Retirei esse artigo que acabou de ser postado no Blog do Noblat.
(Link para artigo http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/12/07/se-legalizar-fosse-facil-347292.asp)
"O primeiro político a colocar corajosamente, anos atrás, a descriminalização do uso da maconha em debate foi o Fernando Gabeira. De uns tempos para cá, o ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso também aderiu ao tema. Agora, é o governador Sérgio Cabral quem prega a legalização "planetária" das drogas leves. Ele propõe que chefes de Estado levem a questão à ONU e a discutam em fóruns internacionais. Portanto, o assunto é mais que suprapartidário.
Trata-se de uma discussão mantida por pessoas que apostam na liberação regulada da venda e do consumo da cannabis sativa para acabar com o tráfico armado. Elas acreditam que a causa de tanta violência é a proibição, não o uso da maconha. Geralmente citam cigarros de tabaco e bebidas alcoólicas como exemplos de drogas legalizadas e sob controle.
Gostaria, sinceramente, que estivessem totalmente certas. Com a descriminalização da maconha os maconheiros viveriam em paz e jovens inofensivos teriam uma opção para se drogarem de uma forma menos perigosa, com menos mal à sua saúde. Tudo bem. Porém, acho que se fosse apenas isso seria fácil demais.
Considero mais honesto enfrentar a situação como ela é. No Brasil, estão longe as soluções para problemas criados pelo consumo de cocaína, heroína, crack. Ainda é forte o poder do tráfico armado, do crime organizado, da violência.
Assim como a resistência de usuários recreativos e dependentes químicos dispostos a não colaborar nem um pouquinho com a lei.
O Rio tem batalhado contra facções criminosas. Semana passada venceu uma delas, reconquistando o território do Complexo do Alemão. Segundo autoridades policiais, a bola da vez será a Rocinha. Lá funciona o mais importante entreposto de drogas, armas e munição da cidade.
São Conrado está entre os cartões postais mais significativos. Seus condomínios e shopping de alto luxo estão cara a cara com a Rocinha: a favela imensa e famosa.
Cada um deve ser dono de si desde que não despenque sobre o outro. Em qualquer lugar, a segurança pública é imprescindível para todos. Não me refiro à repressão pura e simples. Mas à segurança formada por gente preparada, com vocação policial, tendo como missão inibir a ação de bandidos e proteger cidadãos.
Um estímulo para crianças brincarem e estudarem; adultos se profissionalizarem e se qualificarem; idosos se socializarem e continuarem produtivos. Sem medo.
Crime e violência roubam, deprimem e aprisionam o próprio Estado; impedem o desenvolvimento do país. Entretanto, a proposta de legalização de drogas (hoje) ilícitas também é preocupante. Como controlar de imediato a cadeia produtiva?
E dá para saber quem se tornará dependente antes de se viciar? Quando acontece, dá para evitar que as consequências e o sofrimento se estendam às pessoas queridas? Família, amigos, vizinhos...
Além disso, não bastam os problemas já existentes na saúde pública brasileira?
Vivemos uma crise. A maioria dos usuários continuaria comprando o produto das mãos dos traficantes. A razão? Mais barato e acessível, melhor distribuição. Por enquanto não dá para competir com redes de tráfico armadas. Nem com pirataria e corrupção. Mercadoria legalizada, sendo mais cara e de qualidade? Somente para o bolso dos bacanas."
Agora pergunto, e já não bastam os problemas que a polícia tem que cuidar? Vai correr atrás de usuário?
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