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Carlos Minc: ‘Não Vivo Sem A Lapa, Sem Chopinho’


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  • Usuário Growroom

Carlos Minc: ‘Não vivo sem a Lapa, sem chopinho’

POR THIAGO PRADO, RIO DE JANEIRO

Rio - Polêmica é algo que não assusta o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PT). E nem sempre os temas ecológicos estão em debate. No cargo desde maio de 2008, já comprou briga com desmatadores, bateu boca com o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB) por causa de políticas para o Pantanal e entrou em rota de colisão com o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito (PSDB), que proibiu uma parada gay na cidade. Em entrevista a O DIA, o apaixonado pelo chope da Lapa não teme defender a descriminalização da maconha e a aliança do PT fluminense com o governador Sérgio Cabral nas próximas eleições. Minc ainda promete: deixará Brasília, onde diz não ter se adaptado, e buscará vaga na Assembleia Legislativa em 2010.

O DIA: O senhor foi chamado de homossexual e ‘fumador de maconha’ pelo governador André Puccinelli. Semanas depois, protestou em público contra o prefeito Zito porque a passeata gay foi proibida na cidade. Depois das duas polêmicas fora da área ambiental, falou pessoalmente com os dois?

Carlos Minc: Com o Zito falei pelo telefone. Com o governador, não falei mais. Foi muito grosseiro. Um assessor meu esteve na semana passada no Mato Grosso do Sul e me informou que o governador está apoiando a realização de uma passeata GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis). Só me faltava essa.

Se ele o convidasse, o senhor iria? (o governador pediu desculpas)

Participo de todas as passeatas organizadas pelos movimentos. Julgo que ele não é um militante da causa para me convidar ou não. Quem pode me convidar são os verdadeiros representantes. Além disso, me preocupa quem não tem apreço pelo meio ambiente.

O senhor sempre afirmou que é a favor da descriminalização da maconha. O modelo holandês, com lugares reservados para fumar, é o que defende?

Não pensei em um modelo. Minha tese — assim como a do governador Sérgio Cabral, do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — é que trata-se de um caso de saúde pública. A nova lei antidrogas não descriminalizou e, sim, despenalizou o uso. Na prática, ainda abre possibilidades para a prisão. Por exemplo, se três rapazes são pegos fumando maconha, um deles pode ser acusado de dar a droga para os outros e ser preso. Há milhares de usuários presos no Brasil. Muitos dizem que, se legalizassem o uso da maconha, iria explodir o consumo. Contesto isso. O cigarro está legalizado, mas o uso tem diminuído. Primeiro, por causa das várias leis e ao aumento da consciência. Houve também a propaganda nos maços de cigarro. Os homens começaram a achar que iam brochar e parece que isso acontece mesmo.

Mas o senhor é a favor da legalização de todas as drogas?

Acho que esta explanação que dei sobre a maconha é mais do que suficiente.

Vamos falar de política fluminense. Qual o seu destino pós-2010?

Vou me candidatar à Assembleia Legislativa. Por incrível que pareça, não fui picado pela mosca azul de Brasília. Meus pais estão velhinhos e meus filhos numa idade boa, vivendo no Rio. Eu não vivo sem a Lapa, sem as Paineiras e sem o chopinho.

O PT do Rio está dividido, sem saber se apoia a reeleição do governador Sérgio Cabral ou a candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Qual a sua posição?

Sou um aliancista. A política de aliança entre Lula e Cabral melhorou o Rio. Temos que rechaçar posições individualistas no partido. Lindberg é uma liderança em ascensão, está sendo um bom prefeito, mas estou pensando na questão nacional.

O prefeito Lindberg já deixou claro várias vezes que não mudará de opinião e será candidato a governador. O senhor acha que será necessária uma intervenção como a de 1998, quando o PT nacional impôs ao estadual o apoio à candidatura de Anthony Garotinho?

Não vejo como intervenção. Em fevereiro, vai haver reunião do PT onde a direção nacional do partido discutirá a política de alianças no Brasil. No Rio, não sou muito ligado à luta interna, já tenho que brigar com muito desmatador e boi pirata (gado em propriedades ilegais). Estou apoiando o deputado Luiz Sérgio para a presidência regional do partido (as eleições serão dia 22). Acho que ele ganhará no segundo turno e haverá a coalizão. Caso não vença, o diretório nacional vai ser o condutor da política de alianças. O Lindberg já me disse que não iria contra a decisão nacional do partido.

Qual a diferença entre a sua gestão e a da senadora Marina Silva (PV) à frente do ministério?

Há um aspecto de continuidade, mas cada um tem seu jeito. Acho que me preocupei mais com as questões urbanas e industriais. Tenho muito diálogo com a iniciatica privada. A Marina nunca fez pactos públicos. Eu fiz oito.

Na prática, o que este comportamento diferente da antecessora vai trazer de resultados para a população nos próximos anos?

Vamos anunciar, junto com o ministro das Cidades, Márcio Fortes, no mês que vem, o primeiro plano de saneamento ambiental do País. Serão investimentos nos consórcios intermunicipais e a meta é dobrar em dez anos a quantidade de esgoto coletado tratado.

Qual o maior desafio ambiental que o Rio tem até os Jogos Olímpicos de 2016?

Concluir a questão do sanemanto, que é a primeira causa da mortalidade infantil, e a limpeza da Baía de Guanabara e lagoas da Barra e de Jacarepaguá. Agora, por exemplo, estamos começando obras pesadas na Baía de Sepetiba.

Mas é possível vislumbrar uma Baía de Guanabara limpa até lá?

Sim. Já despoluímos a Lagoa Rodrigo de Freitas e a de Araruama. Mantendo este ritmo, em cerca de oito anos, conseguimos limpar a Baía de Guanabara, assim como fizeram na Europa com o Tâmisa e o Reno.

Esta semana, as chuvas castigaram a Baixada Fluminense. O que o Governo federal pode fazer a longo prazo para ajudar as cidades afetadas?

Eu e Marilene (Ramos, atual secretária estadual de Ambiente), na época em que estávamos juntos no governo Cabral, fizemos obras no Rio Iguaçu. Nestas áreas, que pegam metade de Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti, não houve problema. As que deram problema foram onde as obras não chegaram. O processo é lento. Para o ano que vem, já conseguimos R$ 80 milhões do Governo federal e R$ 20 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam) para lá.

Do Site: O Dia

15.11.09

Link Original:http://odia.terra.com.br/

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