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Plantio de maconha no Paraguai está na mão de brasileiros


Thomas

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  • Usuário Growroom
A poucos quilômetros da fronteira entre Brasil e Paraguai, plantações de maconha crescem livremente no país vizinho. Do alto, chamam a atenção pelo verde vivo, entre bois e culturas de soja. Por terra, estendem-se em regiões de vale, mais úmidas e fáceis de camuflar. Prensados e embalados, saem daí os tijolos de maconha que abastecem bocas-de-fumo paulistas, cariocas e de boa parte do resto do Brasil. Entram no País em carretas, ônibus, carros e até bicicletas, alimentando vícios, chacinas, corrupção. E tendo no comando criminosos brasileiros que descobriram nas terras e mão-de-obra paraguaias seu eldorado.

"Brasileiros são hoje a quase totalidade dos líderes de produtores de maconha no Paraguai", diz o juiz federal Odilon de Oliveira. Estima-se que o país vizinho produzirá neste ano 15 mil toneladas de maconha em 5 mil hectares de plantação – há 2 anos, eram 3 mil – diz Odilon, citando levantamento da ONU.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez há duas semanas em Aral Moreira (MS) operação de patrulha na fronteira. Policiais da Divisão de Operações Aéreas, a bordo de um helicóptero Colibri EC-120, voaram sobre a linha internacional – apenas uma estrada de terra por onde muitos não arriscam passar. Um deles, Antonio Oliveira, carregava um fuzil americano Bushmaster calibre 556. "Em região de fronteira o nível de alerta sempre aumenta; vigias das plantações trabalham com armamento pesado", diz. Detalhe: o mesmo fuzil é vendido no Paraguai por US$ 1.500,00, uma ninharia para os traficantes.

A maconha consumida no Brasil vem também do Polígono da Maconha, em Pernambuco, e do Maranhão e Pará. Mas a paraguaia é considerada melhor: tem mais tetrahidrocanabinol (THC), o princípio ativo, e seus pés alcançam 3 metros de altura, o dobro do normal. Com mais produção, caiu o preço e aumentou a diversidade: há maconha mentolada, manga-rosa (com mel), tradicional. Para alguns, tal eficiência foi possível com manipulação genética, que diminuiu o ciclo de crescimento da planta. Outros consideram maconha transgênica mito. "Nunca se achou laboratório de sementes geneticamente modificadas. O que há são condições climáticas propícias", diz Fernando Francischini, da Coordenação de Operações Especiais de Fronteira

O preço da droga varia conforme a distância da plantação. Em Capitán Bado, no lado paraguaio, o quilo vai de R$ 15,00 a R$ 30,00. Em Dourados (MS), de R$ 150,00 a R$ 200,00. Em Campo Grande, R$ 200,00 a R$ 250,00. Em São Paulo, a porção de dez gramas custa R$ 5,00. Alguns traficantes dão mimos: um pouco de haxixe a quem compra maconha. "É muito comum apreendermos os dois", diz Marcos Khadur, da PRF. E impressiona a mobilidade do tráfico. Cresce a fiscalização, surgem novas rotas. "É como jogo de gato e rato", diz Oliveira.

Só não muda a cultura de violência, que surpreende quem vem de fora. Natural de Campo Grande, o promotor de Justiça Thalys de Souza até hoje não se acostumou a tanta arma - no Fórum de Amambai, onde trabalha com um promotor e dois juízes, é o único a andar desarmado. Nem ao costume que há em Coronel Sapucaia de dispensar capacete. "Usar capacete lá significa que se está indo fazer uma execução." Chama a atenção também na cidade o monte de antena de rádio. A maioria, segundo a polícia, usada por traficantes.

Juiz em Amambai, César de Souza Lima lembra de ter passado pela fronteira quando tinha 16 anos e uma "inocência danada". E agora que é juiz? "Não, hoje não. Chega carro estranho, eles (traficantes) já avisam por rádio." Em sua opinião, com segurança só se passa ali de um jeito: num blindado do Exército.

http://www.correiodoestado.com.br/exibir.a...,1,7,02-04-2006

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