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Pesquisa Quer Saber Como Anda O Consumo De Drogas No Campus Da Usp-rp


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Ciência

Sabado, 1 de Março 2008 - 15h30

Pesquisa quer saber como anda o consumo de drogas no campus da USP-RP

F.L.PITON

COORDENAÇÃO A professora Ana Maria Pimenta Carvalho é responsável pelo estudo na USP de Ribeirão

Uma pesquisa inédita para conhecer em detalhes o consumo de álcool, tabaco, maconha e cocaína em nove universidades de cinco países (Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Honduras) teve início no campus da USP de Ribeirão Preto. De forma sigilosa e anônima, responderão aos questionários 2.100 universitários, com idade entre 18 e 24 anos, sendo 900 deles em três campi brasileiros. Os primeiros questionários começaram a ser preenchidos durante a semana pelos alunos da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. A expectativa local é conseguir a adesão de 300 voluntários dos cursos de Enfermagem, Farmácia e Odontologia, como forma de determinar a prevalência de drogas lícitas e ilícitas, além das circunstâncias pessoais e culturais relacionadas com esse comportamento de risco e suas conseqüências.

A pesquisa que será fechada no mês de junho, está sendo coordenada em Ribeirão Preto pela professora Ana Maria Pimenta Carvalho, psicóloga do departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem da USP. Na Grande São Paulo, pelo professor Ercílio de Oliveira, psiquiatra, docente da Universidade de Medicina do ABC e, no Rio, pelo professor de Enfermagem Psiquiátrica, Elias Barbosa de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Entre as causas que contribuem para o consumo de todos os tipos de drogas, segundo a professora Ana Carvalho, existe forte componente cultural.

- Numa sociedade estressada, há uma verdadeira compulsão pelo relaxamento, na tentativa de reencontrar o equilíbrio interior, apesar das situações de risco.

Ela passou a integrar esse grupo por causa de um estágio de pós-doutorado feito na cidade de Toronto, no Canadá, oferecido pela OEA - Organização dos Estados Americanos - sediada em Washington, que destina verbas para projetos multinacionais relevantes.

Essa pesquisa é feita sob supervisão e apoio da CICAD - Comissão Interamericana de Controle do Abuso de Drogas, da OEA e do Centro de Adições e Saúde Mental (CAMH) do Canadá.

Sigilo

A pesquisa foi aprovada por vários comitês de ética - de todas as escolas envolvidas - e pelo CONEP- Comitê Nacional de Ética em Pesquisa de Brasília.

- A gente está se cercando de todos os cuidados para que os alunos que responderão à pesquisa não sejam identificados de modo algum.

Cada um que aderir responderá anonimamente ao questionário que levantará além da história pessoal, profissional e universitária do estudante, sua visão sobre o consumo de drogas entre os companheiros, qual a freqüência desse uso, em que local e circunstância. O pesquisado poderá não responder a qualquer pergunta, até mesmo as relacionadas com sua experiência ou não com determinado tipo de droga. Serão apuradas também as causas e conseqüências físicas, psicológicas e sociais desse hábito. Até mesmo os benefícios supostamente obtidos com o consumo do álcool, tabaco, maconha ou cocaína. Também será determinado se o estudante tem acesso às drogas dentro ou fora da universidade.

Maconha na frente

Estudos anteriores demonstram, segundo a pesquisadora, que a maconha é a mais utilizada entre as drogas ilícitas. Conta que alguns estudiosos ingleses consideram o uso da maconha na cultura ocidental adolescente e do adulto jovem “como normal”. Ela funcionaria como relaxante e até “produto natural”. Ana Carvalho lembra que a maconha não é tão inócua como se pensa e que pesquisas recentes demonstram o surgimento de variedades cada vez mais tóxicas, com princípio ativo mais concentrado.

Já outra pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria da USP identificou como drogas mais usadas: álcool, tabaco, maconha, anfetaminas e inalantes. Entre as anfetaminas, estão as drogas prescritas, como os remédios para tirar a fome, especialmente entre as mulheres, mais escravizadas à ditadura da moda.

Competição e modismo induzem ao uso de drogas

O uso de drogas lícitas e ilícitas cresce ano a ano em todo o mundo não só por causa de maior oferta de produtos pelo crime organizado e pelas campanhas publicitárias das lucrativas indústrias de tabaco e bebidas, como também por causa de novos valores adotados pela sociedade de consumo. Um dos parâmetros principais é que o sofrimento ou mesmo o próprio desconforto deve ser evitado a qualquer preço, num contexto pessoal e econômico cada vez mais estressante e competitivo.

A psicóloga Ana Maria Pimenta Carvalho, coordenadora da pesquisa no campus da USP de Ribeirão Preto, lembra que o meio universitário não foge desse contexto cultural.

- A situação acadêmica na universidade, que exige desempenho, é competitiva e muitas vezes essas drogas são usadas como válvula de escape, salientou.

Uma das coisas que leva os alunos a consumir drogas, por exemplo no caso da maconha, segundo a psicóloga, é que se procura não apenas o relaxamento, “mas é um jeito de estar junto. E como diz um autor, funciona como “lubrificante das relações”.

Além dos problemas universitários e da falta de mercado de trabalho, se o estudante tiver algum problema emocional de base “aí é que o caldo engrossa”

Outra questão é determinar de que maneira o usuário de droga percebe ou faz a comparação com os demais usuários, como forma de referência para saber se está consumindo muito ou pouco.

- Está todo mundo fazendo, vamos fazer também- dizem alguns para se justificar. E a válvula de escape a essa situação, para uns é a cerveja, para outros o cigarro ou as drogas ilícitas. Tem aqueles que pode ser tudo ao mesmo tempo.

Intervenção

Depois, com os resultados em mãos, que serão colocados nos computadores do CICAD, do Canadá, será possível criar estratégias de intervenção. Uma delas é bem individualizada e utiliza o computador.

- Esse aluno que é consumidor freqüente de cigarros de maconha, por exemplo, quer saber se o hábito dele já ficou ou não arraigado e o que ocorre com outros estudantes na mesma situação. Mas prefere não se expor.

A pesquisadora explica que existem alguns centros, como no Canadá, que disponibilizam esses dados na internet, permitindo que o interessado consulte essas informações da sua própria casa, “para poder aferir o uso e ter um parâmetro. Geralmente o estudante, sem se sentir pressionado ou perseguido, ficará sabendo se usa muito ou não e terá condições de tomar uma decisão positiva”. Essa é apenas uma possibilidade de ação, porque só com base nos dados aferidos depois, será possível à OEA e às universidades definir qual a melhor intervenção.

Rubens Zaidan

Especial para “ A Cidade”

http://www.jornalacidade.com.br/noticias/6...s-da-usprp.html

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