Jornal " O DIA "
Quinta feira, 28 de Outubro 2004
Droga em mansão de Niterói
Polícia descobre cultivo de skank em casa de Itaipu. Estudante está foragido, mas a mãe dele, advogada, foi presa por tráfico
Aluizio Freire
Numa área de mansões em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, o estudante de Arquitetura A. G. S. M. B., 29 anos, usava parte do terreno da casa de sua mãe, a advogada e funcionária aposentada da Caixa Econômica Federal, C. R. V. S., 55, para cultivar skank (uma espécie de maconha modificada em laboratório com efeito concentrado). Na casa de dois andares com piscina, policiais da 73ª DP (Neves) encontraram uma estufa para secar sementes e um depósito onde foram apreendidos 20 pés da droga, adubo e um pequeno manual com dicas sobre plantação. A mãe do universitário foi presa e autuada por tráfico. O rapaz está foragido.
Segundo os policiais, A.G. também promovia, na casa, festas rave e oferecia amostras do produto para os convidados em pequenos vasos, como presente. Para participar dos eventos, era preciso levar um quilo de alimento não-perecível. Os policiais chegaram ao local ontem, por volta das 9h, surpreendendo a proprietária do imóvel e a empregada. Célia Regina disse que não sabia que o filho cultivava drogas. “Achei que eram plantas ornamentais”, afirmou, ao ser levada para a delegacia. Ela disse ainda que havia proibido o filho de realizar festas dentro de casa, mas apenas à beira da piscina.
“O advogado dela ficou de apresentar o rapaz, que estaria na faculdade, mas até agora (a noite de ontem) ele não apareceu. Não posso deixar de cumprir a lei e autuar a mãe, já que ela é a dona da casa”, explicou o delegado Luiz Carlos Tucher.
De acordo com as investigações, além da Região Oceânica, o estudante também vendia a droga na Região dos Lagos e em boates da Zona Sul do Rio. “Mas o forte dele mesmo eram as praias aqui de Niterói. A gente ficou sabendo que, quando ele chegava, o pessoal o rodeava para comprar a droga. Sabiam que era mais forte. Ele cobrava 80% acima do valor normal”, disse um policial que participou da investigação.
Skank provoca efeito mais forte nos usuários
O laudo definitivo da concentração da droga deve sair em até 30 dias, mas, na análise prévia, os peritos já apontavam o produto como skank. O que diferencia o skank da maconha comum é a capacidade entorpecente. Em ambos, o princípio psicoativo é o tetra-hidro-canabinol (THC). Na maconha, a concentração percentual nas folhas, flores e frutos prensados fica em torno de 2% a 4%. No skank, estudos apontam que o índice de THC pode ser de 17,5% a até 40%.
A reportagem Maconha com cultivo caseiro, publicada no DIA de 12 de abril, revelou que usuários da droga estão plantando Cannabis sativa em casa. Na matéria, dependentes explicavam que passaram a adotar a cultura doméstica da erva para evitar a figura do traficante e, conseqüentemente, não financiar a violência das quadrilhas.
http://odia.ig.com.br/odia/policia/pl281001.htm