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No Rio, tráfico de droga lidera condenação


Weedy

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  • Usuário Growroom
TALITA FIGUEIREDO

Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Rio

De 2001 a 2004, o tráfico de drogas foi o crime mais comum praticado por menores do Rio de Janeiro. É o que mostram as estatísticas disponíveis da 2ª Vara de Infância e Adolescência do Rio.

Nesse intervalo, 4.472 crianças e adolescentes foram condenados por tráfico --menores de 18 anos recebem medidas socioeducativas, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente. É um número superior ao de condenações por furto, segundo mais comum no mesmo período, com 4.239 registros.

As condenações por tráfico superam também as por roubo, quando comparado o período de 2001 a 2003 (em 2004, o registro de 78 roubos é muito baixo e está provavelmente subestimado, segundo a 2ª Vara da Infância e Adolescência). Foram 3.593 casos de tráfico nos três anos, ante o número de 2.881 roubos.

O ano que registrou maior número de condenações por tráfico foi o de 2002, com 1.378 casos. Nos dois anos seguintes, houve queda e, em 2004, o ano terminou com 879 condenações.

No entanto, de acordo com o juiz titular da 2ª Vara, Guaraci Vianna, isso não significa um afastamento das crianças do tráfico. Para ele, o que gerou essa redução foi uma repressão policial menos eficiente.

O exército mirim do tráfico é formado por crianças como Alexandra, nome fictício da adolescente de 13 anos que confessou, na semana passada, ter participado do ataque ao ônibus 350, em que cinco pessoas morreram carbonizadas. A mando do traficante Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, ela ajudou outros criminosos a incendiarem o veículo.

Há várias razões que levam jovens como Alexandra a se juntar ao tráfico. Uma das hipóteses, segundo Vianna, é que o risco de ser pego pela polícia é menor no tráfico. "No roubo, o risco é por empreitada. No tráfico, é só por iniciativa da ação policial. Se tivermos 10 mil bocas-de-fumo no país, a polícia não vai esvaziar todas de uma vez. O risco é menor do que num roubo porque pode haver uma reação da vítima ou uma perseguição policial."

Para o professor Carlos Alberto Messeder Pereira, 54, autor do livro "Linguagens da Violência", as crianças se envolvem no tráfico porque seu dia-a-dia só lhes oferece essa possibilidade. Por viverem perto do crime, acham que faz parte da normalidade andarem armadas, serem vítimas de atos violentos e estarem expostas ao consumo de drogas.

Após o tráfico, o furto e o roubo, o crime que levou mais menores à condenação de 2001 a 2004 foi o de lesão corporal (2.850 casos), seguido do uso de droga (2.229). Crimes mais graves aparecem em número menor. Foram 205 homicídios no período.

Para Vianna, os crimes cometidos por menores ficaram mais violentos. "Antigamente, as brigas eram um contra outro, agora são grupos. É só ver um baile qualquer. São sempre grupos de garotos contra outros."

Em São Paulo, o roubo qualificado --uso de arma de fogo-- lidera as internações na Febem. Dos 6.625 internos, 54,2% praticaram esse crime. O tráfico é o segundo, com 10,8%, seguido pelo homicídio, com 9,3%. Para o juiz Eduardo Gouvea, que por sete anos trabalhou na Vara da Infância e da Juventude, não é possível afirmar que, em São Paulo, o número de adolescentes envolvidos com o tráfico é menor em relação ao Rio. "A única fonte de informação são as estatísticas da Febem, que se referem às prisões que a polícia consegue fazer."

Fonte: Folha Online

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