Bom galera, estava escrevendo um mega texto, super emocionado, e deu um pau aqui, perdi tudo, inclusive o saco de reescrever, então vou resumir:
1 - felicitações ao Fabio, e toda a tropa de resgate que se mobilizou para ajuda-lo.
2- força, e fé para o Alexandre, estudantes de Ilha solteira e todos os demais anônimos que passam por esse absurdo.
3- em resumo, quero me colocar a disposição para depoimento no vídeo ou qualquer material que venha a surgir dessa mobilização. Não tenho experiencia como grower pra ajudar, pois tenho 2 pezinhos, que comecei como brincadeira, e que por sinal estão doentes e tem tirado minhas noites de sono tranquilo. Acho que posso contribuir para estes materiais, pois sou um jovem como o fabio, que tem uma prática de plantar e fumar maconha, sem prejudicar ninguém. O que acho interessante, é pq estou do outro lado da moeda na sociedade. Me enquadro no descritivo de playboy, filinho de papai, burges, e qualquer outra tarja que queiram usar. Não quero ser pejorativo com estes termos, até pq me coloco neles, e não outra pessoa.
A verdade é que eu e o fabio somos iguais, e a sociedade representada pela policia que o humilhou diante do país, me proteje. Moro em condominio fechado, com forte esquema de segurança privada, onde raramente a policia entre, e se entra, é pq foi chamada. Os muros me protegem, o status me protege, enquanto o menino do suburbio do Rio é achincalhado pela imprensa.
Contando rapidamente, sou publicitário, atualmente moro com meus pais por dificuldades financeiras e desde então, decidi abrir o jogo com eles quanto a fumar maconha, sempre falei a verdade, e por isso me considero um bom filho. sou protegido pelos muros do condominio fechado de alto padrão que moro, aqui a polícia não entra, pq tem um forte esquema de segurança particular.
A aceitação num primeiro momento não foi fácil, posso dizer, mas tive o respeito dos dois, por optar pela verdade. Comecei a abastece-los de informações sobre a cana e aos poucos, a imagem de maconheiro foi se desfazendo. Com a chegada dos pezinhos, tivemos mais uma onda complicada, minha mãe não é a favor e morre de medo que alguém descubra que o filinho lindo dela é um "maconhado". Com meu pai a história foi diferente, ele tem 84 anos, e a cabeça incrível, logo se apegou as plantas, e quando viajo a trabalho ele faz questão de cuidar das meninas.
Isso evoluiu e agora ele mostra pra todo mundo da familia que vem em casa, todo feliz. Posso falar que fiquei apreensivo, pq a regra n. 1 do grower é ser o mais discreto possível. Avaliando a fundo a situação, me dei conta que meu pai simplesmente rompeu um tabu idiota, o fato de mostrar pra todo mundo, é uma forma de aceitação do filho e seu hábito e acho que esse é o ponto fundamental. A luta pela liberação, começa na sua casa.
Meu pai não tem vergonha que eu plante maconha, e não esconde de ninguem, por que eu deveria esconder? sei que é difícil, mas esse movimento teria muito mais força se nós mostrassemos a cara, como o Fabio fez bravamente diante da imprensa.
A alguns anos atrás, mesmo sendo encarado como correto pela sociedade, eu oferecia muito mais risco aos cidadãos saindo na balada, enchendo a cara e dirigindo bebado, não sofri nenhum acidente, mas era um risco em potencial para todos. Hoje fico mais em casa, fumo o meu baseado e assisto um filme, convivo mais e melhor com a minha familia, e é isso que importa de fato, meu hábito não oferece risco a ninguém.
Gostaria de contribuir, para esse documentário, mostrando minha cara - que maconha não é coisa de bandido, favelado, criminiso - é um habito saudável, de todos os seres livres de preconceito. Só mostrando a cara, essa coisa de marginalidade pode ser derrubada. Claro que eu tenho medo de me expor, mas me sinto obrigado a fazer alguma coisa efetiva nessa mobilização.
O Fabio, sem querer, fez a parte dele, da forma mais difícil e desumana possível, não sou eu que vou me esconder atrás de mascaras, ou dos muros do condomínio;
VAMOS DAR A CARA A TAPA!
