Esclarecemos assim que, em breve, um posto de exposição sobre os objetivos da Marcha será montado em Presidente Prudente, para proporcionar o diálogo aberto e trazer o tema à tona. Nossa idéia não é causar constrangimento, nem tão pouco o caos social. O que desejamos com o movimento é desmistificar o forte preconceito que existe em torno, principalmente do usuário, mas também com a própria planta - versátil do ponto de vista do uso diverso. A informação, nesse sentido, vem não para desafiar opiniões contrárias, mas trazer outro olhar sobre a própria autonomia do corpo e a liberdade do indivíduo. Infelizmente, nos tempos atuais, ainda notamos uma visão violenta sobre àqueles que utilizam a maconha. Mas, sabe-se que essa planta tem sido consumida em escala mundial desde muito tempo, mesmo antes das políticas antidrogas, que mais serviram para reprimir cidadãos comuns do que o próprio tráfico (setor que lucra absurdamente mais com drogas químicas). Não podemos negar a questão do vício referente ao consumo prolongado da cannabis, nem tão pouco a conotação de droga de entrada (mas aqui, fica destacado que substâncias, como alcool, cigarros e até remédios ou o inocente cafézinho podem assumir esse contexto), mas é incorreto afirmar que a maconha não apresenta seus benefícios em diversos horizontes, principalmente na saúde (glaucoma, câncer, osteoporose, alzhaimer, diabetes, fibromialgia, hipertensão e mais). Ademais, produtos derivados do canhamo também tem finalidades diversas, da industria textil à construção civil. Consequentemente, o que pretende-se com a marcha é trazer uma manifestação informativa pacífica sem qualquer apologia ao consumo ou ao tráfico. Dessa forma, visando reformular as políticas que mais excluem do que incluem, tanto o usuário casual como àqueles que acabam se submetendo à situações de dependência, e são rechaçados e mal acompanhados pelo sistema de atenção à saúde. Fica claro, pelo menos dentro das aspirações do coletivo, que uma revisão de todo este arcabouço que envolve a cannabis precisa ser construida, e mesmo complementada por setores contrários, como as igrejas, ou outros segmentos mais conservadores, que poderiam conciliar seu discurso paralelamente ao processo de descriminalização. Trazendo os usuários para uma conjuntura social participativa e não excludente, não confundindo o traficante, com o viciado ou o consumidor casual, como hoje ainda acontece. A legalização e descriminalização da cannabis têm seus prós e contras, é fato, e esse contexto precisa ser amplamente vislumbrado. É com esse intuito que trazemos a discussão para o interior paulista, numa tentativa de disseminar o diálogo de maneira horizontal. Para isso, o caminho da quebra destes paradigmas é longo, e será construído ano após ano, concomitantemente ao avanço das políticas de segurança e saúde pública. Assim, é irresponsável pensar que a questão será resolvida de um dia para o outro. Os manifestantes de todos os cantos precisam declarar sua opinião, não só no tema, mas em assuntos correlatos ao desenvolvimento e emancipação da cidadania e da economia. No caso da marcha local, decidimos que os participantes poderão esconder seus rostos ou não, já que o “maconheiro” é recriminado, simplesmente por consumir um produto natural, com efeito relaxante. Também, a nível nacional, é relevante declarar que esses mesmos “maconheiros”, e simpatizantes da causa antiproibicionista também se engajam em outros manifestos, por notarem que a situação é estreitamente relacionado à diversos eixos político-sociais. Por fim, deixamos claro que, na realização do evento não haverá qualquer encorajamento ao consumo de drogas ou à atos de vandalismo, como muitos sugerem. A manifestação é vista pelo coletivo como um caminho para a construção de um ideal pacífico de inserção de indivíduos na sociedade. Idéias contrárias são bem vindas, afinal, o que se pretende é o esclarecimento. Afirmamos, para concluir, que o processo de configuração do movimento ocorre em conjunto com a sociedade, disponibilizando o contato do mesmo através da internet (@marchamaconhapp no twitter e Movimento Marcha da Maconha no facebook, e grupo Smoke Buddies Presidente Prudente). Por isso, mesmo com críticas e pontapés, agradecemos aos comentários de toda sociedade prudentina e região, pois, com argumentos e diálogo é que se constrói o caminho da liberdade, rumo à um novo sistema, à uma nova visão, uma nova sociedade em si.