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Brasil Pode Ganhar Agência Sobre Uso Medicinal Da Maconha.


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http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/05/medicos-querem-criar-agencia-para-regular-uso-medicinal-da-maconha.html

17/05/2010 07h00 - Atualizado em 17/05/2010 07h00

Médicos querem criar agência para regular uso medicinal da maconha

Brasil proíbe que 'Cannabis' possa ser transformada em remédio.

Confira entrevista com especialista que defende uso terapêutico da droga.

Iberê Thenório Do G1, em São Paulo

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Começa nesta segunda-feira (17), em São Paulo, um encontro científico internacional para discutir a criação de uma agência reguladora para o uso medicinal da maconha no Brasil. Hoje, o país não permite que os princípios ativos da planta possam se transformar em remédios.

A fundação de um órgão desse tipo é uma exigência da Organização das Nações Unidas. Em países como os EUA, Canadá, Reino Unido e Holanda, a Cannabis já é usada como analgésico, estimulador do apetite ou para o controle de vômitos.

Elisaldo Carlini, da Unifesp, é o organizador do encontro que pretende criar a agência para a cannabis medicinal.Elisaldo Carlini, da Unifesp, é organizador do encontro sobre cannabis na medicina. (Foto: Iberê Thenório/G1)

carlini-625.jpg

Aqui, o grande defensor de terapias com a maconha é o médico Elisaldo Carlini, que organizou o evento. Segundo ele, as substâncias presentes na planta são muito úteis para serem deixadas de lado. "Há centenas de trabalhos científicos mostrando os efeitos terapêuticos da maconha", afirma.

"A maconha já foi considerada quase uma divindade na neurologia para tratamento das dores de origem nervosa."

Elisaldo Carlini, professor de

medicina na Unifesp

De acordo com o médico, não é de hoje que se conhece o efeito benéfico da droga. A prova de sua afirmação está em um livro de medicina de 1888, comprado por seu avô, onde a Cannabis constava como remédio.

Carlini, porém, não é favorável à liberalização da maconha para uso recreativo, e nem se encaixa no estereótipo "bicho-grilo", muitas vezes associado aos usuários da droga.

Professor de medicina na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ele tem 79 anos e já foi chefe da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, a atual Anvisa. Hoje, dirige o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e é membro do comitê de peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre álcool e drogas.

Confira, abaixo, trechos da conversa que o G1 teve com o médico da Unifesp.

G1 - As substâncias químicas da maconha são tão importantes para a medicina a ponto de haver esse esforço para a criação de uma agência reguladora?

Elisaldo Carlini - Essas substâncias estão reconquistando uma posição que elas tinham no início do século XIX e no início do século XX, quando a maconha era considerada quase uma divindade na neurologia para tratamento das dores de origem nervosa.

cannabis-625.jpg

Livro do CarliniLivro de medicina de 1888 já falava sobre o uso da maconha como remédio. (Foto: Iberê Thenório/G1)

O próprio Dr. John Russell Reynolds, que era médico da Rainha Vitória na Inglaterra no fim do século XIX, dizia que a maconha, quando administrada na dose adequada - e o produto controlado nas suas qualidades -, era um dos medicamentos mais preciosos.

Depois se perdeu totalmente essa visão, e a maconha foi considerada uma droga maldita, uma droga que a ONU coloca como especialmente perigosa, ao lado da heroína, o que é uma coisa totalmente irreal.

Exemplos de uso terapeutico da maconha

Atenuação de dores crônicas da esclerose múltipla

Diminuição de náuseas durante a quimioterapia

Aumento de apetite para tratamento de anorexia e Aids

Redução da pressão interna do olho no glaucoma

G1 - Não se corre o risco de esses remédios serem usados para "fins recreativos"?

Elisaldo Carlini - Se não houver os devidos cuidados, pode acontecer. É como a morfina, que está disponível, todos os pacientes têm o direito de ter, mas que não deve ficar "à solta", não se pode ter na prateleira de uma farmácia sem maiores cuidados. Terá que haver uma legislação que garanta o controle adequado, como existe na morfina.

Em alguns países onde o delta-9-THC [uma das substâncias da maconha] está sendo comercializado, não há exemplo de desvio. Nesses casos, o fato de a maconha ter se transformado em medicamento tirou um pouco o encanto, o desafio às regras que é muito comum o jovem querer praticar.

G1 - Os pacientes podem ficar dependentes desses remédios?

Elisaldo Carlini - A OMS fez um estudo mundial para investigar casos de dependência causados pelo delta-9-THC e não conseguiu encontrar.

G1 - Como é possível pesquisar maconha no Brasil, já que a venda da droga é proibida?

Terá que haver uma legislação que garanta

o controle adequado,

como existe

no caso da morfina"

Elisaldo Carlini

Elisaldo Carlini - É complicado. Você tem de fazer um projeto que seja aprovado pela sua universidade, onde o comitê de ética opina. Aí é necessário conseguir uma aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e também da Anvisa, que tem de aprovar o projeto para liberar a droga. Então a droga tem de ser importada dos Estados Unidos, da Alemanha, onde há cultivo legal. E o governo dos países que vão exportar para o Brasil têm de aprovar, também.

G1 - Você é a favor da liberalização da maconha?

Elisaldo Carlini - Sou a favor da "despenalização". Eu acho que o enfrentamento do uso de qualquer droga não passa por repressão e prisão. Passa por uma educação em que o indivíduo tem de saber o que ele está fazendo. Já esse "liberou total" que estão querendo não traz benefício nenhum. Eu, particularmente, não sou a favor. Mas eu não sou contra a discussão desse assunto.

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  • Usuário Growroom

Folha Online - 19/05/2010

O direito de fumar maconha

As pessoas podem ser contra a descriminalização da maconha --e com bons argumentos. Mas ninguém pode ser contra as evidências científicas de que, em determinados casos, seu uso é medicinal. Não podemos condenar pacientes a comprar a droga de traficantes. Esse é o tema de um congresso internacional que ocorre em São Paulo, liderado por nomes reconhecidos por sua preocupação com a saúde pública.

O que eles querem é criar uma agência para que se reconheça, oficialmente no Brasil, o direito de pesquisa dos princípios da maconha e liberação para pacientes com câncer, por exemplo, obrigados a sessões de quimioterapia.

Proibir o uso medicinal da maconha é um sinal de ignorância. Ninguém é a favor do uso recreativo da morfina --mas ninguém vai bani-la do uso médico.

Está mais do que na hora de o Brasil prestar atenção nas pesquisas. Até em Washington, capital dos Estados Unidos, pais conservador em relação ao tema, a maconha tem licença médica.

________

Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u737303.shtml

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