Que bom as coisas terem sido light pra você. Vai dar tudo certo!
Fui hoje lá na Lapa também, 14hs, mas como não sou aqui de Sampa (não conheço ninguém que poderia me representar) fui sozinho mesmo.
Nem cheguei a falar com o delegado, quem tomou meu depoimento foi o escrivão. No começo, ainda bastante apreensivo (apesar de calmo), achei que iria ser uma conversa pesada. Assumi que comprei com a intenção de plantar, que conhecia o risco de interceptação, mas por acreditar na redução dos riscos e danos causados pelo tráfico, resolvi correr o risco.
Ele me perguntou se eu era usuário regular, e eu disse que sim, porém de baixa frequência, que só fumo quando percebo alteração de humor drástica, pois tenho déficit de atenção, e a maconha me ajuda a viver de maneira producente, diminuindo essas oscilações. O escrivão então me mandou procurar um médico.
Expliquei pra ele que recebi tal diagnóstico ainda na infância, e que passei por diversos tratamentos, inclusive com drogas pesadas como Ritalina, Haldol, Akineton, etc, e todas me fizeram muito mal, me toliam de meu poder volitivo. Disse ainda que não estava lá pra fazer apologia, que não tenho conhecimento nem vocação para tal, mas apenas acredito que a questão do cultivo para consumo próprio, caso gere algum transtorno no usuário, deveria ser pauta de saúde, e não de segurança, pois o potencial ofensivo à saúde não cabe no mesmo patamar de outras drogas ilícitas. Ele então recuou e falou: "realmente, seria bom se médicos pudessem receitar maconha".
Não sei mesmo o que será do meu caso quando o pessoal de Curitiba apreciar meu depoimento, essa expectativa vai drenar boa parte das minhas energias. Mas estou tranquilo e com a consciência em paz, pois sei que minha filha, meus netos, e entes queridos de todos nós um dia deixarão de sofrer com a promiscuidade, corrupção e violência que o tráfico despeja em nossa sociedade.
Eu recebi o número do inquérito, mas não sei como acessá-lo.
Enfim, por enquanto é o que tenho a compartilhar com todos.
Grande abraço e paz pra todos nós, e muita luz aos que ainda têm dificuldades pra lidar com nosso estigma.