Ir para conteúdo

História Da Consciência Humana


BigGrow

Recommended Posts

  • Usuário Growroom

Mitos: a primeira visão do homem sobre o mundo.

Imaginemos um homem como nós, dotado de todas capacidades intelectuais do homem contemporâneo, só que inserido em um tempo onde não haviam escolas ou instituições que explicassem as coisas. Estes homens foram os que tiveram o duro trabalho de iniciar o conteúdo da consciência humana. Pois bem, este homem antigo, antes de tudo, não se imaginava separado da natureza. Não por uma questão de grau de abstração que só foi desenvolvida posteriormente através da linguagem. Mas, principalmente pq nao tinha consciencia de sim mesmo. Eramos mais sofisticados, contudo ainda como os restante dos animais. Nao detinha o poder do espirito, da imagincao... da linguagem abstrata. Para a mitologia o homem ainda nao havia recebido este Dom dos Deuses.

Desde que tomou consciencia de si, surgiam duvidas angustiantes e as respostas mais confortantes vinham através da transcendecia dos limites da meteria, daquele mundo físico, que nao explicavam tais questões. Transcender aos limites do mundo físico nesse contexto significa recorrer a um sentimento interior e emocional do qual usa para entender algum questionamento. Dessa forma ele sentia-se ligado a tudo o que via: as estrelas, ao fogo, a natureza enfim, ao universo. Algo do qual, de algum modo magicamente ele tambem fazia parte.

gallery_32500_2547_27358.gif

Esta foi portanto a primeira aquisição da consciência huamana a consciência de si mesmo como um indivídio que nao se via diferente do mundo que o cercava e portanto via, incosnciêntente, o universo como parte da sua consciência, sua mente.

Inclusive, A marca fundamental do pensamento ocidental e o que deu nascimento a filosofia, a razao permanece como o conceito de que a natureza existe fora da consciência e que possui existência autônoma em relação a qualquer estado de consciência. Com esta postura o homem abondova o mundo dos deuses mitológicos e pisava em solo fértil para a lógica, o empirísmo e a metafísica: uma forma racional e constatável de explicar os fenômenos. Mas esse assunto é antecedido pelos mitos. Foram os deuses dos mitos que confortaram o homem enquanto "bárbaro".

E diante tanta "razão emocional" qual seria a visão deste homem a primeira vista sobre o elo entre a fugacidade aparente da vida e a eternidade? Nesta fase da consciência humana, como respondia aos mistérios sobre a vida e a morte?

Os limites da matéria, do mundo físico não explicavam como a fugacidade da vida estava ligada a eternidade. Isto é, a consciência perante a realidade do mundo físico não explicava os mistérios da origem e de além-morte. E quando suas questionamentos se perdiam entre pontos de interrogação, voltava sua resposta se não, para dentro de si mesmo, para o que sentia dentro da sua consciência, suas emoções. Desse modo, o homem recorreu a algo que ultrapassa os limites da matéria e dessa forma pode responder ou confortar uma questão tao profunda.

Essa inevitável e estimulante interação da sua consciência, suas emoções com o mundo físico fez com ele caminhasse para uma crença cada vez mais sofisticada. Evocava supostas forcas invisíveis, criou mitos, rituais e, um dia, sonhou um ventre divino que expulsava para a luz a vida. Ou seja, um deus do qual emanavam todas as coisas e seres. Numa tentativa não só de responder a suas dúvidas, mas também de apaziguar as forças selvagens da natureza. A esse deus seguiram-se outros tentarando materializá-los em carvão, desenhos ou pedras.

O homem precisou transcender a realidade da matéria para encontrar respostas satisfatórias sobre sua origem. Como não encontrou resposta fora em mundo exterior, achou ela dentro de si. O que chamamos de transcender a realidade.

E foi assim surgiu o primeiro deus

ver diferênca entre abstraçao e transcendencia

Na verdade todo humano ao desenvolver seu intelecto começa a fomular as mesma noções, acontece que em uma civilização elas são superadas pela história da consciência do grupo. É o que acontence quando a consciência coletiva age sobre a consciencia indvidual.

Estas questões não deixam de ser questões filosóficas. Todos nós quando criancas comecamos a filosofar sobre tudo. De onde eu vim, para onde vou? Por conta de uma educaçao pragmática, impedem o amuderecimento intelectual das pessoas por questões didáticas. Então a pessoa simplesmente desiste de responder a tais questões que acha impossível. E assim perdem a curiosidade mágica que levou o homem a desbravar os limites do conhecimento. Ou repondem como os homens antigos. recorrendo a suas emoções quando o certo deveria procurá-lo com as ferramentas racionais.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Já obeservamos que o homem adquire naturalmente, um cetro número de nocoes e verdades que estão no princípio de todos os seus conhecimentos, cronológica e lógicamente. E êste conjunto de nocoes e de juízos que os modernos chamam a Razão. A primeira razão que o homem fez sobre o mundo seria uma crença mitologíca, portanto. A razão de hoje é a razão ciêntífica, por exemplo.

A razão por sua vez se constitui por noções básicas. São essas noções que iremos analisar a seguir:

PRIMEIRAS NOÇÕES

Antecedidas pelos seus princípios. As nocões primeiras são as de SER, de CAUSA, de SUBSTÂNCIA e de FIM.

Origem:

Já se sabemos o que são as primeiras noções, até agora de forma específica: são, noção de ser, de causa, de substância e de fim. Mas de maneira geral, ou antes de conhecê-las melhor, ainda há de se indagar: -o que é que antecede as primeiras noções? Sim, pois, há de haver uma causa para sua exitência. Para tal, vamos emprestar da psicologia um parágrafo bem esclarecedor nessa questão. Psicologia é o que estuda os fenomemos que estruturam a consciência. Assim, vamos entender os Princípios que levam o homem para a aquisição de suas nocões mais básicas.

Para a psicologia a engrenagem da consciência é a vida sensível. A sensibilidade compreende principios que designam um conjunto de fenômenos cognitivos e dinâmicos determinados no sujeito psicológico por excitações vindas dos objetos materiais externos ou que tem por fim objetos sensíveis externos. Esta dupla série de fenômenos, especificamente distintos, mas em mutua e constante relação, define toda a vida psíquica dos animais. É o que os psicólogos chamam de reflexos condicionados e não condicionados. Por ex.: um cachorro faminto, ao ver um belo bife, sofrerá um reflexo que já está na sua natureza psicológica instintiva, o ato de salivar. E por isso é um reflexo não-condicionado, pois já nasceu com ele, de forma inata. Por outro lado, quando alguem adestra um cão, perceberá que o animal só vai assimilar o ato de pular por um pneu através do condicionamento que lhe é imposto: cada vez que o cachorro toma a titude certa ou errada ele é recompensado, negativa ou positivamente. Ou seja, o adestramento é um reflexo que foi condicionado pela experiência da vida daquele animal. Assim como nós quando nos sentimos atraídos por alguem (reflexos não condicionados) e que não partimos para o ato pq fomos condicionados por uma educação a se conter(reflexos condicionados), por exemplo. São esses dois tipos de reflexos que em mutua relação formam a base consciente de qualquer animal.

No homem esta vida sensivel é por sua vez informada, penetrada, e parcialmente governada pela vida intelectual. Mas os fenômenos sensíveis, cognitívos e dinâmicos, não lhe conservam menos sua especificidade própria, que autoriza ao intelecto estudá-los em sim mesmos e por si mesmos. O homem pode, apos desenvolvê-lo, entender a si mesmo.

Estes reflexos dão imediatamente origem, por ato do pensamento que coincide com sua apreensão, a um certo número de princípios que não fazem mais do que exprimir as leis universais do ser. As primeiras noçoes são geradas por estes princípíos:

A ) A consideração de ser em si mesmo dá origem a "NOCAO DE SER" como princípio de indentidade: "o que é, é", ou ainda: "o ser é indêntico a si mesmo". - A indentidade pode exprimir-se sob forma negativa: "o que não é, não é", ou ainda "uma coisa não pode ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista ser e não ser" (princípio de não-contradição ou, mais resumidamente, princípio de contradicao). - Ou sob a forma disjuntiva: "uma coisa é ou não é", ou ainda: "entre ser e nao ser, nao existe meio termo" (princípio do terço excluído).

B ) a consideração do ser em sua relacao com os diferentes seres dá origem ao principio da razão suficiente: "a razão de ser" todo ser tem sua razao de ser. Este princípio tem tres aspéctos: do ponto de vista da eficiência, ponto de vista da subsistência e do ponto de vista da finalidade.

Ponto de vista pela Eficiência se exprime pela NOÇÃO DE CAUSA, ou causalidade: "tudo que começa a ser tem uma causa".

O ponto de vista da Subsistência se exprime pela NOÇAO DE SUBSTÂNCIA: "todo acidente ou fenômeno, ou as coisas que acontecem todas elas necessitam alguem ou a alguma coisa no qual ela está inerente.

Pelo ponto de vida da Finalidade, NOCÃO DE FIM: "todo ser age tendo em vista um fim", ou ainda: "toda atividade está determinada pela natureza deste ser".

os Primeiros Princípios são de forma geral:

A ) Necessários, pq é impossível pensar sem utilizá-los, conscientimente ou não; negá-los é negar o pensamento, violá-los é não pensar; Impossível dizer que homem é um animal sem razão, que o circúlo é quadrado. Não são mais do que palavras sem idéias coerêntes.

B ) Universais, pq, de uma parte eles caracterizam a razao em toda sua extensão e de outra parte impõem-se a toda inteligência, qualquer que seja, humana, artificial ou "divina".

Até agora, compreendendo a sua formação, estabelecemos já um bom entendimento sobre as primeiras noções.

Evidente que todos nós aplicamos estas considerações desde quando nos entendemos por gente, de maneira automática, quase que inconsciênte. Bem como os homens da antiguidade a usavam. A filosofia nasceu quando o homem teve a nocao destas nocoes. Isto é, passou-se a utilizá-las de forma mais consciênte possível. Transformando tais noçoes em ferramentas para o conhecimento e o amadurecimento mental.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

textos acima modificados em 12-02-2009

Conhecimento e Verdade

Para continuar a viagem é importante também descobrir como o homem valida seus conhecimentos e suas verdades. Pois, podem haver tantos "erros dos sentidos", erros da inteligência. O conflito do conhecimento sensível e do conhecimento intelectual impõem, inevitavelmente, esta questão. O tema é divido em duas idéias principais:

A questão se somos capazes de conhecer a verdade.

A questão de que verdade somos capazes de conhecer. Quer dizer, qual é a extensão do nosso conhecimento.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 months later...
  • Usuário Growroom

Um bom livro para entender melhor a consciência humana é O Alimento dos Deuses escrito por Terence McKenna.

Link para download: http://www.4shared.com/file/31838243/e9a41....html?signout=1

Um trecho do livro retirado do blog O Mundo Mágico Do Cogumelo

Introdução: Manifesto para um novo pensamento sobre drogas

Há um espectro assombrando a cultura planetária: o espectro das drogas. A definição de dignidade humana, criada pela Renascença e elaborada nos valores democráticos da moderna civilização ocidental, parece a ponto de se dissolver. A grande mídia nos informa a todo volume que a capacidade humana para o comportamento obsessivo e o vício realizou um casamento satânico com a farmacologia moderna, com o marketing, com o transporte a grandes velocidades. Formas anteriormente obscuras de utilização de substâncias químicas agora competem livremente num mercado global bastante desregulamentado. Governos e nações do terceiro Mundo são mantidos escravos de entidades legais e ilegais que promovem o comportamento obsessivo.

Esta situação não é nova, mas está ficando cada vez pior. Até recentemente os cartéis internacionais das drogas eram criações obedientes de governos e serviços secretos que buscavam fontes de dinheiro “invisível” com o qual financiar seu próprio tipo de comportamento obsessivo institucionalizado. Atualmente esses cartéis das drogas evoluíram, através do crescimento sem precedentes da demanda por cocaína, transformando-se em elefantes desgarrados diante de cujos poderes até mesmo seus criadores se sentem inquietos.

Somos assediados pelo triste espetáculo das “guerras das drogas” promovidas por instituições governamentais que geralmente são paralisadas pela letargia e ineficiência ou estão em evidente conluio com os cartéis internacionais das drogas – que essas instituições prometem publicamente destruir.

Nenhuma luz poderá ser lançada sobre essa situação de uso e abuso pandêmico das drogas se não fizermos uma dura reavaliação de nossa situação atual e um exame de alguns padrões antigos, praticamente esquecidos, de experiência e comportamento relacionados às drogas. A importância dessa tarefa não pode ser subestimada. Sem a menor dúvida a auto-administração de substâncias psicoativas, tanto legais quanto ilegais, cada vez mais fará parte do desdobramento futuro de uma cultura global.

Uma reavaliação dolorosa

Qualquer reavaliação do uso que fazemos das substâncias deve começar com a noção do hábito, “uma tendência ou prática estabelecida”. Familiares, repetitivos e geralmente não examinados, os hábitos são simplesmente as coisas que fazemos. Segundo um velho ditado, “as pessoas são criaturas de hábito”. A cultura é em grande parte questão de hábito, aprendido com os pais e as pessoas ao nosso redor, e depois lentamente modificados pelas mudanças nas condições e por inovações inspiradas.

Mas, por mais lentas que sejam essas modificações culturais, a cultura apresenta um espetáculo de novidade violenta e contínua quando comparada com a modificação lentíssima das espécies e dos ecossistemas. Se a natureza representa um princípio de economia, a cultura certamente deve exemplificar o princípio de inovação através do excesso.

Quando os hábitos nos consomem, quando nossa devoção a eles excede as normas culturalmente definidas, nós os chamamos de obsessões. Nesses casos sentimos que a dimensão unicamente humana do livre-arbítrio foi violada de algum modo. Podemos ficar obcecados com quase tudo: com um padrão de comportamento como o de ler jornal matutino ou com objetivos materiais (o colecionador), com terras e propriedades (o construtor de impérios) ou com o poder sobre outras pessoas (o político).

Enquanto muitos de nós podem ser colecionadores, poucos têm a oportunidade de se entregar às obsessões a ponto de se tornarem construtores de impérios ou políticos. A obsessões das pessoas comuns tendem a se concentrar no aqui e agora, no âmbito da gratificação imediata através do sexo, da comida e das drogas. Uma obsessão com os constituintes dos alimentos e das drogas (também chamados de metabólitos) é rotulada de vício.

Os vícios e as obsessões são exclusivos dos seres humanos. Sim, existem amplas evidências relatadas sobre as preferências por estados intoxicados entre elefantes, chimpanzés e algumas borboletas. Mas, assim como acontece quando comparamos as capacidades lingüísticas de chimpanzés e golfinhos com a fala humana, vemos que os comportamentos desses animais são enormemente diferentes dos comportamentos humanos.

Hábito. Obsessão. Vício. Essas palavras são marcos de sinalização em um caminho de livre arbítrio decrescente. A negação do poder do livre-arbítrio está implícita na noção de vício, e em nossa cultura os vícios são levados à sério – especialmente os vícios exóticos ou não-familiares. No século XIX o vício do ópio era o “demônio de ópio”, uma descrição que trazia de volta a idéia de uma possessão demoníaca levada a cabo por uma força externa. No século XX a idéia do viciado como uma pessoa possuída foi trocada pela noção do vício como doença. E com a noção do vício como doença o papel do livre-arbítrio finalmente é reduzido até desaparecer. Afinal de contas, não somos responsáveis pelas doenças que podemos herdar ou desenvolver.

Mas hoje em da a dependência humana às substâncias químicas representa um papel mais consciente na formação e manutenção dos valores culturais do que em qualquer época anterior.

Desde meados do século XIX, e com velocidade e eficiência cada vez maiores, a química orgânica vem colocando nas mãos de pesquisadores, médicos e – em última instância – qualquer pessoa uma cornucópia infinita de drogas sintéticas. Essas drogas são mais poderosas, mais eficazes, de maior duração e, em alguns casos, muitas vezes mais viciantes do que seus parentes naturais. (Uma exceção é a cocaína, que, apesar de natural, quando refinada, concentrada e injetada torna-se particularmente destrutiva)

O surgimento de uma cultura global levou à ubiqüidade de informações sobre as plantas recreacionais, afrodisíacas, estimulantes, sedativas e psicodélicas que foram descobertas por seres humanos inquisitivos vivendo em partes remotas e anteriormente desconhecidas do planeta. Ao mesmo tempo em que esta torrente de informações botânicas e etnográficas chegava à sociedade ocidental, enxertando hábitos de outras culturas dentro da nossa e proporcionando-nos mais escolhas do que nunca, foram dados grandes passos na síntese de moléculas orgânicas complexas e na compreensão da mecânica molecular dos genes e da hereditariedade. Essas novas idéias e tecnologias estão contribuindo para um conhecimento muito diferente sobre a engenharia psicofarmacológica. Drogas projetadas em laboratório como o MDMA, o u Ecstasy, e os esteróides anabólicos usados por atletas e adolescentes para estimular o desenvolvimento dos músculos são arautos de uma era de intervenção farmacológica cada vez mais freqüente e eficaz sobre a nossa aparência, nosso desempenho e nosso sentimentos.

A idéia de regulamentar num nível planetário primeiro centenas, e depois milhares de substâncias sintéticas facilmente produzidas, intensamente procuradas, porém ilegais, é estarrecedora para qualquer pessoa que tenha esperança de um futuro mais aberto e menos regimentado.

Um renascimento arcaico

Este livro irá explorar a possibilidade de um renascimento do arcaico – ou da atitude pré-industrial e pré-alfabetizada com relação à comunidade, ao uso de substâncias e à natureza; uma atitude que serviu bem e por muito tempo aos nossos ancestrais nômades pré-históricos, antes do surgimento do estilo de cultura que chamamos de “ocidental”. O termo arcaico refere-se ao paleolítico superior, um período entre sete e dez mil anos atrás, precedendo à intervenção e à disseminação da agricultura. O arcaico foi um tempo de pastoreio nômade e de igualitarismo, de uma cultura baseada na criação de gado, no xamanismo e no culto à Deusa.

Organizei a discussão numa ordem mais ou menos cronológica, com as últimas seções, mais orientadas para o futuro, retomando e revendo os temas arcaicos dos primeiros capítulos. A argumentação segue de acordo com as linhas de progresso de uma peregrinação farmacológica. Assim chamei as quatro sessões do livro de “Paraíso”, “Paraíso Perdido”, “Inferno” e, espero que sem ser exageradamente otimista, “Paraíso Reconquistado”. Um glossário de termos especiais é dado no final do livro.

Obviamente, não podemos continuar pensando como antigamente sobre o uso de drogas. Sendo uma sociedade global, devemos encontrar uma nova imagem orientadora para nossa cultura, uma imagem que unifique as aspirações da humanidade com as necessidades do planeta e do indivíduo. Uma análise da imperfeição existencial que nos leva a formar relacionamentos de dependência e vício com plantas e drogas mostrará que, no início da história, perdemos alguma coisa preciosa, cuja ausência nos tornou doentes de narcisismo. Somente uma recuperação do relacionamento que desenvolvemos com a natureza através do uso de plantas psicoativas antes da queda na história pode nos oferecer a esperança de um futuro humano e aberto.

Antes de nos comprometermos irrevogavelmente com a quimera de uma cultura livre de drogas, comparada ao preço de um abandono completo dos ideais de uma sociedade planetária livre e democrática, devemos nos fazer perguntas duras: por que, como espécie, somos tão fascinados por estados alterados de consciência? Qual tem sido o impacto deles sobre nossas aspirações estéticas e espirituais? O que perdemos ao negar a legitimidade do impulso de cada indivíduo para o uso de substâncias visando experimentar pessoalmente o transcedental e o sagrado? Minha esperança é de que a resposta a essas perguntas vai nos forçar a enfrentar as conseqüências de negar a dimensão espiritual da natureza, de ver a natureza como nada mais que um “recurso” a ser dominado e esgotado. A discussão bem-informada sobre esses temas não dará conforto a quem é obcecado pelo controle, não dará conforto ao fundamentalismo religioso ignorante, a qualquer forma de fascismo.

A pergunta de como, enquanto sociedade e indivíduos, nos relacionamos com as plantas psicoativas no final do século XX, levanta uma questão mais ampla: como, com o passar do tempo, fomos moldados pelas alianças mutáveis que formamos e rompemos com vários membros do mundo vegetal enquanto caminhávamos pelo labirinto da história? Esta é uma questão que irá nos ocupar detalhadamente nos próximos capítulos.

O grande mito de nossa cultura se inicia no Jardim do Éden, quando foi comido o fruto da Árvore do Conhecimento. Se não aprendermos com o passado, essa história pode terminar com um planeta intoxicado, suas florestas sendo apenas uma lembrança, sua coesão biológica despedaçada, nosso legado um deserto de ervas daninhas. Se deixamos de perceber alguma coisa em nossas tentativas anteriores de compreender nossas origens e nosso lugar na natureza, será que agora estamos em condições de olhar para trás e compreender não somente o passado, mas também o futuro, de um modo inteiramente novo? Se pudermos recuperar o sentimento perdido da natureza como um mistério vivo poderemos ter confiança em novas perspectivas na aventura cultural que certamente nos espera adiante. Temos a oportunidade de nos afastar do triste niilismo histórico que caracteriza o reino de nossa cultura profundamente patriarcal e dominadora. Estamos em posição de recuperar a avaliação arcaica de nossa relação praticamente simbiótica com as plantas psicoativas como uma fonte de idéias e coordenação fluindo do mundo vegetal para o mundo humano.

O mistério de nossa consciência e de nosso poderes de auto-reflexão está de algum modo ligado a este canal de comunicação com a mente invisível que os xamãs afirmam ser o mundo vivo da natureza. Para os xamãs e as culturas xamânicas a exploração desse mistério sempre foi uma alternativa crível à vida numa cultura materialista confinadora. Nós, que pertencemos às democracias industriais, podemos escolher explorar agora essas dimensões estranhas ou podemos esperar até que a destruição cada vez maior do planeta vivo torne irrelevante qualquer outra exploração.

Um novo manifesto

Portanto chegou o tempo, no grande discurso natural que é a história das idéias, de repensar totalmente nosso fascínio pelo uso habitual das plantas psicoativas e fisioativas. Temos de aprender com os excessos do passado, especialmente da década de 1960, mas não podemos simplesmente advogar o “Diga não”, do mesmo modo que não podemos advogar o “Experimente, você vai gostar”. Nem podemos apoiar uma visão que deseje dividir a sociedade entre usuários e não-usuários. Precisamos de uma abordagem ampla a essas questões, uma abordagem que envolva as implicações evolucionárias e históricas mais profundas.

A influência da dieta em induzir mutações nos primeiros humanos e o efeito de metabólitos exóticos na evolução de sua neuroquímica e sua cultura ainda é um território não estudado. A adoção de uma dieta onívora por parte dos primeiros hominídeos e a descoberta do poder de certas plantas foram fatores decisivos para afastá-los da corrente da evolução animal, levando-os para a maré acelerada da linguagem e da cultura. Nossos ancestrais remotos descobriram que certas plantas, quando auto-administradas, suprimem o apetite, diminuem a dor, proporcionam jorros de energia súbita, conferem imunidade contra patogenes e sinergizam atividades cognitivas. Essas descobertas levaram-nos à longa jornada para a auto-reflexão. Assim que nos tornamos onívoros usuários de ferramentas, a própria evolução de um processo de modificação vagarosa para uma rápida definição de formas culturais através da elaboração de rituais, linguagens, escrita, capacidades mnemônicas e tecnologia.

Essas mudanças imensas ocorreram em grande parte como resultado das sinergias entre os seres humanos e as várias plantas com as quais eles interagiram e co-evoluíram. Uma avaliação honesta do impacto das plantas sobre as bases das instituições humanas descobriria que elas são absolutamente fundamentais. No futuro, a aplicação de soluções estáveis botanicamente inspiradas, como o crescimento zero de população, a extração do hidrogênio da água do mar e os programas maciços de reciclagem podem ajudar a reorganizar nossas sociedades e nosso planeta em termos mais holísticos, conscientes do meio ambiente, neo-arcaicos.

A supressão do natural fascínio humano com relação aos estados alterados de consciência e a atual situação de perigo por que passa toda a vida na terra estão íntima e causalmente conectadas. Quando suprimos o acesso ao êxtase xamânico represamos as águas refrescantes da emoção que flui de um relacionamento profundamente ligado, quase simbiótico, com a terra. Em conseqüência disso se desenvolvem e se mantêm os estilos sociais mal-adaptados que encorajam a superpopulação, o mau uso dos recursos e a intoxicação ambiental. Nenhuma cultura na terra é tão profundamente narcotizada, em termos de se acostumar às conseqüências do comportamento mal-adaptado, quanto o ocidente industrializado. Buscamos uma atitude tranqüila numa atmosfera surreal de crise cada vez maior e contradições irreconciliáveis.

Como espécie, precisamos reconhecer a profundidade de nosso dilema histórico. Continuaremos a jogar com um baralho pela metade enquanto continuarmos a tolerar os cardeais do governo e da ciência que pretendem ditar onde a curiosidade humana pode se concentrar e onde não pode. Essas restrições à imaginação humana são aviltantes e absurdas. O governo não somente restringe a pesquisa sobre substâncias psicodélicas que poderiam talvez produzir valiosas idéias psicológicas e médicas; ele pretende impedir também seu uso religioso e espiritual. O uso religioso das plantas psicodélicas é uma questão de direitos civis; sua restrição é a repressão de uma legítima sensibilidade religiosa. De fato, não é uma sensibilidade religiosa que está sendo reprimida, mas a sensibilidade religiosa, uma experiência da religio baseada no relacionamento entre plantas e seres humanos que existe desde muito antes do advento da história.

Não mais podemos adiar uma reavaliação honesta dos verdadeiros custos e benefícios do uso habitual das plantas e das drogas versus os verdadeiros custos e benefícios da supressão de seu uso. Nossa cultura global corre o risco de sucumbir a um esforço orwelliano de acabar com o problema através do terrorismo militar e policial contra os consumidores de drogas em nossa população e os produtores de drogas no Terceiro Mundo. Essa resposta repressiva é alimentada em grande parte por um medo não examinado que é produto de desinformação e ignorância histórica.

Preconceitos culturais profundamente arraigados explicam porque a mente ocidental torna-se subitamente ansiosa e repressiva com relação às drogas. As mudanças de consciência induzidas por substâncias revelam dramaticamente que nossa vida mental tem fundamentos físicos. Assim, as drogas psicoativas desafiam a suposição cristã da da inviolabilidade e do status ontológico especial da alma. De modo semelhante, elas desafiam a idéia moderna do ego, de sua inviolabilidade e de suas estruturas de controle. Resumindo, os contatos com as plantas psicodélicas questionam toda a visão de mundo da cultura dominadora.

Abordaremos frequentemente esse tema do ego e da cultura dominadora nesse reexame da história. De fato, o terror que o ego sente ao contemplar a dissolução de fronteiras entre o Eu e o mundo não está somente por trás da supressão dos estados alterados da consciência, mas, de modo mais geral, explica a supressão do feminino, do estrangeiro e exótico e das experiências transcedentais. Nos tempos pré-históricos, porém pós-arcaicos, de cerca de 5000 a 3000 a.C., a supressão da sociedade igualitária pelos invasores patriarcais arrumaram o cenário para a supressão da investigação experimental e aberta da natureza, feita pelos xamãs. Em sociedades altamente organizadas essa tradição arcaica foi substituída por uma tradição do dogma, da politicagem clerical, das guerras e, finalmente, dos valores “racionais e científicos” ou dominadores.

Até aqui usei sem explicação os termos “igualitários” e “dominadores” para falar de estilos de cultura. Devo essas expressões úteis a Riane Eisler e sua importante revisão da história no livro The Chalice and the Blade. Eisler desenvolveu a noção de que os modelos de sociedade “igualitária” precederam e mais tarde competiram e foram oprimidos pelas formas de organização social “dominadora”. As culturas dominadoras são hierárquicas,, paternalistas, materialistas e de domínio masculino. Eisler acredita que a tensão entre as organizações igualitárias e dominadoras e a superexpressão do modelo dominador são responsáveis pelo nosso afastamento da natureza, de nós mesmos e ins dos outros.

Eisler escreveu uma brilhante síntese do surgimento da cultura no antigo Oriente Próximo e do desdobramento do debate político relativo à feminização da cultura e à necessidade de superar padrões de domínio masculino para a criação para a criação de um futuro viável. Sua análise política dos sexos eleva o nível do debate para além dos que saudaram estridentemente um ou outro “matriarcado” ou “patriarcado” antigo. The Chalice and the Blade introduz a noção de “sociedades igualitárias” e “sociedades dominadoras” e usa os registros arqueológicos para argumentar que, sobre vastas áreas e durante muitos séculos, as sociedades igualitárias do Oriente Médio antigo não tinham guerras nem levantes. A guerra e o patriarcado chegaram com o aparecimento de valores dominadores.

A herança dominadora

Nossa cultura, auto-intoxicada pelos subprodutos venenosos da tecnologia e pela ideologia egocêntrica, é a infeliz herdeira da atitude dominadora que diz que a alteração da consciência através do uso de plantas ou de substâncias é errada, onanística e perversamente anti-social. Irei argumentar que a supressão da gnose xamânica, com sua confiança e insistência na dissolução extática do ego, roubou-nos o significado da vida e tornou-nos inimigos do planeta, de nós mesmos e de nossos netos. Estamos matando o planeta para manter intactas as suposições equivocadas do estilo cultural dominador do ego.

É tempo de mudança.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 weeks later...
  • Usuário Growroom

INSTITUIÇÕES HUMANAS PRIMITIVAS

Emocionalmente, o homem transcende aos seus ancestrais animais pela sua capacidade de apreciar o humor, a arte e a religião. Socialmente, o homem demonstra a sua superioridade fabricando aparatos, sendo um comunicador e um criador de instituições.

Quando os seres humanos mantêm grupos sociais durante muito tempo, tais agregações sempre resultam na criação de certas tendências de atividades que culminam em uma institucionalização. A maior parte das instituições humanas tem demonstrado fazer uma economia de trabalho, enquanto, ao mesmo tempo, contribuem com algo para melhorar a segurança grupal.

O homem civilizado tem muito orgulho do caráter, da estabilidade e da continuidade das suas instituições estabelecidas, mas todas as instituições humanas são meramente os costumes acumulados do passado como têm sido conservados pelos tabus e dignificados pela religião. Tais legados transformam-se em tradições, e as tradições metamorfoseiam-se, finalmente, em convenções.

1. INSTITUIÇÕES HUMANAS FUNDAMENTAIS

Todas as instituições humanas servem a alguma necessidade social, passada ou presente, não obstante o seu desenvolvimento excessivo diminuir infalivelmente os méritos do valor individual, ofuscando a personalidade e menoscabando a iniciativa. O homem deveria antes controlar as suas instituições mais do que permitir a si próprio ser dominado por essas criações da civilização que avança.

As instituições humanas são de três classes gerais:

1. As instituições de automanutenção. Estas instituições abrangem aquelas práticas que advêm da fome de alimentos e dos instintos ligados à autopreservação. Elas incluem a indústria, a propriedade, a guerra pelo ganho e todos os dispositivos reguladores da sociedade. Mais cedo ou mais tarde, o instinto do medo leva ao estabelecimento dessas instituições de sobrevivência, por meio de tabus, de convenções e de sanções religiosas. No entanto, o medo, a ignorância e a superstição têm exercido um papel proeminente na origem primitiva e no desenvolvimento subseqüente de todas as instituições humanas.

2. As instituições de autoperpetuação. Estes são os estabelecimentos da sociedade que resultaram do anseio sexual, do instinto maternal e das emoções ternas mais elevadas das raças. Elas abrangem a salvaguarda social do lar e da escola, da vida familiar, da educação, da ética e da religião. Incluem o costume do matrimônio, a guerra pela defesa e a construção dos lares.

3. As instituições de autogratificação. Estas são as práticas que nascem das propensões para a vaidade e das emoções do orgulho; e elas abrangem os costumes dos vestuários e dos adornos pessoais, os usos sociais, a guerra pela glória, as danças, os divertimentos, os jogos e outras formas de gratificação sensual. A civilização, porém, nunca gerou instituições específicas de autogratificação.

fonte da informação: http://www.urantia.org/portuguese/o_livro/02por069.htm

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Join the conversation

You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.

Visitante
Responder

×   Pasted as rich text.   Paste as plain text instead

  Only 75 emoji are allowed.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

Processando...
×
×
  • Criar Novo...