Ir para conteúdo

Habilitação para o mundo virtual,


Brasinha

Recommended Posts

  • Usuário Growroom
Habilitação para o mundo virtual

Será que existe jeito de você desfrutar das maravilhas da vida moderna sem abrir mão de sua privacidade? Vamos dar uma olhadela em volta. Num arroubo de fantasia, suponhamos que você não tenha computador em casa nem no escritório. Celular? Sim, pelo menos um celular você tem, imaginemos assim. Cada vez que você faz um chamado com seu telefone móvel ou envia um torpedo, é possível achar direitinho a posição da estação rádio-base mais próxima de onde você está. Cruzando este dado com coordenadas geográficas obtidas via GPS e triangulando os sinais emitidos pelo seu celular, é possível descobrir o local onde você se encontra com precisão de até cinco metros.

Em certos locais da cidade, todos os seus movimentos podem estar sendo monitorados por câmeras de vigilância. Se você entra numa loja e paga com cartão de crédito, sua localização também fica sendo conhecida. O mesmo se dá quando você vai a um caixa eletrônico de banco sacar uns trocados.

Vamos agora cair na real e considerar que você tem máquina em casa e/ou no escritório, todas penduradas na internet. Cada vez que você envia um email, entra num site de bate-papo, usa uma ferramenta de busca, faz uma comprinha besta ou passeia pela web, vai deixando rastros. Se você, como eu, se meteu nas arapucas megalomaníacas do Google — tipo Orkut, Gmail, Googlegroups ou Google Toolbar — sua vida conectada está sendo minuciosamente registrada. Os cookies que os diversos sites vão deixando no seu computador acompanham os seus passos e o seu provedor internet sabe perfeitamente quem você é, conhecendo também dados pessoais, profissionais e hábitos de navegação. Se você tem página web própria, escreve ou comenta em blogs ou participa de listas e grupos de discussão, então suas andanças na rede são bem mais fáceis de seguir.

Cada vez que você preenche seus dados num site, num formulário comum ou numa pesquisa, suas informações passam a fazer parte de um banco de dados. Claro que muitas empresas ou instituições que recebem estas informações têm políticas de privacidade. Mas como confiar nelas? Quantas vezes você informou seu email num formulariozinho numa lojinha e misteriosamente começou a receber mais spam do que já recebia?

A partir do momento que as campanhas publicitárias passaram da propaganda em massa para os anúncios personalizados, cresceu imensamente o valor das informações particulares do cidadão. Fora isso, roubos de identidade têm sido cada vez mais comuns. Até os governos estão futucando mais na privacidade da gente, com o argumento de estarem nos protegendo de ameaças.

A maneira mais eficiente de fugir desta gigantesca invasão global de privacidade seria abdicar do uso de qualquer facilidade moderna que envolvesse armazenamento e recuperação de informações. Mas aí também seria loucura. A leitora estaria disposta a pagar este preço?

Acho que não. Mas quem deseja continuar na vida modernosa, mas preservando sua privacidade, precisará se preocupar com um monte de detalhezinhos chatos. Em alguns casos terá mesmo que pagar por sua privacidade.

No caso do telefone, por exemplo, se quiser que seu número não conste na lista tem que pagar. Precisa pagar também caso queira que sua empresa telefônica não forneça a identificação do seu número quando você ligar para outra pessoa. Não vai demorar muito para que precisemos pagar também para resguardar nossos dados pessoais no mundo online.

No âmbito das soluções mais simples, você pode ter em casa uma firewall de verdade ou, como paliativo, um “personal firewall”. Pode rodar seu antivírus e uma meia dúzia de removedores de spyware. Pode também criptografar todos os arquivos no seu HD ou até comprar serviços de empresas que se dizem especialistas em remover dados particulares seus de máquinas de busca e bancos de dados variados. É possível também criptografar todas os emails que você envia, de modo que apenas os destinatários sejam capazes de lê-los. Ou então habituar-se a navegar na web apenas sob a proteção de um software anonimizador.

Acontece que o usuário comum não está nem aí para isso. Quer apenas usar a tecnologia para seu trabalho, sua diversão ou seus afazeres. No entanto, por desconhecer os riscos que corre, acaba se tornando presa fácil dos grandes mastigadores de dados. Quanto aos novatos, pobrezinhos deles, dá até pena. É quase cruel permitir que gente fascinada mas totalmente inexperiente se jogue de cabeça nas malhas do mundo digital.

Haveria algum jeito de proteger o cidadão comum? Há quem proponha uma carteira de habilitação para o mundo virtual: se para trafegar nos logradouros públicos um motorista precisa comprovar que está apto e que conhece os conceitos de segurança, poderia haver algo semelhante na internet. Só estaria autorizado a sair navegando e mandar email quem passasse numa prova de conhecimentos básicos. Quem fosse aprovado receberia um carteirinha ou um certificado digital e, só então, poderia abrir conta num provedor. Será que ainda veremos algo assim acontecer? Santa chatice.

JORNAL O GLOBO - CADERNO DE INFORMÁTICA ETC

Publicado em 21 de novembro de 2005 - Versão impressa

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 5 weeks later...

Join the conversation

You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.

Visitante
Responder

×   Pasted as rich text.   Paste as plain text instead

  Only 75 emoji are allowed.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

Processando...
  • Tópicos

  • Posts

    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
    • Curitiba é sempre pior parte hahahaha!
    • o teu chegou? o meu já passou por Curitiba mas tá devagar (pelo menos o pior já passou) kkkkkkkkkk
×
×
  • Criar Novo...