não defendo a implantação de um anarquismo puro. creio que uma revolução seria sangrenta e levaria à uma nova ditadura do proletariado.
como eu disse no final, penso como anarquista e vivo como capitalista, luto dentro do que eu posso.
Em oposição, a direita libertária rejeita a noção de um estado totalitário, com legitimidade para interferir em qualquer esfera da sociedade. O pensamento direitista declara ilegítimo a interferência não autorizada de qualquer entidade sobre a sua propriedade privada. Assim, entendendo que o corpo humano é sua propriedade (talvez seja o seu maior patrimônio), nenhuma entidade pode lhe forçar a ser cristão ou careta, quando você quer ser judeu ou maconheiro. No entanto, o pensamento esquerdista dirá que o Estado tem legitimidade para interferir nestas questões, pois uma sociedade formada apenas por cristãos ou caretas é melhor, não importa o que os judeus e os maconheiros pensem.
Por último, a sua definição de socialismo ("socialismo real é o controle dos meios de produção pelos trabalhadores") não é, a priori, nem de esquerda e nem de direita. O que dirá em qual lado do espectro político deve ser alocado o seu pensamento é a forma pela qual você pretende implanta-lo.
Você pode optar pela persuação social (dialogo e informação), através de ações voltadas para os donos dos meios de produção, tentando conscientiza-los de que, uma vez que os meios de produção estivessem nas mãos dos trabalhadores, todos viveriam melhor e mais felizes. Desta forma você respeita a propriedade privada dos detentores dos meios de produção, que podem optar por unir-se voluntariamente ao seu plano (se julgarem válido), ou mando-lo ir cantar em outra freguesia, de maneira que as suas ideias (e os efeitos dela) fiquem adstritos àqueles que se juntarem a você. Isto faria de você um direitista.
Contudo, você pode optar, também, pela persuação coercitiva (força e ameaça), através de ações voltadas para os "trabalhadores", tentando conscientiza-los de que os atuais detentores dos meios de produção não tem direito legítimo de possuí-los e, por isso, é justificavél o uso do Estado (entidade que detém o monopólio do uso da força em um determinado território) para cumprir este ideal, sendo certo que uma vez que os meios de produção estivessem nas mãos dos "trabalhadores" todos viveriam melhor e mais felizes -- exceto, é claro, pelo o antigo dono dos meios de produção. Seguindo este caminho, você ignora completamente os direitos de propriedade dos donos de meios de produção, que serão obrigados a entregar a sua propriedade de forma compulsória e coercitiva para os "trabalhadores", e sofrerão os efeitos desta política contra a sua vontade. Isto perfaria um pensamento de esquerda.
Com isso espero ter demonstrado o ponto que une a proibição estatal da canábis e o pensamento de esquerda.
Você não poderia estar mais errado biscoito. Você claramente conhece apenas a vertente anarquista de esquerda (anarcocomunismo ou anarcosindicalismo) e está fazendo uma grande confusão.
O anarquismo ocupa a posição extrema de ambos os lados do espectro político. De um lado você tem o anarcosindicalismo, nos moldes da Revolução Espanhola da década de 1930, que tentou implantar um regime anarquista com moldes sindicais na região Basca da Espanha. Esta corrente, defendida por Bakunin e o próprio Marx, defende que o anarquismo deve vir através do agigantamento do Estado. Por isso o anarcosindicalismo é colocado à extrema esquerda.
Contudo, por outro lado, existe o anarcocapitalismo, que é um arranjo onde os individuos optam por um arranjo sem Estado, onde a propriedade privada é respeitada em absoluto, e a autonomia do individuo sobre a sua propriedade é soberana. Por isso o anarcocapitalismo é colocado à extrema-direita.
Socialismo e anarquismo não são sinonimos, e, volto a repetir, pensamentos que defendam a legitimidade de um ente adentrar a minha casa e me sequestrar por cultivar plantas é genuinamente de esquerda, vez que é uma afronta à propriedade privada sob um pretexto coletivista, qual seja o da "saúde pública".
Direita não é sinonimo de reacionarismo. O termo reacionário faz oposição aos revolucionários. Ser de direita é em suma, defender a propriedade privada como direito absoluto e incontestável do individuo, e em nada tem a ver com a sua situação política. Já respondi estra controversia mais acima.
Anarquismo é a lei do mais forte e do mais apto, pois esta é a lei da natureza. O que não quer dizer que seja a lei do mais desoneto, do mais malévolo ou do mais imoral, pois a força e a aptidão podem ser usados em benefício próprio e de terceiros através da honestidade e da transparência.
Contudo, se você for forte, apto e malvado, nem mesmo um Estado forte vai impedir de causar um faroeste aqui e outro ali. No entanto se você for forte, apto e malvado de verdade, bem mais do que os seus pares, você verá que a melhor forma de utilizar a força é através da maquina Estatal (vide os milhões de mortos em regimes socialistas, nazistas e fascistas), pois assim você age sob o manto da legitimidade (e da impunidade) institucional.
Sem a maquina Estatal nós lidariamos com um outro grupo clandestino e desorganizado de malfeitores, com ela nós lidamos com vários grupos de legitimos malfeitos muito bem organizados. O próposito de ambos é te espoliar de alguma forma.
Com relação à guerra civil mexicana e brasileira, veja que elas são travadas pelo Estado contra os ditos narcotraficantes, que fazem frente ao Estado justamente por conta das somas vultuosas obtidas através da venda de drogas ilícitaas que, como sabemos, são mercado cativo dos criminosos.
Desta maneira, o poder de fogo dos carteis não advém do anarquismo (ausência de Estado) e sim do próprio Estado. Sem a imposição de leis proibicionistas você poderia comprar a sua erva (ou coca, ou crack) do comerciante que você preferir, e certamente você preferirá aqueles que não te roubarão/matarão em seguida.
eu falava do anarquismo original, filosofia que aprendi dentro de casa em uma tradição oral que remonta de Giovani Rossi, fundador da colônia Sicília juntamente com meus ancestrais.
para um anarquista de fato, anarco-capitalismo é um disparate tão grande quanto sócio-capitalismo.
agora, isso é apenas uma discussão filosófica e que por sinal ficou bem fora de tópico, desculpem a poluição.
quem falou com mais lucidez foi o Jabba, existem muitas nuances dentro do espectro político, purismos sempre vão atender a uma minoria e na prática são impraticáveis.