E aí MANOJUNO, tranquilo?
Sei que estamos no mesmo barco, mas talvez estejamos remando em direções um pouco diferentes. O bom é que nessa embarcação todas as direções estão corretas, não tem uma melhor que a outra.
Até onde percebi, e me desculpe, por favor, se entendi errado, você gostaria de uma produção de enfoque mais jornalístico, onde os fatos seriam apresentados, sem que a opinião dos produtores seja explicitada. Talvez seja isso que você entende por imparcialidade. Mas acho que mesmo neste caso a parcialidade está presente, pois até então só estaria sendo levada ao vídeo a opinião contra a proibição. O mito da imparcialidade não sobrevive sem o chamado "outro lado" em produções jornalísticas.
Faço uma idéia um pouco diferente da sua no que diz respeito à docs. Acho que tô mais alinhado à maneira que o Michael Moore produz, ou mesmo à maneira do Eduardo Coutinho. É uma posição mais ofensiva, ou em outras palavras, parcial.
Só que essa ofensiva, nesse caso, tem que realmente ser muito bem pensada, pois se trata não só de defender algo que é contra a lei mas de cutucar um tabu monstruoso da sociedade. Talvez até o maior dos tabus. É possível imaginar que alguém que crie um doc. falando sobre o aborto ou pena de morte (igualmente contra a lei) seja preso por isso? Pois é, com a maconha é assim. Por isso toda a preocupação com a apologia é fundamentada, mas, na minha opinião, facilmente contornável. O que diz a lei no quesito apologia?
"Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
...
§ 2º Nas mesmas penas incorre, ainda, quem:
I - induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine dependência física ou psíquica;"
Acho que fica claro aqui a questão da apologia. Pegando o caso famoso da prisão do Planet, o que pôs os caras na prisão não foi o "Legalize Já", mas o "uma erva natural não pode te prejudicar".
Acho que tomando cuidado, poderia ser feito um documentário que retratasse growers e sua luta e ao mesmo tempo marcasse uma posição antiproibicionista. Mas como eu falei, essa é minha opinião, o que não significa que outras opiniões estejam erradas ou sejam piores que essa.
No mais, muito legal o cuidado que devemos ter com as histórias dos growers presos ou livres (livres? será?). Tô contigo e não abro: só com total autorização deles e das famílias pra eles estarem no doc. Mas acho que essas histórias, por serem o mais perfeito exemplo do quanto que essa realidade é prejudicial, são imprescindíveis.
Agora, "primo metido" é foda. Onde estudo existe uma rivalidade também, só que entre radialistas e jornalistas. Desunião parece ser sempre a tônica da Babilônia, talvez porque desunidos puxamos o tapete do outro sem maiores remorsos. Temos que ficar espertos pra não reproduzir inconscientemente essa merda toda espalhada por aí.
É noise, irmão, como sou uma pessoa que valoriza processos mais do que resultados finais, cresci bastante só de participar desse debate.
"la Motta", é noise também velho. O Princípio Ativo tem sido uma grande fonte de mudanças de pensamento pra mim, e consequentemente evolução. Vocês tem que estar num doc. como esse.
Abraços pra todos hermanos que acompanham o tópico.