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México Encontra 23 Corpos Decapitados Ou Pendurados Em Viaduto


DanKai

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Por Mica Rosenberg

CIDADE DO MÉXICO, 4 Mai (Reuters) - Ao menos 23 corpos, a maioria deles decapitados e outros pendurados em um viaduto, apareceram na sexta-feira no norte do México, numa escalada dos brutais ataques perto da fronteira dos Estados Unidos, numa região disputada por quadrilhas de traficantes.

Numa primeira descoberta, nove corpos, alguns com as mãos atadas ou com olhos vendados, estavam pendurados de um viaduto sobre uma rodovia da cidade de Nuevo Laredo, no Estado de Tamaulipas, cidade fronteiriça com Laredo, Texas, informou a polícia local.

Não foram identificados os autores dos atentados. Um bilhete encontrado junto aos corpos indicou, no entanto, que se tratou de um ataque do cartel Zetas contra seus rivais do Cartel do Golfo.

Mais tarde, foram encontrados 14 cadáveres decapitados dentro de bolsas negras no interior de uma caminhonete e as cabeças apareceram dentro de geleiras perto da prefeitura de Nuevo Laredo, disseram fontes militares e da promotoria.

Segundo versões da imprensa, essa foi uma resposta do Cartel do Golfo pelos nove corpos pendurados no viaduto.

Tamaulipas é um dos Estados mexicanos mais atingidos pela violência do narcotráfico.

No mês passado, os restos mutilados de 14 homens foram encontrados dentro de uma minivan abandonada perto da prefeitura de Nuevo Laredo. Dias depois, um carro explodiu em frente à sede da polícia.

Mais de 50 mil pessoas já morreram em incidentes relacionados ao narcotráfico desde que o presidente Felipe Calderón tomou posse e declarou uma "guerra às drogas", no final de 2006.

A insatisfação com a violência contribui para o favoritismo do candidato do partido oposicionista PRI, Enrique Peña Nieto, para a eleição presidencial de julho no México.

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Fonte: Reuters Brasil

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  • Consultores Jurídicos GR

Falaram aí outro dia no fórum "quando o custo social não for mais aceitável", mas quem será que define esse preço? Pra mim o preço social já passou do aceitável há muito tempo.

Vou vestir a carapuça rs.. (não respondo por implicância, mas porque o colega sempre levanta tópicos de importância fundamental para a discussão da atual política de drogas, nem sempre convergindo com minhas opiniões nas partes, embora no todo estejamos em sintonia - a constatação da total falência do sistema vigente)

Em uma de minhas intervenções - acho que foi no tópico em que discutíamos os possíveis benefícios financeiros advindos de uma legalização da maconha nos EUA - afirmei a hipótese segundo a qual mudanças institucionais podem ser disparadas pela compreensão de que um certo modelo político, ou de políticas, implicam consequências sociais inaceitáveis. Defendi-a em réplica ao ceticismo de alguns dos colegas para os quais a legalização não vingaria nos EUA, berço irradiador do proibicionismo e, paradoxalmente, de uma vistosa tradição liberal.

Pois bem. Quero tornar mais claras algumas dessas idéias, aproveitando a deixa.

Entendo ser a política de combate às drogas de per si carente de fundamentos razoáveis. Hoje é bastante claro seu escorço em interesses nada altruísticos, diferentemente do que tem sido defendido nos discursos e práticas elaborados ou por ela apropriados na tentativa de justificar sua atuação. Mas, que se lhe confira alguma razão de ser aceitável (o que não possui, repito!), para efeito de análise. Ainda assim sua permanência não pode mais ser sustentada, visto a constatação das consequências que acarreta em detrimento de uns parcos benefícios, constatados não sem uma boa dose de generosidade.

Não acho que o preço social está por atingir a condição de inaceitável, e então desencadeando uma reação da população, conforme a postura por mim sustentada. Concordo plenamente com você, o preço social da perversa War on Drugs passou dos limites do razoável há tempos.O que ainda não ocorreu foi a conscientização da maioria dos cidadãos sobre esse fato, condição indispensável a uma modificação de base diretamente democrática. Este é o ponto crítico da questão; o ponto de inflexão ao que me reportei outras vezes.

Nos EUA, como evidenciado por pesquisas, cresce ano após anos a massa de descontentes com o sistema atual. A maioria está a um pequeno passo de ser firmada.

Aqui, infelizmente, nossas esperanças estão depositadas nos guardiões da Constituição. Na expectativa de que façam valer a razão e os princípios democráticos, mesmo que em detrimento da "voz rouca das ruas". Temos de torcer para que a democracia triunfe ante os anseios das massas. Um contra-senso apenas aparente, pois Democracia não pode mais ser lida apenas como simples manifestação da vontade da maioria, ao menos, não sem cairmos no fenômeno conhecido pelos cientistas políticos como "ditadura da maioria", da qual o nazismo alemão é o exemplo mais emblemático.

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  • Usuário Growroom

Cara, não querendo ser qualquer coisa outra aqui que objetivo e realista, fico pensando que essa é uma das maiores batalhas do século passado e desse e talvez uma das mais importantes pra sociedade contemporânea. Não acho que é só uma questão de minoria querendo usar. Porque se você for ver o ódio que a grande maioria da população tem do usuário de drogas, cara veja bem, ódio, é de se ficar imaginando de quantas formas diferentes fomos formatados pra odiar essa conduta. Eu acho que a minoria que luta por isso na verdade está lutando (alguns sem saber, outros sabendo) por uma mudança radical no mundo.

Mas não acho que o aumento da violência vai per si resultar num levante revolucionário. Por que o limite de aceitar violência da sociedade pode ser absurdamente grande, vide o que está acontecendo no México. Enquanto o povo tiver MEDO de drogas, MEDO de drogados, MEDO do governo, MEDO da sociedade, os mal intencionados sem medo vão continuar fazendo o que quiserem.

Tanto ódio é medo, no final das contas. Medo de estarmos certos, de estarmos mais próximos do real que eles. Medo de olharem pra nós e constatarem que por dentro estamos mais felizes, e que estamos preenchendo o vazio de sentido que eles carregam. A sociedade não tem medo de violência, ela prefere até. Ela tem medo é de droga, que é algo que ela não conhece.

Acho que tem muito nego mais disposto a matar um maconheiro que fumar um baseado. Por quê?

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  • Consultores Jurídicos GR

Mas não acho que o aumento da violência vai per si resultar num levante revolucionário. Por que o limite de aceitar violência da sociedade pode ser absurdamente grande, vide o que está acontecendo no México.

Excelentes as suas colocações. Não canso de me espantar com as manifestações de ódio que leio todo vez que um grower é preso ou na época da marcha da maconha.

Quanto ao comentário que destaquei, tenho de discordar parcialmente. De fato, parece inesgotável a capacidade humana para aceitar violência. Não concordo, contudo, que tenha sido essa a relação que estabeleci, de ser o inconformismo com a violência um motor revolucionário.

Quando falo na generalização da consciência dos altos custos sociais da guerra às drogas como detonador de mudanças refiro-me, na causa, a elementos outros que não só a violência, e, na consequência, à uma revolução silenciosa e paulatina.

Falando mais diretamente, por revolução silenciosa entendo aquela intangível, que se opera na mente das pessoas. E, por custos sociais, que, se devidamente compreendidos podem provocar essa revolução, penso, por exemplo, no desvio de gigantescos recursos financeiros de áreas essenciais à coletividade; nas punições que destroem carreiras e futuros; na excessiva autoridade conferida ao braço armado do estado; nas barrerias impostas até mesmo à exploração do potencial farmacológico e industrial de certas drogas; na contaminação das instâncias de poder corrompidas pelo poderoso fluxo de capitais dos mercados paralelos, dentre outros, aos quais se soma a pura e simples violência.

Vejamos em um gráfico a revolução de que estou falando (nos EUA):

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  • Consultores Jurídicos GR

E nos EUA está ocorrendo em todos os grupos sociais, até mesmo entres os mais conservadores - que basicamente inventaram o sistema.

Antes que me acusem de baba-ovo dos EUA, só bato nessa tecla porque, queiramos ou não, eles são os grandes responsáveis pela manutenção da política atual. Se o sistema ruir lá, haverá pouco que nos obrigue a insistir no modelo. E, nesse sentido, infelizmente, é bom que sejamos ainda tão dependentes das políticas preconizadas por washington.

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O problema é que cada conflito é utilizado pela retórica para dizer que o tráfico está enfim sendo enfrentado, e muita gente é instruída a não ser compreensiva, e ser razoável, e pesar argumentos para tirar conclusões inteligentes sobre a situação, eu chamo isso de ser dogmático, o proibicionismo pode ser levado de forma religiosa e é levado assim, sempre dogmaticamente, principalmente por pessoas trabalhando no setor de segurança ou defesa do Estado, cujos empregos ou até mesmo departamentos se tornaram mais poderosos exatamente por causa dessa abordagem da guerra às drogas.

"É difícil fazer com que um homem entenda algo quando seu salário depende do seu não entendimento dessa mesma coisa." ------Upton Sinclair

Isso serve para autoridades de segurança, policiais, clero, e proibicionistas de todo tipo, desde envolvidos com indústria farmacêutica, quanto bélica, de outras drogas...açúcar até, são todos demagogos fascistas desgraçados!!

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  • Usuário Growroom

Falando mais diretamente, por revolução silenciosa entendo aquela intangível, que se opera na mente das pessoas. E, por custos sociais, que, se devidamente compreendidos podem provocar essa revolução, penso, por exemplo, no desvio de gigantescos recursos financeiros de áreas essenciais à coletividade; nas punições que destroem carreiras e futuros; na excessiva autoridade conferida ao braço armado do estado; nas barrerias impostas até mesmo à exploração do potencial farmacológico e industrial de certas drogas; na contaminação das instâncias de poder corrompidas pelo poderoso fluxo de capitais dos mercados paralelos, dentre outros, aos quais se soma a pura e simples violência.

Entendi, essa revolução gradativa é silenciosa porque acontece de um em um e por dentro de cada um. Acho que depois de tanta enchente o que faz a pessoa mudar de idéia é uma gota d'água, uma gota que pinga dentro dela (ou respinga por perto) e faz transbordar uma nova consciência que se submergia embaixo de tanto preconceito. E ai eles vão olhar aqueles fatos que nós cansamos de reiterar por tanto tempo e dizer "Olha, proibir é pior mesmo..." ou "É só uma planta!".

Mas entendi o que você disse, a revolução se dá gradativamente e o que era visto pela sociedade como subversivo pouco a pouco passa a ser senso comum.

Edit: Acho que a coisa ponto a ponto vai se acelerando progressivamente a medida que o "espírito da época" se consolida na direção das mudanças. A opinião pública no Brasil é de chorar... mas a tendência é o que aconteceu nos EUA acontecer aqui também, por que é uma coisa maior que a opinião pública. Mas por aqui seria bom se viesse também por meio do STF, como se em vez de um pingo em cada cidadão, caisse um balde de água fria na sociedade brasileira de uma vez, pra ver se acorda mesmo. Acredito que isso ajudaria a reverter o ponto de vista "midiático" das coisas em tempo menor. Mas o tanto que as vozes contrárias iam sair babando, disseminando ódio mais do que nunca, não está escrito na súmula.

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