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Giba, o ‘problemático’, é o melhor do mundo


diambeiro

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  • Usuário Growroom

Boa matéria do Guilherme Fiuza do site No mínimo...

Leia aqui...

Giba, o ‘problemático’, é o melhor do mundo

01.09.2004 | Essa o Brasil também deve ao Bernardinho, embora o caso tenha sumido na poeira da campanha arrasadora do time de ouro: menos de 18 meses antes das Olimpíadas, o circo estava pronto para torpedear a carreira do atacante Giba. O exame antidoping da federação italiana de vôlei acusara o uso de maconha pelo jogador, e a procuradoria recomendara, às vésperas da disputa da Liga Mundial, a suspensão dele por oito meses. Quando a polêmica sobre o caráter, a sanidade mental e etcétera de Giba já começava a arder, veio o gesto sutil de Bernardinho: sem esperar o julgamento do caso, ele anunciou a convocação do jogador para a seleção que disputaria a competição.

O técnico foi patrulhado, acusado até de cumplicidade com o crime de Giba, mas não fez onda. Recusou-se a discutir a moral do jogador, apenas repetia que a inscrição dele para a Liga estava mantida. Criou um fato mundial e a punição, em vez de oito meses, foi de oito jogos. O resto é o que se sabe de cor: o Brasil foi tricampeão da Liga Mundial e Giba pavimentou seu chão para chegar ao ouro olímpico como o melhor jogador do mundo.

O curioso é que, na celebração do título em Atenas, o Giba “maconheiro” e “problemático” não deu as caras. Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém lembra. O episódio, tão recente, foi soterrado pela virtude da conquista. Dir-se-ia que um cordão sanitário isolou aquele Giba do herói de hoje. E o primeiro passo para romper essa espécie de camisinha moral – se é que se deseja isto – é esclarecer que o campeão olímpico e o “doidão” são o mesmo, único e indivisível Gilberto Godoy Filho, o Giba.

Em outras palavras, o Brasil vai ter que aceitar que um soldado de Bernardinho, espartano e vitorioso, gosta de fumar maconha. Em março de 2003, na operação para salvar o jogador da máquina de moer reputações, construiu-se a imagem do Giba atormentado, deprimido, afundado em dramas pessoais. Em pleno século 21, o mundo ainda precisa acreditar, sabe-se lá por que, que um atleta só pode ter dado uma pitada num baseado por não suportar a realidade, ou para se auto-destruir. A sorte de Giba, 27 anos, é não viver nos anos 50, senão ainda teria que convencer a sociedade a não desconfiar dos seus cabelos longos.

Bernardinho jogou todo o seu prestígio na defesa de Giba, mas deixou claro que não aprovava o uso da maconha por atletas de vôlei. Enfatizou, inclusive, que o efeito relaxante do THC (substância ativa da cannabis) ia na contramão de um esporte dependente da explosão muscular. E aí até caberia perguntar por que um doping que supostamente diminui a potência do atleta – isto é, não lhe dá vantagens físicas sobre os outros – inspira um pedido de oito meses de suspensão. A resposta só pode estar no campo obscuro da vigilância comportamental.

A esta altura, poucos se arriscariam a pôr em dúvida os métodos de comando de Bernardinho. E a posição do técnico em relação a Giba foi clara: o controle direto sobre o comportamento do jogador acaba onde começa a confiança na personalidade dele. Enquanto a sociedade queria saber se, e por que, Giba tinha fumado maconha, para Bernardinho, seu comandante direto, isso era problema dele. Se confiava em Giba, tinha que confiar também na maneira como ele administrava seu corpo e sua cabeça. E ponto final.

Com a medalha de ouro olímpica e a sua consagração como o melhor atacante do mundo, Giba convida a sociedade a compreender que a administração do seu corpo e da sua cabeça está na origem de tudo o que tem vivido: do pré-adolescente inquieto que desabou do alto de uma árvore e quase ficou sem os tendões do antebraço, até o jogador capaz de permanecer em quadra com os ligamentos do tornozelo rompidos, na semifinal da Liga Mundial de 98; do atacante capaz de intensa vibração e, ao mesmo tempo, de grande domínio dos nervos; do sujeito reflexivo que gosta de ler, ao que já curtiu muito o som dos Paralamas do Sucesso e do Fleetwood Mac, e que, eventualmente, fumou seus baseados.

O herói Giba só existe de verdade se observado por inteiro, sem cortes. Ele é mais uma chance preciosa que a sociedade tem de tirar o tema das drogas do seu esconderijo debaixo do tapete. Poderá e deverá continuar sendo um exemplo para os garotos – inclusive para os que já usaram drogas (que não são poucos). Até para que eles entendam que podem escolher entre andar para trás, na penumbra, como um Diego Maradona, ou continuar andando em frente, ao sol, como um Giba.

fiuza@nominimo.ibest.com.br

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  • Usuário Growroom

Muito bem colocado. Se soubermos usar não vai fazer mal.Se Giba abusasse da cannabis desbragadamente, talvez a gente não conseguisse a medalha de ouro. Tem que se fazer bom uso da cannabis, com parcimonia e discrição. Usar p/ ficar mais sabido.E não ficar burro que nem o João Gordo.

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  • Usuário Growroom

Bernardinho jogou todo o seu prestígio na defesa de Giba, mas deixou claro que não aprovava o uso da maconha por atletas de vôlei. Enfatizou, inclusive, que o efeito relaxante do THC (substância ativa da cannabis) ia na contramão de um esporte dependente da explosão muscular.

________________________)(______________

Embora tenha achado o tema tratado bem interessante, nos percebemos q a ignorancia está presente em quase todo tipo de midia...."efeito relaxante do THC"....pq nao escrever maconha....e pq ele enfatiza q o thc causa relaxamento?

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  • Usuário Growroom

Tomei a liberdade de postar a matéria completa, para que não precise sair dessa página para ler. Não postei o link porque ele já tá no começo desse tópico.

Giba, o ‘problemático’, é o melhor do mundo

01.09.2004 | Essa o Brasil também deve ao Bernardinho, embora o caso tenha sumido na poeira da campanha arrasadora do time de ouro: menos de 18 meses antes das Olimpíadas, o circo estava pronto para torpedear a carreira do atacante Giba. O exame antidoping da federação italiana de vôlei acusara o uso de maconha pelo jogador, e a procuradoria recomendara, às vésperas da disputa da Liga Mundial, a suspensão dele por oito meses. Quando a polêmica sobre o caráter, a sanidade mental e etcétera de Giba já começava a arder, veio o gesto sutil de Bernardinho: sem esperar o julgamento do caso, ele anunciou a convocação do jogador para a seleção que disputaria a competição.

O técnico foi patrulhado, acusado até de cumplicidade com o crime de Giba, mas não fez onda. Recusou-se a discutir a moral do jogador, apenas repetia que a inscrição dele para a Liga estava mantida. Criou um fato mundial e a punição, em vez de oito meses, foi de oito jogos. O resto é o que se sabe de cor: o Brasil foi tricampeão da Liga Mundial e Giba pavimentou seu chão para chegar ao ouro olímpico como o melhor jogador do mundo.

O curioso é que, na celebração do título em Atenas, o Giba “maconheiro” e “problemático” não deu as caras. Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém lembra. O episódio, tão recente, foi soterrado pela virtude da conquista. Dir-se-ia que um cordão sanitário isolou aquele Giba do herói de hoje. E o primeiro passo para romper essa espécie de camisinha moral – se é que se deseja isto – é esclarecer que o campeão olímpico e o “doidão” são o mesmo, único e indivisível Gilberto Godoy Filho, o Giba.

Em outras palavras, o Brasil vai ter que aceitar que um soldado de Bernardinho, espartano e vitorioso, gosta de fumar maconha. Em março de 2003, na operação para salvar o jogador da máquina de moer reputações, construiu-se a imagem do Giba atormentado, deprimido, afundado em dramas pessoais. Em pleno século 21, o mundo ainda precisa acreditar, sabe-se lá por que, que um atleta só pode ter dado uma pitada num baseado por não suportar a realidade, ou para se auto-destruir. A sorte de Giba, 27 anos, é não viver nos anos 50, senão ainda teria que convencer a sociedade a não desconfiar dos seus cabelos longos.

Bernardinho jogou todo o seu prestígio na defesa de Giba, mas deixou claro que não aprovava o uso da maconha por atletas de vôlei. Enfatizou, inclusive, que o efeito relaxante do THC (substância ativa da cannabis) ia na contramão de um esporte dependente da explosão muscular. E aí até caberia perguntar por que um doping que supostamente diminui a potência do atleta – isto é, não lhe dá vantagens físicas sobre os outros – inspira um pedido de oito meses de suspensão. A resposta só pode estar no campo obscuro da vigilância comportamental.

A esta altura, poucos se arriscariam a pôr em dúvida os métodos de comando de Bernardinho. E a posição do técnico em relação a Giba foi clara: o controle direto sobre o comportamento do jogador acaba onde começa a confiança na personalidade dele. Enquanto a sociedade queria saber se, e por que, Giba tinha fumado maconha, para Bernardinho, seu comandante direto, isso era problema dele. Se confiava em Giba, tinha que confiar também na maneira como ele administrava seu corpo e sua cabeça. E ponto final.

Com a medalha de ouro olímpica e a sua consagração como o melhor atacante do mundo, Giba convida a sociedade a compreender que a administração do seu corpo e da sua cabeça está na origem de tudo o que tem vivido: do pré-adolescente inquieto que desabou do alto de uma árvore e quase ficou sem os tendões do antebraço, até o jogador capaz de permanecer em quadra com os ligamentos do tornozelo rompidos, na semifinal da Liga Mundial de 98; do atacante capaz de intensa vibração e, ao mesmo tempo, de grande domínio dos nervos; do sujeito reflexivo que gosta de ler, ao que já curtiu muito o som dos Paralamas do Sucesso e do Fleetwood Mac, e que, eventualmente, fumou seus baseados.

O herói Giba só existe de verdade se observado por inteiro, sem cortes. Ele é mais uma chance preciosa que a sociedade tem de tirar o tema das drogas do seu esconderijo debaixo do tapete. Poderá e deverá continuar sendo um exemplo para os garotos – inclusive para os que já usaram drogas (que não são poucos). Até para que eles entendam que podem escolher entre andar para trás, na penumbra, como um Diego Maradona, ou continuar andando em frente, ao sol, como um Giba.

fiuza@nominimo.ibest.com.br

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