Usuário Growroom mprado1 Postado December 23, 2008 Usuário Growroom Denunciar Share Postado December 23, 2008 http://oglobo.globo.com/blogs/sobredrogas/...cod_post=147022 Não é exatamente novo - a primeira edição é de setembro de 2007 e, na época, ganhou boa reportagem de Antonio Marinho no Globo - mas "Maconha, cérebro e saúde", de Renato Malcher-Lopes e Sidarta Ribeiro (ambos bacharéis em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília, e com doutorado em universidades americanas), é leitura recomendável para quem anda por esse blog. Saiu pela editora Vieira & Lent, em sua Coleção Ciência no Bolso. Com exceção do segundo capítulo, "O sistema endocanabinóide", este de linguagem mais técnica, é instrutivo mas de leitura fácil e agradável. No primeiro capítulo, os autores fazem um histórico do uso da maconha, cujos mais antigos registros foram encontrados na China, datados a cerca de 4.700 anos. Através dos séculos, em diferentes culturas, ela foi utilizada seja como remédio (para diversos fins, com efeitos comprovados recentemente, e poucos danos colaterais) ou como substância de alteração do humor, da consciência (quase sempre associada a rituais religiosos, místicos). Curiosamente, no Ocidente, a maconha só realmente entra a partir dos séculos XVIII e XIX, via Oriente Médio, Norte da África e Índia, tanto para a medicina quanto para a recreação. Até que... "Nos Estados Unidos, o declínio do uso médico da maconha se deu sobretudo a partir de 1939, quando as autoridades norte-americanas impuseram taxas de valores proibitivos para médicos que prescrevessem remédios contendo Cannabis. Finalmente, em 1941, a maconha saía oficialmente das páginas da farmacopéia norte-americana para figurar nas páginas policiais daquele país." escrevem Malcher-Lopes e Ribeiro, que fecham este capítulo primeiro com um dado que vai virar o jogo: "O interesse médico e científico pela maconha e seus derivados retorna de forma pungente a partir dos anos 1990, com a descoberta do sistema endocanabinóide". Este, esmiuçado no tal segundo capítulo, ao qual não me deterei aqui. Pulemos para o terceiro, "A maconha como remédio", onde somos informados que cerca de 500 substâncias químicas "já foram isoladas e identificadas na maconha". Entre os 70 canabinóides presentes na maconha - como Tetrahidrocanabinol (THC), Canabicromeno (CBC), Canabidiol (CBD), Canabinol (CBN), Canabitriol (CBT)... - foram encontradas as seguintes propriedades farmacológicas: psicotrópico, ansiolítico, imunossupressor, antiinflamatório, bactericida, fungicida, antiviral, hipotensor, broncodilator, neuroprotetor, estimulador de apetite, antiemético, analgésico, sedativo, anticonvulsivo, antitumorígeno, redutor de pressão intra-ocular, modulador neuro-endócrino, antipirético, antiespasmódico, antioxidante e antipsicótico. Impressionante, não? Bem, os autores mostram, em detalhes, como essa farmacologia age, descrevendo algumas das pesquisas já realizadas. Entre suas conclusões a de que a sociedade deve derrubar o tabu que cerca a maconha e concentrar mais estudos, para a descoberta de novos remédios. Até o momento, em muitos dos casos nos quais a maconha é usada, um baseado (cigarro) tem mais efeito do que os remédios já produzidos a partir dela. No último capítulo, o de número 10, "Fitoterápicos versus medicina moderna", eles voltam a esse tópico e concluem: "O fato de que a inalação da fumaça da maconha seja atualmente o meio mais efetivo para administrá-la como remédio constitui um problema, por causa dos danos à saúde associados ao fumo. Este sério inconveniente relacionado à inalação da fumaça já pode ser resolvido com o uso de vaporizadores, aparelhos que aquecem a planta somente o suficiente para liberar os canabinóides, justo abaixo do ponto de combustão da planta, sem produzir fumaça, alcatrão e partículas tóxicas. A despeito do estigma que a maconha carrega em decorrência da ilegalidade de seu uso em muitos países, o fato é que, como remédio para diversas enfermidades, os efeitos colaterais que ela produz são perfeitamente aceitáveis e, às vezes, até desejáveis, como é o caso de quadros multissintomáticos. Suas variadas propriedades medicinais, associadas ao baixo custo de produção, tornam mais do que desejável o estabelecimento e regularização do uso criterioso da maconha e seus derivados para fins terapêuticos...". Mas voltemos um pouco, ao capítulo 4, "A maconha como tóxico", no qual os dois cientistas afirmam: "No caso da maconha, não existe evidência de que a droga em si possa causar alterações patológicas em neurônios ou qualquer tipo de célula do organismo. Tampouco se pode afirmar que a maconha modifique a fisiologia a ponto de colocar em risco a vida do usuário. Portanto, ao contrário de drogas como álcool, cocaína e heroína (ou morfina), não é possível morrer por conseqüência direta de uma dose excessiva (overdose) de maconha." A propalada "morte de neurônios" que seria causada pela maconha, também caiu por terra nos últimos anos. Na verdade... "existem evidências consideráveis de que alguns componentes da maconha são neuroprotetores". E por aí vai, e volta. Sem apologia, apresentando dados e dados científicos, Malcher-Lopes e Ribeiro dão uma grande contribuição ao debate. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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