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Arquivo Estadão - Maconha: De Uso Medicinal A Caso De Polícia


mad dog

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  • Usuário Growroom

Maconha: de uso medicinal a caso de polícia

Não é de hoje que a maconha é um tema que desperta interesse de estudantes da USP. Assim como neste 2012 em que estudantes propõem uma “semana do baseado” para discutir o consumo da droga, em 1957 o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito, patrocinou uma conferência intitulada “O Mito da Maconha”, com o professor Jaime Regalo Pereira.

Catedrático aposentado da da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Jaime Regalo Pereira defendeu na sua palestra que, ao contrário dos efeitos somáticos conhecidos, os alegados efeitos psiquícos observados em usuários – estados alucinatórios ou visionários – não podiam ser atribuídos à maconha.

O Estado de S. Paulo – 30/5/1957

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O uso da maconha no Brasil é descrito nas páginas do Estadão desde o fim do século 19. Como não havia restrição à droga – só em 1938 a substância foi considerada entorpecente - e o uso medicinal era corriqueiro, havia vários anúncios patrocinados por médicos e clínicas exaltando os benefícios da cannabis em tratamentos de saúde.

As principais indicações eram para problemas respiratórios como asma, bronquite e tosse. Os “cigarros índios” (cigarrettes indiennes) com a substância cannabis indica, do laboratório francês Grimault & Comp, eram vendidos livremente e seus benefícios eram veiculados em testemunhais na seção livre do jornal.

1895.06.30_grimaultcomp.jpg1895.07.19_cigarroindio.jpg

1) 30/6/1895 2) 19/7/1895

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3) 22/5/1896 4) 22/5/1897

1900.06.07_cigarroindio.jpg1901.04.21_cannabisindica.jpg

5) 07/6/1900 6) 21/4/1901

Embalagem dos cigarros índios de cannabis indica no Museum of the Royal Pharmaceutical Society:

maconha_cigarros_grimault_.jpg

Cigarros índios da Grimault no site The Antique Cannabis Book:

maconha_cigarros_grimault_detalhe.jpg

Nos anos 30, o Estadão publicava o relato de Gastão Cruls sobre uma expedição que realizava na Amazônia, no qual falava sobre a maconha. :

“… O dirijo, também conhecido por “fumo d’Angola”, “maconha, “diamba, ou “riamba” é a cocaína do caboclo… “

“…Informa-me o Ricardo que o dirijo (nome mais em voga aqui”, também é appellidado de “birra”, e quando eu lhe peço maiores esclarecimentos acerca dos seus effeitos, elle se limita a dizer que um bom cigarro desse fumo faz a pessoa ficar “falista”…”

O Estado de S. Paulo – 04/1/1930

1930.01.04_maconhaamazonia_D.jpg

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Com a droga proibida, o consumo de maconha virou questão policial. Um nota dos anos 50, mostra uma discussão sobre as estratégias para combater a droga no II Congresso Nacional de Polícia.

O Estado de S. Paulo – 15/5/1958

1958.05.15_maconha_B-315x1024.jpg

Na próxima semana, novos posts sobre a história da maconha no Brasil.

Pesquisa e Texto: Edmundo Leite e Carlos Eduardo Entini

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Fonte: O Estado de São Paulo - http://blogs.estadao.com.br/arquivo/2012/04/13/maconha-de-uso-medicial-a-caso-de-policia/

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  • Usuário Growroom

Mad Dog, nota 10 esse post! Excelente conteudo!

+1 umas putas de umas materias!!!! maravilha mesmo!

(so uma breve observacao, acredito que uma onca sao 28 gramas, e o cigarro indio mostrado vem com uma onca de conteudo, e 2,5 gramas de haxixe, entao o cigarro indio ja vinha com 10% de haxixe! coisa maravilhosa!)

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  • Usuário Growroom

+1 umas putas de umas materias!!!! maravilha mesmo!

(so uma breve observacao, acredito que uma onca sao 28 gramas, e o cigarro indio mostrado vem com uma onca de conteudo, e 2,5 gramas de haxixe, entao o cigarro indio ja vinha com 10% de haxixe! coisa maravilhosa!)

entao esse cigarro tinha 28g?

meu deus! devia ser um charuto entao! kkkk

com 2,5g de cannabis da pra fazer uns 2 baseados do bao!

imagina 28g!!!

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  • Usuário Growroom

Continuação:

De fumadores de maconha à juventude transviada

Revista do Brasil 14, fevereiro de 1917

fumadoresdemaconha_revistabrasil.jpg (Clique na imagem para ler a íntegra)

A publicação de “Os Fumadores de maconha no Brasil” em 1917 mostra como o debate e a visão sobre a substância e seu uso tiveram diversos significados com o passar dos tempos. A resenha da Revista do Brasil começa atribuindo o consumo a uma herança da escravidão e descreve alguns nomes das “sumidades floridas”: fumo d’Angola, maconha, diamba, liamba ou riamba. Após destacar que é na região Norte do País onde o “vício” está mais espalhado, diz que “os índios amansados aprenderam a usar da maconha, entregando-se com paixão a esse vício”. “Fumam também os mestiços, e é nas camadas mais baixas que predomina o seu uso, pouco ou quasi não conhecido na parte mais educada e civilisada da sociedade brasileira.”

O texto não fala que tipo de droga recreativa a elite brasileira usava naqueles tempos. Mas algum tempo depois, é possível inferir, a partir do relato do médico, expedicionário e escritor Gastão Cruls, que nos anos 1930 essa droga é a cocaína. Em seu relato sobre a maconha na floresta amazônica, ele a descreve como “a cocaína do caboclo”, numa clara alusão de que o tipo de droga consumida servia também como distinção de classe.

Em 1958, o Estadão publicou dois artigos de Joaquim Douglas intitulado “Dicionário da Maconha”. Neles, o autor tentou descolar a imagem da substância à questão racial e social. Douglas rebateu o argumento mostrando a trajetória da maconha desde a antiguidade, passando pela Ásia, Oriente Médio e África.

Quando a maconha ganha definitivamente as áreas urbanas, encontra outro significado e outro tipo de “fumador”, a “juventude transviada”. Não só a droga é considerada um problema. O comportamento associado a ela também é visto como algo a ser combatido através da repressão. E até policiamento ostensivo em festas familiares é previsto nas ações policiais. O próprio nome da divisão destacada para o problema demonstra o novo significado da droga: Delegacia de Repressão à Vadiagem.

Além de despertar o interesse dos órgãos de segurança, o uso da maconha passa a ser objeto de estudo da academia e ganha um novo nome, ‘Canabismo’. É o que mostra a reportagem de 1958 quando a droga foi tema de reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

O Estado de S. Paulo – 13/4/1958

dicionario_maconha.jpg

O Estado de S. Paulo – 20/4/1958

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O Estado de S. Paulo – 10/7/1958

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(clique na imagem para ler a íntegra)

O Estado de S. Paulo – 20/8/1958

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Fonte: O Estado de São Paulo - http://blogs.estadao.com.br/arquivo/2012/04/17/de-fumadores-de-maconha-a-juventude-transviada/

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