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Orlando Zaccone Delegado zen


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  • Usuário Growroom

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3x4 - ORLANDO ZACCONE

Delegado zen

É preciso um bocado de ousadia para trocar a túnica amarela dos Hare Krishna pelo uniforme de delegado. O carioca Orlando Zaconne, 35 anos, conta como usa sua "paciência de monge" para enfrentar o crime do Rio

Por Valéria Martins

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Desde que o mundo descobriu que Orlando Zaccone já foi adepto da filosofia Hare Krishna, o delegado carioca não tem mais sossego. Jovens advogados telefonam para pedir conselhos; gente de rádio e TV liga para tentar entrevistas; pacatos senhores o abordam na rua, querendo saber mais sobre o "delegado Hare Krishna". "Isso acontece porque as pessoas têm uma visão distorcida das coisas", diz Orlando, 35 anos. "Acham que delegado é um cara truculento, que só dá porrada, e um Hare Krishna é alguém que vive alienado, só pensando em vender incenso no ônibus. Não é sempre assim."

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  • Usuário Growroom

Mesmo trabalhando como policial, Orlando tenta evitar a violência. Desde a posse, em dezembro de 99, nunca matou ou viu alguém morrer na sua frente. Mas a prova de fogo foi subir o morro à procura de traficantes. "Eu suava, minha boca ficou seca. Dá muito medo." E se tiver que atirar em alguém? "Aí é que o bicho vai pegar. Se for para defender uma pessoa... Importante é eliminar a violência desnecessária. O próprio Ghandi falava isso."

Seu interesse pelas coisas do espírito começou na infância: aos 7 anos, o menino batia longos papos com Deus na hora de dormir. "Eu imaginava seu rosto, onde ele vivia", conta. Quando completou 18, passou a acompanhar o irmão a um templo Hare Krishna perto da sua casa, na Tijuca. Aceitou de cara o princípio do vegetarianismo; não se deu tão bem com a idéia de abstinência de sexo e álcool. "Eu adorava namorar e tomar umas cervejinhas..."

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  • Usuário Growroom

Passou a freqüentar o templo, sem deixar de lado as atividades do dia-a-dia. Formou-se em comunicação e foi trabalhar num jornal diário. Mas acabaria deixando a profissão. "Sonhava que mudaria o mundo. Hoje, sei que a condição para mudar alguma coisa é mudar a si mesmo." O projeto seguinte, uma produtora de vídeos, também não deu certo.

Frustrado, resolveu passar o Carnaval de 1989 em Nova Gokula, comunidade dos Hare Krishna em Pindamonhangaba (SP). Voltou decidido. "A alegria que eu buscava estava ali." Avisou a família que iria viver no templo. "Todos riram. Logo eu, que pegava onda, era quem mais gostava de festa..."

Eram 20 pessoas morando numa casa em Santa Teresa: os rapazes dormiam na sala e as moças no quarto. Vender incenso no ônibus fazia parte da rotina de Orlando. "É uma lição de humildade, porque volta e meia alguém te chama de vagabundo." Um dia, seu irmão mais novo o encontrou na praia, cantando e dançando. "Ele caminhou na minha direção e chorou muito. É sempre assim. Ninguém consegue imaginar que quem está ali está bem."

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  • Usuário Growroom

A vida monástica acabou quando, ao fim de um ano, Orlando resolveu se casar -com a namorada dos tempos de faculdade. Ela nunca havia perdido a esperança de resgatá-lo. "Acho que é uma fantasia das mulheres seduzir um monge. Aonde eu ia, mesmo com cabeça rapada, rabinho-de-cavalo e saia, havia uma mulher me paquerando. Hoje, como delegado, a coisa continua. Delegado estimula uma outra fantasia, a de seduzir o poder."

Para sustentar a família -que já incluía uma filha, Kalindi-, Orlando abriu uma lanchonete. O negócio terminou mal, assim como o casamento. Sem saber o que fazer, voltou à faculdade de Direito e prestou concurso para promotor, defensor e delegado. O primeiro que chamou, ele foi.

Dez anos depois de vestir a túnica laranja, ele assumia um posto na polícia civil do Rio. A família tremeu; a filha de 9 anos chorou. "Ela sabe que vou ter contato com bandidos, tem medo que eu morra", diz Orlando. Na delegacia, foi recebido com reservas. "Eles diziam: 'O senhor não vai agüentar muito tempo aqui não...'"

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  • Usuário Growroom

Orlando diz que está conseguindo aplicar na delegacia o que aprendeu como Hare Khrisna. "É preciso paciência de monge para ouvir e conciliar todo mundo. Sou assistente social, psicólogo, sacerdote..."

Nunca ficou tanto tempo sozinho: está sem namorada há seis meses. No tempo livre, cultiva hábitos antigos, como pegar onda ou andar de skate. Não abandonou a filosofia oriental e está sempre no templo. Será possível que, algum dia, renuncie a tudo e volte à vida monástica? "Não penso nisso. Além do mais, a verdadeira renúncia é saber que nada no mundo é seu." Apesar da trajetória tortuosa, não tem arrependimentos. "No fundo, todos têm vontade de viver muitas experiências, mas falta coragem. Hoje, vejo que a minha vivência me deu maleabilidade, maturidade para encarar a vida."

Ilustração de camila mesquita sobre foto de Dario Zallis/Photonica

http://marieclaire.globo.com/edic/ed110/re...rep_orlando.htm

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  • Usuário Growroom

http://www.growroom.net/phpBB2/viewtopic.php?t=13041

Conforme publicado ontem no JB, em sua dissertação de mestrado o delegado Orlando Zaccone retrata, em números, equívocos na política de segurança do Estado. Segundo ele, a secretaria concentra a repressão ao narcotráfico nas comunidades pobres, enquanto a economia do tráfico está no dinheiro ilícito do mercado legal.
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    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
    • Curitiba é sempre pior parte hahahaha!
    • o teu chegou? o meu já passou por Curitiba mas tá devagar (pelo menos o pior já passou) kkkkkkkkkk
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