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Maconha não eleva risco de câncer de pulmão, sugere estudo
Por David Biello
Na fumaça produzida pela queima da maconha há diversos agentes carcinogênicos, e o alcatrão ali formado contém 50% mais substâncias ligadas ao câncer de pulmão do que a fumaça do tabaco. O cigarro de maconha também deposita quatro vezes mais alcatrão do que seu equivalente de fumo. No entanto, um novo estudo envolvendo mais de 2 mil pessoas surpreendeu os cientistas ao sugerir que o consumo da erva não aumenta o risco de câncer de pulmão.
"Esperávamos que o uso intenso da maconha, entre 500 e mil vezes na vida, aumentasse o risco de câncer durante anos ou até mesmo décadas após a exposição à droga", explica o responsável pela pesquisa, Donald Tashkin, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. No entanto, observou-se que o risco de desenvolver a doença não foi maior mesmo nas pessoas que fumaram mais de 20 mil cigarros da erva na vida.
Os pesquisadores entrevistaram 611 pacientes com câncer de pulmão, 1.040 pessoas saudáveis (grupo controle) e 601 pacientes com tumores de cabeça ou pescoço; todos com menos de 60 anos. A análise estatística revelou que 80% dos pacientes com câncer de pulmão e 70% dos que tinham outros cânceres haviam fumando tabaco, enquanto apenas metade de ambos os grupos tinha fumado maconha. Quando mais tabaco uma pessoa fuma, maior o risco de desenvolver câncer, aponta o estudo - confirmando o que muitos outros já demonstraram.
Controlando as variáveis tabaco, álcool e outras drogas, bem como pareando pacientes e controles segundo idade, sexo e região geográfica, os resultados indicaram que a maconha não exerceu efeito, apesar de seus aspectos pouco saudáveis. "A maconha empacotada fica mais solta que o tabaco, logo ela é menos filtrada no cilindro do cigarro e mais partículas são inaladas", diz Tashkin. "E quem usa maconha fuma de uma forma diferente dos tabagistas; eles seguram o ar inalado durante um tempo quatro vezes maior, permitindo que partículas muito miúdas se depositem nos pulmões."
O estudo não explica como a maconha deixa de causar câncer. Tashkin especula que talvez o tetrahidrocanabinol (o princípio ativo da planta), estimule células mais velhas a morrerem antes de desenvolverem câncer. Os resultados foram apresentados na reunião da Sociedade Americana de Medicina Torácica, em São Diego.