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Ufmg Cria Comissão Para Apurar Tumulto


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UFMG cria comissão para apurar tumulto Estudantes protestam contra invasão e truculência policiais no câmpus da Pampulha. PM afirma que reagiu a agressão

http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/20...a_interna.shtml

Gustavo Werneck - Estado de Minas

Beto Novaes/EM20080405081412463.jpgico_foto.gif Alunos fazem assembléia no Instituto de Geociências para analisar confusão na noite de quinta-feira, que deixou ferida Débora Gomes de Melo

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou uma comissão de sindicância para apurar as causas de tumulto, na noite de quarta-feira, no câmpus da Pampulha, em Belo Horizonte, que culminou com a presença da Polícia Militar no prédio do Instituto de Geociências (IGC) e confronto com estudantes, que deixou alguns jovens feridos. O motivo da confusão foi a tentativa de exibição no local, às 19h30, do documentário Grass Maconha, que trata da liberação da droga e recebeu o veto da diretoria do IGC. Em nota, a reitora em exercício, Heloísa Starling, informou que a comissão, de dois professores e um estudante, tem prazo de 30 dias para fazer um relatório sobre a situação. A ação, segundo alunos, teve uso de helicóptero, spray de pimenta e pistolas de choque não letais.

Leia também: Confusão vai parar no YouTube

Na tarde de sexta-feira, os estudantes fizeram assembléia no IGC, para analisar a situação e repudiar a presença da PM no câmpus. “Foi um ato de truculência. Estava numa reunião no diretório e fui ver o que estava ocorrendo. Acabei com as costas machucadas”, disse o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Bruno Pedersoli. Os estudantes marcaram para segunda-feira, ao meio-dia, um ato de repúdio. “Vamos fazer um dia de luto na universidade e pedir que todos venham com roupa preta. A nossa grande pergunta é: quem autorizou a entrada da PM no câmpus?”, disse.

O prédio está coberto de cartazes com as frases “abaixo a repressão”, e “método pedagógico UFMG espancamento”, “ação agressiva” e outros. Há também afixados, em vários cantos, panfletos sobre a “marcha da maconha”. Os alguns negam qualquer conexão entre a manifestação pela droga e a tentativa de exibição do filme, “que pode ser comprado em banca de revistas”.

Com um corte na cabeça, que resultou em quatro pontos no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, dores nas mãos, nas costas e nas pernas, a estudante do sexto período de medicina, Débora Gomes de Melo dos Santos Medeiros, de 24 anos, esteve na tarde de sexta-feira no Hospital das Clínicas para fazer exames de raios X. Durante a confusão, segundo ela, recebeu golpes de cacetetes de um policial. “Sou do DCE e também estava em reunião. Quando soubemos do que estava ocorrendo, fomos para o local e vimos que estavam algemando e levando preso um estudante de geografia. Havia cerca de 50 policiais, numa ação sem razão. Cercamos a viatura e perguntamos o que estava ocorrendo, mas eles já estavam batendo nos estudantes”, disse Débora, que fez exame de corpo delito.

Como ainda era horário de aulas, muitos professores presenciaram o tumulto. “Foi um incidente lamentável. Fui empurrado e xingado”, disse o professor de geologia Guilherme Knauer, que lamentou a presença da PM num espaço democrático como a universidade “Os dois são líquidos imiscíveis, não se misturam”, comparou. Ele se lembra do que ocorreu pouco antes da confusão. “Vi quando quatro policiais entraram no prédio, trancaram a porta e disseram que ninguém poderia sair. Um aluno respondeu que precisava ir embora. Nesse momento, um dos militares, que parecia completamente transtornado, entendeu a resposta como desacato à autoridade e o levou preso”, contou o professor. O Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh) divulgou nota repudiando o episódio.

De acordo com a UFMG, a universidade mantém, desde 2003, um convênio com a PM, que tem, no câmpus, o Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes, para patrulhamento da área. A PM divulgou nota esclarecendo que foi chamada pela segurança da UFMG “e, nesse caso, não poderia se omitir”. Além da regimento, a ocorrência foi atendida pelo Batalhão de Polícia de Eventos (BPE). O tenente-coronel Ricardo Matos Calixto explicou, na nota, que o encontro “marcha pela maconha, organizada pelos alunos”, não foi autorizada pela diretora do instituto, conforme ofício enviado à procuradoria jurídica, “pois fazia apologia à liberação e ao uso da maconha”. Diz ainda que “o documento confirma a solicitação de reforço da segurança nas dependências da escola”. O militar explicou que objetos foram lançados nos policiais e que “uma aluna ficou ferida, atingida por pedrada arremessada pelos estudantes”.

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