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Por que a liberação das drogas como solução para o tráfico é assunto tabu?


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  • Usuário Growroom

LEGALIZE?

29/04/2006

Por que a liberação das drogas como solução para o tráfico é assunto tabu

Em entrevista recente a Marília Martins, na Revista O Globo, o carioca Chico Buarque, que não é muito de falar, abordou a questão do tráfico de drogas com coragem e clareza raras:

— É hora de se discutir esse assunto. Se as drogas são um flagelo, o tráfico é muito pior.

Chico tocou no centro nervoso: num país em que se discute tudo, por que a descriminalização do uso de drogas — e mesmo da produção e da venda — como alternativa para acabar com o flagelo do tráfico continua a ser um assunto tabu, uma imoralidade, uma inconveniência?

Entre os defensores da liberação, uns acham que o debate deveria começar por um foro internacional, de modo que não se acuse o Brasil, identificado demais com o problema, de forjar uma narcodisneylândia, uma superamsterdã tropical. Outros vêem nessa retranca um entreguismo: enquanto esperamos sentados, o Brasil consolida-se como poderoso entreposto internacional do tráfico, a violência come solta, os barões do crime organizado enchem seus cofres e penetram nas esferas da política, da economia, da sociedade. O ouro ao bandido. Tudo dominado.

Já está mais do que evidente: a proibição, no Brasil ou em qualquer país do mundo, não diminui a demanda por maconha, cocaína e outras substâncias entorpecentes — nem a meteórica atividade econômica que se organiza, à margem da Lei, para atendê-la, livre de fiscalização, controle, tributação ou arcabouço estatístico.

Com produção regulamentada e venda controlada (em drogarias?, correios?, tabacarias?), o contingente do tráfico receberia um golpe frontal. O quanto desse contingente será absorvido pelo sistema formal? O quanto permanecerá à margem? Qual a expectativa de redução nas taxas de criminalidade? A debater, a estudar, a calcular...

No aspecto tributário, abre-se uma enorme porta de arrecadação, como acontece com o tabaco e o álcool. Qual será o montante dessa arrecadação? Seria útil investi-lo em programas de prevenção e atendimento aos usuários pesados? Ou em estudos estatísticos? Na erradicação dos bolsões de resistência? Ou em todas essas frentes? O que teria a perder o Brasil transformando a questão num problema de saúde pública (hoje ofuscado pela ácida espuma criminal), como tantos outros?

Há uma grande hipocrisia aí. Alguém já viu o Ministério da Saúde advertir, nos anúncios de bebidas alcoólicas, para os perigos de seu consumo, como o faz com a nicotina? O álcool sequer é classificado como droga nas plataformas de venda ou nas campanhas publicitárias. Cadê as fotos chocantes da decadência dos alcoólatras nos rótulos e anúncios de bebida, onde soa patético o “consuma com moderação” (com moderação se deve consumir qualquer coisa, de chocolate a celular).

Alguém ainda acredita que a maconha e a cocaína são mais nocivas que o álcool, esse sistemático destruidor de famílias, provocador de acidentes fatais, incitador de brigas e de assassinatos, produtor de cirroses, tremores e delírios? Será que esta “imunidade” existe por tratar-se o álcool de substância biblicamente correta, fruto da vinha, sangue do Senhor, bebida das liturgias, ao passo que se demonizam as demais substâncias como se o Inferno estivesse nelas, e não nas almas?

Respondam-me os adversários mais ferrenhos da discussão se abririam mão de seu uisquinho de cada dia, de sua santa pinga, das dezenas de barris semanais de cerveja no bucho, em prol de uma sociedade sem álcool?

Quais seriam as conseqüências de uma Lei Seca no Brasil? Contrabando? Tráfico? Aumento nas taxas de criminalidade?

Resta saber se uma eventual liberação das drogas estimularia ou inibiria o consumo. Na minha opinião nada especializada, o consumo flutuante continuaria o mesmo, e sua diminuição dependeria da legislação sobre as maneiras de produzir, expor e vender, as quantidades permitidas, os limites, os modos de uso, as responsabilidades do usuário. O que permitiria, inclusive, uma fiscalização bem mais transparente dos hábitos de consumo, toldados pela sombra do submundo instituído.

O cronista, que não é Ministério da Saúde nem nada, adverte: este não é um libelo pela legalização. Nem contra. É a favor, sim, de um amplo debate público sobre um tema que, mais cedo, mais tarde, emergirá, apesar dos ocultos e poderosos interesses em contrário. Aliás, que interesses são esses? Das superpotências compradoras da produção latina? De bandidos disfarçados de homens de bem? Dos que escondem pó em bisteca? Da indústria armamentista? E o debate? Cadê?

Fonte:

Jornal: O GLOBO

Segundo Caderno

Página: 10

Coluna: Arnaldo Bloch

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  • Usuário Growroom

MAravilhoso o texto, fico feliz em ver grandes pensadores brasileros e formadores e opiniao ficando ao lado da legalização, e expondo argumentos irrefutaveis para uma abertura de dialogo sobre isso .

Eu tenho fé sim, que em pouo tempo poderemos fuamr nossa ervinha sem medo de ir pra cadeia .

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  • Usuário Growroom

É... sempre digo, deve se criar um espaço para o debate os tabus da maconha, sua imoralidade e, por consequência, permitir a abordagem de questões religiosas de nossa esfera social. O problema é que os moderadores proibem isso... inconclusão...

Sair por aí fazendo apologia só vai piorar, precisam de uma ideologia.

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Caro Brasil Chorando.

Não há nada que seja proibido pelos moderadores, mas sim pelas normas do fórum.

A sua afirmação é a mesma coisa que dizer que a maconha é proibida pela polícia, é claro que não é pela polícia, mas sim pela lei.

Moderador nenhum do GR toma suas decisões com base só na própria cabeça, o fio condutor sempre será as normas do fórum.

Acaso você esteja insatisfeito com alguma delas, se é que já leu, por favor entre em contato com a equipe de moderação por MP, com opiniões e sugestões.

[]´s

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  • Usuário Growroom

O mais difícil de tudo é o Brasil assumir uma postura política que seja contrário a idéia dos EUA, do mesmo jeito que a proibição começou pelos americanos, eu acho que é também por lá que vai começar a legalização. Quero deixar claro que para mim o Brasil deveria pensar em mudanças que sejam benéficas para o bem estar da sociedade brasileira e nao se entregar, como disse o nobre colunista acima, ao modelo norte americano de encarar o uso de drogas.

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  • 1 year later...
  • Usuário Growroom

Nuss eu tava doido pra postar esse link pois axei interessantíssimo, é uma matéria de 2002 da revista superinteressante, mas serve pra entender muita coisa (eu sinceramente axo q o povo da superinteressante tá do nosso lado, axo q boa parte dos redatores puxa um fumin da paz heheheh).

Ta aew o link: http://br.geocities.com/baseadoemfatos/p1/...e_a_maconha.htm

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