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Propaganda anti-drogas no Brasil: Ineficiência


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  • Usuário Growroom
http://www.espacoacademico.com.br/028/28ray.htm

Que fazer com as drogas?

O governo do Estado do Paraná, sob a determinação da Secretaria Nacional Anti Drogas, com a Secretaria de Educação se apoiando nos Núcleos de Educação, em parceria com a Secretaria da Justiça, resolveu empreender “uma ação conjunta de formação, informação e prevenção às drogas”, junto às escolas públicas do estado, durante uma semana de junho – este ano entre 23 e 27 de junho. As atividades são variadas de acordo com o que o estado, os núcleos e as escolas podem dispor para mobilização nesse sentido, como: palestras, treinamento de professores, atividades com os alunos, etc. Foi nesse sentido que rascunhamos o texto, abaixo, a guisa de “introdução” ou “problematização” do assunto drogas. O argumento é evitar que “o problema [das drogas] tome dimensões tão graves que fugirá das nossas mãos a sua solução”.

Não pretendo discutir neste artigo os termos da Circular, ou linha escolhida da programação de abertura da VIII Semana Estadual de Prevenção ao uso Indevido de Drogas – PREVIDA, ocorrida no prazo, acima mencionado, em Curitiba. Até porque, a primeira vista, esse é o melhor caminho, talvez um pouco tarde. O governo diz querer “chegar antes”, mas sabemos que ele sempre “chega depois” ou “chega muito atrasado”.

O artigo abaixo foi escrito para base de uma palestra para professores. Posteriormente, completamos com mais alguns dados. Nosso posicionamento sobre o tema “drogas” não se prende ao disciplinarismo ou especialismo, isto é, consideramos que esse tipo de problema deve se tratado enquanto coisa “complexa”. Como diz E. Morin (2002), assuntos complexos exigem que tenhamos também um pensamento complexo, o que implica primeiramente rompermos com a visão “especialista”, que nos domina também no assunto “drogas”, em busca da sapiência [1] possível.

“Mais vale ter uma cabeça bem feita que cheia”

Montaigne

“A chuva não cai apenas no telhado vizinho, ela cai também no nosso telhado”. Provérbio chinês

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Campanha de prevenção às drogas na TV não atinge seus objetivos, revela estudo

Fábio de Castro, especial para a Agência USP

Estudo realizado no Departamento de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, na área de lingüística e semiótica, constatou que as campanhas contra o uso de drogas, veiculadas na TV, são ineficientes. Segundo a pesquisa, os anúncios veiculados são mal direcionados socialmente, têm uma abordagem ingênua e superficial, ignoram as raízes do problema e não esclarecem sobre prevenção.

A dissertação de mestrado Análise do discurso da propaganda de prevenção às drogas, da professora da PUC de Curitiba, Arlene Lopes Sant'Anna, analisou um conjunto de 20 anúncios veiculados em 1996 e 1997. "As campanhas começaram a ser veiculadas em outubro de 1996 e o mesmo tipo de discurso foi utilizado desde aquela época até 2002", comenta a autora, que apresentou seu estudo em abril deste ano na FFLCH.

Segundo Arlene, o direcionamento dos anúncios ignora os jovens da periferia; "Todos os anúncios mostram jovens saudáveis, com profissões, lazeres, práticas esportivas, objetivos de vida e cenários que representam uma camada social privilegiada, ora, se o objetivo da campanha é coibir o uso de drogas, isso é uma contradição, pois o problema é muito mais acentuado entre os jovens pobres", afirma.

A pesquisa menciona dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), concomitantes à época da veiculação dos anúncios, segundo os quais, em relação ao uso de drogas, a situação mais dramática era a dos meninos de rua - no Rio de Janeiro 57% deles já haviam usado drogas, no Recife, o número chegava a 90%.

Dirigir a campanha para a classe média-alta também não condiz com o público atingido pela televisão: segundo os dados do IBGE mencionados na pesquisa, mais de 60% das pessoas que se informam através da TV são das classes C e D.

Origem estrangeira

A pesquisadora acredita que uma das possíveis explicações para esta disparidade é a origem da campanha, que segue moldes estrangeiros de produção. "Muita gente vê estas propagandas e acha que elas são produzidas pelo governo. Antes da pesquisa, eu também achava", diz.

O estudo mostra, no entanto, que a entidade responsável pelos anúncios televisivos, a ONG Associação Parceria contra as Drogas, foi mobilizada num esforço internacional para coibir o uso de drogas por uma iniciativa norte-americana. Em outras palavras, a embaixada norte-americana propôs a um grupo de empresários brasileiros a realização de uma campanha associada à Partnership for Drug-Free América, entidade americana, que já integrou outros países. A campanha foi lançada também na Argentina, Chile, Venezuela e Porto Rico.

Além do problema do direcionamento, a pesquisa constatou que a campanha utiliza um discurso autoritário, na medida em que emprega a manipulação por intimidação. As drogas são colocadas como um vilão que subverte o comportamento de indivíduos e instala o caos em todos os níveis da sociedade.

"O mais alarmante, é que as drogas são mostradas como se surgissem do nada, como se tivessem vida própria e buscassem a "próxima vítima". Funciona como uma "punição", um "bicho papão" que vai pegar os jovens que não se comportarem. Essas estratégias são infantis, um tanto superficiais, pobres de conteúdo e ineficientes para alcançar o objetivo desejado", dispara.

O estudo observa ainda que, ao investir em estruturas sintáticas abstratas, que materializam valores, o enunciador dos anúncios impõe sua visão de mundo: valores sócio-culturais como a autoridade da família, moral, respeito à lei, à profissão, à ordem.

"Não há identificação com o usuário. Os anúncios tentam passar esses valores de forma picaresca, pueril, leviana e ingênua, o que contradiz a realidade preocupante que é o problema do consumo das drogas no Brasil. O que seria realmente útil não é feito, assim como a seriedade devida não é contemplada nos anúncios: não há qualquer esclarecimento sobre prevenção ou tratamento para o uso de drogas", conclui a autora.

Mais informações: (0XX41) 247-8640, com Arlene Lopes Sant'Anna, ou pelo e-mail arlene.lopes@terra.com.br

Do cache do google:

http://www.google.com.br/search?q=cache:V1eQZ8PQbqYJ:

www.usp.br/agen/bols/2003/rede1208.htm+

%22An%C3%A1lise+do+discurso+da+propaganda+de+preven%C3%A7%C3%A3o+%C3%A0s+drogas%22&hl=pt-BR

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