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O custo da Guerra Contra as Drogas


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  • Usuário Growroom

DEMÉTRIO MAGNOLI

O indizível

RICHARD Nixon deflagrou a moderna "guerra às drogas" em 1971. A estratégia traçada permaneceu imutável: atacar a oferta, promovendo uma explosão de preços capaz de comprimir a demanda. O fracasso absoluto dessa política está sintetizado no gráfico abaixo. Os preços ao distribuidor caíram incessantemente, enquanto os preços ao consumidor reduziram-se com flutuações que refletem ajustes da cadeia de produção e comercialização.

O GRÁFICO SE ENCONTA NO LINK: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2505200606.htm

Um relatório confidencial do governo britânico, de 2003, vazou para a imprensa. Ele mostra que os lucros, em toda a cadeia do tráfico, não sofreram impactos duradouros. Um consistente aumento da demanda global e a sofisticação crescente das organizações criminosas incrementaram as taxas de rentabilidade. Os custos incalculáveis da "guerra às drogas" são pagos pelos cidadãos dos países produtores e consumidores, sob as formas de expansão concomitante da criminalidade e dos sistemas policial e carcerário, mas, sobretudo, do apodrecimento das instituições de Estado e da degeneração geral do tecido social. A droga clandestina serve, eventualmente, às operações especiais. Na administração Reagan, a distribuição de crack entre jovens pobres das cidades americanas financiou, diretamente, a guerrilha anti-sandinista dos "contras". As rendas do tráfico corrompem as polícias e a política, no Afeganistão, na Colômbia, na África do Sul ou no Brasil. "Elite da Tropa", o livro indispensável de Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel, conta a história da dissolução das fronteiras entre o Estado e o crime no Rio de Janeiro. Lembo e Lula, em dobradinha sofística improvável, rimaram crime e pobreza. O destampatório do preconceito desvia os olhares da matança, primeiro de policiais, depois dos eternos suspeitos. O dinheiro da droga, devidamente lavado, irrigará campanhas eleitorais. Candidatos proporão erguer presídios em profusão. Ninguém, nem o ministro Gil, levanta a voz para propor o indizível. P.S.: Por conta da reforma gráfica, essa coluna perdeu quase um quinto do seu espaço. De que serve opinião sem fato ou contexto histórico?

e-m@il : magnoli@ajato.com.br

Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2505200606.htm

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