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Idéias a respeito de como deve ser a legalização


senotfed

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  • Usuário Growroom

Muito bom dia!

Estava pensando a respeito da hipótese da legalização das drogas. Como seria administrado a venda delas, e etc. São apenas idéias. Gostaria que você(s) me desse(m) suas opiniões a respeito.

Em primeiro lugar. Haveria alguma administração pelo estado? Algum tipo de controle? Esse controle seria benéfico ou não?

Eu estava pensando por exemplo que poderia ser vendido em postos de saúde, ou melhor ainda se fosse em "coffe shops" no estilo holandês. Seria proibido o uso em público para não incitar crianças e adolescentes a usarem, e também proibido qualquer tipo de apologia ou propagandas visando estimular o consumo. Não poderia ser vendido por empresas privadas senão acabaria existindo concorrência e conseqüentemente procurariam meios de atrair o consumidor. O que iria contra o que falei sobre propagandas/apologia.

Poderia ser construído um banco de dados em que há registro de todos os usuários de drogas, com histórico de compras.(*Não é muito necessário. Poderia ser maléfico pois poderia servir apenas para invadir a privacidade e discriminar os usuários no caso de conseguir um emprego por exemplo)

Obviamente a droga só deveria ser vendida a maiores de 18 anos.

Naturalmente, a venda por civis comuns também seria impedida. Senão não haveria como controlar que crianças comprassem.

Aí é que eu encontro um impasse:

Os maiores de 18 anos poderiam comprar a droga e revendê-la a um preço mais alto para os adolescentes. Seria um novo tipo de comércio ilegal.

Isso poderia acarretar um aumento do consumo por jovens pois seria muito mais fácil adquiri-la do que hoje em dia.

Talvez, para driblar esse impasse, o consumo da droga deveria ser somente feita dentro dos coffe shop. Seria proibido levar a droga para casa. Dessa maneira não haveria como uma pessoa revender. E haveria, do lado de fora dos coffe shops policiais revistando os que saíssem do coffe shop. (Seria proibido portar drogas em qualquer local público ou em casa).

Você(s) acha(m) que seria ruim? Não se ter a liberdade de fumar em casa? Seria por uma justa causa. Porém mesmo assim vejo que não agradaria boa parte dos usuários. Por outro lado eles gostariam de poder fumar em paz, sem peso na consciência de estarem dando dinheiro a um traficante assassino, nem estarem fora da lei.

Talvez, no caso dos coffe shops eles poderiam ser empresas privadas.(Sendo bem rigoroso no que falei a respeito de proibir propagandas ou estímulos ao consumo)

Acabei de ter uma idéia para agradar os "Growers" do Brasil. Poderia haver lojas especializadas em cultivo de cannabis. Em que seriam alugados pequenos espaços para plantá-las (indoor). Seria pago por mês uma quantia para custear a energia elétrica e manutenção do estabelecimento(incluindo o lucro da empresa), e a pessoa marcaria horários para verificar sua planta (somente o dono teria a chave do "armário".). Essas lojas seriam vizinhas 'as coffe shops. Nesse caso os growers poderiam fumar sua própria erva dentro do coffe shop, sem em nenhum momento ter saído em público portando drogas.

Sempre tenho várias idéias a respeito de como solucionar alguns problemas. E essa foi uma das melhores que tive. Aguardo suas opiniões e críticas a esse sistema.

De nada adianta defender a legalização se não se pensa em idéias práticas para tal. Para alguma lei ser votada na câmara ela primeiro deve ser FEITA não é mesmo? Até agora ninguém nunca redigiu algo do tipo pelo que eu sei. E antes disso deve ser construída a idéia, para depois passar para o papel formalmente.

Obrigado!

(espero estar postando no local certo. não se trata de "viagens" entao nao se encaixa no APPP.)

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  • Usuário Growroom
estude como é onde ja esta legalizado.

pra mim, tem que legalizar, e o próprio governo cobrar impostos normalmente como fazem com outros produtos...

agora, se ia ter propaganda ou naum... iss ai jah nem me interessa, mas acho que se proibir propaganda da erva tem que proibir de cerveja antes!

jah imaginou?, poderiam ter diversas propagandas,...desde propagandas rastas, até propagandas de farmacias mostrando usos medicinais... isso tudo é ilusão mermo... só se terá paz mermo no dia que essas coisas forem abolidas...controle, midia, padrão.... naum da pra colocar a erva nesses padrões sem parecer algo forçado..injusto...mas, continuarão tentando, e de certa forma pode até ser bem melhor e menos injusto do que é hoje.

Eu conheço um pouco como é o sistema da Holanda. Mas nada determina que eles estão fazendo do modo certo. O que estou discutindo é exatamente isso. Um modo que não vá prejudicar ninguém, e que abolirá de uma vez a renda principal do crime organizado.

O fato de ter propaganda ou não deveria ser de interesse primordial. Sou totalmente contra a propaganda e estímulo ao uso de qualquer tipo de entorpecentes (CERVEJA ESTÁ INCLUÍDO NESSE CONJUNTO).

O problema principal está nas crianças. Seria um pesadelo crianças com 12 anos querendo experimentar maconha "porque viu na novela aquele cara engraçado fumando". Concorda comigo ou não?

Todos nós necessitamos de infância. Faz parte de nossa evolução moral, social, e psicológica. As drogas, caso usadas durante essa fase, podem (não em todos os casos) desordenar todo esse processo, e causar muitos problemas a longo prazo.

Não entendi o ponto do seu último parágrafo. Você acha uma coisa legal as propagandas de maconha? Já pensou no caso das crianças assistirem? E no caso de laboratórios farmacêuticos não há necessidade de se fazer propaganda desse tipo de remédio. Eles são receitados por médicos e não comprados em um supermercado.

Não estou pensando numa sociedade utópica que você falou em que não existem padrões de comportamento, troca de interesses, e controle da população pela mídia.

Estou tentando aqui fazer algo que funcione na prática.

Falou.

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  • Usuário Growroom

Meu sonho não é q se venda na esquina e nem espero q 100% da população fume...

Soh sonho em um dia q eu possa fumar e plantar na paz sem ter de me preocupar ou com meu vizinho, ou com qualquer tipo de punição ou sansão prevista pela lei. Não sou a favor da legalização, mais sim da DESCRIMINALIZAÇÃO, acho q com a legalização muitas pessoas começariam a fumar.

Eh revoltante ver "amigos" growers serem presos e julgados como traficantes jah q oq fazem eh o inverso, como grower oq quero eh me "libertar" do trafico.

Considero a legalização algo utopico, na minha opinião os grandes beneficiados com o dinheiro gerado pelo trafico não são os pequenos traficantes,aquele q vende 5 reais quase nao tem lucro, mas sim os politicos q recebem milhões em propinas e são responsaveis pelo grande volume de drogas negociadas..........

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é, acho que concordo com o cabelo.

por que...

primeiro que a legalização deve começar permitindo usuários a plantar a sua erva em casa... para consumo próprio e dos amigos...

se pegar vendendo.. deve ir preso

deve-se permitir a alguns civis abrirem coffe shops, procurando saber da capacidade do mesmo em manter o ambiente.

esses coffe shops devem sim ser fiscalizados por NORMAS COMPETENTES

em relação a menores... e quantias compradas. e quantias levadas pra casa(esta nao deve ser maior que 5 ou 10 gramas)

e os usuários eu acho que devem ser cadastrados no próprio coffe shop

fiscalizando corretamente o estoque do coffe shop, e comparando com os dados do banco de dados, pode-se saber se está tudo ok...

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  • Usuário Growroom

Eu acredito que a erva não é liberada porque tem muito interesse aconomico atras disso.

Os poderosos que ganham com a proibição sao os mesmos que controlam as leis, e eles nao se importam em lucrar com o sofrimento do povo .

Acredito que a legalização será uma revolução na cabeça das pessoas e que com isso iremos evoluir socialmente .

Agora, os beneficios que ela trará para o pais economicamente falando sao innumeraveis, desde a industria do turismo cannabico até a industria do canhamo que encontria lugar perfeito pra crescer em muitos dos lugares ensolarados de clima perfeito do nosso país .

legalizar é a melhor coisa a se fazer mesmo .

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  • Usuário Growroom

senotfed, sabe a que conclusão cheguei: a legalização - da marijuana - deve igualar em direitos os usuários do alcool e do tabaco e as regras seriam as mesmas. O diferencial ficaria apenas no fato da ocorrência da legalização. Hoje é proibido fumar cigarro em muitos locais e nós não devemos fugir à regra. Quanto ao processo industrial nós teríamos que dar uma chance a quem quer buscar emprego, entretanto, iso não impede ninguém de ter a sua própria marca e de produzir tudo de forma artesanal. As recomendações e advertências seria algo necessário. Quanto à venda em casas ou postos de saúde - para a marijuana - eu acho que não tem nada a ver. A legalização da marijuana deve ser um ato juridico bem simples se igualarmos o uso, o consumo, a venda, o porte e tudo mais do mesmo jeito que as outras drogas - legais - estão regulamentadas. Nós não somos piores do que ninguém. Incutiram em nossas cabeças um montão de coisas que não tem nada a ver.

Estou dando esta idéia e esta idéia é apenas reflexo do que eu penso. A sociedade não vai mudar se a marijuana for legalizada. O que vai melhorar é a forma pela qual somos encarados e nós poderemos olhar qualquer pessoa nos olhos em pé de igualdade, sem medo de qualquer ato humilhante, sem necessidade de ficar se escondendo. Tudo muito natural. O que deve constar em uma regulamentação é um item que ponha fim o preconceito, a intolerância, a discriminação e as palavras injuriosas que comumente usam para nos depreciar.

Eu fico por aqui pq o resto dependerá de nós. Se industrializarem, não vejo problema algum. Se o usuário quiser ter sua planta para uso particular, ou se quiser criar uma marca, q tenha. Outras drogas são uma outra questão a se discutir. Mas o debate é o debate eu simplesmente não me vejo como um problema de saúde e no dia que eu tiver algum problema de saúde deverei buscar o médico como qualquer ser humano faz. Não tem pq recebermos tratamento diferenciado dos tabagistas e dos usuários de bebidas alcoolicas. Quanto às crianças o procedimento deverá ser igual ao do tabaco. O tabaco é proibido para menores de 18 anos e os pais deverão tutelar seus filhos. Não devemos mais observar a marijuana como um caso de policia. Os excessos, as atitudes desaconselhaveis as transgressões continuariam do jeito que já estão: regulamentadas pela legislação especifica.

Sou pela simplificação com exposição de motivos. Pq td é simples e não seremos nós que deveremos complicar. A legalização não irá mudar as leis do mercado e nem iria ferir de morte o infeliz neo-liberalismo vigente. Infelizmente não teremos nenhuma revolução na ordem economico-social.

Fui

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  • Usuário Growroom

Pra ficar claro eu acho que a lei que pune quem vende cigarro e bebidas a menores deverá ser aprimorada e a punição para quem vender qualquer substância imprópria para menosres de 18 deve ser severa. O comissariado de menores deverá agir com maior rigor. Os menores que já fazem uso da marijuana, ou tem qualquer tipo de dependência deverá buscar junto ao órgão competente orientação. Os pais continuarão a tutelar seus filhos e na ausência dos pais o padrinho deverá assumir o encargo e se não tiver padrinho um parente próximo e quando o fdp não tiver ninguém por ele A Pastoral da criança deverá ser acionada, mas ninguém deverá ser violentado pelo fato de usar. Nós temos o dever de orientar e de não permitir. Se nós quisermos mudar a cultura, nós teremos que interagir dentro dela e modifica-la por dentro.

No caso da Mary Jane eu vejo tudo com muita simplicidade.

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  • Usuário Growroom

como o cabelo disse, discriminalizacao eh o ideal para mim pq eu nao quero comprar eu quero planta, para meu uso proprio, eh so isso, poderia ate haver um controle sobre a quantidade de plantas por residencia, se o governo depositasse essa confianca acho que seria muito baixo o indisse de desrespeito, po galera vive como criminoso eh foda, eu so preso por trabalha, estudar, curti meu role meu reggae, sem encana com ninguem e apenas pantar minha ervinha para meu proprio uso, eo safado do traficante eh preso, por trafica uma porrada de coisa, acabar com a vida de muita gente, e para o juiz naum tem nenhuma diferenca, porra eh foda bate mo revolta de ver o DONKEYDICK preso, mas essa situacao so cabe a nos mesmos mudar........

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  • Usuário Growroom

Legalizar e simplificar pq o Brasil está cheio de leis prá tudo.

Art n. tal - Fica liberado a venda, o consumo, o plantio... da marijuana com as seguintes ressaslvas:

paragrafo 1. - a venda de cigarro (tabaco), bebidas alcoolicas e marijuana para menores de 16 anos será punida com multa de .... na primeira ocorrência, na segunda o valor da multa será 10 vezes mais elevado e no caso de uma terceira ocorrência o estabelecimento será fechado e o proprietário e demais responsaveis pela venda serão presos em flagrante delito e, posteriormente, o processo será encaminhado à justiça.... os pais ou responsáveis serão chamados para receber orientação ... e se for necessário o Estado através da justiça determinará que uma assistente social e um(a) psicologa acompanhe a familia do menor infrator...

Paragrafo 2.. as mesmas obrigações e deveres que regulamentam a propaganda, venda, consumo... do alcool e tabaco se aplicam a marijuana

Art. 2 - Revoguem-se todas as disposições em contrario

Ao apresentar a lei n. tal deve-se encaminhar justificativa acompahada do "espirito da lei" (p/ quem não entende de direito as leis tem um espirito criador)

É algo mais ou menos assim. Sem muita complexidade e distinção. O menor deverá ser assistido pela família e pelos poderes constituidos, cabendo ao juiz de menores determinar as medidas cabiveis para cada caso

O resto já tá regulamentado

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  • Usuário Growroom

Com a legalização ficaremos livres de tanta coisa e só de pensarmos em ficarmos livres da extorsão de policiais bandidos e das ameaças que eles fazem se forem denunciados já é um grande alivio. Depois poderá surgir tanta coisa nova, a oferta de muito emprego para quem está desempregado e o aumento de comissários de menores e etc e tal... A legalização diminuirá a violência, com certeza, a plantio será livre... quem quiser ter sua produção artesanal terá e isso poderá servir como fonte de renda extra. Por enquanto é só isso

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  • Usuário Growroom
Legalizar e simplificar pq o Brasil está cheio de leis prá tudo.

Art n. tal - Fica liberado a venda, o consumo, o plantio... da marijuana com as seguintes ressaslvas:

        paragrafo 1. - a venda de cigarro (tabaco), bebidas alcoolicas e marijuana para menores de 16 anos será punida com multa de .... na primeira ocorrência, na segunda o valor da multa será 10 vezes mais elevado e no caso de uma terceira ocorrência o estabelecimento será fechado e o proprietário e demais responsaveis pela venda serão presos em flagrante delito e, posteriormente, o processo será encaminhado à justiça.... os pais ou responsáveis serão chamados para receber orientação ... e se for necessário o Estado através da justiça determinará que uma assistente social e um(a) psicologa acompanhe a familia do menor infrator...

        Paragrafo 2.. as mesmas obrigações e deveres que regulamentam a propaganda, venda, consumo... do alcool e tabaco se aplicam a marijuana

Art. 2 - Revoguem-se todas as disposições em contrario

Ao apresentar a lei n. tal deve-se encaminhar justificativa acompahada do "espirito da lei"  (p/ quem não entende de direito as leis tem um espirito criador)

É algo mais ou menos assim. Sem muita complexidade e distinção. O menor deverá ser assistido pela família e pelos poderes constituidos, cabendo ao juiz de menores determinar as medidas cabiveis para cada caso

O resto já tá regulamentado

É verdade. Vocês têm razão. Acho que é por aí mesmo.

Só que pra ser desse jeito teria que acabar a ignorância da galera sobre o assunto antes. E pra isso servem nossas passeatas. (Não é pra ficar cantando musiquinha "ei pm vai tomar no cu" como todos sabem)

valeu aí galera

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  • Usuário Growroom

Antes da legalização propriamente dita com uma lei que simplesmente libera tudo relacionado a maconha é necessario que se concientize os não usuarios de que a legalização não é uma ameaça mas sim uma conquista de mais um direito individual.

Se as pessoas souberem a verdade e se livrarem dos preconceitos a legalização será dentro da cabeça de cada um.

A legalização não depende só de um projeto de lei bem elaborado depende de uma opnião publica a favor da legalização.Com o apoio da opnião publica a legalização virá naturalmente.

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  • Usuário Growroom

Ae galera eu vou postar aki uma entrevista que a Mônica Gorgulho, quem eu tive o prazer de conhecer em debates e movimentos antiproibicionista... ela tem um ótimo discurso de um redutor de danos, para quem não sabe a redução de danos eh uma política pública adotada no Brasil, e é uma política que respeita o usuário de drogas, ou seja, é a favor da descriminalização e é contra que usuários de drogas sejam levados a tratamento sem realmente optarem por esse tratamento,

Leiam abaixo a entrevista:

Reprimir não resolve

Psicoterapeuta diz que jamais existirá sociedade sem drogas e prega o consumo consciente de substâncias lícitas e ilícitas

Se não é possível livrar o mundo das drogas, é melhor aprender a conviver com elas. E ensinar as pessoas a usar essas substâncias com o máximo de segurança possível. É o que defende a psicoterapeuta Mônica Gorgulho, diretora da Associação Internacional de Redução de Danos, entidade sediada na Austrália que reúne 2 mil profissionais do mundo todo e estabelece diretrizes para lidar com a questão. A voz dos especialistas contradiz o senso comum, que acredita numa batalha sem tréguas para evitar que qualquer droga ilícita chegue às mãos dos usuários. 'É inegável que drogas fazem mal, mas não existe sociedade que sobreviva sem elas', diz Mônica. Em vez de pregar a interdição total ou o 'liberou geral', ela acredita no uso seguro das substâncias. Essa orientação já vem sendo seguida pelos programas de saúde do governo federal brasileiro. Único país da América Latina que adota a redução de danos como política pública, o Brasil está deixando de tratar usuários de drogas como criminosos ou doentes. A política repressiva está dando lugar a atendimentos na área da Saúde, com a distribuição de seringas e preservativos, conta Mônica em entrevista a ÉPOCA.

MÔNICA GORGULHO

Glaucio Dettmar/ÉPOCA

Dados pessoais

Brasileira, casada, tem 43 anos e dois filhos adolescentes

Carreira

Trabalhou por dez anos no Programa de Orientação e Assistência a Dependentes Químicos (Proad) da Escola Paulista de Medicina. É diretora da Associação Internacional de Redução de Danos. Coordena a Dínamo, ONG que divulga informações responsáveis sobre o uso e os efeitos das drogas

ÉPOCA - Algum dia viveremos em um mundo sem drogas?

Mônica Gorgulho - Não acredito nessa possibilidade. Pela observação, vê-se que as pessoas sempre usaram drogas, mesmo com todas as restrições, proibições, todos os castigos e penas que têm sido aplicados nas últimas décadas. Aliás, o uso de drogas só fez crescer, e muito. Também temos de discutir de que drogas estamos falando. O que existe no mundo são algumas substâncias que, no começo do século XX, foram definidas como ilegais, mas que até aquele momento não eram.

ÉPOCA - Usar drogas faz mal?

Mônica - Nem toda droga em certas quantidades é nociva. Além disso, há outras coisas que fazem mal hoje em dia e a gente não as abandona. Trabalhar em situações de extrema tensão, em ambientes insalubres, prejudica nossa saúde, mas a gente não pára. Fast-food também não é saudável. Fumar tabaco faz mal. Se conseguirmos contextualizar outras substâncias dessa forma, eu diria que qualquer uma que altere o funcionamento de seu sistema nervoso e provoca uma modificação em seu estado de consciência poderia fazer, entre aspas, mal. Aliás, não sei se a gente pode chamar isso de fazer mal. Quando você consome muito álcool, inutiliza alguns neurônios. Mas a relação custo-benefício parece interessante, porque as pessoas continuam bebendo. Talvez porque o sabor e o estado de relaxamento sejam bons. Com relação a outras substâncias, é mais ou menos a mesma coisa.

ÉPOCA - Mas algumas pessoas desenvolvem dependência das drogas, não?

Mônica - Isso só acontece com cerca de 10% da população consumidora dessas substâncias. É para essas pessoas que deveria haver uma intervenção de saúde pública. Mas não se pode fazer o mesmo com toda a população, como se costuma preconizar. A gente não pode definir uma política pública pela exceção. Se a grande maioria não tem problema com o uso de drogas, então, como é que a gente pode definir uma política que restrinja o uso para todos? É aí que deve entrar uma política de redução de danos dessas substâncias, em vez da simples tentativa de repressão.

ÉPOCA - Como se podem reduzir os danos causados pelas drogas?

Mônica - Até um tempo atrás, entendia-se que os usuários de drogas precisavam de atenção médica porque eram doentes e tinham de ser tratados do ponto de vista da saúde mental. Ou eram vistos como criminosos, que deveriam ir para a cadeia. O novo conceito de redução de danos reconhece que os usuários de drogas são sujeitos de direitos, que podem em alguns casos cometer atos criminosos ou podem, em outros, ser pessoas com distúrbios mentais. Mas na enorme maioria das vezes são apenas pessoas que usam drogas e precisam de algum tipo de atenção especial. A redução de danos é favorável à descriminalização do uso. As ações delituosas são mais relativas à proibição, que faz com que as pessoas tenham de assumir comportamentos criminosos na compra, já que o comércio é ilegal. É uma questão de bom senso. Tratar o usuário de drogas como criminoso não tem trazido nenhum benefício para o Estado ou para a sociedade. Não tem ajudado nem o próprio usuário.

ÉPOCA - A senhora é favorável à legalização das drogas?

Mônica - A legalização das drogas seria um processo muito complicado porque existem as convenções internacionais, das quais vários países são signatários, inclusive o Brasil. Muitas pessoas acreditam que as drogas são legais na Holanda ou Suíça. Isso não é verdade. Existe uma política de tolerância ao uso de drogas que eles consideram leves, como maconha e haxixe, por exemplo. Mas existe uma proibição muito clara em relação a outras drogas, como a heroína.

''Qualquer coisa em excesso faz mal. Nem toda droga, em certas quantidades, faz mal. Trabalhar em ambientes insalubres faz mal. Mas nem por isso deixamos de fazê-lo''

ÉPOCA - Essa política de tolerância não estimularia o uso de drogas?

Mônica - Esse tipo de crítica em geral parte do desconhecimento da estratégia brasileira em relação aos programas de redução de danos e da própria realidade do uso de drogas. Ainda ouvimos muito esse tipo de argumento. O que pode haver é uma maior quantidade de gente experimentando e fazendo uso não-preocupante de drogas, como acontece com o álcool. Durante a Lei Seca, de 1920 a 1933, nos Estados Unidos, também houve esse tipo de argumentação. Mas a lei caiu e não há registro de aumento de dependentes por causa disso. A dependência não varia em função da maior ou menor disponibilidade de uma substância, mas de uma conjunção de fatores psicodinâmicos que leva um indivíduo a necessitar de alguma substância em algum momento da vida.

ÉPOCA - Por que algumas drogas são consideradas legais e outras não?

Mônica - Alguns estudos mostram interesses econômicos em transformar algumas drogas e substâncias em ilegais. Não existe uma situação de tal forma específica que justifique a ilegalidade de uma substância. Isso é uma construção social. Ser legal ou ilegal é uma definição da sociedade. No fim do século XIX, o uso do ópio era considerado elegante nos melhores salões europeus. Mesmo nos EUA, usava-se essa substância em ocasiões sociais, assim como fumava-se charuto ou bebia-se vinho.

ÉPOCA - O que se faz no Brasil para lidar com os usuários de drogas?

Mônica - Hoje a redução de danos é um dos pilares da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) e do Ministério da Saúde no caso dos portadores de HIV. Temos mais de 150 programas de redução de danos espalhados pelas cinco regiões do país. Além disso, há uma Associação Nacional de Usuários de Drogas e a presidente da Rede Latino-Americana de Redução de Danos é uma brasileira.

ÉPOCA - Qual é a ação concreta?

Mônica - O princípio da ação é distribuir materiais contra a infecção do HIV e da hepatite. Os agentes visitam lugares onde há concentração de dependentes e oferecem seringas, agulhas, preservativos e outros insumos. Há também um programa para distribuir cachimbos para usuários de crack. À medida que explicamos para a sociedade que nem todo usuário de drogas é criminoso, começamos a abrir outro espaço e a reconhecer os direitos dessa parcela da população. Até porque os usuários estão cada vez mais conscientes dos riscos que correm e das formas de evitá-los.

ÉPOCA - Qual a vantagem de entregar seringas para um usuário de droga injetável? Não seria melhor orientá-lo a largar o vício?

Mônica - As duas ações são importantes. E muitas vezes é possível evitar maior dano à saúde sem interromper o uso da substância. Antes, os usuários de drogas injetáveis compartilhavam seringas e corriam enormes riscos de infecção por hepatite ou Aids. Com a distribuição de seringas, diminuímos isso. O ecstasy é uma droga que eleva demais a temperatura corporal. Então, o usuário deve tomar água para evitar seqüelas. Estamos conversando com donos de boates e orientando a distribuição de água em lugares onde as pessoas consomem ecstasy, por exemplo. No fim da década de 90, a Escola Paulista de Medicina realizou um estudo pioneiro, e internacionalmente reconhecido, com dependentes de crack. Para eles, houve a substituição dessa droga pela maconha e os resultados foram positivos para sua saúde.

ÉPOCA - Que países adotam essa política tolerante?

Mônica - A proposta da redução de danos começou na década de 80, na Inglaterra e na Holanda, por conta das epidemias de hepatite que se disseminaram entre os usuários de drogas injetáveis. Naquele momento, entendeu-se que era preciso fazer algo em termos de saúde pública que atendesse a essa situação, esse aumento absurdo de infecções pelo vírus da hepatite e posteriormente da Aids. Então, esses países começaram a disponibilizar aos usuários agulhas e seringas limpas. Mas redução de danos é muito mais que isso. Hoje, ela está nos cinco continentes e é reconhecida pela Organização das Nações Unidas como uma medida necessária de atenção aos usuários de drogas.

ÉPOCA - Como é na Europa?

Mônica - Na Holanda, os coffee- shops vendem quantidades limitadas de maconha e haxixe. São lugares onde você pode comprar drogas com segurança e sem se meter com o mundo do crime. Além disso, pode ter certeza da qualidade e da pureza da droga. No Brasil e em outros países, por conta da ilegalidade, misturam-se pó de gesso e um monte de outras coisas na cocaína. Isso é algo grave, que pode trazer sérios danos à saúde do usuário.

Glaucio Dettmar/ÉPOCA

''As drogas não precisam ser combatidas. As pessoas acham que qualquer relação com drogas será problemática, levará à criminalidade, à loucura, e já se sabe que isso não é verdade''

ÉPOCA - A sociedade brasileira está preparada para conviver com o uso de drogas?

Mônica - A redução de danos é um processo. A gente começou há muito tempo e ainda está no meio do caminho. Mas já existem lugares específicos em que as pessoas usam drogas livremente. Por exemplo, num dos Estados do Sul, há uma rua onde as pessoas usam drogas tranqüilamente. Num dos Estados do Nordeste, é a mesma coisa (a entrevistada preferiu não revelar o nome desses Estados). Isso pode ser uma prova de que a sociedade está preparada, porque ela tem crítica e percebe que essa política de proibição estrita, de guerra às drogas, só está trazendo complicações.

ÉPOCA - Então, por que a sociedade ainda trata a questão das drogas pelo ponto de vista policial?

Mônica - A questão do uso de drogas foi considerada durante muito tempo como um problema policial. Isso acabou criando nas pessoas resistência em debater o tema das drogas de outra forma. Ainda hoje é muito presente a idéia de que o usuário de drogas é um criminoso. Então, quando você tenta falar de uma atenção, de um direito que os usuários de drogas têm, a sociedade tem dificuldade em ouvir. Por isso, falar de redução de danos é difícil, e a divulgação é tímida, as pessoas não entendem direito do que se trata. Muitas vezes, elas confundem redução de danos com o movimento de legalização de drogas. Redução de danos é um movimento de atenção aos usuários, mas não de legalização. As pessoas também confundem nossa posição com uma postura de permissividade, de falta de critério para essa questão do uso de drogas. Tudo isso assusta a sociedade.

ÉPOCA - A redução de danos é mais eficaz que o combate às drogas?

Mônica - Achamos que não deve haver um discurso de combate às drogas. As drogas não precisam ser combatidas. As pessoas acham que qualquer relação com drogas será problemática, levará as pessoas à criminalidade, à loucura, e já se sabe por observação que isso não é verdade. A redução de danos não tem nenhuma pretensão de fazer qualquer coisa contra as drogas. O que fazemos é olhar para esse fenômeno, entendendo como ele se insere nas culturas da humanidade. Desde antes de Cristo, há registros de uso de drogas em nossas sociedades acontecendo de forma freqüente. Então, se é um comportamento que existe desde sempre, por que é que agora a gente iria ser contra ele? O que realmente está acontecendo é uma transformação do comércio de substâncias psicoativas em um grande negócio. Esse é o problema. As Nações Unidas estimam que esse comércio, um dos maiores do planeta, movimente US$ 500 bilhões ao ano. Ele já se estabeleceu. Estudos americanos mostram que os custos da repressão são três vezes maiores que os da prevenção. Quando se olha para esses números, é possível perceber que essa não é uma questão de vontade de que isso pare ou continue.

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