Ir para conteúdo

[blog Sobredrogas] 'sou Ou Não Sou... Traficante?'


Bas

Recommended Posts

Toda vez que leio reportagens sobre jovens de classe média que são presos por tráfico de drogas sintéticas, maconha e haxixe, entre outros, me pergunto: "será que esses meninos acham que não são traficantes porque moram em condomínios de classe média alta e fazem faculdade?" Muitas vezes, não querem nem saber de onde vêm as drogas, pois assim não se sentem parte do "esquema". Grande parte desta isenção de responsabilidade, imagino eu, existe pelo fato de não andarem armados como os gerentes das bocas dos morros e por não se envolverem em situações de risco.

O que será que os move a fazer tal coisa? Seria o vício, a sensação de impunidade, a adrenalina? Bem, não sou formada em psiquiatria e nunca trabalhei em um centro de reabilitação para ter esta resposta. Mas lembro-me bem de uma entrevista que fiz com um estudante carioca no dia de uma dessas operações da Polícia Federal, na qual diversos universitários foram presos por tráfico de drogas sintéticas.

O meu entrevistado não estava entre os presos e largara as drogas dois anos antes de nosso encontro. Mas alguns trechos da entrevista me marcaram e gostaria de reproduzi-los aqui. Talvez Fred, um rapaz que decidiu se internar para largar as o vício e deixar de "passar" seus produtos, tenha traçado o perfil mais preciso desses jovens que vivem numa linha tênue entre o submundo das drogas e a vida de 'playboy'. Com a opinião bem mais radical do que vários usuários, Fred foi além, afirmando que até usuários que vendem pequenas quantidades para amigos também são traficantes.

"Eu era um traficante. Não tem como fugir disso. Quando a gente está envolvido, é mais fácil acreditar que não é. Eles (usuários que vendem ou passam drogas) não se consideram porque são sugados por esse esquema. Eles pensam que não são porque não 'vivem disso' e porque são estudantes universitários. As pessoas não percebem, mas a maioria dos usuários de maconha trafica. Às vezes, compra 100 gramas de maconha, mas fica com apenas 25 gramas e vende o resto. Muitas vezes, outro amigo pede que compre para ele também. E assim as pessoas começam a vender."

Sobre seu próprio caso, Fred disse:

"Comecei a vender para sustentar o meu vício. Um amigo que era o meu contato deixava as coisas na minha casa para se proteger e eu 'segurava' porque tinha dívidas. Aí, fazia as vendas para ele também. Mas as minhas dívidas foram aumentando. Eu ia para uma rave, saía de casa com 40 balas (ecstasy), voltava sem nenhuma no saco e dinheiro de 15 delas. Não sabia quantas eu tinha tomado, quantas tinha dado para os amigos, quantas eu tinha vendido e quanto do dinheiro das vendas eu havia gastado".

A opinião de Fred sobre a responsabilidade do que chama de tráfico não é uma unanimidade, mas o fato é que ele assumiu para si esta realidade. Segundo ele, que freqüenta o Narcóticos Anônimos desde que resolveu largar as drogas, os pais podem ser grandes aliados na recuperação dos filhos:

"O melhor conselho é que os pais não escondam nada debaixo do tapete. Deve-se olhar mais nos olhos do filho. Se há um problema, ele deve ser enfrentado. O pai tem que ser amigo e não 'amiguinho'".

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Faltou a fonte da reportagem aí Bas...

Mas creio que os relatos são retratos verossímeis da realidade.

Conheço muitos do meu convívio social que poderiam ter sido inspiração ou fonte dessa história.

Acho que essa questão começa com uma muito tênue entre condutas criminais não-apenadas ou sem pena propriamente dita (porte para uso próprio, atual artigo 28) e condutas criminais as quais podem ser enquadradas no tipo penal de tráfico.

Daí é aquela coisa né?

Cabeça de juiz e fralda de nene, não dá pra saber o que vai sair de dentro.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Pesada a afirmação de que a maioria dos usuários de maconha são traficantes. Não concordo com ela.

Também acho que o relato tem um tom implícito de que as drogas são intrinsecamente ruins e devem ser proibidas e reprimidas...

Deveria haver uma regulamentação para acabar com essa linha tênue entre usuário e traficante e tirar da cabeça do juiz/delegado o poder de decidir...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

nunca vendi uma grama de maconha, mas se analisarmos pela nossa lei, o simples fato de passar o baseado seria trafico... entao todos somos traficantes...

mas quanto o fato de que o usuário mais cedo ou mais tarde começa a vender para financiar o vício, eu não concordo...

nunca me passou pela cabeça vender.... sei lá nada a ver...

o cara começa a vender pq é vagabundo e quer grana fácil, independente se é para comer, para comprar umas rodas novas ou drogas, inclusive alcool!

flow!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Porra, não concordo. Tenho uma pá de amigo, que compra 50g e divide com o outro. Isso vai fazer dele um traficante??

Ah que porra de gente hipócrita.

Como dizia já o B. Negão "Não conseguem diferenciar banqueiros de bancários, mega traficantes de meros funcionários"

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Join the conversation

You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.

Visitante
Responder

×   Pasted as rich text.   Paste as plain text instead

  Only 75 emoji are allowed.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

Processando...
×
×
  • Criar Novo...