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"O QUEBRA-CABEÇAS DO TRÁFICO NO RIO"


marcineiro

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  • Usuário Growroom

"O QUEBRA-CABEÇAS DO TRÁFICO NO RIO

A televisão mostrou não faz muito tempo imagens de ofertas (“leilões”) de drogas em algumas favelas do Rio e, instada pelo então governador a verificar a mesma oferta em áreas de classe média, obteve imagens previsíveis de tráfico na zona sul da cidade. O prefeito da cidade aproveitou a “deixa” para proclamar que a polícia está deixando o tráfico “correr solto” ou mesmo protegendo os negócios em troca de menos violência nas áreas afetadas. O que há de verdade nesses discursos políticos e o que está em jogo, para além de interesses eleitorais da conjuntura, é que a realidade do tráfico de drogas na cidade mostra-se abrangente e duradoura, atravessando governos e resistindo às sucessivas invasões, pela polícia, de áreas controladas por traficantes e superando mesmo a prisão continuada de seus principais líderes nos últimos vinte anos. Seria insano atribuir ao governo atual a responsabilidade de encerrar em pouco tempo o que já encontrou consolidado e resistente a vários governos durante tanto tempo. Mas uma questão permanece: como é possível aos traficantes, do atacado e do varejo, permanecerem com tanto poder após terem se tornado os principais alvos da polícia há quase duas décadas?

Há várias razões e nenhuma é suficiente para dar uma explicação completa:

1. o consumo de drogas não responde apenas a uma demanda inercial, mas é também produzido pela oferta;

2. a oferta se beneficia de uma estrutura não verticalizada, com várias redes de atacado sobrepostas e inúmeras redes de varejo - os chamados “comandos” são antes denominações simbólicas de proteção de presidiários do que uma organização formal e complexa como a que chegou a ocorrer no jogo do bicho;

3. a alta e rápida lucratividade desse mercado informal e ilegal continua a atrair jovens pobres (ou mesmo de classe média) para o “ganho fácil”, apesar dos altos riscos de prisão ou morte reconhecidos por todos os que entram para o chamado “movimento”;

4. uma parcela significativa de policiais, agentes penitenciários e outros agentes do Estado “vende” proteção e outras “mercadorias políticas” (expropriadas de suas funções no Estado) a traficantes, permitindo assim a sua impunidade e, mesmo quando presos, a continuar controlando parte de seus negócios fora da prisão;

5. diferentes interesses, de setores bem posicionados na economia e na política, conseguem impedir o desbaratamento das principais rotas do atacado (inclusive de armas), a maior parte das quais destinadas ao mercado externo.

Não se pense que a questão do tráfico tem solução rápida e fácil. Todas as vezes que se pensou assim, incrementou-se ainda mais alguns dos fatores que realimentam o mercado de drogas e armas, num círculo vicioso infernal que produz mais violência no varejo e menos apoio das comunidades pobres à ação policial. Diante desse desafio, é preciso uma ação continuada, que priorize a investigação das redes do atacado e diminua o poder dos interesses que invalidam ou tornam juridicamente inócuos os resultados efetivos dessas investigações. O varejo é função do atacado e da pobreza urbana e não adiantará nada lotar as prisões de pequenos traficantes (ainda que perigosos) se seus fornecedores continuam a atrair outros jovens para sucedê-los no atrativo e arriscado negócio. Aqui, a simplificação do problema simplesmente pode provocar seu aumento, que é o que vem ocorrendo há décadas. Há muitas violências envolvidas nesse círculo vicioso, mas apenas a evidente violência do varejão ilegal ganha notoriedade, como aconteceu recentemente com o assassinato do jornalista Tim Lopes (que fez a reportagem para a televisão citada mais acima). Nesse caso, a indiferença pública pelos milhares de assassinatos semelhantes ocorridos nas favelas nas últimas décadas, que jamais foram esclarecidos ou punidos, não deveria ser incluída também na denominação “violência urbana”? Mais uma vez, a violência parece habitar apenas a casa dos outros..."

Michel Misse

Doutor em Sociologia, é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ. É também pesquisador do Instituto Superior de Estudos da Religião-ISER e Membro do Conselho Consultivo do Centro de Estudos Transdisciplinares da Consciência/Escola de Comunicação/UFRJ.

<_< Isso realmente me intristece e dasanima... só para discrever quem é esse M M foram necessárias cinco linhas!!! O cara fez uma análise coerente (não tão profunda mas correta), porém não consegue verum palmo 'a frente. B)

O homem, desde quando era macaco sempre se drogou e não vai parar tão cedo. A solução não é uma política forte e direcionada, a longo prazo e que deve custar milhões $$$$ para eliminar as drogas. Acorda MM , a solução é a curtíssimo prazo, é de grátis e diminuirá grande parte dos problemas de violência, nao todos , mas boa parte. Acorda brasil , liberdade e elgalidade para todos!!!

Mas pelo que parece...não vai ser fácil, nem rápido. infelizmente.

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  • 4 weeks later...
  • Usuário Growroom

Brother, esse questão é delicada, mas sempre soa repetitiva.

O poder público é um LIXO. Todos os políticos q estão e estiveram aí, resumem suas intenções a meros projetos de manutenção de poder!

O cara tá no poder, e o maior desejo dele qto político é ... CONTINUAR NO PODER.

Ele num tem um desejo sincero, de "acabar com o tráfico", "melhorar o transporte público" ... "melhorar a saúde no Brasil"... "acabar com a fome"

(Esses são temas q ficam lindos nos videozinhos dos programas eleitorais desses parasitas)

Mas no poder, o q o cara quer de fato, por exemplo, num é "acabar com o tráfico".... sentado naquela cadeira confortável, o prefeito ou governador.. ou etc, quer mesmo é deixar rolar o tráfico embaixo do pano, desde que o número de mortos não aumente... assim ele num tem índices de violência crescentes pra queimar o filme dele.

Se o número de mortos for menor q na gestão do prefeito anterior (do seu concorrente) então ele já se sente realizado!

E faz propagando disso... fala um monte, e coloca tudo isso como grandes feitos!

Como é suja a política brasileira... (na maior parte do mundo tb é assim..) mas ...

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