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"O Grande Lebowski", Dos Irmãos Coen, Vira Objeto De Culto


William Bonner

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  • Usuário Growroom

"O Grande Lebowski", dos irmãos Coen, vira objeto de culto

FERNANDA EZABELLA

da Folha de S.Paulo

"Lebowski curou meu câncer", brinca um. "É meu maior sonho nerd realizado", desmancha-se outro. Declarações de amor, às vezes embaraçosas, estão num documentário que acompanhou por cinco anos um festival dedicado ao filme "O Grande Lebowski", dos irmãos Joel e Ethan Coen.

O longa de 1998 registra as desventuras de Jeffrey Lebowski, ou "The Dude", algo como "O Cara", um maconheiro fã de boliche que é confundido com um milionário de mesmo nome, em Los Angeles.

Decepção nas bilheterias, ficou apenas seis semanas em cartaz nos EUA, mas foi o suficiente para arrebanhar entusiastas pelo mundo, alucinados por suas supostas mensagens subliminares, cenas surrealistas e personagens peculiares.

Um desses fãs é Eddie Chung, 34, um coreano que mora nos EUA desde os quatro anos e que se lembra da primeira vez que viu o filme, sozinho numa grande sala de cinema. O impacto foi grande, mas não maior do que quando visitou o Lebowski Fest em 2004, um festival anual que ajuda a manter a chama do Dude acesa, através de concursos de fantasia e testes de conhecimento sobre o longa. O evento foi criado por dois amigos desocupados, que conseguiram reunir 150 pessoas num boliche após criar um site-convite em 2002.

"O Lebowski Fest é a razão para eu gostar do filme hoje mais do que nunca. É um grande filme, mas não é meu favorito, nem o meu favorito dos Coen", diz à Folha Chung, que lançou no final de 2009 o documentário "The Achievers: The Story of the Lebowski Fans" (os empreendedores: a história dos fãs do Lebowski; US$ 18 na Amazon.com, mais taxas).

Formado em filosofia, Chung tenta explicar o fenômeno Dude e filma a rede de amizades formada a partir do longa, tido como "o primeiro clássico da era da internet". "São como pessoas que vão à igreja, que gostam de sair juntas", diz Jeff Dowd, um ativista americano tido como inspiração para o personagem Lebowski.

Os Coen não aparecem no documentário, nem nunca o fizeram no festival. O ator Jeff Bridges, que faz o Dude, deu entrevista quando visitou o evento com sua banda.

Acadêmicos explicam

Mas não são apenas nerds cinéfilos que se debruçam sobre "O Grande Lebowski". Vinte e um acadêmicos lançaram recentemente o livro de 500 páginas "The Year's Work in Lebowski Studies" (a obra anual dos estudos Lebowski; editora Indiana University Press, US$ 16), que vem engrossar o conjunto literário já publicado sobre o personagem. Oito dos 12 ensaios estão disponíveis de graça no Google Livros.

"Muitas pessoas não percebem como os departamentos de literatura são ecléticos hoje em dia, que podemos examinar coisas como "Lebowski'", diz um dos editores do livro, Aaron Jaffe, 38, professor de inglês especializado em James Joyce da Universidade de Louisville.

No livro, há comparações de Dude com a "nova esquerda" e referências ao grupo de arte conceitual Fluxus, a Freud, a faroeste e até ao cálice sagrado. A ideia do livro veio após Jaffe ser convidado a fazer uma conferência no Lebowski Fest.

"Os mundos [dos acadêmicos e dos fãs] não são os mesmos, mas se encontram muito mais do que você imagina. Os fãs são acadêmicos com melhor credibilidade de rua. E os acadêmicos são fãs dos fãs", diz Jaffe.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u684596.shtml

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