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Campanha pela Maconha no Rio


Marcha da Maconha

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  • Usuário Growroom

Felipe Sales

Maconheiros de 199 cidades do mundo já fizeram a cabeça: no primeiro fim de semana de maio estarão numa marcha mundial pela legalização da chamada erva maldita - e o Rio de Janeiro, primeira das cinco cidades do Brasil a aderir ao movimento, se prepara não para uma, mas duas passeatas da fumaça. Na esteira dos protestos contra violência, o debate sobre a legalização ganha fôlego e simpatia do Governo do Estado, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e de diversos políticos e entidades. Interessados no assunto, usuários que lutam para serem promovidos a consumidores ainda encontram resistência entre os próprios adeptos da erva.

O governador Sérgio Cabral é não só favorável à legalização da maconha como de todas as drogas. Sua proposta chega a ser até mais utópica do que a dos usuários. Para ele, a discussão sobre a legalização deveria entrar na pauta mundial, tendo como principal argumento a diminuição da violência:

- Estou sendo pragmático. Não a favor de cocaína, heroína ou cigarro de maconha. Sou favorável a que o mundo reconheça que há uma demanda por drogas que só aumenta.

O presidente da OAB, Wadih Damous, manifestou apoio às declarações do governador. Os consumidores passariam a fazer parte de políticas públicas assim como já acontece com as campanhas anti-tabagistas do governo.

Radicalmente contra, o prefeito Cesar Maia argumenta que diversos fatores gerariam instabilidade na economia brasileira. Para ele, hectares hoje usados para plantar gêneros alimentícios seriam substituídos pelo plantio de maconha e haveria falta de controle do teor de THC (princípio ativo da erva) no código de defesa do consumidor.

Presidente da Comissão de Prevenção ao uso de Drogas e Dependentes Químicos em Geral da Assembléia Legislativa do Rio, o deputado José Nader (PTB) faz coro junto ao prefeito com o argumento de que a maconha é a porta de entrada para drogas mais pesadas. Segundo ele, apesar de admitir que os usuários não são responsáveis pela violência, deve-se reconhecer "que o custo social do uso de drogas é elevado, haja vista as numerosas clínicas para tratamento".

Presidente da Ong Psicotropicus, que luta pela legalização da maconha, o psicoterapeuta Luiz Paulo Guanabara - especializado no tratamento de dependentes químicos - acredita justamente no inverso. Para ele, a guerra global contra as drogas está causando agora mais danos do que o uso indevido de drogas em si. Apesar dos argumentos, Guanabara admite dificuldades entre seus próprios "correligionários" para sair da clandestinidade.

- Vamos dar a cara à tapa ou ficaremos sendo tratados como criminosos. Não somos nem doentes nem bandidos.

Guanabara é um dos organizadores da Marcha da Maconha, marcada para domingo, 6 de maio, do Arpoador ao Posto 9, em Ipanema - local onde o uso independe dos debates. Dois dias antes, na sexta-feira, o Movimento Nacional pela Legalização das Drogas - que surgiu no Fórum Social Mundial de 2005 - já terá levantado suas bandeiras em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs). O movimento, porém, encontra resistência entre os próprios adeptos: no ano passado, cerca de 50 usuários prestigiaram o ato.

Apesar da dificuldade em mobilizar maconheiros ativistas, o Brasil é o país com mais maconheiros adeptos da Marcha, em nada menos que cinco capitais: Rio, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador. A Marcha Mundial pela Regulamentação da Maconha acontece todos os anos desde 1999. Desde a sua primeira edição em Nova York, promovida pela ONG Cures-not-War, vem ocorrendo sempre no primeiro sábado de maio.

O Rio foi a primeira cidade brasileira a sediar uma edição da marcha, em 2002, quando cerca de 300 pessoas compareceram ao ato - um recorde brasileiro. Na época, a Psicotropicus era patrocinada por uma fundação americana para promover o debate no Brasil.

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Fonte: Jornal do Brasil

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