Fala galera!
Sou novo aqui no fórum, mas já venho lendo há algumas semanas, principalmente as notícias e os comentários dos irmãos do GR a respeito.
Percebo que de uns 2 anos pra cá, a discussão acerca da legalização/regulamentação/descriminalização da cannabis vem sendo fomentada, principalmente pela influência de países estrangeiros que mudaram sua política priorizando a redução de danos. É muito triste, desesperançoso e frustrante ver pessoas como o Dr. Laranjeiras e a própria câmara dos deputados de nosso país defendendo a internação compulsória e o aumento da pena mínima para tráfico (maior que a de homicídio...). Além de continuarmos sem a distinção entre usuário/traficante, abrindo brechas que penalizam, na maioria das vezes, aqueles menos instruídos e com menos informações. Nos EUA, a regulamentação da cannabis movimenta um mercado gigantesco, milhoes e milhoes de dólares, enquanto no Brasil, a proibição das drogas (inclusive a maconha, que a meu ver não deveria ser uma droga ilícita) movimenta um mercado gigantesco: milhões e milhões de reais em clínicas para dependentes e, se continuar assim, até mesmo com penitenciárias privadas. É óbvio e evidente que essa nova política anti-drogas tem cunho primordialmente interesseiro/financeiro, visto que o dinheiro injetado na economia irá direta ou indiretamente para as mãos de donos de clínicas de reabilitação (i.e. Dr. Laranjeiras e Igrejas). Aliás, "terapia religiosa"?? É isso mesmo??? É difícil de acreditar. Estranho notar também que não conseguem separar a cannabis de outras drogas ilícitas. Comparar maconha com crack é um absurdo sem tamanho. O álcool é pior que a maconha e todos aqui sabem disso. Muitos fumam maconha e nem por isso utilizam outras drogas. Eu mesmo, já não bebo álcool com tanto afinco depois que comecei a fumar.
Venho me indignando cada vez mais, dia após dia, ao ver o rumo que a política de nosso país está tomando. Os interesses pessoais se sobrepõem a qualquer racionalidade e evidências, e com o uso da tríade Mídia-Religião-Política consegue forças para se estabelecer em detrimento de pesquisas científicas sérias e atuais que nos mostram que a política de redução de danos é de fato mais eficaz e mais humana.
O que tenho feito ultimamente é botar lenha na fogueira, incitar a discussão acerca de todos esses problemas entre conhecidos, amigos, enfim, pessoas que convivem comigo e partir dessa discussão, esclarecer pontos chave: maconha NÃO deve ser colocada junto a drogas mais pesadas como crack, a política de repressão e proibicionismo só gera mais violência (a penitenciária, muitas vezes, incita o presidiário a se "embandidar"), a nova política anti-drogas que está sendo discutida possui bases inteiramente político-financeiras-interesseiras ("uma articulação de interesses escrotos"), dentre outros...
"Ditadura evangélica": vi esse termo em algum post de algum irmão (não me lembro qual) e ao mesmo tempo que ri bastante, me assustei: até que ponto a religião de outras pessoas tem o direito de interferir na vida de todos? E a laicidade do Estado? Este tipo de matéria veiculada pela Rede Record IURD enfia goela a baixo das ovelhas informações equivocadas e exacerba o preconceito contra aqueles que fumam. Lembro-me que uma das namoradas (evangélica) de meu irmão, que é ateu, se surpreendeu como ele poderia ser uma pessoa boa mesmo sem ter uma religião (que coisa não!?).
Da mesma forma, acho que nós, que fumamos maconha, devemos mostrar a todos que não precisamos ser "salvos", não precisamos de um guia ou de recomendações. Estamos bem, somos felizes, vivemos nossa vida com equilíbrio e dignidade e não merecemos ser descriminados pelo simples uso de uma planta. A Marcha da Maconha tem se tornado um grande instrumento para esse tipo de esclarecimento, e o constante crescimento das Marchas só confirma o que foi dito.
Espero que sejamos capazes de esclarecer cada vez mais e mais pessoas acerca da situação corrente em nosso país, e acerca dessa planta, que possui tantos benefícios já comprovados e outros tantos ainda não explorados. Acredito que seja, também, papel nosso disseminar informações a respeito desses problemas a nossos conhecidos, buscando conscientizá-los que a política de redução de danos é a melhor maneira de lidar com a cannabis, principalmente, mas também com outras drogas.
Aqui vai o segundo vídeo dessa série que, infelizmente, vai fazer a cabeça de boa parte da população de nosso país... LUTEMOS CONTRA!!!
Paz e força a todos!