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Lobby Do Tráfico - Resposta Aberta Ao Artigo "Lobby Da Maconha - Por Dr. Laranjeira E Drª Ana Cecilia"


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  • Usuário Growroom

Lobby do Tráfico

por RAFAEL GIL MEDEIROS

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É triste que ditos(as) pesquisadores(as) de renomadas universidades, de tão caretas, não alcancem a complexidade de um assunto que traz sérias repercussões para a saúde de pessoas que usam drogas.

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O lobby do tráfico no Brasil é um movimento forte e coeso. Tem uma ideia fixa: a pretensão de extinguir as drogas do planeta. Para se manter, usa elementos como uma pretensa respeitabilidade científica, e a estratégia de confundir o debate.

O primeiro tem sido conseguido comprando páginas publicitárias na mídia, oferecendo brindes a representantes da cultura, da Justiça e até com alguns profissionais da saúde (mesmo antes de ingressarem na universidade). O segundo elemento, a confusão, fica por conta de ativistas, disfarçados de doutores(as), comprometidos com a causa do tráfico, cujo debate tem única dimensão: a repressão como forma mágica de resolver o problema.

Quanto mais confusas as ideias, e aparentemente defendidas por celebridades importantes [como jornalistas bem-pagos ou diretores(as) de telenovelas], mais parece que a repressão seja uma solução ideal; assim, a proibição das drogas soa como consequência. Quem mostra uma argumentação mais complexa que isto, é logo considerado como suspeito de querer destruir a sociedade - ou coisa que o valha.

A Folha publicou, em 20 de Agosto, um artigo de representantes de importantes instituições de ensino e pesquisa atacando seus colegas pesquisadores pessoalmente ("Lobby da maconha"), por publicação anterior sobre o dom de iludir da ideologia repressiva.

É triste constatar que profissionais de universidades renomadas têm a paixão dos lobistas e não alcançam a complexidade intelectual de um assunto com sérias repercussões para a saúde e segurança pública. Para além da unidimensionalidade do debate proposto pelo lobby do tráfico, em que vários assuntos se confundem, retoma-se:

1. A repressão nunca ofereceu qualquer esboço de reação positiva no sentido de acolher os possíveis males causados pelo uso ou abuso de drogas tornadas ilícitas. Qualquer cidadão ou cidadã (bem como qualquer revisão científica) que avalie a efetividade da proibição das drogas ao pretensamente proteger a saúde pública, acabará concordando com os efeitos deletérios da repressão armada. A pesquisa mais recente, “Tráfico e Constituição: um estudo sobre a atuação da Justiça Criminal do Rio de Janeiro e do Distrito Federal no crime de tráfico de drogas”, encomendada pelo Ministério da Justiça ao Núcleo de Política de Drogas e Direitos Humanos da UFRJ (2009), aponta para a ineficácia inegável da proibição neste sentido. Qualquer alteração na política que joga o consumo de drogas à clandestinidade aumentará as possibilidades de acolhimento sobre os possíveis danos. O lobby do tráfico se recusa a aceitar tais evidências acerca dos riscos da proibição.

2. O uso "terapêutico" da maconha, para estes(as) mesmos(as) pesquisadores(as), não tem comprovação científica, especialmente o uso de sua fumaça, afinal, estes(as) partem do conceito de saúde segundo o qual ela trata-se somente de uma mera "ausência de doenças", desconsiderando qualquer possibilidade de terapêutica para além da doença. A ênfase de sua repulsa quanto ao uso da droga fumada não é por acaso: sabemos que a cegueira do olhar técnico-científico do lobby do tráfico caminha junto ao lobby farmacêutico, que afinal, lucra com a pretensão de ofertar produtos cada vez mais "seguros". "Terapêutico", é claro, são somentes as coisas que eles prescrevem - literalmente, a toque de caixa. Não suportam a ideia de ouvir aquilo que as pessoas tem a dizer sobre o seu próprio bem-estar, inclusive o bem-estar sensorial das pessoas que se chapam, e cheiram pó, comem cogumelos, viajam em LSD & etc., sem que estas práticas se tornem necessariamente uma questão central e/ou problemática em suas vidas.

Algum dos componentes da maconha pode ter as ditas "propriedades medicinais", mas isso está longe de receber aprovações de órgãos como o "Food and Drug Administration" (FDA, agência reguladora de remédios e alimentos nos EUA). O lobby do tráfico e dos fármacos, da qual a FDA é a principal representante, quer convencer à população de que a maconha, não sendo uma droga "segura" (segundo seus próprios parâmetros), deveria ser extinta. Quiçá prefeririam manter no horizonte a possibilidade de sintetizar as "propriedades medicinais" para que possam vendê-las como única solução. A despeito do inegável benefício trazido pelos fármacos, quando prescritos responsavelmente (o que aliás não parece ser preocupação da FDA), esquecem os lobistas que tampouco os fármacos são seguros – afinal, nenhuma droga engendra em efeitos e vivências tão pré-determinadas assim. E esquecem também que, em se tratando de usos recreativos e na busca de um bem-estar sensorial, tampouco estão preocupadas com seus pulmões as milhões de pessoas que fumam maconha no mundo todo, e que, ao que tudo indica, continuarão fumando, como parecem fazer há quatro mil e dez anos.

Uma das batalhas emblemáticas do lobby do tráfico e dos fármacos chega ao absurdo de propor que a maconha possa causar danos que vão desde a impotência até a queima de neurônios – um grande exemplo de desinformação, travestida de "consideração com a saúde da população".

3. Não precisamos que o governo federal, por meio da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), crie uma agência para coordenar pesquisas sobre a dita "maconha terapêutica", a "Maconhabras", para que então estes usos sejam reconhecidos em sua realidade (e diversidade). Milhares de usuários de maconha poderiam plantá-la em sua própria casa, sem a tutela do estado ou destes mesmos pretensos especialistas em saúde. A não ser que a própria Saúde, enquanto setor, perceba que a sua caretice sempre fez mal à sociedade – e que, enfim, talvez seja de sua alçada falar sobre drogas sem hipocrisia, fomentando a livre troca entre estes saberes preventivos - combatendo, por tabela, o preconceito e a estigmatização.

Aliás, com milhares de usuários de crack nas ruas sem tratamento, gastar o dinheiro público com informações pautadas em ideologias falidas e em pesquisas com pressupostos medievais é nada mais do que ofender às famílias desassistidas, que batem à porta dos serviços públicos sem encontrar apoio, não raro gastando todas suas economias em clínicas privadas e fazendas terapêuticas como aquelas que são defendidas pelo mesmo lobby do tráfico e dos fármacos. Não por acaso, afinal, tais entidades estão juntas na busca pelo enriquecimento, monetário e político, na oferta de soluções milagrosas, enganosas e produtoras de estigmatização. Já existem diversos órgãos de fomento às pesquisas no país, e nos parece que estes cada vez mais estão se abrindo à necessidade de produção de novos indicadores para tais ações e serviços, não mais preocupados em dar satisfações à fracassada ideologia antidrogas.

4. A lei (ainda) antidrogas vigente, no entendimento dos(as) advogados(as) do tráfico, teria praticamente descriminalizado o uso; o que demonstra o quanto estão desinformados(as) não somente no conhecimento produzido em saúde, mas também nas pesquisas em segurança pública. Por coincidência ou não, eles(as) atestam que, diante da nova lei - que preconizaria um primeiro passo à ideologia do acolhimento, saindo claramente da ideologia da repressão -, o consumo de drogas teria aumentado, segundo "todas as pesquisas". Eles(as) parecem esquecer que, diante desta mudança de paradigma, aquilo que era clandestino está deixando de ser invisível. O lobby do tráfico defendido por estes(as) "especialistas" iluminados(as) não reconhece que nossas leis ainda estão presas às ideologias mais anacrônicas do mundo, cujo fracasso diante do problema das drogas pode ser constatado por qualquer pessoa, nos seus quase cem anos de vigência. E eles(as) ainda querem maiores facilitações para a repressão?

O debate sobre mudanças nas leis de drogas é complexo, e o lobby do tráfico e dos fármacos, em nome destes(as) pretensos(as) especialistas, tem o dom de iludir. Lobistas do tráfico e de uma pretensa cientificidade, mesmo aqueles(as) travestidos(as) de "pesquisadores(as)", sequer parecem entender a complexidade de suas próprias áreas, expondo à vergonha os(as) psiquiatras mais competentes. Mostram a certeza de fiéis de uma seita, portando-se como vilões de filmes de ficção científica, ao pregarem absurdos como a possibilidade de plantas serem extintas da face da terra.

A sociedade brasileira os(as) rejeita, pois percebem que estes(as) doutores(as) estão cada vez mais distantes das diretrizes de uma boa política sobre drogas e da defesa dos interesses do povo brasileiro.

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RAFAEL GIL MEDEIROS é graduado em Ciências Sociais e pesquisador-bolsista do núcleo de Pós-Graduação em Análises Epistemológicas Nos Discursos Cientificistas de Pessoas Caretas da Liga dos Exús Comedianistas, lotada na Universidade Flutuante da Esbórnia (UFE)

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  • Usuário Growroom
Boa laranjada !

espremeu legal!

Já colocaram esse texto no blog do Dr. Bagaço?

hehe... o texto é exelente,

num esquenta não Dr. bagaço... :segredinho:

o texto te quebra mais vai ali e tira um saldo da conta pra dar uma aliviada já que proficionalmente não dá pq vc é uma farça...

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  • Usuário Growroom

"RAFAEL GIL MEDEIROS é graduado em Ciências Sociais e pesquisador-bolsista do núcleo de Pós-Graduação em Análises Epistemológicas Nos Discursos Cientificistas de Pessoas Caretas da Liga dos Exús Comedianistas, lotada na Universidade Flutuante da Esbórnia (UFE) " kkkkkkkkkkk

muito bom o texto!

é isso ae, pô,ja to cansado do laranjeira falando merda

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  • Usuário Growroom

Muito bom quando diz dos fragmentos medievais que ainda influenciam de alguma forma...

O debate sobre a política de drogas é taxado de apologia ao crime.O fomentador recebe o estigma de lunático sem nenhuma seriedade e responsabilidade.Sujeito a responder processo na justiça(Como sugeriram alguns após o Doutor Antônio Nery em um debate na TV,falar sobre a necessidade de uma mudança no olhar sobre o tema "Droga".).

Irresponsáveis são esses bêbados que falam em combater as "drogas" .Simplificando de forma grosseira um assunto que exige alguma alteridade.(Como o governador da Bahia aqui...:cadeirada:)

Eles que tornam o debate pobre,obscuro,insensível e muitas vezes impossível,conservando a atmosfera tensa e entupida de sofrimento que estamos hoje... :inseguro:

A minha satisfação nessa tempestade é perceber que,com toda a tentativa de aniquilamento, existem muitos que estão putos com a caretice excessiva e nociva.

Abraço!

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