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Política Antidrogas Provoca Um Racha Na Onu


CanhamoMAN

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  • Usuário Growroom

Política antidrogas provoca um racha na ONU

Publicada em 13/03/2009 às 05h58m

O Globo

RIO - Um encontro internacional da ONU para traçar qual direção os países devem tomar daqui para a frente para combater as drogas ilegais encerrou-se na quinta-feira com a aprovação de uma declaração política que deixou vários países e ativistas frustrados, informa a enviada especial do Globo Deborah Berlinck. O documento foi adotado por consenso e celebrado depois com um "pisco sauer" - drinque típico do Peru.

Mas na própria cerimônia de aprovação do texto foi selado o racha entre dois grupos. Um liderado pelos Estados Unidos, favorável a uma linha mais repressiva e dura no combate às drogas. E outro, liderado por europeus, que defendem uma abordagem mais liberal. Por causa das divergências entre estes dois grupos, a declaração virou uma espécie de colcha de retalhos. Num malabarismo de linguagem burocrática, colocou-se um pouco de tudo para satisfazer a todos.

No centro da batalha se encontra uma expressão que não está escrita no texto, mas está na cabeça de muitos: harm control (redução de danos). É como está sendo chamado um conjunto de políticas e programas já adotados por vários países, entre eles o Brasil, para lidar com as consequências das drogas. Distribuição de seringas, por exemplo, é um destes programas que vêm sendo adotado por vários países para evitar que o dependente de droga acabe agravando outro problema: a epidemia de Aids. Os EUA não aceitam escrever, às claras, este conceito na declaração, por temerem que isso abra uma porta para a legalização de drogas.

Para os americanos, quem insiste nisso quer afrouxar o objetivo primordial: "um mundo sem drogas" - a meta estabelecida pela ONU em 1998 que muitos hoje dizem ser irrealista. Mesmo que o novo governo de Barack Obama tenha acabado com a proibição de distribuição de seringas, a ênfase da política de drogas dos EUA continua a mesma: repressão.

O racha, portanto, ficou claro quando um representante da Alemanha, minutos antes da aprovação da declaração, pediu a palavra. Em nome de 25 outros países, entre eles Reino Unido, Holanda, Portugal, Espanha, Austrália e Bolívia, o alemão anunciou que o grupo iria interpretar várias iniciativas previstas na declaração sob esta ótica: redução de danos. Os EUA protestaram:

- Tivemos muitos debates e chegamos a um acordo sobre um documento que deve ser implementado exatamente da forma como concordamos por consenso - disse um representante americano, apoiado pelo Japão.

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