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Bezzera da Silva


Formigao

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  • Usuário Growroom

(continua)

Cantando para sobreviver

"Eu saí de casa com 15 anos de idade e fui lutar pela vida, trabalhar em construção civil e coisa e tal. Quando eu não tinha onde morar eu morava na rua, e acabei por me criar no Morro do Cantagalo. Ali eu vi de tudo, aprendi tudo.. então é um universo próprio, né? É um diploma que bem poucos têm. O morador do morro é um trabalhador incansável. Então, quando você aprende o mundo com a própria vida, então ninguém agüenta você, ninguém te leva pra grupo. Que porra de vim me falar por livro, o caralho! Tudo bem, você vai pra escola, aprende a falar bonito, mas não vai levar você pra grupo. Entrei em cana 21 vezes, sou campeão de averiguação sem fazer porra nenhuma, entendeu? Todo dia quase entrando em cana lá, não sei por quê...

Realmente existe uma mídia violenta, selvagem, desumana e tal, então eu vivo num gênero que é marginalizado, desde os tempos que eu cheguei do Recife, que não sou carioca, me criei no morro, aquela coisa toda, porque esse gênero já existia, eu não inventei nada. Então quando teve a chance, eu fui o primeiro a gravar, eu não criei nada, entendeu? Quando eu não era nascido, o gênero já existia. E fiquei também, dei uma sorte que não tenho concorrente, por isso que eu tô de pé até hoje. Porque se eu cantasse esse 'meu amor eu te amo, pá pá pá' eu já tinha me fudido há muito tempo, já tinha batido na trave, ido pra casa do cacete. Então essa é a minha realidade.

Eu canto a realidade brasileira, eu canto o dia-a-dia do compositor pobre, porque eu não sou autor, tô cansado de dizer isso, certo? Eu gravo para os compositores do morro, da favela, da periferia, da Baixada Fluminense, quer dizer, as pessoas humildes, trabalhadores de baixa renda, então gravo pra esse pessoal. Então eles escrevem o dia-a-dia deles, na favela, e o gênero pegou, foi conquistando o público de todas as idades. Já fui até fazer palestra na universidade, lá em Vitória. Você não é obrigado a acreditar em nada, pode fazer o que você quiser. Não tem esse negócio de amor de mãe, amor de pai, amor de porra nenhuma. Se realmente tivesse mesmo, tem mãe que abandona filho, tem mãe que mata o filho quando nasce, joga na lata do lixo, tal. Complicado, então."

Samba, partido alto ou pagode?

"Isso aí é um terreno de músico, e eu sou músico. Trabalhei na Sinfônica da Globo oito anos, então esse negócio de partido alto, essas coisa tudo, fica dentro de um compasso, se você é músico sabe disso. Então não tem essa história, tem samba, entendeu, samba, dois por quatro. Agora você pode cantar o que você quiser ali dentro, mas é dois por quatro. Esses subtítulos, esses rótulos que eles botam, pagode, sambode, MPB, não sei o quê, tudo isso eu vejo como uma maneira de querer ludibriar as pessoas, entendeu? Eu sou sambista, acabô aí. Cabô. Agora, pagode é um termo pejorativo, apesar de ter dicionário que dá uma interpretação, tem outro que dá outra, você fica sem saber. Pagode, se você for abrir um diconário, é 'templo pagão de alguns povos asiáticos', ou então, 'pândega ou divertimento', e dentro dessa informação não tem nada a ver com dó ré mi fá sol lá si. É um negócio nosso, da nossa cultura, da falta de educação, estupidez.

Eu já passei em lugar que te densina violão em três meses, não tô entendendo, ou eu sou muito burro, meu professor também, porque violão em seis meses você não aprende nem a afinar. Meu filho toca bateria porque eu ensinei. Porque se você for pra uma escola, te ensinam a tocar aquele rock, tum, tum, tum, daí não passa, acabou, dois por quatro não vai tocar nunca. O garoto não sabe, o pai não sabe, vai gastando dinheiro, vai não sei o quê, então nós temos essa série de, problemas sociais, de educação e cultura, e o pessoal vive enganado. 'Onde é o seu nariz?' (aponta) 'ah, é aqui no pé' (risos). Tá entendendo? Uma série de analfabetos se apropriaram do Brasil, dá até pena, é doloroso. Não tenho curso superior não sou formado em porra nenhuma e nem quero. Leio código penal, aquela coisa toda. Quer dizer, fico olhando, observando os agás, né, os caô caô, tudo grupo, então eu não vou cair naquela."

Culpa da imprensa

"Uma vez tava num programa, tava brincando com os jornalistas, até que um, famoso, disse 'um nunca vi crioulo pobre, favelado, bem criado e bem educado'. É mal criado porque o cara passa muita fome, mal educado porque ele não vai pra escola. Daí veio o (Jorge) Mascarenhas e disse: 'Não, mas acontece que educação é uma coisa de cultura. Educação é de berço'. E eu falei: 'Mentira tua. Você é omisso'. Não existe educação de berço. Ah, vá sacanear o cacete.. Será que a pessoa não sabe o que quer dizer educação? Eu tenho dois filhos, e paguei escola pra eles porque podia. Porque no Brasil não tem curso de graça pra ninguém, e quando tem é agá. Não é política, é realidade."

Décadas de Bezerra

"Fazer sucesso é realmente difícil, mas difícil ainda é manter. Tem uns colegas meus que acerta numa música só e acabou. O poder econômico, dentro do rádio, atua contra o talento. É preciso que você tenha muita ajuda de Deus, seja muito esperto. Por exemplo, em 1979, quando o Brasil passou a conhecer essa sigla, essa marca Bezerra da Silva, eu já tava na área há muito tempo. Trabalhava como músico, portanto... De 69, 65 pra cá, praticamente eu devo ter uns 34 anos de área. Mas durante aquele período de músico, quando eu trabalhava na Rede Globo, ninguém sabia, o pessoal só conhece depois do sucesso. Então tudo começou em 79, entendeu?. E eu segurei até hoje.

Mas aquela leva de colegas que veio junto, praticamente dançou todo mundo. Janaína, Neguinho da Beija-Flor. Porque.. não é que ele não seja bom, eles tão sendo usados. E também porque eles cantam uma coisa que é corriqueira, e tem que gastar muito, tem muita pedra pra chegar lá. E se você entra no gênero romântico, como eles falam, tá arrumado. Vai ter que encarar muita coisa, vai ter que encarar Roberto Carlos, que é profissional, inteligente, tem máquina publicitária, tal, e uma série de coisas, e depois o vil metal. E o público tá sempre enganado. O público é sempre aquele último a saber. Principalmente o rádio, hoje em dia, é na base do vil metal. Você paga pra cantar na televisão, paga pra cantar no rádio, paga pra não sei o quê. Então não é pra pobre. Você observa, dá até pena. Vocês lembram daquele negócio do sapatinho (o ex-bando do filho do Zico, Só No Sapatinho)? Cadê? Vendeu 100 mil naquela brincadeira. E acabou. É diferente do crioulo, do pobre, favelado, encarar a realidade. Porque eu fui consagrado pelo povo, e não pela mídia."

Bezerra3.GIFBezerra2.GIF

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  • 5 months later...
  • Usuário Growroom

Se Leonardo da vinte, pq é que eu não posso dá dois?

Se Leonardo da vinte, pq é que eu não posso dá dois?

Mesmo apertando na encolha malandro pinta sujeira depois...

Mesmo apertando na encolha malandro pinta sujeira depois...

Levei um bote perfeito com um baseado acesso na mão.

Tomei um sacode regado a tapa, ponta pé e pescosão.

Ihhhhh

Eu fui levado direto a presança do "Dotô". Delegado. Ele foi logo gritando:

Vai se abrindo malandro e me conta td como foi.

Eu respondi: "Se Leonardo Da Vinte, pq é que não posso dá dois?"

"A parada é essa... Ai do "Dotô" mandou assim pro malandro.... Se liga..."

Leonardo é Leonardo me disse o "Dotô", ele faz o que bem quer e está td bem.

Infelizmente aqui na lei dos homens agente valhe o que é, e somente o que tem.

Ele tem imunidade pra dar quantos quiser, pq é rico podereso e não perde a pose.

E vc que é pobre favelado só deu dois vai ficar granpeado no 12!

Essa música eu acho foda e boa pra caralho e retrata bem o que a sociedade brasileira vive.

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  • 3 weeks later...
  • Usuário Growroom

ahhahahahahahhaa

melhor eh akela as 40 dps!!

ALO ALO MALANDRAGEM!!!

NAO DESLIGUE, SE LIGUE ONDE ESTAO SITUADAS, AS DPS Q COMANDAM O RIO!!

VEJA BEM FIQUE NA SUA E NAO DE MANCADA!!!

A POLICIA CIVIL NAO EH DE BRINCADEIRA!!! ELA ESTA SEMPRE FILMANDO A RAPAZEADA!!!

NA AVENIDA BRAS DE PINA TEM A 38!!!! ELA TB COMANDA O LARGO DO BICAO!!!

HAHAHAHAHA ao lado aki de casa +_+

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  • Usuário Growroom
camarao-grandao escreveu

"vou apertar mais não vou acender agora,se segura malandro pra fazer a cabeça tem hora"

Poh, essa foi a unica musica que se encaixou na minha ultima madrugada de sabado pra domingo, tipo meu ultimo beck tinha sido no dia 29/02 como não tava a fim de carburar na madrugada do dia 07/03 eu estava na fissura, cheguei bolei meu fino de boa escutando John Pizzarelli, mas quando abri a janela do meu quarto vi que tinha varias pessoas na varando do vizinho que para o meu azar fica de frente com meu quarto (+- 20 metros), fui obrigado a guardar meu beck abrir uma Skoll colocar essa musica do Bezzera e dormir :(

Mas como pra minha sorte meus pais foram pescar no domingo deu pra dar aquela carburada no domingo a tarde :D

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