Jornal de Gramado
sexta-feira, 27 de agosto de 2010 - 21h11
Especialistas dizem que proibir não é a solução contra o narcotráfico
Tema foi debatido durante a 2.ª Conferência Latino-Americana sobre Políticas de Drogas.
Agência Efe
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Rio de Janeiro - Manter a ilegalidade do consumo de drogas não é a solução na luta contra o narcotráfico já que essa política apenas fortalece o mercado, afirmaram especialistas na 2.ª Conferência Latino-Americana sobre Políticas de Drogas que acabou nesta sexta-feira no Rio de Janeiro.
"A proibição da droga fez do narcotráfico um mercado muito lucrativo", comentou Juan Carlos Hidalgo, coordenador de projetos para a América Latina do Cato Institute, dos Estados Unidos.
De acordo com Hidalgo, desde que sai dos países produtores até chegar às mãos dos consumidores, a cocaína multiplica seu valor por 80.
O fracasso da guerra contra o narcotráfico em países como o México não acontece só pela falta de treino da Polícia ou pela corrupção, mas também pelo fato de que no país esse mercado movimenta US$ 25 bilhões ao ano, diz Hidalgo.
A brecha entre as normas legislativas e as socialmente admissíveis é outro fator que contribui com o tráfico de entorpecentes, já que para alguns grupos é mais "aceitável" violar a lei, explica o economista colombiano Francisco Thoumi.
Segundo Thoumi, quando um produto fácil de produzir é declarado ilegal, como a cocaína, sua produção se concentra em lugares onde é mais simples violar a lei, como a Colômbia.
Além disso, os especialistas sabem que em muitos casos o tráfico de drogas financia grupos terroristas como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ou o peruano Sendero Luminoso.
Ao contrário dos defensores da legalização das drogas participantes da conferência, o vice-ministro de Justiça do Equador, Freddy Pavón Rivera, acredita que uma descriminalização "fomentaria um estado propício à violação de direitos" e provocaria degradação na saúde pública.