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Ponderações científicas sobre o uso medicinal da maconha


Skywalker

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Ponderações científicas sobre o uso medicinal da maconha

Marijuana and Medicine:

Assessing the Science Base: A Summary of the 1999 Institute of Medicine Report

Watson, Stanley J.

Benson, John A. Jr.

Joy, Janet E.

Arch Gen Psychiatry.2000;57:547-552- Vol.57 No. 6

Em resposta à pressão pública para a aprovação do uso medicinal da maconha, o órgão responsável pelo controle de medicamentos dos Estados Unidos (The Office of National Drug Control Policy, Washington,DC) patrocinou um estudo realizado pelo Institute of Medicine, que teve como autores o Dr. Stanley J. Watson, o Dr. John A. Benson e a Dra. Janet E. Joy.

Este tinha como principal objetivo avaliar as evidências científicas dos benefícios e riscos do uso da maconha na medicina. Baseou-se em conhecimentos científicos e populares e foi realizado por especialistas no assunto.

A principal finalidade deste estudo foi evidenciar o que é verdadeiro e o que é falso a respeito do efeito terapêutico da maconha. Ele consiste em uma revisão sobre os mecanismos e locais de ação da droga, bem como, a eficácia e falhas de seu uso medicinal. Inclui também uma análise dos efeitos crônicos e agudos da maconha, sendo comparados os seus efeitos adversos com os de outras drogas já padronizadas.

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A biologia da maconha

O conhecimento a respeito da neurobiologia da maconha vem mudando dramaticamente na última década. Foram descobertos dois tipos de receptores (estruturas orgânicas que se ligam aos componentes químicos da maconha e permitem sua ação dentro das células), que receberam o nome de CB1 e CB2, estes se localizam principalmente no cérebro e nas células do sistema imune.

Muitos componentes farmacêuticos foram elaborados a partir do resultado de estudos com estes receptores, além do que, foi possível compreender melhor os efeitos da maconha sobre o sistema nervoso central. Por exemplo, estes receptores estão concentrados, no córtex cerebral, no sistema límbico, no sistema locomotor e hipocampo. Essas localizações explicam, em parte, os sintomas provocados pela maconha, como as alterações da memória e cognição, as mudanças de humor e as alterações da coordenação motora.

Após a identificação dos receptores canabinóides, foram descobertas substâncias endógenas que atuam sobre estes receptores no sistema nervoso central. Os mais novos canabinóides endógenos conhecidos (anandamida e 2AG) parecem atuar como componentes pré- sinápticos do sistema de neurotransmissão.

Os autores recomendam que a pesquisa continue sendo realizada na determinação dos efeitos fisiológicos dos canabinóides sintéticos e naturais sobre o corpo, já que diferentes tipos de canabinóides parecem provocar efeitos distintos.

Seus efeitos sobre o sistema imune ainda não são bem conhecidos.

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O papel da maconha na dor

Evidências de pesquisas em animais e em homens indicam que a maconha pode produzir um efeito analgésico importante. Porém, mais estudos devem ser feitos para estabelecer a magnitude e a duração deste efeito, nas diversas condições clínicas. Os pacientes que poderiam ser beneficiados com o uso dessa droga seriam aqueles em uso de quimioterapia, em pós-operatório, com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula), com neuropatia periférica, em fase pós-infarto cerebral, com AIDS, ou com qualquer outra condição clínica associada a um quadro importante de dor crônica.

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Quimioterapia induzindo náuseas e vômitos

Muitos oncologistas e pacientes defendem o uso da maconha, ou do THC (seu principal componente ) como agente anti-emético. Os agentes anti-eméticos atualmente disponíveis são bem mais eficazes do que os que estavam disponíveis na década de 80 quando muitos estudos comparativos com a maconha foram feitos, a maconha tem um efeito menor do que as drogas existentes na atualidade. Contudo, seus efeitos podem ser aumentados quando associados com outros anti-eméticos. Dessa maneira, o uso da cannabis na quimioterapia pode ser eficiente em pacientes com náuseas e vômitos não controlados com outros medicamentos.

As medicações anti-eméticas são geralmente administradas anteriormente à quimioterapia sendo, nesta ocasião uma via adequada para administração da droga, contudo, pacientes que estejam com náusea e vômitos incoercíveis, as pílulas tornam-se ineficazes, neste caso um canabinóide inalado poderia oferecer vantagens quando comparado às pílulas, além de atuar com menor tempo de ação.

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Desnutrição, perda de peso e estimulação do apetite

Os estudos sobre os efeitos da maconha sugerem que esta droga pode ser importante no tratamento da desnutrição e da perda do apetite em pacientes com AIDS ou câncer. A náusea, perda de apetite, dores e ansiedade são condições que podem ser aliviadas pela maconha, contudo outros medicamentos são individualmente mais efetivos do que a maconha no controle destes sintomas, portanto, os autores recomendam pesquisas mais aprofundadas para avaliar a ação da maconha nesses pacientes.

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Espasmo Muscular

Como já foi dito anteriormente, a maconha afeta o movimento, e estudos em animais demonstraram que os receptores canabinóides são excessivos nas áreas cerebrais que controlam o movimento.

Mas as pesquisas que avaliaram essa capacidade da maconha devem ser analisadas com cuidado, uma vez que, outros sintomas associados a estas doenças, como a ansiedade, podem aumentar os espasmos, e nesse caso, a maconha poderia ter sua ação diminuindo a ansiedade e não controlando o espasmo propriamente dito. Por isso, os autores acreditam que mais estudos devem ser realizados para se confirmar esse efeito da maconha. Os espasmos que ocorrem durante a noite podem levar a um sono desconfortável e sem qualidade. Estudos utilizando cápsula que contém THC demonstraram que ela pode ajudar no controle do espasmo muscular encontrado durante o sono em pacientes com esclerose múltipla ou traumatismo raquimedular.

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Distúrbios do movimento

A abundância de receptores CB1 nos gânglios basais, assim como os estudos em animais demonstrando o envolvimento dos canabinóides no controle do movimento sugerem que os canabinóides podem ser úteis no tratamento do distúrbio do movimento em humanos.

Estudos em animais demonstram que o uso da maconha pode estimular os movimentos em doses baixas e pode inibi-los em doses altas. Esta característica pode ser importante para o desenvolvimento de tratamentos para as desordens motoras nos gânglios basais como a doença de Parkinson. Os autores acreditam que novos estudos devem ser feitos para avaliar a quantidade exata da droga que pode ser eficiente no tratamento dessa condição.

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Epilepsia

O principal objetivo do tratamento da epilepsia é impedir completamente as crises. Os estudos a esse respeito ainda estão se iniciando, muitas vezes as crises não foram inibidas com o uso da maconha, a única evidência biológica de que os canabinóides poderiam apresentar propriedades anti convulsivantes é a de que os receptores CB1 são abundantes na amígdala e hipocampo, regiões envolvidas nas crises, portanto, os autores acreditam que pesquisas com pessoas ainda não devem ser indicadas.

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Glaucoma

Apesar do glaucoma ser uma das indicações mais citadas para o uso da maconha, os dados existentes não suportam esta indicação. A pressão alta intra-ocular é um dos fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma e a maconha poderia agir diminuindo esta pressão. Mas esse efeito é de curta duração e só é conseguido com altas doses da droga. Como as altas doses provocam muitos efeitos indesejáveis e as medicações já existentes são bastante efetivas e com efeitos colaterais mínimos, os autores acreditam que o uso da cannabis nessa condição ainda não está indicado.

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Recomendações para o uso clínico

Dados científicos indicam o potencial terapêutico do cannabis, principalmente do THC, no que diz respeito ao alívio da dor, controle de náuseas e vômitos e estimulação do apetite. Contudo, a maconha fumada transporta além do THC, outras substâncias nocivas. Em função disto devemos considerar:

1. Estudos clínicos utilizando canabinóides para o tratamento de sintomas devem ser conduzidos com o objetivo de promover início rápido, com ações confiáveis por meio de sistemas seguros.

2. Os estudos clínicos utilizando a maconha com propósitos terapêuticos devem ser devidamente submetidos e aprovados pelo conselho de ética e pesquisa da instituição onde será realizado, envolvendo estudo de curto-prazo (menos de seis meses) e ser conduzido em pacientes com condições que apresentem expectativa de eficácia.

3. O estudo deve apenas ser conduzido em indivíduos que já fizeram uso de toda as medicações aprovadas mas que não tiveram sucesso para a morbidade em questão.

4. O uso do cannabis pode ser considerado para pacientes com sintomas debilitantes, tais como dores intratáveis sem sucesso em tratamentos prévios.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos do cannabis podem ser divididos em duas categorias: os efeitos do hábito de fumar crônico e os efeitos do THC. O fumo crônico da maconha provoca alterações das células do trato respiratório, e aumentam a incidência de câncer de pulmão entre os usuários. Os efeitos associados ao longo tempo de exposição ao THC são a dependência dos efeitos psicoativos e a síndrome de abstinência com a cessação do uso. Os sintomas da síndrome de abstinência incluem agitação, insônia, irritabilidade, náusea e cãibras.

Alguns autores sugerem que a maconha é uma porta de entrada para outras drogas ilícitas. Mas ainda não existem estudos científicos que comprovem essa hipótese. E outras drogas como o tabaco e o álcool, na verdade, são as primeiras drogas a serem usadas antes da maconha.

Conclusão

Os dados científicos indicam um efeito terapêutico modesto, particularmente, no controle da dor, alívio de náuseas e vômitos, e estimulação do apetite. Seus efeitos foram melhores estabelecidos para o THC. Mas a maconha possui vários outros componentes que não tem seus efeitos estudados, e que podem trazer muitos riscos.

Os dados atuais não afastam e nem dão suporte para a hipótese de que o uso medicinal da maconha poderia aumentar o uso ilícito dessa droga. Ao final do estudo os autores concluíram que o futuro do uso terapêutico da maconha está associado com o desenvolvimento de substâncias puras, e não com o fumo da mesma.

15/03/2004

Fonte: http://200.152.193.254/novosite/atualizaco...coes/as_167.htm

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