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Uma Guerra Que Deveria Ser De Todos


Green Flavor

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  • Usuário Growroom

Ao assumir a Presidência do México, em 2006, Felipe Calderón pôs as Forças Armadas para combater o crime organizado, em especial o narcotráfico, que é o eixo em torno do qual gira boa parte das demais atividades criminosas.

No domingo que vem, 1 de julho, 49 milhões de mexicanos vão às urnas para eleger o sucessor de Calderón. Nenhum dos candidatos --nem mesmo Josefina Vázquez Mota, do mesmo Partido de Ação Nacional de Calderón-- defede a continuação da guerra frontal ao narcotráfico.

O uso das Forças Armadas em tarefas teoricamente policiais foi então um fracasso? Não é bem assim, a julgar por pesquisa recente em que 80% dos consultados se disseram favoráveis a continuar com o Exército nessa guerra. Uma porcentagem expressiva por si só mas que se torna ainda mais significativa quando se considera que há uma divisão de opiniões a respeito do resultado da guerra: 47% acham que está havendo avanços, mas 49% ou acham que está igual ao que sempre foi (19%) ou que a guerra está sendo perdida (30%).

É possível que essa percepção relativamente negativa se deva ao fato de que a guerra de Calderón provocou 50 mil mortes nos seus seis anos de mandato, uma cifra colossal. O governo alega --e parece ter razão-- que mais de 80% das mortes são causadas por choques entre os cartéis do narcotráfico.

Seja como for, o noticiário a respeito do México é dominado por corpos espalhados por toda a parte, por cabeças separadas dos corpos, pelos cadáveres que aparecem pendurados em pontes em cidades como Monterrey, por exemplo, importante centro econômico.

Comenta Robert C. Bonner, com a experiência de quem trabalhou na famosa DEA norte-americana, a agência anti-narcóticos e também como comissário da agência de Proteção de Fronteiras: "Qualquer que seja o vencedor [das eleições do dia 1.o] terá que enfrentar o mais destacado desafio colocado ao país hoje, que é a batalha contra os cartéis da droga. E, apesar de todas as manchetes negativas, o próximo presidente descobrirá que o governo fez grandes ganhos nos últimos cinco anos no caminho para derrotá-los".

Por quê então os candidatos fogem da questão, limitando-se a dizer platitudes a respeito dela? Muito provavelmente porque o inimigo é poderoso. Não apenas pelas armas que empunha mas pelo volume de negócios que opera.

Vanda Felbab-Brown, especialista da Brookings Institution, calcula que o tráfico de drogas responde por entre 3% e 4% do Produto Interno Bruto mexicano, algo em torno de US$ 30 bilhões (R$ 61 bilhões). Emprega, além disso, pelo menos um milhão de pessoas em um país de 49 milhões de eleitores.

A omissão dos candidatos impede que se debatam, durante a campanha, eventuais alternativas à guerra nos termos definidos pelo presidente Calderón. É um debate que interessa obviamente ao Brasil que tem um problema sério de crime organizado, como todo o mundo sabe, e que não consegue combatê-lo sem recorrer subrepticiamente às Forças Armadas, como no caso da recuperação pelo Estado de algumas favelas do Rio.

Mais: a taxa de homicídios no Brasil é superior à do México. São 25 por 100 mil habitantes contra 18 (dados de 2011). Logo, seria conveniente acompanhar a experiência mexicana mais de perto, ainda mais que Calderón andou arranhando a ideia de propor a descriminalização das drogas como forma de enfrentar o problema --um tema que aparece e desaparece, no Brasil e na América Latina, com igual facilidade.

Em discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, Calderón afirmou o óbvio: a maneira de derrubar os cartéis é cortar a demanda. Mas --acrescentou-- se for impossível, os governos seriam obrigados a considerar "alternativas de mercado", um eufemismo para legalizar a venda.

O presidente uruguaio José Mujica, aliás, acaba de adotar uma "alternativa de mercado" para pelo menos um droga, a maconha, ao enviar projeto de lei ao Congresso tornando o Estado o vendedor único da erva.

Enfim, é o tipo do assunto que precisa ser encarado de uma vez. A alternativa é trancar-se em casa para evitar os arrastões nos restaurantes e blindar as casas/apartamentos para evitar os arrastões nelas e neles.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/1108876-uma-guerra-que-deveria-ser-de-todos.shtml

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Isso que me espanta nisso tudo, o discurso desse filho da puta pode ser condensado mais ou menos assim: "vamos proibir, matar, assassinar, torturar, criar uma guerra internacional onde não havia nada, ah mas se isso não der certo como não tem dado nos últimos 50 anos, a gente pode considerar criar um mercado estatal".

Podia considerar todo anti-proibicionismo como redução de danos, até colaterais à sociedade, porque puta que pariu, vamos medir aí os danos dessas medidas, dessas duas políticas, qual delas é mais danosa e degradante para a sociedade? Deixar um bando de maconheiros fumar uma erva ou criar uma guerra? Regular o consumo de drogas ou assassinar milhares de pessoas todos os anos futilmente? Que tipo de imbecil realmente é convencido por um discurso desses? Esse presidente é um tirano, deveria se envergonhar de questionar o único estadista disposto a ousar, ser racional no continente e criar uma política paralela à essa de combate aos próprios cidadãos de seu país, parabéns ao presidente Mojica.

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Escrevo reagindo ao que leio, te falar que eu fico realmente ultrajado quando leio essas declarações desses senhores da guerra aí, o poder realmente sobe à cabeça de algumas pessoas, estamos todos aí à merce desses feiticeiros construtores da morte.

Tem umas músicas que são sempre contemporâneas, aí vai uma:

http://www.youtube.com/watch?v=gbxfe7DMxVo

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  • Usuário Growroom

Qualquer mudança numa Lei de drogas no México é um grande teste , pois lá é onde o problema é mais agudo. Lá é - tô chapado e me falta a palavra em Português-' Ultimate edge' ou - talvez- última fronteira das Políticas públicas sobre o assunto. Mesmo defendendo a Legalização, tenho muito medo que o cartéis mexicanos tomem conta do negócio. Como devemos tomar cuidado aqui, não ví ainda ninguém dizer nada sobre o assunto, mas temos que assegurar que numa eventual legalização brasileira não só proibamos a adição de Nicotina e qualquer outra substância aditiva à canábis assim como que traficantes,bandidos, crime organizado e nenhum outro vagabundo use coffe shop e afins como lavagem de dinheiro ou mesmo lucrem com isso; eles só trariam sua ética suja aos negócios matando concorrentes e growers. Ademais, vejam o quê aconteceu com os usuários de cigarro, até os anos 40 o Câncer de pulmão era uma raridade que só dava em azarados e mineiros- o cigarro era um lazer inocente, as pessoas bolavam seus próprios cigarros com tabaco comprado na mercearia de forma artesanal e mesmo - até o cigarro industrializado- fumavam menos porque não se viciavam.À partir dos anos 40 adicionaram nicotina ao cigarro e pioraram em muito a qualidade do cigarro.Uma merda dessas eu não quero pra Canábis.

NÃO BASTA LEGALIZAR,TEMOS QUE LUTAR PARA GARANTIRMOS A QUALIDADE DA CANÁBIS E A SUA OBTENÇÃO SEM DANOS À SOCIEDADE!!!

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  • Usuário Growroom

Essa guerra não é minha! Me recuso a participar dela! De qualquer um dos lados!

Não é alternativa de mercado, é detonar o proibicionismo! Proibir não resolve, criminalizar piora! A guerra do Estado deve ser contra sua incompetência em gerir a vida da sociedade!

O proibicionismo faz a maioria de idiota, dando ao Estado um inimigo contra quem ele pode gastar trilhões e jamais derrotar!

Legalizar a Maconha não é alternativa dentro da responsabilidade social, é sim o único caminho sensato, racional e pragmatico a seguir!

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  • Usuário Growroom

Galera, "Guerra contra o tráfico" é apenas um slogan de marketing político para eleitores subdesenvolvidos. Sem entrar em teorias acadêmicas, mas quantas vezes você já não ouviu essa frase? Quantas vezes ela trouxe um resultado significativo ou permanente? Eu respondo: NENHUMA.

O tráfico de entorpecentes é um negócio bilionário, quiçá tri, que movimenta diversos seguimentos da sociedade, principalmente o mundo político.

Não é de hoje que sabemos que as grandes apreensões, na verdade, são "bois de piranha", e a maior parte das prisões é combinada previamente. É tudo planejado, um verdadeiro teatro onde não há deslizes. Sad, but true.

A única guerra real do tráfico é entre os próprios traficantes, buscando expandir seus negócios obscuros. Para acabar com tráfico, só se este estiver prejudicando outro negócio mais rentável do que ele.

Sinceramente, acho que o Brasil não tem condições de liberar todas as drogas, mas liberar a maconha, que é menos prejudicial do que uma gama de produtos vendidos no mercado sem qualquer restrição, é totalmente viável. Mas isso só acontecerá se a população se conscientizar de que legalizar o plantio e consumo é o melhor para todos.

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