Usuário Growroom William Bonner Postado July 20, 2007 Usuário Growroom Denunciar Share Postado July 20, 2007 O uso da ´cannabis´ para fins médicos não está previsto em Portugal mas Maria José Campos, médica e fumadora esporádica desta planta, acredita nas suas potencialidades e lamenta que o problema seja "sistematicamente colocado e adiado". "A questão da ´cannabis´ não é pacífica, razão pela qual alguns relatórios que lhe são favoráveis saem de circulação", apontou Maria José Campos, recordando um documento emitido pela Organização Mundial de Saúde nos anos 1990, "que desmistificava a perigosidade da ´cannabis´ e mostrava que o tabaco e o álcool são bem mais perigosos". "Ainda há dois ou três meses, houve uma nova reunião entre os peritos da ONU para a área das drogas e algumas organizações não governamentais mas, mais uma vez, não se chegou a nenhuma conclusão, porque os EUA querem controlar a situação com a sua política proibicionista", acusa. Com 52 anos, vinte dos quais como "fumadora esporádica" de ´cannabis´, Maria José Campos considera que o problema em torno das suas aplicações terapêuticas é "sistematicamente colocado e adiado, colocado e adiado, colocado e adiado". No entanto, "na Região da Catalunha (Espanha), na Califórnia (Estados Unidos) e no Canadá existem programas de administração terapêutica apoiados por médicos e farmacêuticos", assinalou a médica. Afirmou à Lusa que não prescreve ´cannabis´ aos seus pacientes "porque, em Portugal, isso seria ir contra a lei" mas está sempre atenta às informações sobre o assunto. "Nos doentes com SIDA - que são o grupo com que trabalho e que conheço melhor - sei que a ´cannabis´ estimula o apetite e reduz as náuseas, que constituem um efeito secundário de alguns antiretrovirais", medicamentos usados no tratamento da SIDA, revelou Maria José Campos à agência Lusa. A médica acrescentou que "também são referidos bons resultados em doentes oncológicos ou com glaucoma, havendo outras doenças onde as aplicações ainda estão a ser estudadas, como a esclerose múltipla". Para Maria José Campos, o uso terapêutico da ´cannabis´ em Portugal esbarra "na falta de vontade política para legislar nesta matéria, em que cada estado é soberano" e "nas pressões da indústria farmacêutica, que não tem interesse na investigação sobre a planta porque esta é muito barata e isso não lhe convém". Ainda segundo a médica, recorrer à planta propriamente dita é "de longe preferível" a criar um fármaco a partir dela, pois "um medicamento será sempre um derivado sintético ou semi-sintético". Então, como se poderia tomar a ´cannabis´? "Se o doente já for um fumador [de tabaco], pode fumar a planta. Se não for, não faz sentido iniciá-lo num vício e, nesse caso, é preferível que ingira a ´cannabis´ através de bolos, manteiga ou bebidas, pois a planta dá para tudo isso". Em relação ao Marinol - medicamento com Dronabinol (a versão sintética do tetrahidrocanabinol, que é uma substância activa existente na ´cannabis´) que teve autorização de introdução no mercado em 1999 e foi revogado em 2005 sem nunca ter sido comercializado - a opinião de Maria José Campos não é a melhor. "Os doentes norte-americanos que experimentaram não gostaram, porque ficavam com a sensação de ´pedrados´, além de ser um medicamento muito caro e de os médicos serem contra o seu uso", justificou, alertando que a plantação de ´cannabis´ exige certas cautelas. "Concordo com a plantação mas cumprindo determinadas condições, pois a planta deve ser testada para se aferir o teor de tetrahidrocanabinol, que não pode ser demasiado elevado", esclareceu, adiantando que, para se conseguirem plantas em condições, estas devem ser criadas "em ambientes naturais e não fechadas dentro de casa". A necessidade de plantar às escondidas é algo que não faz sentido para Maria José Campos, segundo quem a ilicitude das drogas surgiu em meados do século XX, "pois até então o ópio e a cocaína vendiam-se nas farmácias". "Aliás, a heroína, que hoje é ilegal, não o era até meados dos anos 1950", contou a clínica de medicina interna à Lusa, assinalando que esta droga deve o seu nome ao facto de ter sido considerada "heróica" para tratar os dependentes de morfina, "o que mostra como as mentalidades vão mudando", concluiu. http://da.online.pt/news.php?id=117146 Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Recommended Posts
Join the conversation
You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.