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Governo Federal Evita Chacina No Rio De Janeiro


André Barros

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GOVERNO FEDERAL EVITA CHACINA NO RIO DE JANEIRO

Os fatos que assistimos nos últimos dias no Rio de Janeiro estão diretamente ligados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Esses eventos vão acontecer no Brasil em razão das políticas econômicas para os pobres do governo Lula e também pela potência da cidade mais bonita e carnavalesca do mundo.

Assim, a segurança precisava mudar e não seria admissível que nas localidades próximas desses eventos haja pessoas fortemente armadas, dominando territórios e trocando tiros com quem quisesse tomá-los. As UPPs vieram com o PRONASCI e o apoio do governo federal. Inicialmente, foram instaladas em certas áreas da cidade, chamadas, de maneira preconceituosa, de “nobres”, como se ainda vivessemos num sistema monarquista escravocrata. O tráfico armado saiu do local sem troca de tiros e foi se afastando para zona norte da cidade. Erroneamente, pensou que teria força para colocar a cidade em pânico ateando fogo em veículos, colocando em cheque os eventos internacionais. Mas diante de tais circunstâncias, o governo federal teve de entrar rápido para evitar uma chacina e um escândalo internacional.

Mas os neoescravocratas queriam uma guerra na cidade e ver a carnificina de jovens pobres, negros, macérrimos e moradores das favelas, em maior quantidade da que já acontece diariamente. O Rio de Janeiro é a cidade do mundo onde mais jovens de 14 a 25 anos morrem por atentado por arma de fogo, em quase sua totalidade, negros e pobres. A transmissão ao vivo das emissoras de televisão foi fundamental para evitar uma carnificina e para que se mostrasse a todas as autoridades do país o risco para a imagem internacional do Brasil. As imagens da correria de centenas de jovens fortemente armados, alvos desprotegidos naquele descampado, com uma pequena estratégia de guerra, demonstraram que uma matança seria fácil.

Mas a transmissão ao vivo, combinada com um linguajar que chama trabalhadores policiais de caveiras, mais os veículos queimados pela cidade, anunciava uma tragédia iminente. Felizmente, o governo federal, em parceria com o governo estadual, começou a compartilhar as decisões e participar com as Forças Armadas. O compromisso histórico dos membros do Governo Lula com os direitos humanos foi fundamental para a mudança de postura da polícia do Rio. Com a rápida entrada dos blindados da Marinha, helicópteros da Aeronáutica e o apoio do Exército, os esquálidos bandidos fugiram apavorados, pois viram que a parada era séria e que o armamento das Forças Armadas era bem mais poderoso. A mídia, que apresentava a linguagem da guerra carioca, também começou a enaltecer a estratégia de ocupação e rendição sem assassinatos. O discurso anterior de que `baixas eram inevitáveis numa guerra`, explanado pela direita e esquerda punitivas, começou a perder força. A mídia também divulgou o recado do governo federal ressaltando o respeito aos direitos humanos. A Rede Globo registrou que, quando foi preso o criminoso Zeu, condenado pelo assassinato de Tim Lopes, ele estava algemado, mas sem qualquer ferimento. Logo em seguida, um pai veio entregar seu filho. E aqueles dias de uma cidade sitiada terminaram, hoje, com a carnavalesca alegria carioca com um morto no hospital Getúlio Vargas, nenhum morador alvejado e o hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro.

O Governo Federal não entraria com a Marinha, a Aeronáutica, o Exército e as forças policiais federais para participar de uma chacina, como defendiam abertamente os neoescravocratas através de seus monopolizados meios de comunicação. O discurso que se via no início é que era o dia “D” para acabar com o tráfico e a guerra às drogas. Induziam o senso comum a apoiar o extermínio dos traficantes. Mesmo com o rápido e fundamental apoio das forças militares, continuam acusando constantemente o governo federal de ser culpado pela entrada de drogas e armas no Rio de Janeiro, culpando o governo Lula pelas fronteiras, discurso, inclusive, muito usado pelo candidato tucano. Agora, estamos vendo a apreensão de coletes, rádios granadas, armas de uso exclusivo das Forças Armadas e da polícia, mas nenhum arsenal foi até agora encontrado. E aí está a verdadeira questão, as armas.

O próprio comentarista de segurança da Globo disse que as armas apreendidas nas operåções sumiam e que nesta operação estavam sendo pintadas de branco, como uma demonstração de transparência. Trânsparência porque não seriam roubadas e vendidas por dinheiro vivo para os mesmo traficantes das armas apreendidas.

A impressionante quantidade de toneladas de substâncias ilícitas apreendidas é uma demonstração da força de um mercado consolidado e oligopolizado por financiadores e custeadores do tráfico, beneficiados pela criminalização da compra e venda de determinados produtos ilegais. Essa ilegalidade é que alimenta todo um mercado de circulação de milhões, em dinheiro vivo, que corrompe policiais, militares, políticos, que trabalham para empresários e banqueiros, que lavam muito bem bilhões, misturando e fazendo número no sistema bancário globalizado. Armas de uso exclusivo obviamente são vendidas por agentes das forças policiais e militares e outras armas pesadas por comerciantes do mercado lícito de armas. Todos sustentados por mercados de produtos tornado ilegais, que deita raízes na história da humanidade, de milhões de consumidores que buscam a alteração do psiquismo por meio de drogas lícitas ou tornadas ilícitas (ver `Proibições, Riscos, Danos e Enganos: as drogas tornadas ilícita`, de Maria Lúcia Karam).

Neste momento, o mais importante é assegurar a realização dos eventos internacionais. O tráfico vai continuar desarmado nas ditas áreas nobres e pacificadas. O que realmente esperamos é que as forças federais ajudem a desvendar as organizações de compra e venda de armas, principalmente na polícia e nas Forças Armadas, além do esquema privado desse valioso mercado.

Mas para debater com seriedade essa questão, é fundamental acabar com a sua criminalização e legalizar, pois é a ilegalidade que dá o monopólio da venda de drogas ilícitas aos traficantes, que devem ser banqueiros e empresários, que possuem ilhas registradas bem maiores que as banheiras de hidromassagem abandonadas e sem herdeiros no Complexo do Alemão. A descriminalização da plantação de dez pés de maconha, em casa para uso próprio, pode ser o início de todo esse processo de legalização para acabar com o monopólio da venda de substâncias proibidas pelos traficantes.

ANDRÉ BARROS, ADVOGADO DA MARCHA DA MACONHA

http://andrebarrospolitica.blogspot.com/2010/11/governo-federal-evita-chacina-no-rio-de.html

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Parabéns pelo texto! Vou aproveitar seu tópico para divulgar outros!

Abraço!

Locatelli e os estraga-prazeres de nossa sociedade “perfeita”

por Roberto Locatelli, em comentário no blog

Essa conversa de que “é preciso prender os bandidos” é cortina de fumaça. O que é preciso é combater o crime. Qual é a diferença? É uma diferença de visão entre esquerda e direita. Maluf passou décadas dizendo, com aquela voz anasalada: – No meu governo, os bandidos iam para a cadeia. Eu ponho a ROTA (1) na rua para prender os bandidos.

Zé Bolinha de Papel e os seus pares vivem dizendo que vão aumentar a segurança aumentando o número de policiais “nas ruas”. A questão é que a direita nos tenta passar a visão de que a sociedade é perfeita e que os bandidos são uma espécie de alienígenas que sentem prazer em cometer roubos e assassinatos. Os filmes estadunidenses nos impingem “ad nauseum” essa ótica. Os quadrinhos também. Por que os irmãos Metralha são bandidos? Porque são malvados por natureza, segundo a lógica dos gibis.

Ou seja, a sociedade é uma engrenagem maravilhosa e linda, com cada cidadão feliz e contente, seja ele rico, pobre ou miserável. Então, uns sujeitos desajustados e malvados resolvem atrapalhar tudo, entrando numa vida de crimes. Temos que matá-los ou prendê-los, e seremos felizes para sempre. Assim, basta chamar o Capitão Nascimento e matar os bandidos. Os que não forem mortos, que sejam trancafiados e que se jogue a chave fora.

A parte que está faltando dessa história é que o crime é produto da sociedade capitalista, já doente nessa fase de decadência imperialista.

Assim: * O bandido suborna o policial; * O adolescente de classe média alta – aquele mesmo que espanca homossexuais – compra maconha, cocaína e ecstasy dos traficantes; * O pobre se presta a ser “mula” ou trabalhar na produção de drogas por não ver outra perspectiva; * Alguns juízes são ligados aos grandes criminosos, que não estão nas favelas, mas no Leblon e em Higienópolis, em suas mansões. Estes, por sua vez, são os chefes dos chefes que moram nas favelas.

A solução passa por: * Dar uma vida digna aos policiais. Eles não podem usar botas com sola furada, como uma reportagem mostrou anos atrás; * Intensificar as políticas sociais, que dão perspectiva aos que não tinham perspectiva; * Fazer obras de infraestrutura nas comunidades carentes, impedindo que as favelas sejam um Estado paralelo. Isso está sendo feito no Rio, mas de modo muito embrionário; * Aumentar os efetivos da Polícia Civil, que vai atrás dos grandes criminosos, dos peixes grandes.

Nesses episódios de violência no Rio, há um cérebro por trás. De quem? Prender os peixes pequenos ajuda, sim, mas pegar os grandes traficantes – que não moram na favela, repito – é fundamental.

O governador Cabral tem feito algumas coisas boas, como as obras do PAC nas favelas e as UPPs. Mas faltou material humano de qualidade. Muitos policiais, infelizmente, devido aos salários baixíssimos, se deixam levar pela tentação de ganhar dinheiro fazendo parte de milícias ou se vendendo ao tráfico. Por que Cabral não preparou esse material humano antes? Além disso, Cabral – e todos os governadores – não ataca a questão central: quem são os cabeças? Em quais bairros “nobres” eles moram? E, por fim, uma questão FUNDAMENTAL: é preciso descriminalizar as drogas.

E, por favor, nada de falsos moralismos.

Cigarro é droga pesada e está legalizado. Álcool é droga pesada e está legalizado. Cafeína é droga pesada – é da família dos alcalóides – e está legalizada. Toma-se cafezinho em qualquer barzinho de esquina, nas barbas da polícia!! Aliás, até eles consomem essa droga pesada! Sou contra o uso de drogas, inclusive as legalizadas. Mas sou contra a criminalização das drogas. Acho que seria muito melhor que as drogas hoje ilegais fossem produzidas regularmente como as drogas já legalizadas. E que a sociedade seja informada e discuta os efeitos ruins dessas drogas.

Mas essa legalização demorará muito, pois os traficantes são contra, a polícia é contra, os juízes são contra e os políticos são contra. Continuaremos seguindo assim: as drogas são consumidas, geram dinheiro, que financia armas, as quais geram violência.

(1) ROTA – polícia ostensiva e violenta que atuou em São Paulo nas décadas de 80 e 90.

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José Cláudio Alves: A reorganização da estrutura do crime

27/11/2010

Uma guerra pela regeografização do Rio de Janeiro. Entrevista especial com José Cláudio Alves

do site do Instituto Humanitas Unisinos

“O que está por trás desses conflitos urbanos é uma reconfiguração da geopolítica do crime na cidade”. Assim descreve o sociólogo José Cláudio Souza Alves a motivação principal dos conflitos que estão se dando entre traficantes e a polícia do Rio de Janeiro. Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por telefone, o professor analisa a composição geográfica do conflito e reflete as estratégias de reorganização das facções e milícias durante esses embates. “A mídia nos faz crer – sobretudo a Rede Globo está empenhada nisso – que há uma luta entre o bem e o mal. O bem é a segurança pública e a polícia do Rio de Janeiro e o mal são os traficantes que estão sendo combatidos. Na verdade, isso é uma falácia. Não existe essa realidade. O que existe é essa reorganização da estrutura do crime”, explica.

José Cláudio Souza Alves é graduado em Estudos Sociais pela Fundação Educacional de Brusque. É mestre em sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutor, na mesma área, pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e membro do Iser Assessoria.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que está por trás desses conflitos atuais no Rio de Janeiro?

José Cláudio Alves – O que está por trás desses conflitos urbanos é uma reconfiguração da geopolítica do crime na cidade. Isso já vem se dando há algum tempo e culminou na situação que estamos vivendo atualmente. Há elementos presentes nesse conflito que vêm de períodos maiores da história do Rio de Janeiro, um deles é o surgimento das milícias que nada mais são do que estruturas de violência construídas a partir do aparato policial de forma mais explícita. Elas, portanto, controlarão várias favelas do RJ e serão inseridas no processo de expulsão do Comando Vermelho e pelo fortalecimento de uma outra facção chamada Terceiro Comando. Há uma terceira facção chamada Ada, que é um desdobramento do Comando Vermelho e que opera nos confrontos que vão ocorrer junto a essa primeira facção em determinadas áreas. Na verdade, o Comando Vermelho foi se transformando num segmento que está perdendo sua hegemonia sobre a organização do crime no Rio de Janeiro. Quem está avançando, ao longo do tempo, são as milícias em articulação com o Terceiro Comando.

Um elemento determinante nessa reconfiguração foi o surgimento das UPPs a partir de uma política de ocupação de determinadas favelas, sobretudo da zona sul do RJ. Seus interesses estão voltados para a questão do capital do turismo, industrial, comercial, terceiro setor, ou seja, o capital que estará envolvido nas Olimpíadas. Então, a expulsão das favelas cariocas feita pelas UPPs ocorre em cima do segmento do Comando Vermelho. Por isso, o que está acontecendo agora é um rearranjo dessa estrutura. O Comando Vermelho está indo agora para um confronto que aterroriza a população para que um novo acordo se estabeleça em relação a áreas e espaços para que esse segmento se estabeleça e sobreviva.

IHU On-Line – Mas, então, o que está em jogo?

José Cláudio Alves – Não está em jogo a destruição da estrutura do crime, ela está se rearranjando apenas. Nesse rearranjo quem vai se sobressair são, sobretudo, as milícias, o Terceiro Comando – que vem crescendo junto e operando com as milícias – e a política de segurança do Estado calcada nas UPPs – que não alteraram a relação com o tráfico de drogas. A mídia nos faz crer – sobretudo a Rede Globo está empenhada nisso – que há uma luta entre o bem e o mal. O bem é a segurança pública e a polícia do Rio de Janeiro e o mal são os traficantes que estão sendo combatidos. Na verdade, isso é uma falácia. Não existe essa realidade. O que existe é essa reorganização da estrutura do crime.

A realidade do RJ exige hoje uma análise muito profunda e complexa e não essa espetacularização midiática, que tem um objetivo: escorraçar um segmento do crime organizado e favorecer a constelação de outra composição hegemônica do crime no RJ.

IHU On-Line – Por que esse confronto nasceu na Vila Cruzeiro?

José Cláudio Alves – Porque a partir dessa reconfiguração que foi sendo feita das milícias e das UPPs (Unidades de Policiamento Pacificadoras), o Comando Vermelho começou a estabelecer uma base operacional muito forte no Complexo do Alemão. Este lugar envolve um conjunto de favelas com um conjunto de entradas e saídas. O centro desse complexo é constituído de áreas abertas que são remanescentes de matas. Essa estruturação geográfica e paisagística daquela região favoreceu muito a presença do Comando Vermelho lá. Mas se observarmos todas as operações, veremos que elas estão seguindo o eixo da Central do Brasil e Leopoldina, que são dois eixos ferroviários que conectam o centro do RJ ao subúrbio e à Baixada Fluminense. Todos os confrontos estão ocorrendo nesse eixo.

IHU On-Line – Por que nesse eixo, em específico?

José Cláudio Alves – Porque, ao longo desse eixo, há várias comunidades que ainda pertencem ao Comando Vermelho. Não tão fortemente estruturadas, não de forma organizada como no Complexo do Alemão, mas são comunidades que permanecem como núcleos que são facilmente articulados. Por exemplo: a favela de Vigário Geral foi tomada pelo Terceiro Comando porque hoje as milícias controlam essa favela e a de Parada de Lucas a alugam para o Terceiro Comando. Mas ao lado, cerca de dois quilômetros de distância dessa favela, existe uma menor que é a favela de Furquim Mendes, controlada pelo Comando Vermelho. Logo, as operações que estão ocorrendo agora em Vigário Geral, Jardim América e em Duque de Caxias estão tendo um núcleo de operação a partir de Furquim Mendes. O objetivo maior é, portanto, desmobilizar e rearranjar essa configuração favorecendo novamente o Comando Vermelho.

Então, o combate no Complexo do Alemão é meramente simbólico nessa disputa. Por isso, invadir o Complexo do Alemão não vai acabar com o tráfico no Rio de Janeiro. Há vários pontos onde as milícias e as diferentes facções estão instaladas. O mais drástico é que quem vai morrer nesse confronto é a população civil e inocente, que não tem acesso à comunicação, saúde, luz… Há todo um drama social que essa população vai ser submetida de forma injusta, arbitrária, ignorante, estúpida, meramente voltada aos interesses midiáticos, de venda de imagens e para os interesses de um projeto de política de segurança pública que ressalta a execução sumária. No Rio de Janeiro a execução sumária foi elevada à categoria de política pública pelo atual governo.

IHU On-Line – Em que contexto geográfico está localizado a Vila Cruzeiro?

José Cláudio Alves – A Vila Cruzeiro está localizada no que nós chamamos de zona da Leopoldina. Ela está ao pé do Complexo do Alemão, só que na face que esse complexo tem voltada para a Penha. A Penha é um bairro da Leopoldina. Essa região da Leopoldina se constituiu no eixo da estrada de ferro Leopoldina, que começa na Central do Brasil, passa por São Cristóvão e dali vai seguir por Bom Sucesso, Penha, Olaria, Vigário Geral – que é onde eu moro e que é a última parada da Leopoldina e aí se entra na Baixada Fluminense com a estação de Duque de Caxias.

Esse “corredor” foi um dos maiores eixos de favelização da cidade do Rio de Janeiro. A favelização que, inicialmente, ocorre na zona sul não encontra a possibilidade de adensamento maior. Ela fica restrita a algumas favelas. Tirando a da Rocinha, que é a maior do Rio de Janeiro, os outros complexos todos – como o da Maré e do Alemão – estão localizados no eixo da zona da Leopoldina até Avenida Brasil. A Leopoldina é de 1887-1888, já a Avenida Brasil é de 1946. É nesse prazo de tempo que esse eixo se tornou o mais favelizado do RJ. Logo, a Vila Cruzeiro é apenas uma das faces do Complexo do Alemão e é a de maior facilidade para a entrada da polícia, onde se pode fazer operações de grande porte como foi feita na quinta-feira, dia 25-11. No entanto, isso não expressa o Complexo do Alemão em si.

A Maré fica do outro lado da Avenida Brasil. Ela tem quase 200 mil habitantes. Uma parte dela pertence ao Comando Vermelho, a outra parte é do Terceiro Comando. Por que não se faz nenhuma operação num complexo tão grande ou maior do que o do Alemão? Ninguém cita isso! Por que não se entra nas favelas onde o Terceiro Comando está operando? Porque o Terceiro Comando já tem acordo com as milícias e com a política de segurança. Por isso, as atuações se dão em cima de uma das faces mais frágeis do Complexo do Alemão, como se isso fosse alguma coisa significativa.

IHU On-Line – Estando a Vila Cruzeiro numa das faces do Complexo, por que o Alemão se tornou o reduto de fuga dos traficantes?

José Cláudio Alves – A estrutura dele é muito mais complexa para que se faça qualquer tipo de operação lá. Há facilidade de fuga, porque há várias faces de saída. Não é uma favela que a polícia consegue cercar. Mesmo juntando a polícia do RJ inteiro e o Exército Nacional jamais se conseguiria cercar o complexo. O Alemão é muito maior do que se possa imaginar. Então, é uma área que permite a reorganização e reestruturação do Comando Vermelho. Mas existem várias outras bases do Comando Vermelho pulverizadas em toda a área da Leopoldina e Central do Brasil que estão também operando.

Mesmo que se consiga ocupar todo o Complexo do Alemão, o Comando Vermelho ainda tem possibilidades de reestruturação em outras pequenas áreas. Ninguém fala, por exemplo, da Baixada Fluminense, mas Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo são áreas que hoje estão sendo reconfiguradas em termos de tráfico de drogas a partir da ida do Comando Vermelho para lá.

Por exemplo, um bairro de Duque de Caxias chamado Olavo Bilac é próximo de uma comunidade chamada Mangueirinha, que é um morro. Essa comunidade já é controlada pelo Comando Vermelho que está adensando a elevação da Mangueirinha e Olavo Bilac já está sentindo os efeitos diretos dessa reocupação. Mas ninguém está falando nada sobre isso.

A realidade do Rio de Janeiro é muito mais complexa do que se possa imaginar. O Comando Vermelho, assim como outras facções e milícias, estabelece relação direta com o aparato de segurança pública do Rio de Janeiro. Em todas essas áreas há tráfico de armas feito pela polícia, em todas essas áreas o tráfico de drogas permanece em função de acordos com o aparato policial.

IHU On-Line – Podemos comparar esses traficantes que estão coordenando os conflitos no RJ com o PCC, de São Paulo?

José Cláudio Alves – Só podemos analisar a história do Rio de Janeiro, fazendo um retrospecto da história e da geografia. O PCC, em São Paulo, tem uma trajetória muito diferente das facções do Rio de Janeiro, tanto que a estrutura do PCC se dá dentro dos presídios. Quando a mídia noticia que os traficantes no Rio de Janeiro presos estão operando os conflitos, leia-se, por trás disso, que a estrutura penitenciária do Estado se transformou na estrutura organizacional do crime. Não estou dizendo que o Estado foi corrompido. Estou dizendo que o próprio estado em si é o crime. O mercado e o Estado são os grandes problemas da sociedade brasileira. O mercado de drogas, articulado com o mercado de segurança pública, com o mercado de tráfico de drogas, de roubo, com o próprio sistema financeiro brasileiro, é quem tem interesse em perpetuar tudo isso.

A articulação entre economia formal, economia criminosa e aparato estatal se dá em São Paulo de uma forma diferente em relação ao Rio de Janeiro. Expulsar o Comando Vermelho dessas áreas interessa à manutenção econômica do capital. O que há de semelhança são as operações de terror, operações de confronto aberto dentro da cidade para reestruturar o crime e reorganizá-lo em patamares mais favoráveis ao segmento que está ganhando ou perdendo.

IHU On-Line – Como o senhor avalia essa política de instalação das UPPs – Unidades de Policiamento Pacificadoras nas favelas do Rio de Janeiro?

José Cláudio Alves – É uma política midiática de visibilidade de segurança no Rio de Janeiro e Brasil. A presidente eleita quase transformou as UPPs na política de segurança pública do país e quer reproduzir as UPPs em todo o Brasil. A UPP é uma grande farsa. Nas favelas ocupadas pelas UPSs podem ser encontrados ex-traficantes que continuam operando, mas com menos intensidade. A desigualdade social permanece, assim como o não acesso à saúde, educação, propriedade da terra, transporte. A polícia está lá para garantir o não tiroteio, mas isso não garante a não existência de crimes. A meu ver, até agora, as UPPs são apenas formas de fachada de uma política de segurança e econômica de grupos de capitais dominantes na cidade para estabelecer um novo projeto e reconfiguração dessa estrutura.

IHU On-Line – A tensão no Rio de Janeiro, neste momento, é diferente de outros momentos de conflito entre polícia e traficantes?

José Cláudio Alves – Sim, porque a dimensão é mais ampla, mais aberta. Dizer que eles estão operando de forma desarticulada, desesperada, desorganizada é uma mentira. A estrutura que o Comando Vermelho organiza vem sendo elaborada há mais de cinco anos e ela tem sido, agora, colocada em prática de uma forma muito mais intensa do que jamais foi visto.

A grande questão é saber o que se opera no fundo imaginário e simbólico que está sendo construído de quem são, de fato, os inimigos da sociedade fluminense e brasileira. Essa questão vai ter efeitos muito mais venenosos para a sociedade empobrecida e favelizada. É isso que está em jogo agora.

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Sakamoto: O Estado pode usar métodos de criminosos?

Vale-tudo: o Estado pode usar métodos de criminosos?

por Leonardo Sakamoto, no seu blog

Um colega de um grande veículo de comunicação me perguntou, na manhã de hoje, qual minha posição sobre uma discussão que ganhou algumas redações: por que a polícia não metralhou os 200 traficantes da Vila Cruzeiro quando estes corriam em fuga após a entrada dos blindados da Marinha na comunidade.

Segundo ele, parte das opiniões culpou a “turma dos direitos humanos”, que iria chiar internacionalmente quando a contagem de corpos terminasse, manchando a imagem do Rio de Janeiro (como se o Estado precisasse de ajuda para isso). Outra acredita que as câmeras presentes nos helicópteros da Globo e da Record que sobrevoavam a área – e foram alvo de reclamações do Bope pelo twitter (ah, esse admirável mundo novo…) – impediram um massacre. Uma terceira falou das duas ao mesmo tempo.

De qualquer maneira, o problema em questão não é de que o “Estado não pode usar método de bandido sob o risco de se tornar aquilo que combate”, mas sim de que “droga, tem alguém olhando”. Muita gente torceu para que os criminosos em fuga fossem executados sumariamente. Ao mesmo tempo, parte da imprensa (e não estou falando dos programas sensacionalistas espreme-que-sai-sangue) parece vibrar a cada pessoa abatida na periferia, independentemente quem quer que seja. Jornalistas, cuja opinião respeito, optaram pela saída fácil do “isso é guerra e, na guerra, abre-se exceções aos direitos civis”, tudo em defesa de uma breve e discutível sensação de segurança. Afe.

Relembrar é viver: as batalhas do tráfico sempre aconteceram longe dos olhos da classe média e da mídia, uma vez que a imensa maioria dos corpos contabilizados sempre é de jovens, pardos, negros, pobres, que se matam na conquista de territórios para venda de drogas ou pelas leis do tráfico. Os mais ricos sentem a violência, mas o que chega neles não é nem de perto o que os mais pobres são obrigados a viver no dia-a-dia. Mesmo no pau que está comendo hoje no Rio, sabemos que a maioria dos mortos não é de rico da orla, da Lagoa, da Barra ou do Cosme Velho. Considerando que policiais, comunidade e traficantes são de uma mesma origem social, é uma batalha interna. Então, que morram, como disseram alguns leitores esquisitos que, de vez em quando, surgem neste blog feito encosto.

De tempos em tempos, essa violência causada pelo tráfico retorna com força ao noticiário, normalmente no momento em que ela desce o morro ou foge da periferia e no, decorrente, contra-ataque. Neste momento, alguns aproveitam a deixa para pedir a implantação de processos de “limpeza social”. Já bloqueei comentários que, praticamente, pediam que os moradores de favelas fossem retirados do Rio.

Quando a atual onda de violência acabar, gostaria que fossem tornados públicos os exames dos legistas. Afinal de contas, acertar um tiro na nuca de um suspeito no meio de um confronto armado demanda muita precisão do policial – e depois registrar o ocorrido como auto de resistência demanda criatividade. Em 2007, a polícia chegou chegando nos morros, cometendo barbaridades, sem diferenciar moradores e traficantes, sem perguntar quem era quem. Duas dezenas de pessoas morreram. Naquele momento, o Rio optou pelo caminho mais fácil do terrorismo de Estado ao invés de buscar mudanças estruturais (como garantir qualidade de vida à população para além de força policial dia e noite) para viabilizar os Jogos Panamericanos. Imagina agora com a Copa e as Olimpíadas então. Dose dupla.

Ninguém está defendendo o tráfico, muito menos traficantes (defendo a descriminalização das drogas como parte do processo de enfraquecimento dos traficantes, mas isso é história para outro post). O que está em jogo aqui é que tipo de Estado queremos e o tipo de sociedade que estamos nos tornando. Muitas das ações que estão ocorrendo vão criar uma sensação de segurança na população passageira e irreal, que vai durar até a próxima crise.

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  • Usuário Growroom

É Andre.. chacina eles evitaram...

Mas o abuso de autoridade...

http://www.correiobr...s/#video_103942

pois é, ja era de se esperar ...

:chaudeslarmes:

tinha outro la oh ...

http://www.correiobraziliense.com.br/outros/capa_videos/#video_103984

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  • Usuário Growroom

e aqui tem outro oh!

http://www.correiobraziliense.com.br/outros/capa_videos/#video_103941

um grande circo armado pela midia e pelo gov.RJ..essa guerra no rio preocupa e suas consequencias para as politicas de drogas nesse pais atrasdo pode ser muito ruins...

de repente todo mundo volta a olhar torto pro maconheiro e disser "olhai o que os traficantes tao fazendo, tudo isso pra que os viciados possam fumar a droga maldita.pau neles , costuram presidios de seg maxima!"

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  • Usuário Growroom

"é a ilegalidade que dá o monopólio da venda de drogas ilícitas aos traficantes"

Será que isso é tão difícil de entender ??!?! Porque as autoridades e a sociedade não se tocam desse fato ridículo.

É uma imbecilidade total dar de bandeja um mercado tão lucrativo!

A VERDADE É QUE: legalização representaria um golpe 1000x mais forte na bandidagem carioca do que a invasão hollywoodiana da Vila Cruzeiro.

Mas não, vamos manter como está .. dá voto! Dá propina ! Dá mercado para milícia .. tá bom assim né ? Ainda vão aproveitar e botar a culpa nos usuários que não podem mostrar a cara para se defender !!!

DEFENDA-SE DESSA COVARDIA: NÂO COMPRE, PLANTE !

Abrs

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  • Usuário Growroom

Engraçado a midia fazendo barulho por causa da banheira e da piscina, acho q nunca viram um verdadeiro chefe do trafico sendo preso no Mexico ou Colombia em mega mansoes com quartos abarrotados de dinheiro, armas em ouro, bichos exoticos de verdade e todo tipo de exentricidade. E os bonecos de ventriloco aplaudindo.

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  • Usuário Growroom

GOVERNO FEDERAL EVITA CHACINA NO RIO DE JANEIRO

Esses eventos vão acontecer no Brasil em razão das políticas econômicas para os pobres do governo Lula e também pela potência da cidade mais bonita e carnavalesca do mundo.

45 mortos(quantos eram inocentes?40?35?30?)

"evitar" chacina é sinal de lugar violento.. nao vejo beleza nisso!

olha que a cidade é linda é realmente, mas a mais carnavalesca nao acho não, tem no nordeste um Carnaval que o Mundo todo vai... nao preciso dizer que cidade é né?! :smokeweedab0:

o "Coração do MundoCarnavalesco Bate Aqui"

:D ... ! :happydance:

o texto tá massa, mandou bem André, li na integra, vamos batalhando 10 pés é um ótimo começo!

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GALERA DO GROWROOM, temos de ficar atentos, pois o discuros contra a maconha é o preferido dos vendedores de armas, os verdadeiros traficantes, que financiam e se beneficiam da ilegalidade. Cadê os fuzis, se aproveitam da ilegalidade para comprar e vender fuzis. A ilegalidade alimenta o sistema corrupto, mas só apreendem maconha. Vamos denunicá-los e cobrar ajuda do governo federal para investigar as quadrilhas dentro das forças policiais e armadas que comercializam armamentos, bem como as fábricas da taurus, Ina etc. Vamos denunciar que é a ilegalidade que sustenta isso tudo com dinheiro vivo. Ninguém compra com cartão de crédito e cheque, essa circulação de dinheiro vivo é para alimentar todos esse aparelho corrupto e depois de lavado depositar milhões nos bancos. Legalizar a maconha é estratégico para a redução da violência urbana. ANDRÉ BARROS

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  • Usuário Growroom

GALERA DO GROWROOM, temos de ficar atentos, pois o discuros contra a maconha é o preferido dos vendedores de armas, os verdadeiros traficantes, que financiam e se beneficiam da ilegalidade. Cadê os fuzis, se aproveitam da ilegalidade para comprar e vender fuzis. A ilegalidade alimenta o sistema corrupto, mas só apreendem maconha. Vamos denunicá-los e cobrar ajuda do governo federal para investigar as quadrilhas dentro das forças policiais e armadas que comercializam armamentos, bem como as fábricas da taurus, Ina etc. Vamos denunciar que é a ilegalidade que sustenta isso tudo com dinheiro vivo. Ninguém compra com cartão de crédito e cheque, essa circulação de dinheiro vivo é para alimentar todos esse aparelho corrupto e depois de lavado depositar milhões nos bancos. Legalizar a maconha é estratégico para a redução da violência urbana. ANDRÉ BARROS

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  • Usuário Growroom

GALERA DO GROWROOM, temos de ficar atentos, pois o discuros contra a maconha é o preferido dos vendedores de armas, os verdadeiros traficantes, que financiam e se beneficiam da ilegalidade. Cadê os fuzis, se aproveitam da ilegalidade para comprar e vender fuzis. A ilegalidade alimenta o sistema corrupto, mas só apreendem maconha. Vamos denunicá-los e cobrar ajuda do governo federal para investigar as quadrilhas dentro das forças policiais e armadas que comercializam armamentos, bem como as fábricas da taurus, Ina etc. Vamos denunciar que é a ilegalidade que sustenta isso tudo com dinheiro vivo. Ninguém compra com cartão de crédito e cheque, essa circulação de dinheiro vivo é para alimentar todos esse aparelho corrupto e depois de lavado depositar milhões nos bancos. Legalizar a maconha é estratégico para a redução da violência urbana. ANDRÉ BARROS

Fora legalizar a maconha eu vejo q a unica soluçao pra diminuir o trafico de armas seria uma regulamentaçao da fabricaçao e venda de armas, a industria so poderia fabricar de acordo com a demanda por encomenda e com algum orgao aprovando ou nao essa venda, se aprovada libera a fabricaçao dos x fuzis q tao na nota de pedido, tbm teria q ocorrer fiscalizaçao no pos venda o comprador teria q apresentar as armas de tempos em tempos.

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GALERA DO GROWROOM, temos de ficar atentos, pois o discuros contra a maconha é o preferido dos vendedores de armas, os verdadeiros traficantes, que financiam e se beneficiam da ilegalidade. Cadê os fuzis, se aproveitam da ilegalidade para comprar e vender fuzis. A ilegalidade alimenta o sistema corrupto, mas só apreendem maconha. Vamos denunicá-los e cobrar ajuda do governo federal para investigar as quadrilhas dentro das forças policiais e armadas que comercializam armamentos, bem como as fábricas da taurus, Ina etc. Vamos denunciar que é a ilegalidade que sustenta isso tudo com dinheiro vivo. Ninguém compra com cartão de crédito e cheque, essa circulação de dinheiro vivo é para alimentar todos esse aparelho corrupto e depois de lavado depositar milhões nos bancos. Legalizar a maconha é estratégico para a redução da violência urbana. ANDRÉ BARROS

x2,

pode crer citou uma visão importante, o lance das Armas...que é a maior economia da bandidagem...

fiquei sabendo ontem que tem fabricas de armas que são conjuntas com empresas farmaceuticas?? seria veridica essa informação...???

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