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A Resposta Da Califórnia


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  • Usuário Growroom

A RESPOSTA DA CALIFÓRNIA

Mario Vargas Llosa - O Estado de S.Paulo

Os eleitores do Estado da Califórnia rejeitaram na terça-feira a legalização do cultivo e do consumo da maconha por 53% dos votos a 47%, uma decisão que considero muito equivocada. A legalização teria sido um passo importante na busca de uma solução eficaz para o problema da delinquência vinculada ao narcotráfico que, segundo o que acaba de ser anunciado oficialmente, já causou este ano o impressionante total de 10.035 mortes no México.

Esta solução passa pela descriminalização das drogas, ideia que há pouco tempo era inaceitável para a maior parte de uma opinião pública convencida de que a repressão policial aos produtores, vendedores e usuários de entorpecentes seria o único meio legítimo de pôr fim a semelhante praga.

A realidade revelou o quanto esta ideia é ilusória, à medida que todos os estudos indicavam que, apesar das astronômicas somas investidas e da gigantesca mobilização de efetivos para combatê-las, o mercado das drogas continuou a crescer. Ele se estendeu por todo o mundo, criando cartéis mafiosos de imenso poder econômico e militar que - como vemos no México desde que o presidente Felipe Calderón decidiu enfrentar os chefes traficantes e suas gangues de mercenários - pode combater em pé de igualdade, graças ao seu poderio, com os Estados nos quais conseguiram se infiltrar por meio da corrupção e do terror.

Os milhões de eleitores californianos que votaram a favor da legalização da maconha são um indício auspicioso de que cada vez é maior o número daqueles que pensam que chegou a hora de uma mudança na política para lidar com as drogas e de uma reorientação dos esforços - de repressão e prevenção, de cura e informação - no sentido de acabar com a criminalidade desaforada que é criada pela proibição e com os estragos que os cartéis estão infligindo às instituições democráticas, principalmente nos países do terceiro mundo. Os cartéis podem pagar salários melhores que o Estado e assim neutralizar ou pôr a seu serviço parlamentares, policiais, ministros e funcionários, financiando campanhas políticas e adquirindo meios de comunicação para defender seus interesses.

Desta forma, eles proporcionam trabalho e sustento a inúmeros profissionais nas indústrias, no comércio e nas empresas legais dentro das quais imensas quantias são lavadas. O fato de tantas pessoas dependerem da indústria das drogas cria um estado de tolerância ou indiferença diante das implicações deste mercado, ou seja, da degradação e da derrocada da legalidade. É um caminho que, mais cedo ou mais tarde, conduz ao suicídio da democracia.

A legalização das drogas não será fácil, é claro, e num primeiro momento, como assinalam seus detratores, trará sem dúvida um aumento no seu consumo. Por isso, a descriminalização só tem razão de ser se for acompanhada de intensas campanhas de informação sobre os prejuízos que esse consumo implica, semelhantes às que foram promovidas com sucesso para reduzir o consumo do tabaco em quase todo o mundo, e aos esforços paralelos para desintoxicar e curar as vítimas do vício.

Mas seu efeito mais positivo e imediato será a eliminação da criminalidade que prospera exclusivamente graças à proibição. Como ocorreu com as organizações de gângsteres que se tornaram todo-poderosas e encheram de sangue e cadáveres as ruas de Chicago, Nova York e outras cidades americanas nos anos da Lei Seca, um mercado legal acabará com os grandes cartéis, privando-os de seu lucrativo negócio e levando-os à ruína. Como o problema da droga é fundamentalmente econômico, sua solução também precisa passar pela chave econômica.

Sob a forma de tributos, a legalização trará aos Estados grandes recursos que, se forem empregados na educação dos jovens e na informação do público em geral a respeito dos efeitos nocivos que o consumo dos entorpecentes causa na saúde, podem trazer um resultado infinitamente mais benéfico e de alcance mais amplo do que uma política repressiva que, além de provocar uma violência vertiginosa e encher de insegurança a vida cotidiana, não fez retroceder o vício nas drogas em nenhuma sociedade.

Em artigo publicado no New York Times no dia 28, o colunista Nicholas D. Kristof cita um estudo presidido pelo professor Jeffrey A. Miron, de Harvard, no qual se calcula que a simples legalização da maconha em todo o território americano representaria uma arrecadação anual de US$ 8 milhões em impostos para o Estado, ao mesmo tempo poupando a este uma quantia proporcional habitualmente investida na repressão. Com esta gigantesca injeção de recursos voltados para a educação, principalmente nos colégios dos bairros pobres e marginalizados de onde sai a imensa maioria dos viciados, em poucos anos o tráfico de drogas seria reduzido neste setor social que é responsável pelo maior número dos casos de assassinato, delinquência juvenil e decomposição da família.

Kristof cita também um estudo realizado por ex-policiais, juízes e fiscais dos Estados Unidos, no qual se afirma que a proibição da maconha é a principal responsável pela multiplicação das gangues violentas e dos cartéis que controlam a distribuição e a venda da droga no mercado negro, obtendo com isso "imenso proveito".

Para muitos jovens que moram nos guetos negros e latinos, já muito atingidos pelo desemprego provocado pela crise financeira, essa possibilidade de ganhar dinheiro rápido com o crime se mostra irresistivelmente atraente.

A estes argumentos "pragmáticos" em defesa da descriminalização das drogas, seus adversários respondem com um argumento moral. "Será que devemos nos render ao delito em todos os casos nos quais a polícia se mostre incapaz de deter o delinquente, optando, assim, por legitimá-lo? Será que deveria ser esta a resposta para a pedofilia, por exemplo, para a violência doméstica, os crimes contra as mulheres e outros fenômenos que, em vez de recuar, aumentam por toda parte? Devemos abaixar a guarda e nos render, autorizando tais práticas diante da impossibilidade de eliminá-las?"

Não se deve confundir as coisas. Um Estado de direito não pode legitimar os crimes e os delitos sem negar a si mesmo e converter-se num Estado bárbaro. E um Estado tem a obrigação de informar seus cidadãos a respeito dos riscos que estes correm ao fumar, beber álcool e usar drogas, é claro. E também de impor sanções e penas severas àqueles que, por fumar, se embriagar ou usar drogas, causem danos aos demais. Mas não me parece muito lógico nem coerente que, sendo esta a política seguida por todos os governos em relação ao tabaco e ao álcool, não seja esta a política seguida também para o caso das drogas, incluindo as drogas leves, como a maconha e o haxixe, apesar de já ter sido provado que seu efeito não é mais nocivo do que o produzido pelo consumo excessivo de tabaco e álcool, podendo até ser menos maléficas do que estas duas substâncias legalizadas.

Não tenho a menor simpatia pelas drogas, sejam elas leves ou pesadas, e a figura do drogado, assim como a do bêbado, me parece bastante desagradável, na verdade, além de incômoda e inspiradora de desgosto.

Mas também me desagradam profundamente as pessoas que assoam o nariz na minha frente usando os dedos, que palitam os dentes ou comem frutas com sementes, caroços e cascas, e nunca me ocorreu defender uma lei que as proíba de fazê-lo e as castigue com a prisão caso a desrespeitem.

Liberdade. Por isso, não vejo por que o Estado teria de proibir uma pessoa adulta e dona do próprio juízo de causar mal a si mesma ao fumar maconha, cheirar cocaína ou encher-se de pastilhas de ecstasy se isto lhe agrada, alivia sua frustração ou sua apatia. A liberdade do indivíduo não pode significar o direito de fazer apenas coisas boas e saudáveis, mas também outras que não o sejam, respeitando a condição, é claro, de que estas não prejudiquem nem causem dano aos demais. Esta política, que se aplica ao consumo do tabaco e do álcool, deveria também reger o consumo das drogas. É perigosíssimo que o Estado comece a definir aquilo que é bom e saudável e aquilo que é ruim e prejudicial, pois tais decisões representam uma intromissão na liberdade individual, princípio fundamental de uma sociedade democrática.

Por este rumo podemos chegar sem perceber ao desaparecimento da soberania individual e a uma forma disfarçada de ditadura. E as ditaduras, como sabemos, são para os cidadãos infinitamente mais mortíferas do que os piores entorpecentes. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

É PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA

Fonte: Estadão - http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101107/not_imp636132,0.php

** Na minha opinião, lendo os comentários do pessoal em outros tópicos, pude perceber que essa proposta de legalização só benefeciaria a criação de um monopólio da produção e venda da maconha. Mas acho bom que esse tipo de pensamento que expressa o texto, está cada vez mais presente. É claro enxergar os malefícios sociais que a proibição das drogas traz à sociedade muito mais do que o seu uso pelos indíviduos que a compõem. Que em 2012, a nova proposta de regulamentação, que traz mais vantagens ao cultivador caseiro, possa ser aprovada e assim teremos uma legalização justa e correta.

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  • Usuário Growroom

sim...

a califórnia voltará em 2012 para votar outra legalização da Cannabis...

em fim.

eu só tenho uma coisa a declarar!

se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los.

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  • Usuário Growroom

"Não tenho a menor simpatia pelas drogas, sejam elas leves ou pesadas, e a figura do drogado, assim como a do bêbado, me parece bastante desagradável, na verdade, além de incômoda e inspiradora de desgosto. "

Queria saberao que ele se refere como a figura do drogado?

Aqueles que ficam o dia na cracolandia ou o meu tipo pai de familia trabalhador honesto que paga seus impostos?

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  • Usuário Growroom

O problema é que eles tem a visão que todo mundo que usa drogas é o tipo da cracolândia. Eles não percebem que assim como o álcool uma parte vai ter problemas (o "bêbado", "cachaceiro") e outra parte vai levar uma convivência saudável com a droga.

É a equalização do 'uso' e do 'abuso' no caso das drogas ilegais.

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  • Usuário Growroom

"Não tenho a menor simpatia pelas drogas, sejam elas leves ou pesadas, e a figura do drogado, assim como a do bêbado, me parece bastante desagradável, na verdade, além de incômoda e inspiradora de desgosto. "

Queria saberao que ele se refere como a figura do drogado?

Aqueles que ficam o dia na cracolandia ou o meu tipo pai de familia trabalhador honesto que paga seus impostos?

engraçado isso...

ja viu algum maconheiro sendo chato?? akeles chatos de bebado ou de pó...

acho q é a unica coisa q se vc cometer algum excesso...vc dorme e nao incomoda ninguem.

generalizar nunca é bom.

abs

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  • Usuário Growroom

:offtopic:

oq me deixa mais puto são os caretas que nem sabem oq é maconha e criticam.

Exemplo que ocorreu ontem:

Estava eu e + 2 colegas do trabalho assistindo ao filme "ALPHA DOG" (muito bom o filme) dai tem uma cena que mostra 2 atores do filme fumando um baseado e MANICURANDO umas plantas lindas.. dai aparece bem nitidamente o ator segurando um BUD delicioso e com a tesourinha manicurando as folhas.... pois bem, nesse exato momento, os meus 2 colegas perguntaram: OQ É ISSO?, eu como um bom maconheiro expliquei nos mínimos detalhes.. dai 1 deles vira e fala: "POXA, PENSAVA QUE ERA A FOLHA QUE FUMAVA!!!!"

é foda né?? e o pior é que tem muito maconheiro por ai que também acha que é a folha que se fuma!!!!

O cara nem sabe oq é e já fala mal!!!! é um absurdo isso...

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  • Usuário Growroom

po nem me fala... posso fumar quantos baseados for no dia e nunca acordarei numa casa de uma gorda sem saber onde estou...

já outras coisas...

...isso quando nao acordam jogados no meio da rua com a sensação que alguma coisa entrou onde não devia love.gif....

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  • 2 weeks later...

bom, ja vi mto maconheiro chato de pó e bebida ehehehe

uma generalização que concordo é que em geral nao da pra generalizar nada ne mesmo?! ou nao?! :huh:

....

as vezes eu me acho drogado... maconha nao. posso fumar o dia inteiro q nao me sinto drogado, me sinto saudavel. mas droga mesmo, tipo alcool e outras cositas mais me fazem me sentir a figura de um drogado se eu abusar...

to chapadao ai, forte abraço!

Na real kbelera, eu te entendo...

Quando eu usava "outras cositas mais" eu realmente me sentia drogado. Felizmente hoje eu não sinto mais esse tipo de sensação, é muito difícil de eu tomar um porre. Cair na farinhada então, nem pensar! (com esse nariz também...)

Vez que outra ainda como papel e isso ainda da uma sensação de drogadição, mas compensa pela viagem.

e já que o assunto é esse, e tu é o cara que mais posta nessa bagaça, será q tu sabe de algum post que seja específico pra galera contar experiências com drogas? Alguem sabe?

Queria contar histórias do passado de drogas e mostrar como a maconha me libertou!!! hehehe

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