reguladas, como as anfetaminas, não eram claras, favorecendo a indústria farmacêutica na comercialização de seus novos produtos. O critério de legalidade de uma droga é historicamente variável e não está diretamente relacionado com a gravidade dos seus efeitos. São consideradas lícitas as drogas que são aceitas pela sociedade, produzidas e comercializadas livremente. Os dois principais exemplos são cigarro e álcool. As drogas ilícitas são as drogas cuja produção e comercialização é proibida por lei, como maconha, cocaína, crack e heroína. As drogas ilícitas causam dependência e danos à saúde, mas álcool e cigarro matam muito mais do que as drogas ilícitas. O motivo que leva as pessoas a consumirem drogas é o mesmo que leva a comer e fazer sexo. Não há como negar que droga dá prazer. O cérebro foi configurado para sempre repetir e querer mais do que é bom. Essa configuração, denominada circuito de recompensa, é fundamental para a sobrevivência. As drogas que causam dependência estimulam esse mecanismo cerebral, criando uma armadilha. A função do circuito de recompensa é alterada, desviando o foco do corpo para a repetição do uso. As demais fontes de prazer perdem a importância e a única fonte de prazer passa a ser o uso da droga. O sentido de usar drogas pode variar, dependendo da cultura e do momento, mas a busca do prazer é sempre o principal motivador. Entretanto, sabe-se que a droga não dá o mesmo prazer para todos. Muitas pessoas experimentam, mas não gostam da sensação de ter a consciência alterada. Estes não usarão novamente, pois ninguém se torna dependente de algo que causa desprazer. Além disso, algumas pessoas têm efeitos que consideram agradáveis com certas substâncias, mas não com outras. A química do usuário interage com a da droga e é o prazer obtido com essa interação que vai definir o risco de a pessoa usar mais. Isso evidencia o fato de que o acesso às drogas não leva automaticamente ao uso. A droga é um elemento externo, que permite ao indivíduo sair temporariamente de seu estado de plena consciência e viver em um mundo ilusório. Muitos remédios também são utilizados para reduzir angústias, aliviar dores e eliminar a tristeza, na tentativa de proporcionar mais conforto. A difusão do uso desses medicamentos construiu a crença de que é possível viver sem sofrimento. Criou-se uma confusão entre o real e o ideal, em que deve haver um estado físico e mental de saúde e felicidade completa, sem quaisquer sintomas desagradáveis. Essa crença, imposta pelos laboratórios farmacêuticos, foi assimilada pelos médicos e hoje é amplamente difundida. Uma vez criado esse valor, começou uma jornada em busca da pílula milagrosa, apoiada na crença de que o ideal é viver sem nenhum desconforto. Essa busca também envolve a pseudoprevenção de doenças, através do consumo de vitaminas e suplementos alimentares e ainda a questão estética, para a qual são desenvolvidos diversos medicamentos e cosméticos. É cada vez mais frequente o consumo exagerado de medicamentos e é comum os pacientes reagirem negativamente quando um médico não receita medicamentos. Nos grandes centros urbanos, onde doenças cardiovasculares matam mais que vírus e bactérias, o grande causador de muitas doenças crônicas é o estilo de vida sedentário e a alimentação hipercalórica. Mas, como qualquer mudança exige esforço, acaba-se priorizando a solução do remédio. A crença no poder da medicação é tão forte que o simples ato de tomar um comprimido sem nenhuma droga ativa pode até produzir resultados: é o chamado “efeito placebo”, quando uma droga falsa cura uma doença verdadeira. Devido a esse processo de medicalização, que tem o objetivo de criar um mercado consumidor para produtos farmacológicos, a indústria farmacêutica desenvolveu, no final do século 20, o conceito dos “remédios de estilo de vida”. A promessa incutida nesses medicamentos é tornar a vida mais agradável e confortável. Pode-se entender que a ideia vendida é aperfeiçoar a vida, tornando-a melhor do que o normal. Dessa forma, o foco não está na cura, mas envolve o conceito de aprimoramento. O objetivo principal da medicação deixa de ser o tratamento de doenças e passa a ser o aperfeiçoamento do funcionamento do corpo. São medicamentos para estresse, impotência sexual, emagrecimento, calmantes, problemas estéticos como celulite e calvície, além das vitaminas e suplementos. Entre os medicamentos mais vendidos atualmente estão os que reduzem a ansiedade. A ansiedade é necessária para a adaptação do indivíduo ao meio ambiente e funciona como um alerta, indicando que algo deve ser feito para mudar a vida. Dessa forma, a ansiedade saudável pode funcionar como uma espécie de antídoto contra outras doenças, por ser uma advertência, permitindo tomar medidas contra o perigo possível. Entretanto, sabemos que a ansiedade traz uma sensação desagradável. Há milhares de anos, diversas drogas são utilizadas para aliviar a ansiedade, sendo a mais comum o álcool. Atualmente, há uma grande oferta de tranquilizantes e muitos só conseguem dormir com calmantes e assim poder enfrentar um outro dia. Pesquisas mostram que o uso de drogas pode ser consequência de um desequilíbrio psíquico ou desespero emocional. A prevalência de transtornos psíquicos antes do contato com drogas indica que as drogas podem trazer alívio a quem as consome. Assim, as drogas não seriam a causa do desequilíbrio, mas apenas uma consequência desse desespero emocional. Pessoas que se sentem socialmente excluídas apresentam maior tendência a se tornarem usuárias compulsivas de drogas, lícitas ou ilícitas. A pressão social também pode favorecer o consumo de drogas, uma vez que somos constantemente influenciados pelas mensagens que são transmitidas à sociedade. Aprendemos que a felicidade está ligada ao que se consome e que a tristeza deve ser sempre evitada. Ou seja, a felicidade pode ser comprada e a tristeza deve ser eliminada. E, como hoje existem medicamentos capazes de eliminar a tristeza, torna-se uma relação de consumo. Tradição ou maldição? Diversão ou desvio de comportamento? Presente dos deuses ou maldição do diabo? Não há uma resposta fácil e não há um consenso. Talvez o uso de drogas faça parte da natureza do ser humano, como uma espécie de fuga da existência rotineira. Muitas pessoas têm necessidade de fazer coisas diferentes do habitual: alguns praticam esportes radicais, outros buscam aventuras sexuais, alguns se envolvem em cultos religiosos e outros usam drogas. A grande questão é encontrar o limite. Já diziam nossos avós que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. “Devido a esse processo de medicalização, que tem o objetivo de criar um mercado consumidor para produtos farmacológicos, a indústria farmacêutica desenvolveu, no final do século 20, o conceito dos ‘remédios de estilo de vida’. A promessa incutida nesses medicamentos é tornar a vida mais agradável e confortável” Cristiane da Costa Cruz é psicóloga, atua na linha cognitivo-comportamental e é especialista em transtornos mentais. Sociedade Anestesiada Por Jacob Pinheiro Goldberg Remediando a vida. Expressão quase folclórica que exprime uma concepção catastrófica do mundo. A utopia de um mundo sem dor, sem sofrimento, acompanha a civilização desde a consciência do que a dor e o sofrimento sempre provocaram no ser humano e de que culminam na doença e na morte. A tanatofobia com os horrores da fantasia da finitude, a solidão, a perda dos entes queridos, a ameaça insuportável da loucura povoaram a mente do indivíduo a partir do instinto de sobrevivência da espécie. De alguma maneira se pode fazer a narrativa dos esforços da arte, da cultura, da ciência, como a luta contra o estresse, o desconforto da existência, o mal-estar da castração. Em contrapartida, a vontade de exuberância, da alegria, do estado de bem-estar no gozo do êxtase e da felicidade implicam um trabalho constante que, através da medicina, das ciências da saúde, da indústria farmacêutica, da psicologia, acabou por estabelecer um consenso de superação da dor, por recursos os mais variados. Cicatrizar as frustrações inevitáveis que marcam os limites de nosso corpo e de nossa mente, anestesiar as reações aos estímulos que a natureza impõe, feiura, deficiência intelectual e corporal, acidentes malignos, genética deficitária – enfim o rol das dificuldades do concreto, do real, do objetivo se transformou numa corrida de obstáculos que permeabiliza nosso cotidiano. Comprimidos para enganar a tristeza, sob o diagnóstico da depressão, para frear a vitalidade, sob o diagnóstico que substitui a exuberância pela hiperatividade. Se espraiando por todos os ângulos, medidas, enquadramentos possíveis e imagináveis. A obesidade, doença física ou psíquica a ser tratada e corrigida, e até problema ético de caráter (personalidade desidiosa ou fraca); a magreza, idem. A timidez ou contenção, como sintoma introspectivo suspeito, a extroversão como proximidade da transgressão, merecendo a atenção médica e, eventualmente, policial. Sem respeito à faixa etária ou condição social. Na infância, a desatenção na escola, distúrbio ou transtorno, a adolescência com sua agitação e insegurança, ela mesma vista como “aborrecência”, um certo desajuste na probabilística certeira de moléstia contagiosa (o barulho, a efervescência, o “esquenta”). A insônia estimulada por dificuldades autênticas, exigindo soníferos que, por sinal, segundo a revista científica BMJ Open [revista online de acesso público ligado ao British Medical Journal], triplicam o risco de morte e de o “paciente” desenvolver câncer. Aliás, já escrevi em O Direito no Divã (Saraiva, 2011) que a nomenclatura correta deveria ser “impaciente” e o profissional apurar a sua “paciência” na inversão humanística do relacionamento. Aldous Huxley, em As Portas da Percepção [livro de 1954, edição em português da Globo lançada em 2002], faz a apologia às drogas, lícitas ou ilícitas (segundo conflitos de entendimento legal); ele, que estava praticamente cego e buscava compensações e sublimação no fantasmático e no simbólico, acabou legitimando essa vida artificial para escamotear as quimeras que a poesia de Rimbaud, ele mesmo uma vítima do alcoolismo, genialmente definiu em metáfora belíssima: “Mas, não, chorei demais! Magoam-me as auroras. Todo sol é dolente e amargo todo luar”. As questões essenciais de nossa vida ligadas ao sofrimento e à dor não podem e não devem ser reduzidas ao tremendo jogo de fortunas incalculáveis da indústria da ilusão medicamentosa. Indústria que inventa doenças e inventa curas para aquilo que segundo Goethe é “humano, demasiadamente humano”. Sofrer e lidar, chorar e rir, a emoção respeitada e não fiscalizada pelo “Big Brother” do superego pronto para qualificar o normal e o anormal segundo fundamentalismos pseudocientíficos. O que, obviamente, não significa deixar de minorar a dor no horizonte da dignidade. A alienação como instrumento de subjetividade permite que o Eu se encontre com a Dor, na esperança que nos transcende. “As questões essenciais de nossa vida ligadas ao sofrimento e à dor não podem e não devem ser reduzidas ao tremendo jogo de fortunas incalculáveis da indústria da ilusão medicamentosa. Indústria que inventa doenças e inventa curas para aquilo que segundo Goethe é ‘humano, demasiadamente humano’” Jacob Pinheiro Goldberg é doutor em psicologia, psicanalista e escritor. É autor de Cultura da Agressividade (Landy, 2004), Mocinhos e Bandidos – Controle do Conteúdo Televisivo e Outros Temas (Lazuli/Sesc, 2005), Psicologia em Curta-Metragem (Novo Conceito, 2008), entre outros. A fonte está aqui
    1 point
  47. Como sempre digo: Crack não é droga, é veneno. Até traficante tem mais noção de responsabilidade social que politicos (esquerda e direita), banqueiros, industriais, militares, jornalistas e toda essa corja suja que joga com o poder.
    1 point
×
×
  • Criar Novo...