Política De Tolerância à Drogas Leves Ameaçada

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Política de tolerância à drogas leves ameaçada Robert Chesal

fonte:Parceria.NL

29-10-2008

O debate sobre o consumo de drogas na Holanda pode ser reaberto depois que dois prefeitos tomaram a decisão de fechar todos os coffeeshops instalados nos municípios em que governam. As cidades de Bergen op Zoom e Roosendaal, ambas fronteiriças e localizadas no sul do país, seriam as duas primeiras a romper com a política de tolerância às drogas leves.

Coffeeshop é o nome dado aos

estabelecimentos onde a venda de

drogas leves, como a maconha e o

haxixe, é permitida

Ambos os prefeitos afirmam que não são contrários à comercialização desses produtos em si. O problema, segundo eles, seria os transtornos causados pelos turistas estrangeiros que vão a estas cidades em busca de drogas que são proibidas em seus países de origem.

"Cerca de 25 mil turistas por semana visitam os coffeeshops. Isso leva a muitos incômodos relacionados à ilegalidade, existe uma atividade criminosa em curso. Os moradores das nossas cidades estão pedindo para que a gente faça das ruas um lugar seguro, por isso, não temos outra opção senão fechar os coffeeshops", afirma o prefeito de Bergen op Zoom, Han Polman.

Apoio governamental

A decisão dos prefeitos recebeu apoio do governo holandês. De acordo com o ministro da Justiça, Ernst Hirsch Ballin, "são os municípios que possuem as melhores condições para determinar o que é necessário fazer na luta contra a perturbação da ordem pública".

O problema vivido em Bergen op Zoom e em Roosendaal não é novo. Anualmente, 1,3 milhão de consumidores e traficantes de drogas vindos da Alemanha, França e Bélgica entra na Holanda para comprar maconha e haxixe nos coffeeshops.

Chamados de "turistas da droga", este tipo de visitante é apontado pelos dois prefeitos como o grande causador dos problemas, tais como conduzir de maneira imprudente, estacionar de forma irregular e urinar nas ruas.

Outra solução

Para combater o mesmo problema, o prefeito de Maastricht, Gerd Leers, pretende transferir todos os coffeeshops de sua cidade, também localizada no sul da Holanda, para a fronteira com Alemanha e Bélgica. Leers diz não concordar com os prefeitos que decidem fechar esses estabelecimentos sem consultar os municípios vizinhos.

"Estamos simplesmente mudando o problema de uma cidade para outra e o empurrando para a esfera da ilegalidade. Agora os traficantes estão comemorando porque perceberam que estão ganhando novos clientes. A demanda pela maconha não vai desaparecer, apenas encontrará um novo fornecedor", explica Leers.

Debate nacional

Recentemente, o prefeito de Maastricht pediu ao ministro da justiça holandês que reunisse os governantes das cidades fronteiriças para discutir a questão. "É fundamental que tomemos uma decisão clara aqui na Holanda.

Devemos nos perguntar se queremos seguir com o nosso sistema holandês e, com isso, manter uma política sobre o uso de drogas diferente da adotada pelos nossos vizinhos ou se devemos dizer ‘não' por causa de todos os problemas que isso acarreta" reflexiona Leers.

A política holandesa de tolerância às drogas leves iniciou na década de 70 do século passado.