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Um 16 que virou 12 - Trip


Eggy

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  • Usuário Growroom

O sol quente de fevereiro começa a esquentar o asfalto da rua Voluntários da Pátria. O repórter está perto de perder a conta das vezes que enfrentou as filas de visitas que desembocam na portaria da Casa de Detenção de São Paulo. A cada visita passava por quatro triagens rigorosas, desde a entrada até a saída. Para qualquer reportagem dentro do megapresídio, é necessária autorização do juiz corregedor, do secretário adjunto da administração penitenciária e, finalmente, do diretor geral, Walter Erwin Hoffgen.

O detento resistira a dar entrevista. Já sofrera o bastante. Apesar de ter sido flagrado comprando uma quantidade razoável de maconha, seu caso era consumo (artigo 16) e, por dezenas de motivos lógicos ou não, acabou puxando um 12 (tráfico). Condição para falar: que seu rosto, nome, sobrenome e apelido fossem omitidos.

Fotógrafo, 33 anos, "X" insiste que não precisava vender droga para ganhar dinheiro: "A maconha era para meu consumo e para meus amigos. Não me considero um traficante." Trancado numa cela do Pavilhão 2, ele é uma prova gritante de que a legislação brasileira sobre tráfico e consumo de drogas tem de ser revista. Com urgência.

FLAGRANTE:

"Fui enquadrado em um processo no artigo 12 (tráfico), pois tinha amizade com um traficante que a polícia já estava na cola e me pegaram com maconha. Era uma quantidade razoável para o meu consumo, em torno de um quilo, só que metade do produto era palha tosca, como muita semente e galho. Fui preso na porta da casa do traficante."

JUSTIÇA:

"Não digo que seja totalmente injusto o que aconteceu, pois não me considero completamente inocente. Fui consumidor da droga, mas o castigo está sendo muito grande pelo fato de ser enquadrado no artigo 12 (tráfico), e de não estar vendendo a droga. Era apenas um viciado, não um traficante."

"Fui preso na porta da casa do traficante."

VIDA ANTES DO CARANDIRU:

"Morei em diversas regiões nobres de São Paulo, estudei nos colégios mais tradicionais da cidade, nunca na periferia. Minha vida se resume em bons amigos, excelentes escolas e uma maravilhosa família. Tenho o colegial completo e outros cursos paralelos. Fui piloto de helicóptero, sou formado em fotografia, fiz curso de mergulho e trabalhei com cinema. Sempre frequentei a noite. Hoje, sonho diariamente com mulheres. De dia, evito pensar nelas para não enlouquecer. Quando estava nas ruas, tinha muitas regalias e mordomias. Sempre frequentei altas festas, tive gatas maravilhosas. Fui várias vezes para Europa. Morei em Londres, em Amsterdam, minha visão de mundo é, com toda a modéstia, cosmopolita. Sempre me adaptei na boa com outros povos."

SONHAR NA CADEIA:

"O único momento em que você se sente livre é no instante em que está dormindo e sonhando - não se sente preso. A cabeça, corpo e espírito conseguem se livrar desse lugar. O pior momento é quando você acorda e vê as grades. O que choca também é a convivência com certo tipos de pessoas. O problema aqui não é só o fato de estar preso, é a convivência. Só se fala de armas, matar e roubar. Eu não faço parte deste meio. A cabeça, às vezes, fica carregada e é dificil viver à parte desse turbilhão."

"Não aguento mais fazer castelo."

PLANOS PARA O FUTURO:

"Eu não sei o que vai acontecer com a minha vida quando sair daqui. Sei que vou ficar bem afastado de uma série de coisas. Mudou muito a minha vida. De certas amizades que podem me trazer problemas de novo, quero distância eterna. A turma da voduzagem, pode ter certeza que, na minha jugular, não vai mais mamar. Não sei o que vou fazer da minha vida no futuro, talvez não fique mais no Brasil. É provável que retorne para Inglaterra. O que mudou muito minha vida foi o lado espiritual - antes, era um grande vácuo, eu nunca havia trabalhado este potencial. Aqui na cadeia, sinto que estou evoluindo espiritualmente."

PREOCUPAÇÕES NO PRESÍDIO:

"Aqui, você pensa nas coisas de lá de fora, mas a preocupação maior é aqui dentro com o seu dia-a-dia. Eu me preocupo com o que vou comer, o que vão trazer de comida da rua para mim, quem vem me visitar, como vai ser o meu trabalho, o dia seguinte. Na realidade, penso e reflito sobre as coisas simples. Se começo a pensar nas coisas de fora da prisão, eu enlouqueço. Olho ao meu redor e só vejo grades. Não dá para ficar na ficção - a realidade aqui é foda."

AMIZADE NA PRISÃO:

"Tenho algumas amizades de pessoas que considero amigas. Você deve tomar muito cuidado com as relações. Meus amigos verdadeiros são minha família e os chegados que estão vindo me visitar aqui na prisão. Pessoas aqui são conhecidas e, na gíria da prisão, são chamadas de "truta". Tem pessoas que me ajudam aqui, mas é algo muito relativo."

QUANTO TEMPO FALTA PRA SAIR:

"Artigo 12 só dá direito a uma condicional de 2/3 da pena, pois é um crime hediondo. Trabalhando aqui dentro, eu posso ter bom comportamento e, com 2 anos e 3 meses, na pior das hipóteses, eu posso estar nas ruas. Já cumpri 1 ano da minha pena e falta, então, mais 1 ano ou 1 ano e meio. E a cada três dias que trabalho, um dia é descontado da minha pena."

"Sou a favor da legalização da maconha."

DROGAS:

"Desde que entrei aqui na detenção, parei com tudo. No Distrito Policial, onde fiquei no início da prisão, foi diferente. Lá, as drogas rolam soltas. Imagine você num espaço que só comporta 8 pessoas, mas, na real, estão p rensadas 25 ou 30 pessoas. Ali, naquele sufoco, ninguém tem perspectiva de nada , não se faz nada, você não trabalha. O que tem para se fazer é apenas se drogar."

"Para os meus amigos e prá todo mundo que consome a erva, fiquem sabendo que sou a favor da legalização do consumo da maconha. Espero que o governo consiga analisar essa questão com muito carinho. Pôr um viciado dentro da prisão para cumprir três anos de pena não é justo e não corrige ninguém."

DESABAFO: "Parei de trabalhar, parei de ver as pessoas. Tinha muitas perspectivas com minha vida, estava retomando meu trabalho de fotografia. Estava levando uma vida legal, tinha o meu próprio apartamento totalmente reformado, praticava natação, ciclismo. Viajava quase todo o fim de semana. Por causa de uma maconha palha que eu nem considero droga, interrompi minha vida. Porra! Grande parte da população brasileira fuma um baseado e grande parte da classe dirigente detona o nariz cheirando cocaína. Para mim, a visão das ruas é cavernosa e o que me deixa mais enojado é que fui preso por isso."

AMADURECIMENTO:

"Mudei muito dentro da cadeia. Continuo sendo um cara de bom coração, vi o lado do crime e da bandidagem que jamais pensei estar defronte. Tem pessoas que você conversa, troca idéia e que têm 5 ou 6 homicídios. O que você aprende aqui dentro é para sair com PHD de bandido. Estar preso não melhora em nada a sua vida. Jamais aprenderia nas ruas certas manhas e malandragens."

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  • Usuário Growroom

na boa...

mas não levo muita fé nessas histórias não...

todos os presos clamam injustiça e sempre dão um ar de novela nos seus dramas pessoais...

hummmmmmmmm.....1 kilo de fumo na mão? Amigo de traficante? hummmmmmmm.......

E se o cara da entrevista tivesse essa boa vida toda, ia dar moleza pra ser preso com 1 kg na mão....na porta da casa do trafica? hummmmmmm..........

Se a história do carinha aí fosse verdade, qqr advogado relaxava a prisão dele ( pra responder em liberdade, NÃO que seja absolvido, entendem???) e sabe o que ele faria?

PINOTE! :(

Ia pra holanda, pro Paraguai, etc...melhor do que ficar dando bobera e sair uma condenação...

Na boa, mas isso aí é lorota de cadeeiro...eu já ouvi muitas....

Valew!

;)

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  • Usuário Growroom

Tráfico é um negócio que gira em torno de muita grana. É possivel que o cara não fosse apenas consumidor, e talvez um "Vaporzinho". Mas traficante, é meio foda pq se não o cara teria grana pra pagar um bom advogado e se livrar, ou pelo menos responder em liberdade.

O cara tinha uma profissão rentavel, não precisava traficar.

Mas eu entendo seu ponto de vista Slum. Você já deve ter visto muita sujeira por aí. Muito neguinho devendo até o pescoço, jurando que é inocente.

Mas já imaginaram ser um usuario e ser preso como traficante? Conheci um cara que fumava pedra. Um dia a policia achou uma só pedra, dividiu em duas e forjou um 12 pro cara. És fueda!

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