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O Uso Medico Da Maconha, Um Cenário Em Evolução.


guimula

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  • Usuário Growroom

Fundamentação científica

A maconha tem sido utilizada para usos medicinais, recreativos, na agricultura e na indústria por milênios. Como medicação a maconha foi utilizada largamente por pacientes sob direção e cuidado de médicos e farmacêuticos até a primeira parte do século XX, quando a taxação para a maconha de 1937 praticamente colocou seu uso fora da lei.

Como terapêutica, a maconha, então foi banida por quase 60 anos, até que o Estado da Califórnia aprovou a Proposição 215 em 1996. Desde então a maconha submeteu-se a um importante reaparecimento e tem ganhado popularidade e aceitação de maneira crescente até o momento.

O que começou no Oeste e se estendeu para o Leste, atualmente está também acontecendo no Meio-Oeste. O Canadá, inclusive, apresenta um Programa Nacional para o uso médico da maconha e o México recentemente aprovou por lei o seu uso personalizado permitindo indivíduos possuírem pequenas quantidades de maconha entre outras drogas.

A maconha é utilizada de diversas maneiras, contudo sua utilidade primária está restrita a cinco grandes categorias: dor, náusea e vômitos, perda de peso associada à doença debilitante, espasticidade induzida por doença neurológica e outros usos como, por exemplo, o tratamento do glaucoma.

A maconha é um produto natural derivado da planta conhecida como cannabis ativa. Apresenta 450 constituintes ativos incluindo 60 compostos classificados como canabinóides.

O composto identificado mais comumente como constituinte ativo primário da maconha é o tetrahidrocannabinol (delta-9-THC, THC), embora de uma maneira menos detalhista canabidiol e canabinol contribuem, significativamente para alterações psicoativas e consequentemente para os efeitos médicos da droga.

Por isso a maconha deve ser compreendida não apenas como uma simples planta, mas como uma substancia sofisticada com centenas de variáveis e um largo espectro de compostos e efeitos.

A potência do THC varia de alguns sinais insignificantes quando associado a uma fibra industrializada da planta até a quantidade de 3 a 6% encontrada na maconha que é aspirada por fumo, elevando-se para acima de 6% no haxixe, uma pasta obtida da compressão da resina obtida de folhas secas da planta.

Contudo, recentemente a manipulação da planta por bioengenharia apresentou grande impacto e potenciais produtos ativos.

Há dois subtipos de receptores do canabinóide, o CB1 e o CB2. O receptor CB1 existe primariamente no cérebro e na medula espinhal e está envolvido com as sensações de prazer, com a memória, com a percepção do tempo, com a coordenação de movimentos, entre outros efeitos.

O receptor CB2 é encontrado primariamente na periferia e nos tecidos imunes e está envolvido com imunomodulação, inflamação, nocicepção e motilidade gastrointestinal.

Nos EUA há dois canabinoides sintéticos disponíveis comercialmente aprovados: Marinol® (delta-9-THC; Solvay Pharmaceuticals, Inc., Marietta, Georgia) e Cesamet® (nabilone; Valeant Pharmaceuticals International, Aliso Viejo, California). O Sativex® (delta-9-THC/cannabidiol; GW Pharmaceuticals, Wiltshire, United Kingdom) é um fitocanabinoide vendido como produto bucal aprovado no Canáda e em fase de testes nos Estados Unidos.

Riscos legais

A maconha é regularizada como nível 1 de substância controlada nos Estados Unidos o que significa que a droga tem um alto potencial para abuso, não sendo aceito no momento o seu uso em tratamentos médicos nem sob supervisão médica.

Por isso o seu uso e a sua posse são considerados uma agressão à Lei Federal. Contudo desde 1999, 14 estados aprovaram lei suportando ou aprovando o uso médico da maconha.

Um memorando de outubro de 2009 de Promotores Federais direcionou a orientação das autoridades da lei para serem moderados com as violações do Ato para Substâncias Controladas.

Ele orienta os promotores federais a focar suas investigações em violações maiores como o tráfico e relegar indivíduos que possuam maconha quando não há conflito com leis estaduais.

O grande problema da legalização do uso médico da maconha é o fato de que em torno de 99% das prisões são locais. Por isso, se você está em concordância com as leis locais o risco para a prisão é insignificante. Normalmente as leis locais são instruídas para apresentar deferência a pacientes registrados e cuidadores de saúde.

Óbvio que médicos apresentam ou são submetidos a algum grau de risco, especialmente quando consideramos a Lei Federal. Médicos, farmacêuticos e alguns práticos são registrados no DEA (Drug Enforcement Administration) para prescrever e dispensar substâncias controladas. Considerando que a maconha é uma substância controlada nível 1, o DEA poderia cancelar suas licenças.

Obviamente pacientes dirigindo sob a influencia da droga ou com posse a excessiva da droga correm risco de prisão. Assim também funcionários com teste positivo para maconha, apesar da recomendação do medico, devem estar em consonância com as leis locais para que não corram risco de serem presos.

Limitações clínicas e conceitos de segurança

Como a maconha está regulada como uma substância controlada nível 1, os dados de literatura são limitados. Há obstáculos legais e regulatórios envolvendo o estudo da maconha que incluem limitações éticas, sociais, políticas e administrativas. Por isso há poucos artigos duplo cegos randomizados investigando o uso da maconha.

Além disso, a maior parte dos dados é marginal com resultados controversos. Por isso a eficácia do uso médico da maconha é anedótico. Isso não quer dizer que seu uso não apresente eficácia. Apenas que seus dados são falhos.

Os melhores estudos foram desenvolvidos para controle da dor. Por causa da ausência desses dados a maior parte das associações profissionais hesita em endossar o seu uso em larga escala. Por exemplo, a Sociedade Americana de Câncer exemplifica que os resultados de pesquisa são controversos embora eles defendam o direito individual dos pacientes de decidirem pelos seus tratamentos.

A Sociedade Nacional para Esclerose Múltipla identifica um claro potencial, mas não apóia o seu uso em larga escala, baseado em dados conhecidos. A Associação Médica Americana apóia o controle do DEA sobre a maconha, embora identifique a necessidade de futuras pesquisas.

A maconha é reconhecida como relativamente segura. Nenhuma dose letal em humanos foi estabelecida e o risco de efeitos adversos graves é muito pequeno quando comparado com outras medicações.

A maconha é uma droga ilícita sob a ótica da Lei Federal. Por isso sua segurança de longo prazo é difícil de ser avaliada devido a variáveis de confusão incluindo outras drogas ilícitas usadas simultaneamente, doenças concomitantes, ausência de seguimento dos pacientes e o precário estado de saúde da maior parte dos pacientes/usuários.

A maconha está associada a um número de fatores de segurança. A maior parte dos riscos associada com o uso médico da maconha são moderados e envolvem o sistema nervoso central e efeitos gastrointestinais. Tonteira é usualmente relatada como efeito adverso mais comum com náusea, sentimentos de euforia e irritabilidade também relatados.

A droga também está associada com defeitos de aprendizado e memória, distúrbios psiquiátricos, problemas respiratórios, câncer, complicações cardiovasculares, infertilidade masculina, doença periodontal, doença óssea, distúrbio do sono, distúrbios do metabolismo do alumínio e outros acúmulos de metais, vícios, dependências e dificuldades para retirada da droga, embora a incidência real dos mesmos seja difícil de ser documentada.

Como todas as drogas, a maconha tem um número grande de interações potenciais. Ela é submetida ao metabolismo hepático e pode estar envolvida com um número grande de interações farmacocinéticas.

Acredita-se que ela iniba o CYT3A4 e possivelmente induza o CYP1A2. Ela pode interagir com Warfarin, aumentando o INR e a chance de risco de sangramento do paciente. Apenas um estudo não mostrou efeito da maconha no indinavir ou nelfinavir e um outro estudo demonstrou não haver interação com docetaxel ou irinotecan.

Mas a maconha pode interagir com outras drogas no seu processo fármacodinâmico. Pode potencializar os efeitos de opioides e depressores do Sistema Nervoso Central, como benzodiazepinicos, relaxantes musculares e álcool. Também a um relato da interação desta droga com um numero de antidepressivos e neurolépticos.

Ela apresenta também uma miríade de efeitos clínicos com o potencial para interações com outras doenças. Pacientes com historia de vicio devem evitar a maconha. Como pacientes também com historias de distúrbios psiquiátricos também o devem fazer.

Pacientes imunossuprimidos, como transplantados e portadores da SIDA, devem evitar a maconha devido ao risco de infecções oportunistas incluindo aspergilose e pneumonia. Pacientes com doença respiratória devem evitar fumar a maconha, especialmente devido a falta de filtro e também devido ao fato de os usuários realizarem inalações profundas e prenderem a respiração por longos períodos para melhor absorção da droga.

Pacientes com vertigem devem evitar a maconha ou o seu diagnóstico correto pode ser confundido com o uso da droga. O risco para doença cardiovascular entre usuários da maconha é considerado baixo, especialmente entre indivíduos jovens e saudáveis, embora pacientes idosos e aqueles com doença cardiovascular moderada devam realmente evitar o seu uso.

Desafios práticos

O uso médico da maconha é administrado primariamente por inalação ou por deglutição. O uso do vaporizador é considerado a maneira mais efetiva e mais segura de administração.

Baseado na sua volatilidade, a droga é vaporizada numa temperatura mais baixa do que a sua queima permitindo inalação com mínima geração e ingestão de produtos danosos. Usualmente o haxixe usado para criar óleo e manteiga pode ser oferecido numa variedade de produtos comestíveis.

A dose é um fato importante quando se considera o tratamento médico com a maconha. Embora diretrizes gerais estejam disponíveis, a ausência de uma padronização demonstra a dificuldade de se orientar aos profissionais sobre o seu uso.

O uso da maconha por fumo apresenta uma rota imprevisível de administração que dependendo do método usado para inalar e do tempo, pode demonstrar uma absorção muito variável da droga.

Como médico registrados no DEA não podem legalmente prescrever a droga, eles apenas provêem uma recomendação para os pacientes. Farmácias não fazem estoques de maconha para seu uso médico, que permanece fora da lei sob o aspecto da legislação federal.

Pacientes que procuram pelo produto ainda estão desprotegidos. Alguns dispensários funcionam disfarçados. Contudo embora o acesso a informação e a procura não seja tão difícil o paciente ainda é considerado um fora da lei e exposto a graus de insegurança devido a ausência de regulação

Conclusões

Baseado nos aspectos legais clínicos associados com o uso médico da maconha, os profissionais devem conhecer muito bem os desafios do uso e da recomendação desta droga para os pacientes.

Neste meio tempo, cenários políticos continuam a ser criados para o desenvolvimento da liberação do uso médico da maconha. Espera-se que alguns obstáculos de regulação possam ser superados para que os pacientes recebam um maior cuidado.

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