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É Bom Ser O Rei


Paulinhuuu

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  • Usuário Growroom

O Império da Cannabis de Arjam Roskam É Mais do que Espelhos e Fumaça

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Franco Loja, produtor-chefe da Green House Seed Company, inspeciona

um espécime de cepa de maconha chamada Limon Verde na região de Cauca,

Colômbia. Todas as fotos por Jackson Fager.

Numa tarde de maio passado, Arjan Roskam descansava no convés de seu

barco de pesca esportiva de 12 pés. Ele rumava para uma baía profunda da

costa caribenha do noroeste da Colômbia, mantendo os olhos numa linha

que ele tinha jogado alguns minutos antes. Arjan tem 48 anos, bem mais

do que 1,80 m de altura e é bem barbeado. Ele tem a fisionomia rústica

do holandês e possui uma voz de barítono penetrante que atravessa a

conversa como um oboé. Ele se parece e soa como um líder, uma dessas

almas raras que conseguiu cumprir seu destino sem se comprometer. Ele é a

figura mais reconhecida e controversa no negócio da maconha, o

autointitulado “Rei da Cannabis”.

Viajei com Arjan pelas montanhas e florestas da Colômbia, juntamente

com uma equipe internacional de produtores de maconha que ele chama de

“Caçadores de Cepa”. Estávamos à procura de três variedades

excepcionais, porém esquivas, de maconha, que permaneceram puras por

décadas. Elas têm nomes líricos, quase míticos, que rolam da língua:

Limón Verde, Colombian Gold e Punta Roja. Um dia antes de nossa excursão

pela floresta, encontramos espécimes das duas últimas cepas num bosque

de maconha próximo mantido por grupos paramilitares e agricultores

locais. Arjan ficou exultante. Ele tinha adquirido as primeiras duas das

200 e poucas variedades primitivas – cepas de maconha que se

desenvolveram naturalmente em regiões distantes ao redor do mundo – e

estava determinado a conseguir todas.

Arjan e seus produtores cultivarão milhares de plantas com essas

sementes de variedades primitivas, escolhendo as mais fortes e

cultivando novas cepas comerciais baseadas em sua genética exótica. Esse

é a primeira etapa de um longo e intrincado processo que torna possível

que um entregador local apareça em sua casa com um pacote de variedades

cheias de bouquet como a Alaskan Ice, Buba Kush e White Widow. Se você

já foi encurralado por um nerd da maconha em alguma festa, você sabe que

só não estamos mais fumando maconha tailandesa cheia de gravetinhos e

sementes porque milhares de produtores comerciais do mundo todo estão

misturando, cruzando, experimentando e desenvolvendo novos sabores,

efeitos e qualidades – tudo isso a partir do que é essencialmente uma

planta comum de áreas montanhosas.

Do mar, os sopés nevados da montanha Sierra Nevada de Santa Marta

despontam à distância. Ela se estende por toda costa caribenha do país e

por pouco mais de 42 quilômetros para dentro do continente. Dois picos

(um batizado em homenagem ao libertador da Colômbia, Simón Bolívar)

atingem cerca de 5.790 metros de altura. A topografia é bizarra e

deslumbrante. O ar temperado da serra e o sol equatoriano em todos os

meses do ano tornam essas montanhas uma das regiões mais férteis do

mundo para se cultivar e colher cannabis. Durante os anos 1960 e 1970,

milhares de toneladas foram exportadas dessa mesma baía de 100 metros de

profundidades onde estávamos navegando. Barcos de contrabando seguiam a

rota do norte através do Caribe até os Estados Unidos. Foi uma corrida

da maconha coloquialmente chamada de “Bonanza Marimbera” que transformou

milhares de camponeses simples em ricos barões da droga. Santa Marta, a

vibrante cidade costeira onde ficamos, foi literalmente construída com o

dinheiro das drogas.

Uma edição recente do El Tiempo, um jornal colombiano, se gaba

em afirmar que “la marijuana vive una nueva bonanza” – os tempos

inebriantes para cultivar e distribuir maconha na costa norte da

Colômbia estão de volta, com a demanda pela erva crescendo

exponencialmente. Hoje em dia, no entanto, os produtores colombianos não

produzem mais muita Colombian Gold. Em vez disso, como o resto da

indústria, eles se voltaram para híbridos desenvolvidos por produtores

da Califórnia, Colúmbia Britânica e Amsterdã – produtores como Arjan.

Se os cartéis e outras organizações criminosas eram os milionários da

explosão das drogas no século passado, os produtores de maconha – nerds

da horticultura escondidos em estufas e laboratórios de todo o mundo –

podem muito bem ser os milionários deste. Como a Monsanto, e outros

gigantes do agronegócio, grandes companhias podem acabar controlando a

planta em seu nível mais básico, por isso, Arjan é tão importante nesse

negócio: ele controla a Green House Seed Company de Amsterdã, uma das

maiores companhias de sementes do planeta, autoapelidada de “o negócio

de cannabis de maior sucesso no mundo”.

A Green House afirma ter vencido 38 Copas Cannabis, quase duas vezes

mais do que qualquer outra companhia. Na esteira da legalização em

estados dos EUA, como o Colorado, e com a perspectiva da legalização em

países como o Uruguai, Arjan está apostando num futuro onde a demanda

por maconha vai evoluir e amadurecer, e ele está fazendo tudo o que pode

para garantir um lugar no topo quando os dominós da criminalização

caírem pelo mundo todo. Ele pode conseguir. O homem é, sem dúvida, o

comerciante legítimo de drogas mais bem posicionado atualmente; ele não

está somente vendendo drogas – ele está ajudando a construir a cultura

da indústria.

Enquanto pescava e secava latinhas de cerveja em seu barco em Santa

Marta, acendendo becks enormes feitos com brotos pungentes, Arjan

mantinha um olho no mar. Por fim, uma de suas linhas se esticou, então,

ele arrancou a vara de seu suporte e coordenou a bobina da captura de

seu acento na popa. Não muito tempo depois, um peixe iridescente de 1,80

m se contorcia no convés branco do navio. Comemos o peixe no almoço.

Estava delicioso.

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A costa caribenha da Colômbia era uma das principais áreas de contrabando de maconha nos anos 1970 e início dos 1980.

Estimar com precisão o tamanho do mercado global de maconha (tanto o

legal quanto o ilegal) é quase impossível – isso varia de 10 a 140

bilhões de dólares por ano. Arjan afirma que possui 25% do mercado de

sementes, uma parte menor da indústria total, mas, sem dúvida, uma das

mais cruciais. E mesmo que esse número seja muito difícil de verificar,

outras fontes da indústria dizem que a matemática de Arjan não está tão

longe da verdade. Considerando que existem atualmente centenas de

companhias de sementes pelo mundo todo, essa é uma fatia significante do

bolo. E mesmo que Arjan também tenha cafeterias que vendem maconha, uma

linha de roupas e até uma companhia de bebidas que faz bebidas

alcoólicas com sabor de maconha, seu negócio principal é criar novas

variedades da erva para vender no mercado internacional. Esse é um

segmento lucrativo e, de certa forma, exclusivo do mercado. Descobrir

novos perfis de sabores e novos efeitos por meio da combinação de

canabinoides e terpenoides (produtos químicos menos conhecidos da

maconha), requer um nível superior de conhecimento na área. Cultivar

novas linhagens não é engenharia genética em si, é apenas agricultura.

Mas assim como na indústria moderna do vinho, o cultivo de maconha se

tornou uma ciência valiosa que requer habilidade, conhecimento e

sensibilidade do artesão.

Franco Loja é o produtor-chefe e parceiro de negócios magrelo e

hiperativo de Arjan. Ele tem 39 anos e antes serviu como paraquedista do

exército italiano. Como ele me explicou nessa viagem: “A beleza da

cannabis é sua variedade. Não é somente uma planta – são milhares de

plantas. Cultivar plantas é criar algo novo. Você pode comparar esse

trabalho ao de um chef criando novas receitas. Os ingredientes são quase

infinitos para se combinar".

O modelo de negócio de Franco e Arjan depende de encontrar essas

plantas raras, o que, como testemunhei em primeira mão, é mais fácil de

falar do que fazer. A maconha continua ilegal na Colômbia e facções

guerrilheiras, grupos paramilitares e outros bandos armados assustadores

com frequência controlam as áreas mais férteis. O nome de Arjan e o

poder econômico abrem portas, mas ele ainda precisa ir pessoalmente até

essas zonas remotas e militarizadas. Isso requer jornadas árduas a pé ou

de caminhão, que os competidores da Green House são, francamente, muito

tímidos ou muito pobres para encarar.

Num restaurante à beira-mar dentro do Parque Nacional Tayrona, próximo

da cidade de Santa Marta, Arjan me contou sobre os momentos mais

basilares de sua vida e que marcaram sua crença inabalável na planta.

“Quando eu tinha 17 anos”, ele me contou, “fui para a Tailândia. Eu

estava subindo uma montanha no norte do país quando encontrei um homem

muito velho, que, na época, curava viciados em heroína com maconha.

Fiquei ali por uma semana e achava que ele era muito louco. Mas quanto

mais eu ficava, mais eu aprendia com ele. Quando fui embora, ele me deu

algumas sementes e me disse para lembrar de uma coisa: no futuro, essas

sementes poderão derrubar governos".

Sementes mágicas de um estranho misterioso. É como a história de João e

o Pé de Feijão. Ainda não está claro quem exatamente faz o papel do

gigante na história de Arjan. Poderia ser a besta da ilegalidade ou os

lobistas a serviço de indústrias que controlam outros vícios liberados

como tabaco, álcool e petróleo. Ou poderia ser o fato insuperável de

que, apesar de sua liderança na comunidade de produtores e comerciantes

de maconha, Arjan nunca conseguiu realmente se encaixar.

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Arjan Roskam se apelidou de o “Rei da Cannabis” e percorre o mundo todo atrás de cepas raras de maconha.

Arjan não foi sempre um magnata. Ele começou cultivando em porões e

apartamentos dentro e nos arredores de Amsterdã há cerca de 30 anos.

“Éramos somente produtores de maconha curtindo nossa erva”, ele se

lembra. “Depois de alguns anos, descobrimos que não éramos os únicos.

Havia 2 bilhões de pessoas que curtiam aquela erva e tivemos muita sorte

de pular dentro desse vagão nos anos 1980. Esse vagão se tornou um

trem. Esse trem se tornou um avião. E esse avião está voando muito

rápido agora.”

“E muito alto”, acrescentou Franco.

“Sim”, disse Arjan. “Muito alto.”

Arjan encontrou o sucesso na Holanda, um país que decidiu, décadas

antes da Califórnia, que era melhor regulamentar um desejo quase

universal de ficar doidão do que tentar proibir isso. Ele começou a

cultivar cepas de erva sob o nome Green House em 1985, abrindo sua

primeira loja sete anos depois. Ele não foi o primeiro no jogo, no

entanto, no curso de sua carreira, ele alavancou sua adoção antecipada

no mercado legal de erva até a forma de uma presidência autonomeada. Ele

com frequência serve de porta-voz da associação de cafeterias de

Amsterdã e trabalhou a imagem de sua companhia para uma operação

reconhecida internacionalmente. “Temos tido muito sucesso”, ele disse.

“Para ter uma ideia, só no ano passado vendemos mais de 400 mil sacos de

sementes. Isso nos torna o comerciante de sementes número um do mundo.”

E parece que o perfil da Green House vai continuar a crescer. Enquanto o

cultivo da maconha evolui de um passatempo clandestino para algo que

qualquer jardineiro amador pode considerar, a imagem da companhia é mais

importante do que nunca. É isso que os caras do marketing chamam de

“valor de marca” e Arjan e Franco estão bastante ocupados construindo o

valor da Green House Seed Company por meio das operações on-line da

companhia.

A Green House tem produzido documentários de uma hora filmados durante

as viagens de caça a cepas realizadas em Malawi, Marrocos, Índia e

outras localidades distantes, em busca do barato definitivo. Os vídeos,

ambiciosos em suas aspirações cinematográficas, ganharam milhões de

visualizações no YouTube. Neles, Arjan aparece com um Arnold

Schwarzenegger sociologicamente iluminado da erva, ouvindo as histórias,

por vezes dolorosas, de camponeses produtores de maconha, enquanto

cruza o globo de regata e bermuda cargo. De acordo com David

Bienenstock, ex-editor da High Times, Arjan “adotou uma

sensibilidade de marketing moderna”, algo lamentavelmente em falta nessa

indústria nascente. O holandês tem um entendimento norte-americano das

forças do mercado, o que torna quase irônico que a indústria

norte-americana tenha se fechado para ele. Mesmo com a explosão de

consumo nas últimas décadas e com estados de todo o país abraçando a

legalização em vários níveis, importar sementes continua sendo ilegal

nos Estados Unidos.

“O jogo entre ilegalidade e legalidade em nossa indústria nos obriga a

ficar atentos”, Franco me disse. Para combater essa tensão, a Green

House tem investido pesado em pesquisa e desenvolvimento, “para nos

manter flexíveis, para nos adaptar às novas leis, novas regulamentações,

novas demandas de mercado, novas repressões e novas aberturas. Não

podemos nos dar ao luxo de escolher nossa própria estratégia de

mercado".

Arjan sabe como agarrar o que está diretamente na sua frente, uma

habilidade que lhe rendeu uma reputação negativa com seus competidores.

Alguns se referem a ele como um fingidor, um homem de negócios na pele

de produtor; no entanto, como em qualquer outra indústria, ter

detratores locais pode ser interpretado como um sinal de sucesso.

Produtores de maconha não se veem como traficantes de drogas, mas sim,

como agricultores hiperqualificados, mais parecidos com queijeiros ou

vinicultores. Há um entendimento implícito de que seu produto deve falar

por si, de que a planta está acima de qualquer pessoa. Em 1999, a Green

House, juntamente com duas outras companhias, foi destituída do prêmio

da Copa Cannabis na categoria Haxixe depois de acusações de fraude na

votação. É uma mácula na reputação que contaminou o crédito de Arjan na

hermética cena da maconha de Amsterdã. Mas Arjan desconsidera esses

contratempos sem medo. Mesmo quando a maconha era altamente ilegal na

maior parte do planeta, ele estampava seu rosto diretamente no produto,

sabendo que a erva por fim se tornaria um produto quase popular. Esse

foi um movimento ousado, indicativo de uma personalidade que continua a

mexer do jeito errado com certos seguimentos da indústria da maconha.

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Gato estende a mistura de cheiro doce e floral de haxixe que ele fez virando um balde de cristais de THC num moedor de carne.

Três dias antes de minha entrevista com Arjan e Franco, acompanhei

Arjan até a região de Cauca, no sudoeste da Colômbia, até uma grande

operação de cultivo liderada por um colombiano de 35 anos chamado

Alejandro Londono, mais conhecido como Gato.

O Gato não é tão esbelto quanto seu apelido sugere, mas a alcunha é uma

boa descrição para sua visão ágil dos negócios. Criado em Miami, ele se

iniciou ainda jovem no México e na Venezuela, antes de fundar e dirigir

uma operação industrial em larga escala em várias nações das Américas

Central e do Sul. Atualmente, ele está na folha de pagamento do governo

uruguaio como Conselheiro Oficial de Legalização. É óbvio que Gato

admira Arjan e age como seu protegido, prestando muita atenção quando

ele fala.

Nossa visita foi menos uma caça a cepas e mais uma maneira de Gato

mostrar o quão bem ele tem se saído nos negócios da família, uma grande

operação de cultivo e venda de sementes que ele chama de Marimbero (uma

referências ao passado glorioso de supremacia da erva colombiana). A

plantação é enorme, com acres de plantas cobertas por metros e metros de

plástico preso em postes de bambu na encosta da montanha. Um cálculo

rápido me deixa a par das apostas: Gato e seu produtor-chefe, um

ex-assassino que ele conheceu na cadeia, têm 8 mil plantas que rendem

1.800 quilos de erva a cada colheita. Por causa do clima estável na

Colômbia, a operação produz três colheitas ao ano, o que equivale a

cerca de seis toneladas de maconha.

Nos últimos anos, o pai de Gato e dois de seus irmãos foram

assassinados por rivais. “Meus dois irmãos foram mortos nos últimos três

anos por uns putos de Medellín que se acham os reis da maconha”, ele

disse. “Eles acham que controlam o negócio porque são bandidos, mas

controlam o mercado por meio da violência, não da qualidade.”

Qualidade é a principal missão de Gato. Ele quer cultivar maconha

excelente porque ama o que faz. É simples assim. “Seu hobby se torna seu

negócio automaticamente”, ele disse. “Você não espera isso. É como

quando você é um bom cantor e se torna famoso – você não pede por essa

merda. Alguns bons cantores odeiam a fama, mas isso chega de qualquer

forma. Com a erva é a mesma coisa. A mãe da minha filha me disse um dia

que eu tinha que escolher entre a maconha e ela. Me divorciei dela

naquele dia. Como você pode reclamar da maconha quando você vive como

uma puta rica? Você tem tudo o que quer. Tudo que está na geladeira veio

dessa maconha.”

Gato me levou depois num passeio por seus depósitos, suas instalações

de secagem e tratamento, e sua fabriqueta, onde ele faz haxixe e outros

produtos. Em certo momento, ele despejou um balde de cristais secos de

THC num moedor de carne industrial, produzindo uma calda pegajosa de

cheiro floral parecida com chocolate derretido. Ele se gaba dessa cepa

particular de maconha, batizada com o nome de uma de suas filhas. A

mistura profunda e inebriante se chama Nicole's Kush, e mesmo que isso

não tenha conseguido ainda a mesma popularidade de algumas das

variedades de Arjan (e que não poder ser encontrada nos Estados Unidos),

o negócio é de primeira. Se as coisas derem certo para Gato, a cepa

xará de sua filha pode ser o híbrido que irá solidificar sua dominância

na indústria.

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Arjan mostra as sementes de Punta Roja, que ele e seus caçadores de cepa encontraram nas proximidades de Santa Marta, Colômbia.

O primeiro híbrido de Arjan a fazer sucesso foi a White Widow, que

ganhou esse nome por causa da abundância de tricomas, que dão à planta

uma coloração esbranquiçada. A mistura é uma variedade lendária

disponível no mundo todo que chegou a ser mencionada na série Weeds.

Ela dá ao usuário uma euforia energética intensa e oferece uma fumaça

picante e doce com final amanteigado. Essa variedade venceu a Copa

Cannabis de 1995, um dos motivos pelos quais a questão de quem

precisamente desenvolveu essa cepa ser um grande ponto de discórdia

entre a comunidade de produtores de Amsterdã. Uma discórdia que resultou

num racha fundamental que ainda divide opiniões quanto às motivações de

Arjan como homem de negócios e ser humano.

A história da criação da White Widow é complicada. Arjan afirma que um

produtor com quem ele trabalhava nos anos 1980 chamado Ingemar foi o

progenitor da cepa, e que a Green House a aperfeiçoou na década

seguinte. Mas o ex-sócio de Arjan, um australiano chamado Scott Blakey,

afirma que foi ele quem inventou a White Widow na Green House, e que

levou a primeira geração estabilizada da planta consigo para formar uma

nova companhia quando saiu da GH em 1998. Hoje em dia, Scott é mais

conhecido como “ShantiBaba” e sua companhia se chama Mr. Nice Seed.

ShantiBaba é impiedoso em suas acusações contra Arjan. Segundo ele,

Arjan não merece crédito pela descoberta, ou os inúmeros elogios

concedidos a White Widow.

Uma das razões da persistência do debate em torno da White Widow é a

falta de regulamentação no mercado da erva. Patentes e propriedade

intelectual ainda não se aplicam à indústria da maconha, logo, nenhum

dos lados pode levar suas queixas à justiça. É puramente uma batalha de

reputação e um embate de egos inflados. Arjan raramente fala sobre as

acusações, mas quando o faz, sua linguagem é cáustica. Em 2011, ele

publicou um texto de aproximadamente 4.309 palavras no fórum on-line

International Cannagraphic, lançando ataque pessoais a ShantiBaba,

rotulando-o de mercenário e jogando números de vendas na cara do

adversário. “A Green House representa mais de 50% do mercado da Holanda,

Espanha, Inglaterra, Itália e muitos outros países”, ele escreveu. “Em

muitas lojas, a coisa funciona assim: para cada pacote da GH vendido, um

pacote de todas as outras companhias juntas é vendido. É só ligar para

qualquer loja na Espanha, ou perguntar a grandes distribuidores como

Basil Bush ou Plantasur, e você vai ter uma ideia do volume de sementes

que vendemos comparado ao Shantibláblá.”

A tarde em que encontramos a variedade primitiva Punta Roja foi

excepcionalmente bela. Achamos nosso prêmio depois de subir até uma

operação modesta num vale, a algumas horas de carro de Santa Marta. A

logística da viagem foi um tanto estressante. Éramos empurrados de

hotéis para o campo, do campo para conferências com líderes locais e,

por fim, conseguimos arranjar um encontro com nossos contatos na beira

da estrada. Mas assim que nos vimos cercados por aquilo que estávamos

procurando, tanto Arjan quanto Franco se tornaram versões amplificadas

de si mesmos.

Examinamos uma centena de plantas que Arjan e Franco tinham identificado como sativa

pura, baseado nas folhas finas e estrutura estreita do broto. Franco

explicou a importância da distância internodal entre os galhos da

planta, como a semente matura antes de ser arrancada, como a Punta Roja –

ou Red Dot – recebeu esse nome. Quando cruzávamos com um fenótipo

particularmente excelente, ele exultava. Ninguém conseguiu deixar de

mergulhar as mãos nos brotos crus e pegajosos que cheiravam a pinho e

capim de serra, possuídos pela emoção de descobrir sementes que poderiam

ser levadas para Amsterdã.

“Essa é a matéria original que posso cultivar, posso arquivar isso em

minha biblioteca, posso usar para criar novas genéticas e isso vai

vencer a Copa Cannabis”, disse Franco. “Isso vai tornar pessoas ricas,

colocar outras na cadeia, mudar destinos e vidas. E é por isso que

acordo com um sorriso todos os dias de minha vida.” Seu rosto se enrugou

quando ele olhou para o céu e gritou “Temos as sementes, cara!”

Arjan desceu a encosta para saquear a planta. Ele pegou uma mão cheia

das pequeninas sementes, arrancando qualquer material vivo delas e

guardando-as numa pequena sacola plástica. Ele falou selvagemente sobre o

potencial da indústria, profetizando sobre um futuro próximo quando os

governos vão limitar o conteúdo de THC da maconha comercial. Nessa

versão do futuro, sabor será mais importante do que efeito, e controlar

materiais genéticos raros ainda não registrados dará ao produtor uma

grande vantagem sobre a competição.

A descoberta dessas sementes marcam o começo do verdadeiro trabalho de

Arjan. Quando voltarem ao laboratório, Franco e Arjan vão plantar as

sementes, escolher os melhores espécimes e replantar as sementes dessas

plantas. Eles repetirão esse processo muitas vezes até atingir seu

objetivo. No final, eles cultivarão mais de 10 mil plantas dessas

sementes. Eles tentarão estabilizar linhagens diferentes para otimizar

fatores como tempo de floração, resistência a mofo e fungos e resina.

Cinco anos depois, as qualidades únicas inerentes da cepa fonte poderão

formar a base de uma criação inteiramente nova.

Ou não. Mesmo que essas cepas específicas não cheguem ao nível do

consumidor, a Green House continuará a catalogar suas plantas mães e

manter a linhagem viva, enquanto analisam as propriedades dos

canabinoides e terpenoides. E é possível que um gigante da farmacêutica

na caça de cepas específicas bata na porta deles – em 2003, a Bayer

pagou $40 milhões pelos direitos de distribuição do Sativex, um remédio

derivado da maconha receitado para aliviar espasmos, bexiga hiperativa e

outros sintomas.

Arjan e seus associados sabem muito bem que esse é um negócio arriscado

sem recompensa imediata. Mas apostar num mundo onde a maconha esteja

legalmente mais próxima do vinho do que da heroína tem potencial para

belos prêmios, o que inclui as aventuras onde pessoas como Arjan e

Franco terão que embarcar para coletar o tesouro final.

“Todo mundo sabe que em 10 ou 20 anos tudo vai ser legalizado”, disse

Arjan. “Estamos apenas mantendo nossas opções em aberto e encontrando

todas as chaves para o futuro. Uma das chaves são todas as diferentes

variedades primitivas.”

Essa receita do sucesso se comprovou durante nossa estada na Colômbia;

Arjan e seu time encontraram todas as três cepas que vieram buscar.

Mesmo enfeitado com a regalia de seu mito pessoal – o tio dele, Peter,

era um grande fazendeiro de batatas na Holanda, outro sinal de seu

destino na horticultura – e o estigma de milhões de dólares ganhos num

negócio do mercado cinza, Arjan se imagina um homem humilde.

“Continuo querendo ficar sozinho com as minhas plantas na minha sala,

fumando. É isso... Isso é o principal, curtir enquanto observo minhas

plantas crescendo”, disse Arjan. “Sou um agricultor.” Ele fez uma pausa e

reformulou. “Sou um agricultor com grandes ambições.”

Para ver mais deste rolê nas lindas montanhas da Colômbia, assista Os Reis da Cannabis.

Fonte:http://www.vice.com/pt_br/read/e-bom-ser-o-rei

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  • Usuário Growroom

Quantos desse não teríamos aqui no Brasil se não fosse essa lei burra? Somos atrasados, sub-desenvolvidos sim, porque leis e governantes impedem o crescimento de novas indústrias, a da maconha tem potencial bilionário mas a semente desse mercado é impedida de brotar.


Vamos acordar! A proibição da maconha é sabotagem política, econômica e social, e é especialmente eficiente contra países mais pobres. Foi feita para dar lucro aos países ricos enquanto países periféricos se tornam mais violentos, mais instáveis...

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  • Usuário Growroom

Que pena e Arjan e só fachada ... agricultor?!?! Nem em Amsterdã ... o cara não produz nada ... tudo e terceirizado ... sementes, fumo ...

Strain Hunters, cade as sementes 'land races' que eles vão atras?!? ... agora tem sementes do strain hunters, mas e só misturas de variedades já conhecidas (skunk, white, kush ...). Cade o original Malawi Gold, Punta Roja, North Indian, Thai?!?!

Nao desmerecendo totalmente o cara. Eu uso greenhouse seeds ... que pena que não vendem regulares ...

White Widow não existe mais ... pra quem fumou o verdaderio WW na decada de 90 sabe o que estou falando ... o negocio era branco de tanto cristais, hoje tem uns 'cabelos' vermelhos (isso não esta certo). Quem sabe o Mr Nice seeds tem?!?!

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Cade o original Malawi Gold, Punta Roja, North Indian, Thai?!?!

Tão na Cannabiogen e na Holy Smoke. kkkkkk

Mas, sério, tenho nada contra a GH, não gosto da imagem desse figura nojento, mas pra mim a GH é a mesma merda de qualquer seedbank de feminizadas. Nenhum deles é breeder.

Tenho uma Arjan Haze e considero um das melhores plantas que cultivei e já fumei WW e Trainwreck deles e achei ótimas, como vou falar mal da GH?

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  • Usuário Growroom

Que pena e Arjan e só fachada ... agricultor?!?! Nem em Amsterdã ... o cara não produz nada ... tudo e terceirizado ... sementes, fumo ...

Strain Hunters, cade as sementes 'land races' que eles vão atras?!? ... agora tem sementes do strain hunters, mas e só misturas de variedades já conhecidas (skunk, white, kush ...). Cade o original Malawi Gold, Punta Roja, North Indian, Thai?!?!

Nao desmerecendo totalmente o cara. Eu uso greenhouse seeds ... que pena que não vendem regulares ...

White Widow não existe mais ... pra quem fumou o verdaderio WW na decada de 90 sabe o que estou falando ... o negocio era branco de tanto cristais, hoje tem uns 'cabelos' vermelhos (isso não esta certo). Quem sabe o Mr Nice seeds tem?!?!

No fundo acho que e medo de outros breeders fazerem strains encima dessas land's.

Mais com certeza eles deveriam ser menos miguelao e disponibilizarem essas genéticas, talvez ate algum dia no futuro eles disponibilizem.

Também acho que esse lance de disponibilizar só sementes feminilidades e ruim para os clientes, me parece que eles são muito focados no lucro, eles deveriam jogar de forma a não serem tão capitalistas, eles acabao perdendo muitos clientes um pouco mais experientes por causa dessa sede por lucro.

Mais uma coisa e certo eles possuem muitas genéticas e vão atraz de muitas land's se arriscao bastante só deveriam jogar de forma mais conciente aprenderem a olhar um pouco acima do lucro no fundo acho que o Arjam e cabeça dura

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