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Palpite Infeliz.


Luchiano

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  • Usuário Growroom
Palpite infeliz

Toda discussão séria de problemas graves anda para trás quando parte do palpite e deságua na generalização.

Em português mais simples: você pode sem susto exercer seu direito de produzir abobrinhas na arena do bate-papo. Temos todos a santa prerrogativa de alimentar a conversa, principalmente a partir do terceiro chope, com qualquer coisa que nos venha à cabeça. Quanto mais discussão provocar, mais depressa o tempo passa. Nesse tipo de foro, a leviandade é direito sagrado.

Tudo muda quando quem dita cátedra é homem público, com autoridade e mandato. Outro dia, o governador Sérgio Cabral usou uma tribuna que ocupava, por assim dizer, como pessoa jurídica — o programa“Roda Viva” da TV Cultura, segunda-feira passada — para defender a legalização de drogas leves (eufemismo para maconha: não há outras drogas ditas “leves” com importância no mercado).

Ele brandiu o argumento de que a repressão provoca danos “muito mais graves do que o uso controlado”. Não disse como é que sabe disso.

Cabral, que ainda voltaria ao assunto dois dias depois em visita ao Congresso, não estava anunciando uma política de governo. Apenas revelou, o que acentuou honestamente, uma opinião pessoal.

Mas isso é fraca desculpa: homens de Estado, quando falam em público, estão sempre a serviço.

O governador afirmou que a legalização das drogas leves pode fazer parte da solução para o problema da violência no Rio de Janeiro. Sem precedentes confiáveis (a famosa experiência holandesa não tem qualquer semelhança com a nossa), a afirmação tem o peso específico de um palpite emitido a pelo menos três chopes de altitude.

O governador teve o cuidado de ressalvar que não estava propondo solução específica e de curto prazo para o problema da violência no Estado do Rio. Mesmo assim, pisou forte na bola.

Como administrador, seu principal problema nessa área é o tráfico de qualquer substância proibida e o insuportável clima de violência a ele associado. De que adianta abrir um debate sobre a exclusão desta ou daquela droga da relação das proibidas? É bom lembrar que, no mercado maldito, a oferta é extremamente variada: com ou sem maconha, a gravidade do problema não se altera.

Em outra situação, num tempo e num planeta diferentes, a defesa da erva pode ser válida e interessante.

Hoje, propor o debate a respeito é perda de tempo e perigoso erro de foco.

Por motivo simples: não vivemos um momento no qual seja possível e razoável estimular qualquer grau de benevolência em relação a quem trafique “apenas” maconha. Até mesmo pela dificuldade de identificar essa especialização no mercado, se é que existe.

Os efeitos do consumo de maconha ainda são assunto para especialistas; não existe unanimidade a respeito. Nem sobre os efeitos próprios da droga nem sobre os caminhos que levam da erva a outras substâncias. Não parece pertinente ou oportuno que governantes se arrisquem a tomar partido contra ou a favor da cannabis.

Principalmente no caso daqueles cuja missão principal e urgente nessa área é enfrentar as legiões de bandidos que traficam qualquer coisa e matam sem qualquer motivo.

Luiz Garcia - Jornal O Globo, Coluna Opinião, pg. 7 Rio de Janeiro 02 de Março de 2007.

Com todo o respeito que tenho pelo Luiz Garcia, devo discordar da sua opinião que carece de fundamento. Parabéns para O governador do Rio de Janeiro, que vislumbra a tolerância da Cannabis como meio de reduzir a influência do Tráfico de Drogas.

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    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
    • Curitiba é sempre pior parte hahahaha!
    • o teu chegou? o meu já passou por Curitiba mas tá devagar (pelo menos o pior já passou) kkkkkkkkkk
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