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Proibicionismo: causas e efeitos


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  • Usuário Growroom

Gente o primeiro Evento do Grupo de estudos de Porto Alegre está aí,então:

Princípio Ativo convida: Proibicionismo, causas e efeitos.

Exibição do documentário "Grass", de Ron Mann, seguida de debate e com a Doutora em Psicologia Clínica ex-presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes, Marta Conte.

"Grass" (maconha) é um documentário histórico sobre a guerra contra o uso da cannabis. Das primeiras décadas do século XX até hoje, inúmeros mitos foram criados. Milhares de jovens acabaram presos. E bilhões de dólares foram gastos em uma verdadeira cruzada que, como revela este filme, ainda está longe de inibir o consumo da droga.

O grupo de estudos Princípio Ativo pretende fomentar a discussão sobre a política de drogas no Brasil e no mundo. Por isso, convida uma especialista da área da saúde para debater, a partir das questões colocadas pelo documentário, o atual contexto brasileiro no que se refere à proibição do uso de algumas drogas. Seria a via proibicionista uma solução ou um agravamento do problema do uso de drogas?

Dia 5 de Dezembro - Segunda-feira

às 14 horas

no Pantheon do IFCH, Campus do Vale - UFRGS

principioativo.rs@gmail.com

Link do cartaz de divulgação:

http://photos1.blogger.com/blogger/6434/19...artaz_net.0.jpg

Gaúchos antiproibicionistas participem

Abs Geison Lamotta

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  • 3 weeks later...
  • Usuário Growroom

Mesmo que ninguém tenha postado nada,pelo menos uns visuaçizaram então pra esse vai um relato do que rolou:

Princípio Ativo: estudantes questionam a proibição de "drogas" em POA

No início deste mês de dezembro, ocorreu, no campus do vale da UFRGS,

o primeiro de uma série de eventos sobre "drogas", com uma abordagem

anti-proibicionista, a serem organizados pelo grupo de estudos

Princípio Ativo.

O uso do termo "drogas", assim entre aspas, já começa por situar

nosso ponto de partida: visamos problematizar esta palavra famosa

[1] . Tirá-la do lugar-comum de definições onde ela se encontra – a

começar pelo ambiente acadêmico. Afinal, por mais que se possa pensar

que é na universidade que até mesmo aquelas pessoas ditas "caretas"

possam ter contato com o uso de "drogas", deixando de reproduzir

certos estigmas acerca do usuário, é justamente nestes locais

(ditos "produtores de conhecimento") que enxergamos necessidade de

iniciar nossa atuação. Nossa abordagem, no evento, é direcionada à

substância ilegal mais consumida no Brasil: a maconha. Porém, os

problemas causados pela proibição vão além de classificações de

substâncias, e se relacionam com vários outros universos.

Pode ser fácil tentar adivinhar o que motivou o encontro de

aproximadamente 35 pessoas, em uma sala de aula, para assistir a

exibição de um documentário[2] , seguida de um debate conduzido por

uma profissional da área da saúde, a doutora em psicologia clínica

Marta Conte. Ali, entre as pessoas que aplaudiam o documentário,

enquanto este mostrava alguns dos muitos absurdos provocados pela

lei, estavam reunidos posicionamentos individuais diversos sobre o

tema. Muitos, talvez, usuários da cannabis já acostumados a levarem

tapa, seriam apoiadores naturais de uma legalização e

descriminalização daquilo que pra eles é um ato não-problemático, por

mais que certos setores da mídia, apoiados em discursos

generalizantes, queiram tentar provar o contrário.

Mesmo estas pessoas, que possuem uma visão mais apurada das

controvérsias sob as quais se apóiam o discurso proibicionista, podem

não ter se dado conta de que as "drogas", enquanto "problema social",

só foram surgir na transição do século XIX para o século XX. Uma

abordagem que simplesmente não existia nos seis mil anos anteriores a

este período, época mais remota em que se descobriu o uso de

substâncias psicoativas. No próprio início do século XX, ainda a

maconha, por exemplo, era receitada normalmente, tendo em vista suas

propriedades medicinais. A partir da aplicação de uma série de leis

neste período, o uso passou a ser encarado como um "problema social".

Tentamos colocar este "problema" em um debate dinâmico, após a

exibição do documentário.

As perguntas surgem rapidamente: qual o sentido de uma lei que não é

respeitada nem desejada? O usuário é mais "culpado" do que a própria

lei, em sua suposta "fomentação da violência e do tráfico"? Até que

ponto o maior dano causado pelo uso de "drogas" reside na sua

criminalização, e não em uma ação biológica da substância? E as

outras "drogas" ilícitas? Qual a diferença principal nesta abordagem,

e quais princípios norteiam a proibição, tratando todos usuários como

doentes, ou como pessoas com pouca capacidade de julgamento do que

é "bom" ou "ruim"? O que é "bom" e o que é "ruim", em nossa sociedade

de valores consumistas? Podemos, realmente, empregar o termo "droga",

assim no singular, pretendendo fazer referência a toda uma vasta gama

de substâncias, algumas bastante diferentes de outras?

Será possível eliminar toda e qualquer demanda por psicotrópicos,

quando a Antropologia e a História nos informam que todas as

sociedades humanas, em qualquer região do globo ou período histórico,

fizeram uso (religioso, terapêutico, recreativo ou produtor de laços

sociais) de alguma substância ou prática alteradora da consciência? E

se o insucesso do modelo proibicionista o acompanha desde seu

surgimento, é possível atribuir a atual situação a um mero "erro" na

aplicação desta política pública? Até que ponto esta situação de

desinformação, distorção e estigmatização se afasta de uma idéia

de "bem comum" e se aproxima de certos interesses particulares?

Se tentássemos responder a tudo isto em somente um encontro (ou em um

artigo), certamente nos faltaria tempo e espaço.

O importante é que, nesta mera formulação de perguntas, se constrói

uma certeza: qualquer abordagem que se proponha a estudar o uso de

psicoativos deve possuir, também, uma ótica científica sociológica e

antropológica, firmemente apoiada em dados históricos, como deve ser –

e não possuir apenas uma ótica biológica, que, afinal, só estuda uma

substância quando esta já foi administrada em um corpo. Qualquer

explicação das decorrências deste uso em uma larga escala de

indivíduos, a partir de biologia, se torna cientificamente

insuficiente para aquilo que os próprios médicos dizem ser

um "problema social".

Hoje em dia, há também uma distorção da palavra "legalização".

Tentamos chamar a atenção, nos nossos eventos, para o fato de que um

processo de legalização é uma política a ser ainda projetada,

resultando de estudos sérios acerca das nossas condições sociais.

Entendemos que eventos como este, que começamos a realizar

primeiramente no ambiente acadêmico (criando oportunidades para que

mais pessoas, de diversas áreas, se juntem ao grupo), contribuem para

que comecem a ser apontadas alternativas a este modelo

proibicionista. Anti-proibicionismo é diferente de pró-legalização,

neste sentido, uma vez que existem várias formas de se dar esta

legalização - muitas delas não-desejáveis, como uma simples

apropriação deste mercado ilegal por grandes indústrias, por exemplo.

De fato, abandonando de vez qualquer utopia de "paraísos livres de

drogas", nos cabe reconhecer que o possível, aqui e agora, é

trabalhar pela redução dessa demanda, não tendo no horizonte a ilusão

de que se possa, primeiro, vigiar as populações para que nenhum

indivíduo faça uso de substâncias tornadas ilícitas e, segundo e

ainda mais absurdo, nutrir a ilusão de que se possa, legítima e

praticamente, impedir uma pessoa de desejar alterar sua percepção. O

que se pode, e se deve, fazer, é informar reiteradamente acerca dos

riscos do uso de certas substâncias, impedir qualquer propaganda ou

incentivo a esse uso, fornecer atendimento médico àqueles usuários

que se tornam dependentes (um índice variável de substância para

substância, mas quase sempre minoritário dentro do universo dos

usuários) e que desejarem abandonar o consumo e, por fim, oferecer

alternativas de compra dessas substâncias por parte dos usuários, sem

que isso implique na legitimação de corporações criminosas capazes de

impor o terror a pessoas que nada tem a ver com quem quer

usar "drogas".

***

Princípio Ativo é um misto de grupo de estudos e movimento social

formado em Porto Alegre em maio de 2005 por estudantes e

profissionais de diversas disciplinas e áreas de atuação e

conhecimento. O grupo se propõe a produzir e disseminar informação e

reflexão acerca de drogas e políticas de drogas no Brasil, fomentando

o debate público e aberto em busca de alternativas ao proibicionismo

atualmente em vigência.

Fundamentando sua atuação nos princípios dos

Direitos Humanos, o Princípio Ativo defende, a partir de uma

perspectiva isenta de preconceitos acerca de usos e usuários de

psicoativos, a construção de modelos de regulamentação da produção e

do uso dessas substâncias que não sejam pautados pela mera proibição

e repressão. As abordagens proibicionistas e repressivas, no entender

do grupo Princípio Ativo, geraram, ao longo das últimas décadas, mais

e maiores prejuízos à sociedade do que o próprio consumo das drogas

proscritas, tornando uma necessidade urgente o debate e a construção

de alternativas a essa forma de pensar e de agir em relação aos usos

de psicoativos. O Princípio Ativo acredita na possibilidade de

construção de uma nova política de drogas, mais justa, humana e

condizente com a realidade social e cultural do nosso país.

Contatos: principioativo.rs@...

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[1] Tal abordagem ao termo é utilizada por Maurício Fiore em seu

artigo "Tensões entre o biológico e o social nas controvérsias

médicas sobre uso de 'drogas'"(Caxambú, 2004). Segundo o autor, as

aspas são um sinal gráfico eficiente por demonstrar que certas

palavras possuem significados diversos, refletindo determinadas

ideologias que devem ser deixadas de lado conforme a abordagem.

[2] "Grass" (Ron Mann, Canadá - 1997) é um documentário que mostra

como surgiram as primeiras leis de proibição da cannabis nos EUA, bem

como alguns dos interesses políticos em torno desta proibição, se

utilizando de um vasto material, tanto de relatórios oficiais da

época, quanto de produções culturais que refletiam posições diversas

sobre o tema, da década de 20 até os dias atuais.

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  • 3 weeks later...

Po, iniciativa MUITO LOUVAVEL... alem dos parceros do rio grande nao terem visto/postado por aqui, acredito que iniciativas como esta so tendem a crescer e ganhar espaço, nao visualizei o link dos cartazes, mais eles sao importantissimos pra divulgaçao em massa desse grupo de estudos...

Aguardo ancioso, o tema de sua proxima reuniao, um abraço do companheiro nordestino !!!

PAZ

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  • 5 weeks later...
  • Usuário Growroom

Fiquei bem interessado nos processos e resultados deste grupo de estudos, principalmente pela clareza e segurança com que o texto postado criou uma síntese do pensamento antiproibicionista. Assinei a lista do grupo pra ficar mais perto da movimentação de idéias.

Vocês criam atas dessas reuniões? Poderiam colocar aqui no Growroom pelo menos parte delas. Fiquei curioso pra saber qual foi o discurso dessa convidada. Ou sei lá, de repente vocês já mandam pelo grupo...

De qualquer forma, acho que textos como esse no Growrrom só tem a acrescentar. Tão importante pra cabeça de quem já se liga há algum tempo na fumaça dos beques mas tá começando a se ligar pra no que tem além dela e procura aqui informação, seja pra fazer seu plantio e quebrar mais um pouco de duas estruturas perversas pra caraleo - o tráfico e atmosfera pesadona de preconceito, desinformação e dedos apontados.

É nóis quebrando tudo isso.

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  • Usuário Growroom

E aí diego.. blz?

O que a marta conte nos falou foi basicamente aquilo que tem na matéria que o lamotta postou, que tá aí em cima. Este mesmo texto foi publicado em um site aqui de porto alegre, o dissonância. Tem até algumas fotos do evento

http://www.dissonancia.com/2005/125-05.htm

Notícias em breve sobre a mobilização em porto alegre para os eventos de maio.

MUITO IMPORTANTE: Consultem também os sites www.neip.info ou www.psicotropicus.org além do growroom, e procurem informações sobre a marcha a serem realizadas na cidade mais próxima!

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