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E Se A Droga Pagasse Impostos? Ricardo Reis Explica As Vantagens


CanhamoMAN

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  • Usuário Growroom
Além da potencial receita fiscal, legalizar o negócio da canábis seria vantajoso também para o consumidor
13/01/2014 | 16:46 | Dinheiro Vivo
E se a droga pagasse impostos? Ricardo Reis explica as vantagens
Legalizar a canábis não seria má ideia
RICK BOWMER
13/01/2014 | 16:46 | Dinheiro Vivo

Proibir as drogas tem consequências económicas indesejáveis em comparação com taxar a atividade. Ricardo Reis, economista e professor na Universidade de Columbia, Nova Iorque, explica todas as vantagens de assumir o negócio como isso mesmo.

Quais são os principais problemas decorrentes de a venda de droga ser ilegal?
Porque os desacordos contratuais entre diferentes comerciantes não podem ser resolvidos em tribunal, eles têm de usar a violência. Como os clientes não têm livro de reclamações ou a proteção da ASAE, aumentam as mortes causadas por falta de qualidade do produto. Como, ao contrário das outras indústrias, os traficantes não podem fazer greves para aumentar as benesses para o seu sector, recorrem antes à corrupção. Por fim, porque tantas pessoas se habituam a não cumprir a lei neste domínio, gera-se uma cultura que não vê grande problema em desrespeitar a lei.

Qual a principal mudança se a compra e venda fosse legalizada
Com a proibição existe hoje uma grande margem entre o custo de produção e o preço de venda do canábis. Num mercado bastante competitivo como é o da venda de droga, em que surgem concorrentes todos os dias, esta margem serve quase toda para cobrir os custos em armas, corrupção e lavagem de dinheiro, assim como para compensar o traficante pelo enorme risco de ter de passar o resto da vida na cadeia. Se o negócio fosse legal, todos estes custos desapareciam. Podiam ser substituídos pelo custo do imposto. O preço final era o mesmo, logo o consumo seria semelhante. Mas em vez de a margem desaparecer no financiamento de atividades ilícitas na economia subterrânea, ela seria antes convertida em receita fiscal.

Quão grande seria essa receita?
É difícil de estimar, mas se os custos de produção do canábis num ambiente legal fossem semelhantes aos do tomate (20 cêntimos por quilo), se o preço final se mantivesse nos 5,1 euros por grama estimados pelo Instituto da Droga e Toxicodependência, pelo que o imposto seria mais de 99,99% do preço final, de forma a que a incidência do consumo fosse igual ao último inquérito (2,4% das pessoas entre 15 e 64 anos fumaram canábis nos últimos 30 dias), e em média cada um fumasse dois charros de um grama por semana, então a receita fiscal possível seria de uns 88 milhões de euros por ano.

Impostos sobre a droga 11/01/2014 | 00:00 | Dinheiro Vivo

Legalizar o comércio da droga e taxá-lo seria tão ou mais eficaz do que proibi-lo. Ao proibir uma atividade, o Estado não a elimina da face da terra. Antes, aumenta o custo efetivo para os consumidores e produtores, porque eles estão agora sujeitos ao risco de serem apanhados pela polícia e punidos pelos tribunais e sofrem o desconforto de terem de quebrar a lei. Taxar a atividade aumentaria o custo de uma forma mais clara, tendo o mesmo efeito dissuasor sobre o consumo.

Para além disso, proibir tem consequências indesejáveis em comparação com taxar. Porque os desacordos contratuais entre diferentes comerciantes não podem ser resolvidos em tribunal, eles têm de usar a violência. Como os clientes não têm livro de reclamações ou a proteção da ASAE, aumentam as mortes causadas por falta de qualidade do produto. Como, ao contrário das outras indústrias, os traficantes não podem fazer greves para aumentar as benesses para o seu sector, recorrem antes à corrupção. Por fim, porque tantas pessoas se habituam a não cumprir a lei neste domínio, gera-se uma cultura que não vê grande problema em desrespeitar a lei.

Há poucos dias, no Público, João Miguel Tavares apresentava um argumento diferente a favor da legalização com impostos. Ele não queria dissuadir o consumo, ou eliminar o efeito da proibição no crime, na corrupção, ou na mortalidade. Antes via na legalização juntamente com imposto simplesmente uma fonte de receita para o nosso Estado. A inspiração era a recente lei do Colorado que legalizou o comércio do canábis, mas impôs uma taxa de 25% sobre a sua atividade.

Para perceber de onde vêm estas receitas fiscais, reparem que com a proibição existe hoje uma grande margem entre o custo de produção e o preço de venda do canábis. Num mercado bastante competitivo como é o da venda de droga, em que surgem concorrentes todos os dias, esta margem serve quase toda para cobrir os custos em armas, corrupção e lavagem de dinheiro, assim como para compensar o traficante pelo enorme risco de ter de passar o resto da vida na cadeia. Se o negócio fosse legal, todos estes custos desapareciam. Podiam ser substituídos pelo custo do imposto. O preço final era o mesmo, logo o consumo seria semelhante. Mas em vez de a margem desaparecer no financiamento de atividades ilícitas na economia subterrânea, ela seria antes convertida em receita fiscal.

Quão grande seria essa receita? É difícil de estimar, mas se os custos de produção do canábis num ambiente legal fossem semelhantes aos do tomate (20 cêntimos por quilo), se o preço final se mantivesse nos 5,1 euros por grama estimados pelo Instituto da Droga e Toxicodependência, pelo que o imposto seria mais de 99,99% do preço final, de forma a que a incidência do consumo fosse igual ao último inquérito (2,4% das pessoas entre 15 e 64 anos fumaram canábis nos últimos 30 dias), e em média cada um fumasse dois charros de um grama por semana, então a receita fiscal possível seria de uns 88 milhões de euros por ano.

Professor de Economia na Universidade de Columbia, Nova Iorque
Escreve ao sábado

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    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
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    • o teu chegou? o meu já passou por Curitiba mas tá devagar (pelo menos o pior já passou) kkkkkkkkkk
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