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A veja da maconha - Materia da trip sobre a High T


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  • Usuário Growroom
A VEJA DA MACONHA

Sucesso editorial, a revista High Times, que se dedica à"cannabis culture", merece uma tese. Em entrevista exclusiva, seus editores Steven Hager e Peter Gorman falam como se impõe no mercado de publicações americano, defendendo o uso consciente da erva e denunciando a politicagem que envolve sua legalização.

reportagem e fotos: VaváRibeiro

texto: Fábio Massari 

Peter Gorman  Steve Hager

A revista norte-americana High Times - bíblia dos maconheiros convictos - foi fundada em 1974 por um visionário (anti)herói da contracultura chamado Gary Goodson, mais conhecido como Tom Forcade, ou Thomas "King" Forcade, ou Reverendo Forcade, para os íntimos. A máxima "live fast die young" caiu como uma luva para o alucinado Forcade. Sua vida foi uma aventura cinematográfica em fast-forward, um grande delírio proto-psicodélico, com gigantescas bad trips. Se meteu com os Sex Pistols e com Woodstock; uniu o "underground" americano através do seu Underground Press Syndicate; liderou os "yuppies", fundou os "zippies" e depois brigou com todo mundo; foi perseguido pela CIA e FBI; provocou a morte de seu melhor amigo numa manobra ilegal espetacular e... se suicidou aos 33 anos.

A história da High Times épontuada por momentos razoavelmente distintos. O período de 1974 a 1978 representa os momentos mágicos de surgimento e estabelecimento de um canal para a cultura da maconha, agindo como agente catalisador de atitudes contraculturais, que viriam a definir posturas com relação a todo establishment rançoso que se intrometesse no caminho.

Setembro de 77:

Um patrimônio jornalístico norte-americano. O homem do "gonzo" (matriz do texto praticado por muitos da revista), abre o bico: È o fora da lei mor Dr. Hunter S. Thompson.

Segundo Hager, "a revista perdeu seu foco depois da morte de Tom". No período que vai do finalzinho dos anos 70 até83, a High Times viveu de festas, de atmosfera selvagem, com a cocaína dominando a cena. Foi aíque a revista perdeu público, sórecuperado com a eliminação total do póe com a volta às origens editoriais políticas, com ênfase no aspecto social da cultura da maconha e destaque para o cultivo. "Ao invés de lidar com o traficante, incentivamos o público a plantar sua própria maconha. Isso deu nova vida àrevista", ensina Hager. 

Novembro de 80:

Os delírios sonoros do fundador Tom Forcade partem para a briga. O tiozinho doidão da tradição americana, Willie Nelson; o escrotinho doidão da anti-tradição britânica Johnny Rotten, e o antológico título: "Essa capa não égrande o suficiente para nós dois".

 

No final dos anos 80, a High Times impõe novos ritmos às tribos devotas àmaconha, instaurando definitivamente o "hemp moviment". De lápara cá, não parou de crescer nos EUA e no mundo, conquistando a cada dia aliados importantes na briga contra uma "situação intolerável", como definem os editores. 

Fevereiro de 89:

Uma das várias capas de outro doutor da família High Times, o Dr. Trips, Jerry Garcia. Numa das chamadas, uma pérola: "Fumamos bananas com David Peel". O David "Casca" émais um dos heróis "cult" da contracultura americana, que em 68 lançou com a banda Lower East Side o dope classic Have a Marijuana, de onde saiu a música hino I like Marijuana. Em 72, John Lennon produziu um disco de Peel chamado The Pope Smokes Dope (Peel estávivo e continua doidão).

A High Times ultrapassa a barreira dos 20 anos de atividade em plena forma. A idéia de que a revista épuramente panfletária éum estigma que não incomoda mais seus responsáveis, nem seu público. Afinal, as tão faladas cotações do mercado da maconha que a revista apresenta a cada edição, e as deliciosas e proibidas receitas de comida àbase da erva não passam de meros coadjuvantes numa estrutura editorial muito mais rica, instigante, perigosa. 

Agosto de 95:

Uma das melhores de todos os tempos. Um alienígena com um baseado. Nos olhos do ET, os campos de erva. "Leve-me ao seu 'dealer'".

 

Por trás do tratamento de superstar concedido àplanta, a High Times joga com lances jornalísticos de fazer inveja, de fortes implicações sociais, políticas e culturais. Do acompanhamento das ações oficiais e ilegais no processo de desenvolvimento das técnicas de plantio, tratamento industrial e uso médico da maconha às mais delirantes incursões filosóficas, religiosas e espirituais, passando por denúncias complexas, High Times acontece. 

O HOMEM DA CANNABIS

Editor da revista mais odiada pelo F.B.I. e C.I.A.; a High Times, especializada na cultura cannabis, Steven Hager, 44 anos, éuma das cabeças mais polêmicas da imprensa norte-americana. Ele articula (e imprime) um jornalismo que mescla doses de hedonismo, aventura, verdade e informação, no estilo "doa a quem doer". Híbrido de Lou Reed e Tom Wolfe, Hager éo maior responsável por perpetuar o sucesso editorial da High Times. Em entrevista exclusiva, Hager recrimina a imprensa norte-americana e acusa o governo Clinton de tráfico de drogas

Como a High Times entrou em sua vida?

Um amigo me convidou para ajudar na revista. Depois que Tom morreu, a revista perdeu o foco original, virou um fanzine de festa, com muita cocaína e drogas pesadas. Eu entrei hádez anos para buscar as bases originais. Uma revista política, que defendesse as aspirações e objetivos da cultura cannabis, incentivando a filosofia de plantio próprio.

Qual o perfil do leitor da H.T.?

Existem basicamente dois: os velhos hippies Jerry Garcia e a nova geração de Rave, Ciber Punks. Somos muito populares na faixa dos 19, 20 anos. Como funciona uma revista nos Estados Unidos, divulgando e incentivando o uso de drogas ilegais?

O governo não gosta de nós. Já tentaram nos desativar. Mas temos o direito constitucional de imprimir a informação. A liberdade de imprensa na América éprotegida e nós não concordamos com a política adotada pelo governo a respeito da cannabis. Nós acreditamos que éa planta ecologicamente mais eficiente do planeta. Mas o governo não acha isso. Não tem meio termo: ou estamos certos ou eles estão.

Vocês têm algum interesse no Brasil?

Yeah, a gente sempre manda um repórter se infiltrar pela América do Sul. Peter Gorman estásempre lá. 

  Se vocês tivessem um canal na TV norte-americana, que tipo de programação ou informação vocês passariam?

Poríamos a verdade sobre a guerra contra as drogas. O governo conspira para vender drogas pesadas e a CIA éenvolvida com o tráfico de heroína e cocaína. Ao mesmo tempo, o governo sabe a verdade sobre a cannabis, que éa melhor medicina para a gloucomia, asma, AIDS, câncer, escleroses, dor de cabeça... Eles sabem disso, mas tentam esconder do povo. Basicamente, a situação é: o governo quer prender, perseguir pessoas doentes, se recusa a aceitar o uso industrial, farmacêutico, religioso e o direito espiritual. Isso tem que mudar.

Qual seria a principal corporação contra a legalização da maconha?

Com certeza, a indústria farmacêutica. Èum mercado de bilhões de dólares. Medicina e farmacêuticos não deveriam ser fontes industriais voltadas ao lucro. Em outras palavras, elas tiram o dinheiro de pessoas doentes com a finalidade de capitalizar bilhões de dólares. Nós deveríamos cuidar dos doentes, ricos ou pobres. Sendo assim, eles controlam todas as patentes de drogas sintéticas, se opondo a qualquer tipo de medicina natural.

Qual a linha de jornalismo que a H.T. busca?

Basicamente, o bom, a verdade, algo que acrescente ao povo. Qualquer coisa longe do jabásobre as celebridades que a maioria das revistas americanas faz. O jornalismo édecadente nos Estados Unidos, 90% do foco évoltado para fofocas sobre estrelas do cinema e etc. Isso não nos interessa enquanto a CIA estámatando e mentindo para o povo.

...se você

quiser fazer grana

como jornalista, você tem

que escrever sobre

celebridades."

Quais são os pré-requisitos necessários no currículo para trabalhar na H.T.?

Alguém que saiba escrever honestamente, pesquisar a fundo e juntar as peças para uma história interessante. Não existem muitos jornalistas interessados em trabalhar para a cultura cannabis porque não existe muita grana, nem futuro. Ninguém fica rico escrevendo sobre a corrupção do governo nos Estados Unidos. Pelo contrário, se vocêquiser fazer grana como jornalista, vocêtem que escrever sobre celebridades.

Em uma das capas, no passado, vocês colocaram o ex-presidente Jimmy Carter com uma colher de cocaína no nariz. Vocês acreditavam, na época, na ligação do governo americano com o Cartel de Medellin?

Não, mas havia pessoas no staff de Jimmy Carter que usavam muita cocaína. Ele, pessoalmente, não usava. Foi uma das melhores capas que a revista jápublicou, mas não foi justo com Jimmy Carter.

Vocês se meteram em encrenca por causa disso?

O que ocorreu éque Jimmy Carter era a favor da legalização da maconha. Depois do fato, ele mudou de política, o que, na minha opinião, atrapalhou todo o processo de legalização.

E se Clinton estivesse na capa do próximo número? Qual seria a chamada?

Clinton éum político incrivelmente corrupto. Se fôssemos falar alguma coisa sobre ele, não seria nada bom. Acho que ele tem conexões com o aeroporto de Arkansas, onde entra cocaína e saem armas. Ele era o governador de Arkansas na época e, certamente, ele sabia o que se passava naquele aeroporto.

E essa história dele fumar, mas não tragar?

Acho que ele já fumou muito.

Como vocês conseguem tantas informações confidenciais sobre atividades ilegais do governo?

Èbem fácil. Èsóseguir a trilha do dinheiro. Vários livros jáforam escritos sobre o envolvimento da CIA com o tráfico de drogas. Uma vez, o tenente-coronel Bough Rytz, astro da guerra do Vietnã, reuniu-se com Cuntah, que era o senhor da Guerra do Òpio, na Birmânia, e gravou um vídeo com Cuntah declarando que Richard Armatage - na época assistente pessoal de George Bush - era seu maior comprador de heroína. Bough Rytz filmou e mostrou o vídeo em frente ao Congresso e, três dias depois, foi preso. Em vez de prenderem Armatage e revelarem ao público toda a trama, eles prenderam o cara que tentou mostrar a verdade. Este éo ponto. O difícil não édescobrir o que acontece, mas sim conseguir justiça.

"O governo

não gosta

de nós"

Vocês têm diversos contatos e conhecem bem traficantes e conexões. O que impressiona écomo vocês não sofrem atentados e pressões políticas do governo!

Porque, no passado, nunca funcionou. E pior: nos dápublicidade. Quando eles nos prendem, nós berramos e o resto da imprensa se sente ameaçada e nos protege. O que eles tentam énos ignorar e rezar para nós sumirmos. Mas isso não acontecerá.

O que vocêespera para o futuro da situação da cannabis?

Gostaria que fosse legalizada, que as pessoas tomassem consciência que gera benefícios econômicos, ecológicos, medicinais e espirituais para todos.

Qual seria o maior passo a ser dado para a legalização?

Temos que provar economicamente que o Hemp éa solução e traz lucro. Na hora em que Wall Street vir o dinheiro que se pode lucrar, eles vão querer a legalização.

Vocêtem algum conselho para as organizações em prol da legalização no Brasil?

Continuem a provar que éuma solução inteligente e ecológica. Use com responsabilidade, pois quanto mais vocêfuma, menos vocêobtém da planta. Se vocêfumar o dia todo, não estaráse beneficiando. Se vocênão tem um motivo médico para fumar o tempo todo, não o faça. Nós temos que ensinar as pessoas a usarem a cannabis de uma maneira inteligente.

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    • Salve galera, a quanto tempo eu não passo por aqui, caraca. Seguinte, estou passando por uma situação que nunca tinha me acontecido antes e gostaria de saber se alguém aqui já teve esse problema e se teve, como resolveu. Meu substrato está baixando o pH sozinho e muito. Eu faço rega com pH 6,35 por exemplo, como fiz hoje, e o run off sai com 5,2 e até 5,0. As plantas já estão na 2 semana de flora só que já  estão apresentando deficiências, as folhas se dobrando em garra, parecendo over de N, e elas estão bem  verdes mesmo. Estou usando um substrato 50/50 perlita e turfa. Quantos mais dias eu demoro pra fazer a proxima rega, mais ácido parece que fica. Usando Remo nutrients, iluminação LED 350W num grow 80x80. São 5 plantas automáticas, 4 na flora e uma no início da vega. Abaixo fotos.
    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
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