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Cannabis para o vomito


Thomas

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  • Usuário Growroom

CANNABIS PARA O VÓMITO

Ricardo Navarrete

A náusea e o vomito são sintomas. Não constituem doença em si, senão que como a febre e a dor, apresentam num grande número de situações, tanto orgânicas (transtornos digestivo como a úlcera de estômago ou a gastrite, determinadas patologias do sistema nervoso central como os tumores cerebrais ou a meningites, do ouvido interno ou vertigem do labirinto, irregularidades metabólicas, e como efeito secundário de grande número de medicamentos, entre eles os citostáticos empregados contra o câncer e os opiáceos) como psicológicas (em muitas situações, como o chamado vómito de antecipação no caso da quimioterapia, no que o paciente começa a apresentá-los inclusive antes da administração do fármaco, com a simples recordação da experiência vivida na sessão anterior). A náusea e o vómito são controlados por seu centro neuronal correspondente situado na medula espinhal. Há ele chega o estímulo emético de diferentes partes do corpo (aparelho digestivo, vestíbulo ótico), e dele parte a resposta motora que provoca a expulsão ao exterior do conteúdo alimentício e que consiste basicamente no investimento da trânsito intestinal e do fechamento das vias aéreas para impedir que o produto vomitado passe aos brônquios (fenômeno denominado aspiração), o que poderia dar lugar a uma grave pneumonia.

O início dos estudos sobre a capacidade antiemética dos cannabinoides se iniciou por observações episódicas: um adolescente fumante habitual de cannabis e que foi tratado com quimioterapia para um linfoma que desenvolveu constatou que consumir cannabis antes das sessões fazia diminuir estes sintomas, o que comprovou o próprio médico que seguia seu caso. Atualmente se sabe que os agonistas dos cannabinoides inibem a ativação de determinados receptores serotoninérgicos, os denominados 5-HT3, o que supõe uma base lógica que justifica esta propriedade (1). Mas a aceitação e a aprovação da comercialização farmacêutica de um cannabinoide se realizou sobre uma base empírica, sem conhecer o mecanismo pelo que exercia este efeito terapêutico. Era tanta a evidência que o Ð9-tetrahydrocannabinol (ou Ð9-THC, dronabinol ou Marinol®) foi aprovado a princípios dos anos setenta no Estados Unidos pelos Laboratórios Roxane, com a indicação autorizada pelas autoridades sanitárias para amenizar o vómito na quimioterapia. O motivo pelo que os estudos de sua capacidade antiemética se centraram neste tipo de émesis foi por uma necessidade de encontrar novas ferramentas eficazes para os graves efeitos secundários dos eficazes e necessários citostáticos que estavam aparecendo no mercado, e que as vezes são tão intensos que põem em risco a continuidade do tratamento por rejeição do próprio paciente. “TEMEM-NOS mais do que à própria doença que se supõe devem curar, para alguns são tão insuportáveis que se negam a continuar com o tratamento” (2).

Na prática clínica habitual se utilizou, e se segue fazendo, um grande arsenal de medicamentos para estes sintomas. Os antistamínicos, principalmente para o controle da náusea e o vómito associados com a doença do ouvido interno ou vertigem. As fenotiazinas, a doses inferiores às utilizadas para o controle da psicose, bloqueiam os receptores de dopamina e aumentam a pressão do esfínter esofágico inferior; são eficazes, mas com freqüência causam efeitos secundários desagradáveis, particularmente sintomas extrapiramidales. Os corticosteroides, as benzodiacepinas e a metoclopramida se usam também contra os vómitos induzidos pela quimioterapia.

No final dos anos setenta, vários estudos comparavam o dronabinol oral com placebo, bem como com a procloroperacina, a fenotiacina e a metoclopramida. Os resultados em conjunto demonstravam claramente que este cannabinoide é um medicamento eficaz contra o vómito para pacientes que recebem quimioterapia para o câncer, só ou em combinação com outros que já se vinham utilizando. Também se comparou este cannabinoide isolado com o consumo da totalidade da planta, obtendo-se o mesmo efeito terapêutico ainda que apresentando menos efeitos secundários psíquicos a segunda opção terapêutica. Especialmente eficaz resultam as formas alternativas à digestiva (como por via inaladora), dada a intolerância gástrica resultante. “Resulta difícil conceber fumar maconha nos modernos hospitais nos que nem se queira se permite fumar fumo (...); o que não há dúvida é que para alguns pacientes é benéfico” (3).

A princípios dos anos noventa se comercializavam em nosso país um novo grupo de fármacos (o ondansetrón ou Zofran, o granisetrón ou Kytril e o tropisetrón ou Navoban) da família dos antagonistas dos receptores serotoninérgicos 5-HT3, que se está demonstrando até agora o único claramente mais eficaz do que os cannabinoides. Ademais, os efeitos secundários costumam ser infreqüentes e normalmente pouco intensos. Também têm a vantagem de que são hidrosoluveis e portanto admitem sua administração intravenosa. Em combinação com outras drogas constituem atualmente o pilar fundamental da terapia antiemética para este tipo de pacientes.

Pareceria, pois, não justificado o estudo e os tratamentos com cannabinoides com a aparição destes novos e potentes antieméticos. Mas o 10 e o 20% dos pacientes não respondem a estes fármacos, também não são eficazes no telefonema émesis tardia (a que ocorre dias depois da sessão de citostáticos), e em último caso se podem usar juntos (cannabis e medicação clássica), já que não existe intolerância entre eles e aumentaria o efeito terapêutico final, permitindo diminuir as doses. Também há outras patologias graves nas que as náuseas e os vómitos constituem um dos principais sintomas que pioram o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes, não só contra os efeitos secundários da quimioterapia para o câncer, nos que os cannabinoides se mostrou igualmente eficazes: no aids, a hepatite, a esclerose múltipla, a prevenção das pneumonias por aspiração depois da anestesia (4), etc. Atualmente se segue com o estudo dos cannabinoides, procurando maior potência terapêutica (como é o caso do levonantradol e o 7-hidroxi-delta-6-tetrahidrocannabinol) e/ou menores efeitos secundários psíquicos (como o Ð8-THC, ensaiado especialmente em meninos).

1 - T. Pelasse, “Efeitos antieméticos dos cannabinoides”, no cannabis e os cannabinoides: farmacologia, toxicologia e potencial terapêutico, Haworth Herbal Press, em tipografia.

2 - Relatório da Associação Médica Britânica, 1997

3 - L. Irvensen, “As náuseas e os vómitos associados à quimioterapia contra o câncer”, em Maconha: conhecimentos científicos atuais, 2000, pág. 192

4 - W. Meisser, “Ateliê de trabalho sobre apetite náuseas e emesis”, Congresso do 2001 da IACM, Berlim.

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  • Usuário Growroom

Usuário esta apenas faltando o link da materia no qual traduzi este texto.

Então peço para aguardarem que logo mais lembro aonde deixei este link :D

Abrazos

novato2004 escreveu

Thomas, eis o link deste excelente artigo que vc postou:

http://canamo.net/MEDICINAL/articulos_Mari...rticulo_50A.htm

;) Abrazos

Editado por novato2004
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  • Usuário Growroom
Po..muito show!

Agora já sei pq quando eu tava com pedra nos rins eu não vomitava...

Comigo aconteceu que os medicos me entupiram de Plazil para não vomitar por causa das colicas renais, mas os efeitos foram piores passei muito mal parecendo um bad trip (tipo que estava definhando e ia morrer.) :(

Mas nem pensei em fumar cannabis, mas tava zuado que nem se passou na minha cabeça.

Obrigado Novato2004 pelo link

E viva a Maria com seu vasto leque de qualidades ;)

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    • Salve galera, a quanto tempo eu não passo por aqui, caraca. Seguinte, estou passando por uma situação que nunca tinha me acontecido antes e gostaria de saber se alguém aqui já teve esse problema e se teve, como resolveu. Meu substrato está baixando o pH sozinho e muito. Eu faço rega com pH 6,35 por exemplo, como fiz hoje, e o run off sai com 5,2 e até 5,0. As plantas já estão na 2 semana de flora só que já  estão apresentando deficiências, as folhas se dobrando em garra, parecendo over de N, e elas estão bem  verdes mesmo. Estou usando um substrato 50/50 perlita e turfa. Quantos mais dias eu demoro pra fazer a proxima rega, mais ácido parece que fica. Usando Remo nutrients, iluminação LED 350W num grow 80x80. São 5 plantas automáticas, 4 na flora e uma no início da vega. Abaixo fotos.
    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
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